QUEM FORMA A OPINIÃO PÚBLICA?
De Florianópolis, Raul Longo apresenta opinião de Marilza de Melo Foucher de Paris.
Afinal,
qual a real opinião pública? Aquela que apontava mais de 60% de
aprovação do governo Dilma poucas semanas antes das manifestações de
junho, ou a que despencou para menos da metade em aprovação, logo depois
do início daquelas manifestações e agora galopantemente se recupera a
cada nova pesquisa?
A quem interessa essa volubilidade?
Acompanhando-se
a variação dos ânimos dos chamados formadores de opinião pública,
evidencia-se que a eles não. Nem um pouco! Na noite desta sexta-feira,
24 de agosto, por exemplo, a manifestação foi contra a Editora Abril e
foi raivosa, violenta.
Mais
exatamente o alvo era a revista VEJA que tão efusivamente comemorou o
início das manifestações, até que o “Oba! Oba!” virou “Epa! Epa!” quando
se deram conta de que a marcha dos manifestantes mudou de direção e ao
invés de ir contra o Palácio Alvorada se voltou contra o Palácio
Bandeirantes.
E
a Globo, então? Até a TV Pública da Argentina deu risada do
descabelamento do Arnaldo Jabor, tonto como um peru bêbado, tendo de
mudar de opinião em 48 horas. Primeiro contra, depois a favor e
novamente contra quando a opinião pública deixou de ser a da Globo para
se tornar contra a Globo.
Mas
como é que funciona isso? Se eles são os formadores da opinião pública,
como é que a opinião pública se forma contra a mídia?
É
o que devem se perguntar os anunciantes desses veículos. Afinal,
natural que esperem das vultosas verbas investidas nos espaços
publicitários, uma opinião pública favorável aos seus produtos e
serviços. Mas pelo jeito não deve ser o que acontece.
Como
se entender, então, o Banco Itaú que apesar de aferir rendimentos
recordes ao longo da última década, é um dos grandes investidores em
opinião pública desfavorável aos governos Lula e Dilma?
Também
apontado como sonegador de impostos, como a Globo, o caso do Itaú pode
ser compreendido pelo histórico político de seus já falecidos donos:
Olavo Setúbal e Herbert Levy, ambos da ARENA da ditadura militar. E
também por fatos mais recentes como o das privatizações do governo
Fernando Henrique no setor financeiro que alavancou o Itaú para a
condição de mais rentável banco brasileiro.
No
entanto, se o mundo das finanças é tão nebuloso que por inescrutáveis
razões em todas as imagens de prática de vandalismo durante as
manifestações, há uma evidente e inexplicável preferência por agências
do Itaú, surpreendendo até um policial que não conseguiu entender porque
deixaram ilesa uma agência do Bradesco, de bem mais fácil acesso, e
outra do Santander exatamente ao lado da arrebentada vidraça do Itaú; no
que se refere a mídia quem melhor explicou foi Roberto Marinho ao
confessar a um repórter da BBC que Collor de Melo na presidência foi a
mídia quem pôs e tirou.
Pelo
jeito a opinião pública não gostou daquilo, pois nunca mais aceitou
indicações políticas da mídia e vá se saber se o consumo por impulso se
dá pelos anúncios publicitários.
Há
quem considere exagero isso de indicar o tropeço no Collor, lembrando
da eleição e reeleição do FHC, mas ali a opinião pública foi motivada
pela temporária contenção da inflação. Desde que os eleitores se deram
conta do alto custo do plano real em desemprego, dívida externa e apagão
energético; não houve mídia que revertesse a vitória de Luís Ignácio
Lula da Silva nem mesmo com Mensalão. E com ou sem Joaquim Barbosa não
conseguem mais nem convencer o eleitorado paulistano que elegeu o Haddad
apesar de ser o mais sensível do país às opiniões formadas pela mídia.
Aliás,
a rapaziada que na noite de sexta saiu pra cima da revista VEJA lá na
Avenida Marginal, é paulistana. Daí que alguns acabam até achando que a
Mídia não teve nada a ver com os manifestos de Junho e a coisa toda só
aconteceu porque alguém quis copiar o pai na campanha das “Direta Já” ou
imitar o irmão “Cara Pintada”, convocando o resto da turma pelo face
book.
Será
mesmo que quem, hoje, forma a opinião pública é a própria opinião
pública? Pode até ser, mas esse processo não irá gerar uma volubilidade
frustrante aos próprios manifestantes?
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