segunda-feira, 29 de março de 2021

"Os heróis do andar de cima".

 



Texto de Cláudio Guedes
Os vestais
O encontro virtual do grupo Parlatório, que reúne empresários, profissionais liberais e investidores nacionais, que aconteceu ontem, 28/3, teve como tema o “Brasil contra a corrupção”.
A abertura contou com a participação dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer, e teve como presenças de destaque o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e o atual ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Nada mais apropriado, em termos de um país que não se dá ao respeito.
FHC, nunca foi preso, mas também nunca explicou, como líder maior do PSDB, o envolvimento de seus amigos muito próximos, e lideranças de peso do partido, José Serra, Aloysio Nunes Ferreira, Geraldo Alckmin e Aécio Neves, com inúmeras denúncias graves de corrupção. E não só denúncias, mas mochilas de dinheiro de propina e contas na Suíça e paraísos fiscais com centenas de milhões de reais desviados dos cofres paulistas.
O ex-presidente Michel Temer, do MDB, dispensa apresentação, desde que seu assessor especial, Rodrigo da Rocha Loures, foi flagrado pela Polícia Federal correndo pela rua com uma mala com R$ 500.000,00 que tinha acabado de receber como propina de executivos da JBS. Mas não só. Preso pela Lava Jato fluminense, solto por Habeas Corpus, Temer tem se beneficiado de decisões da Justiça nas ações em que é réu e ainda não foi interrogado nos sete processos abertos contra ele no RJ, em SP e no Distrito Federal. Sete processos, bons advogados e sequer foi interrogado.
Ricardo Salles, ministro da destruição do Meio Ambiente, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), em 5/07/2020, em ação de improbidade administrativa. Salles é acusado de desestruturação dolosa das estruturas de proteção ao meio ambiente.
A ação judicial do MPF enumera atos, medidas, omissões e declarações de Ricardo Salles que inviabilizaram a proteção ambiental e assim contribuíram decisivamente para a alta do desmatamento e das queimadas, sobretudo na região amazônica. Com as queimadas, em 2019, as florestas brasileiras perderam 318 mil quilômetros quadrados, um recorde histórico. O desmatamento também vem batendo sucessivamente recordes, desde que Salles assumiu o MMA. A ação foi assinada por 12 procuradores da República.
O ex-juiz Sérgio Moro, declarado parcial em julgamentos em Curitiba, pelo STF, foi flagrado, com provas robustas, combinando ações com procuradores da República e manipulando processos judiciais. No rol da acusações contra Moro, apontadas por ministros do STF, consta também o uso da justiça para favorecer o então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, de quem se tornaria ministro da Justiça, em aventura mal-sucedida.
São os heróis do andar de cima.
Depois nos perguntamos: por que o Brasil não dá certo?

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