SÍRIA - UM ATO CRIMINOSO

Quinta, 29 de agosto de 2013

“O ataque planejado pelos Estados Unidos é um ato criminoso”

“Ouçamos o apelo do Papa pela paz na Síria. Se os países ocidentais querem criar uma verdadeira democracia devem construí-la com a reconciliação, com o diálogo entre cristãos e muçulmanos, não com as armas. O ataque planejado pelos Estados Unidos é um ato criminoso, que provocará outras vítimas, além das milhares destes anos de guerra. Isto provocará a queda da confiança do mundo árabe no mundo ocidental”. É o que afirma à agência AsiaNews Gregorio III Laham, patriarca greco-católico da Antioquia, de todo o Oriente, da Alexandria e de Jerusalém dos Melquitas. O apelo chega poucas horas depois que os rumores de um ataque iminente dos Estados Unidos contra Damasco. A operação conta com o apoio de outros países, como a França, Grã-Bretanha, Turquia e a Liga Árabe. Nestes dias, o prelado divulgou em todas as paróquias da Síria o apelo pronunciado pelo Papa Francisco em 25 de agosto passado.
A reportagem está publicada no sítio Vatican Insider, 28-08-2013. A tradução é de André Langer.
“A voz dos cristãos – afirmou o patriarca – é a do Santo Padre. Neste momento é preciso ser pragmático. A Síria necessita de estabilidade e não tem sentido um ataque armado contra o governo”.
Gregorio III se pergunta: “Quais são as partes que levaram a Síria até esta linha vermelha? Quem levou a Síria até este ponto sem retorno? Quem criou este inferno em que vive a população há meses?”. “Cada dia entram na Síria, explicou, extremistas islâmicos de todo o mundo com o único objetivo de matar e nenhum país fez nada para impedi-los. Além disso, os Estados Unidos decidiram enviar ainda mais armas”. O prelado destacou que o ataque planejado pelos Estados Unidos afetará particularmente a população síria e que não será menos grave que o uso de armas químicas.
Segundo o Patriarca, os países ocidentais seguem apoiando uma oposição que não existe, que não tem nenhuma autoridade no campo. “Os trabalhos para a conferência de Genebra 2 – destacou – estão parados. A palavra diálogo já foi esquecida. Durante meses, os países ocidentais perderam tempo discutindo enquanto as pessoas morriam sob as bombas de Al Assad e pelos atentados dos extremistas islâmicos da Al Qaeda”.
Gregorio III adverte que uma eventual vitória dos islamistas provocaria o nascimento de um país dividido em pequenos enclaves, em meio aos quais os cristãos ficariam confinados em um gueto. “Nossa comunidade se reduz dia a dia. Os jovens fogem, as famílias abandonam suas casas e seus povoados”. Segundo o prelado, “o desaparecimento dos cristãos é um perigo não apenas para a Síria, mas para toda a Europa”. “A nossa presença – afirmou – é a condição essencial para ter um Islã moderado, que existe graças aos cristãos. Se sairmos daqui, já não poderá haver nenhuma democracia na Síria. Esta tese é defendida pelos próprios muçulmanos que temem a fúria do islamismo. São muitos os que afirmam que não se pode viver onde não há cristãos”.