quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

MÍDIA - Lula defende movimentos sociais com sua própria mídia.



Lula defende que movimentos sociais tenham sua própria mídia
Publicado em 28-Fev-2013



Por ser absolutamente precisa, por colocar o dedo no foco central dessa questão do tratamento que a mídia dá ao governo e aos movimentos sociais - que, via de regra, tenta criminalizar -, dispensa análise e eu me limito a publicar aqui o pronunciamento feito pelo ex-presidente Lula ao participar das comemorações de 30 anos de fundação da CUT, no Novotel Jaraguá, na capital paulista.

Tomara que seja seguido o conselho dado pelo ex-chefe do governo aos sindicalistas para que tomem iniciativas e organizem sua própria mídia, já que a velha e conservadora imprensa não lhes dá espaço e, quando dá, é apenas para atacá-los e aos movimentos sociais. O ex-presidente lembrou que os formadores de opinião no Brasil nunca quiseram que ele chegasse ao poder.

"Essa gente - acentuou o ex-presidente - nunca quis que eu ganhasse as eleições. Nunca quis que a Dilma ganhasse as eleições. Aliás, eles não gostam de gente progressista." Por isso, ele acha  que os sindicalistas devem organizar sua própria mídia. "Eu estou naquela fase que eu quero parar de reclamar que os que não gostam de mim não me dão espaço. Por que então a gente não organiza o nosso espaço? Por que a gente não começa a organizar a nossa mídia?"

"Os do andar de cima nunca vão deixar você chegar lá..."


O ex-presidente Lula criticou, ainda, seus "adversários" assinalando que seu sucesso lhes incomoda. "A bronca que eles (adversários) tinham de mim era o meu sucesso, e agora é o sucesso da Dilma." Nesse trecho, contou até uma uma conversa que teve com o publisher (diretor proprietário) da Folha de S.Paulo, Octavio Frias de Oliveira (1912-2007).

"O velho Frias, que era a melhor pessoa que eu conheci na Folha - lembrou o presidente Lula -, me dizia assim: 'Lula, os do andar de cima nunca vão deixar você chegar lá. Eles vão sempre trabalhar para você ficar no andar de baixo'. Eu dizia 'Frias, nós vamos chegar no andar de cima'. Nós chegamos, e gostamos. E provamos que sabemos morar no andar de cima e fazer mais coisas do que eles. Agora estamos no andar de cima olhando para o povão que está lá embaixo, e queremos que eles subam também os degraus da vida neste país."

Na crítica aos adversários, o ex-presidente defendeu o PT, há uma década à frente do governo federal, seus dois governos e este primeiro conduzido pela presidenta Dilma Rousseff.  "Sinto orgulho em saber que este país mudou. Ainda falta fazer muita coisa, obviamente que falta. Mas um país que passou 500 anos sufocando os pobres não vai se recuperar disso em 10 anos. Mas não reconhecer que esse país mudou? Mudou e muito".

O ex-presidente lembrou seu tempo e o do ex-presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln (1861-1865). "Esses dias, eu estava lendo um livro sobre Lincoln e fiquei impressionado como a imprensa batia nele igualzinho batia em mim. E o coitado não tinha computador para ver a notícia, tinha que ir para o telex, para o telégrafo. Ficava numa sala esperando. Nós aqui podíamos xingar o outro em tempo real. Quantos não já estão aí: 'O Lula está falando demais, o Lula está falando demais, para. Quantos já estão tuitando aí?".

VENEZUELA - Estão matando o Cháves.

Ex-embaixador do Panamá diz que Chávez está com morte cerebral desde 30 de dezembro

(Do jornal El Nacional)
Ex-embaixador do Panamá junto à OEA disse que o governo venezuelano “tem enganado a Venezuela e a todo mundo.”
Ex-embaixador do Panamá junto à OEA, Guillermo Cochez, desafiou o governo da Venezuela à mostrar evidências da saúde do presidente Hugo Chávez, depois de dizer que o presidente “foi retirado de quatro máquinas de diálise e mantido vivo por ordem de suas próprias filhas. “
“Morte cerebral desde 30 de dezembro. Assim foi trazido para Caracas (…) desafio o governo da Venezuela à desmentir-me, mostrando o presidente Chávez,” ressaltou o ex-diplomata em uma entrevista por telefone com o canal de notícias NTN24 .
Cochez disse que tem fontes dentro do governo venezuelano para confirmar sua posição. “Eles estão enganando a Venezuela e o mundo”, disse ele.
(reportagem enviada por Yuri Sanson)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

POLÍTICA - "Fogo amigo" atinge Aécio e Campos.

Por Altamiro Borges

A direita midiática e partidária antecipou o debate sobre a sucessão presidencial de 2014. Ela se apressou em lançar Aécio Neves, que cambaleava no PSDB, difundiu futricas sobre Lula e Dilma e ainda apostou na divisão no campo governista. O efeito é que vários nomes pipocaram no noticiário. Mas nada ainda está definido. A antecipação do debate só serve para atiçar a cizânia e revelar as dificuldades nos vários campos. Nos últimos dias, por exemplo, Aécio Neves e Eduardo Campos foram alvos do famoso “fogo amigo”.

Apesar dos apelos do “guru” FHC pela unidade partidária, não há consenso no PSDB em torno do nome do mineiro. Em entrevista ao jornal Valor, o paulista Aloysio Nunes Ferreira, aliado canino de José Serra, explicitou a crise no ninho tucano. Eleito líder da bancada no Senado, com base num acordo pragmático para ajeitar as divergências, ele criticou a precipitação do lançamento de Aécio Neves e elogiou o grão-tucano paulista. “Não vejo ninguém que poderia ter um desempenho eleitoral melhor do que o Serra teve”.
“Quem tem pressa de se lançar candidata é a Dilma, porque ela tem dois fantasmas que rondam a reeleição: o pífio desempenho do governo e a hipótese Lula”, despistou o paulista. Para ele, o PSDB precisa resolver seus problemas internos. "Primeiro temos de eleger uma direção que reflita uma unidade real do partido”, o que evidencia que ele discorda das manobras para eleger Aécio Neves presidente da sigla na convenção marcada para maio. “Não sei. A presidência do partido é resultante de um processo de unificação".
Hábil no jogo do cretinismo parlamentar, Aloysio Nunes disse não que não tem nada contra Aécio Neves, “com que tenho uma relação muito boa, cordial, amiga”. Mas foi explícito. “Agora, a candidatura tem de ser construída, dentro e fora do partido. Como político que conhece como ninguém a importância do tempo, [Aécio] não haverá de querer precipitar as coisas”. O novo líder do PSDB também deu uma alfinetada em FHC, o intocável. “Eu não ficaria cutucando o Aécio para ser candidato criando um falso problema”.
Menos diplomático, o deputado sergipano Mendonça Prado, dirigente do DEM, também mostrou que as coisas não serão tranquilas na costura das alianças para 2014. Em entrevista ao sítio Brasil-247, o demo bateu duro no discurso de Aécio Neves no Senado. “Ele só fez um discurso de alguém que pleiteia ser candidato. Não teve nenhuma ação que demonstre que ele está realmente com apetite para ser candidato... Para ele ser presidente só visitando Minas Gerais e passando o fim de semana no Rio de Janeiro, fica difícil”.
O “fogo amigo”, porém, não atingiu apenas o trôpego tucano. Outro que teve dores de cabeça nos últimos dias foi Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB. Até agora ele não garantiu que será candidato em 2014, rachando a base governista, mas alguns mais afoitos no seu partido insistem em dizer que ele é “candidatíssimo”. Com isso, destampam os problemas na própria legenda – uma frente que reúne desde lideranças sérias de esquerda até muitos políticos pragmáticos e fisiológicos.
Como é do seu feitio, Ciro Gomes foi o primeiro a se rebelar contra a candidatura própria do PSB. Para ele, Eduardo Campos “não tem estrada” e não possui “nenhuma proposta, nenhuma visão” do Brasil. A legenda tenta estancar a crise interna, mas as declarações do ex-ministro evidenciaram que não há unidade na legenda para trilhar um caminho dissidente contra a reeleição da presidenta Dilma. A mídia demotucana, que aposta na divisão do campo governista, não deve ter gostado desta polêmica legítima e democrática no PSB.

POLÍTICA - Lula rebate críticas de FHC a Dilma.

Lula rebate críticas de FHC a Dilma: “Ele deveria, no mínimo, ficar quieto”


POR MARINA DIAS
 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu, nesta terça-feira (26), as críticas de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, à presidente Dilma Rousseff. "Acho que Fernando Henrique Cardoso deveria, no mínimo, ficar quieto", disse Lula durante o lançamento do livro "O Brasil", do jornalista Mino Carta, em São Paulo.
 
"Acho que, neste país, cada um fala o que quer e cada um responde pelo que fala", completou Lula. 
 
Durante evento em Minas Gerais, ao lado do provável candidato do PSDB à Presidência em 2014, senador Aécio Neves, FHC afirmou que Dilma é "ingrata" e que "o PT cuspiu no prato em que comeu". 
 
Questionado sobre a postura do ex-presidente tucano, Lula foi enfático. "Acho que ele [FHC] não deveria falar. O que ele deveria é contribuir para Dilma continuar a governar o país bem, ou seja, deixar ela trabalhar. Ela sabe o que faz. Não é todo dia que o país elege uma mulher presidente".
 
Lula desconversou sobre a possibilidade de o PT abrir mão da candidatura ao governo do Rio de Janeiro em favor do PMDB, de Sérgio Cabral. "Gente, como é que eu vou saber? [se o PT abrirá ou não mão da cabeça de chapa] Eu não acompanho nem a política de São Paulo… Eu, depois que deixei a Presidência, parei de acompanhar política", disse o ex-presidente, rindo bastante.
 
"O Brasil", de Mino Carta, é um livro que mistura autobiografia com análises do cenário político do país a partir da morte de Getúlio Vargas. O lançamento aconteceu na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na região central de São Paulo, e contou ainda com a presença do prefeito Fernando Haddad (PT).

POLÍTICA - FHC atirando para todos os lados.

foto  FHC ataca PT, Lula e Dilma e ofusca Aécio
Foto: Alessandro Carvalho / PSDB-MG / Divulgação
A vinte meses das eleições presidenciais, começou a guerra da sucessão de 2014, com tiro para tudo quanto é lado, como se já estivéssemos na reta final da campanha.
Em seminário promovido pelo PSDB nesta segunda-feira em Belo Horizonte, para "discutir os rumos do partido" e turbinar a candidatura do senador Aécio Neves, quem roubou a cena e ganhou as manchetes foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A pretexto de responder às críticas feitas ao seu governo na festa dos 10 anos do PT no poder, FHC saiu de seus cuidados e despejou um caminhão de melancias no partido, em Lula e Dilma, dando o tom da campanha que nos espera.
"Eles tinham duas grandes metas, uma ligada ao socialismo e outra ligada à ética. Do socialismo nunca mais ninguém falou. E de ética? Meu Deus, não sou eu quem vai falar sobre o que está acontecendo", disparou o ex-presidente.
Aos 81 anos, depois de ser esquecido pelas campanhas presidenciais de José Serra e Geraldo Alckmin, FHC voltou com a corda toda. Chamou a presidente Dilma Rousseff de "ingrata" por ter afirmado no evento do PT que não herdou nada do governo tucano. "O que a gente pode fazer quando a pessoa é ingrata? Nada. Cospe no prato em que comeu. Meu Deus!"
Duas referências a Deus no mesmo discurso, o que não é habitual, podem dar uma pista sobre as dificuldades que o principal líder do PSDB está encontrando para unir o seu partido e fazer desencalhar a campanha de Aécio Neves, o ex-governador mineiro lançado por FHC ainda em 2012, e  que até agora reluta em se assumir candidato.
Por falta de alternativa, FHC resolveu jogar todas as suas fichas em Aécio Neves _ e vice-versa _ transformando-se no principal cabo eleitoral do senador mineiro. Ao final da sua fala em Belo Horizonte, o ex-presidente procurou deixá-lo mais animado:
"Vamos percorrer o Brasil, senador. Vamos plantar a semente do PSDB, a semente da vitória. Nós vamos ganhar!".
Claro que se trata mais de entusiasmo de torcedor do que previsão de cientista político, mas o fato é que o ex-presidente se empolgou tanto que Aécio acabou sendo ofuscado e virou coadjuvante no evento em que deveria se apresentar como a nova estrela dos tucanos.
Nova é modo de falar, já que o ex-presidente propôs como estratégia de campanha para 2014 levantar a bandeira da ética, o que já não deu certo em 2006 e 2010. Até o redator do discurso de Aécio Neves na semana passada sobre "os 13 fracassos do PT" é o mesmo jornalista que escrevia os textos para José Serra nas suas duas derrotas em campanhas presidenciais.
O problema é que Aécio prometeu anunciar "um projeto para os próximos 20 anos no Brasil", mas não conseguiu até agora elaborar e apresentar nenhuma proposta nova. Tanto Aécio quanto FHC se limitaram a atacar seus tradicionais adversários petistas.
Do jeito que as coisas vão indo, o clima da campanha de 2014 poderá ser uma repetição daquelas de 1994 e 1998, em que FHC e Lula se enfrentaram diretamente, com vitórias do tucano no primeiro turno.
Nestes quase vinte anos, porém, foram grandes as mudanças no quadro político nacional. Para começar, Lula deixou o governo com mais de 80% de aprovação popular, enquanto FHC saiu do Palácio do Planalto com menos de 20%.
Lula elegeu sua sucessora, Dilma Rousseff, agora franca favorita à reeleição, a bordo de uma aliança de mais de 10 partidos, o que lhe garante metade de todo o tempo na propaganda eleitoral na televisão.
FHC, por sua vez, que perdeu as últimas três eleições presidenciais em que os candidatos tucanos o esconderam nas campanhas, quer resgatar o legado do seu governo.
Por isso, agora transformados em grandes cabos eleitorais, os ex-presidentes assumem a ofensiva em mais uma guerra entre petistas e tucanos, o Fla-Flu de sempre.
A próxima batalha está marcada para quinta-feira, em Fortaleza, onde o ex-presidente Lula dará início a um road-show pelo país para comemorar os 10 anos do PT no poder e garantir a fidelidade da base aliada para a reeleição de Dilma Rousseff.
Blog do Ricardo Kotscho.

SUCESSÃO DO PAPA - Nove cardeais são suspeitos.


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Nove dos 117 cardeais são suspeitos ou cúmplices de assédio sexual ou pedofilia
Um belga, um irlandês, dois estadunidenses, um australiano, um polonês, um esloveno, um argentino e um mexicano (foto) continuam no grupo que vai escolher o novo papa
Entre os 117 cardeais com direito a voto no conclave – eleição para eleger o novo papa em março – pelo menos 9 são acusados publicamente de terem praticado ou acobertado atos ilegais como assédio sexual e pedofilia. O número, que equivale a quase 8% dos religiosos com poder de decisão no Vaticano, escancara uma das crises institucionais por que passa a Santa Sé.
Para evitar maiores constrangimentos, nessa segunda-feira (25), o responsável pela Igreja Católica na Escócia, o cardeal Keith Michael Patrick O’Brien, renunciou ao seu direito de participar do conclave. Oficialmente, diz-se que teria partido dele o desejo de renunciar ao cargo de cardeal – por já estar com mais de 75 anos. Mas especula-se que o Vaticano o pressionou a tomar tal atitude por conta da acusação de ter praticado assédio sexual na década de 1980. “Pelo bem que eu tenha feito, agradeço a Deus. Por qualquer falha, peço desculpas a quem eu tenha ofendido”, escreveu em comunicado.
O cardeal foi denunciado por três padres e um ex-religioso da diocese de St. Andrews e Edinburgo por ter investido sexualmente contra eles. O’Brien disse que desistiu de participar da eleição que escolherá o sucessor de Bento XVI porque não quer que a atenção da mídia se concentre nele e sim no papa Bento XVI e no seu sucessor.
Outro caso de destaque é do cardeal e antigo arcebispo de Los Angeles, Roger Mahony, suspeito de ter acobertado 129 casos de pedofilia por várias décadas. Mahony sofre pressão para que deixe de participar do conclave. A presença de Mahony “vai agravar o escândalo e a vergonha da nossa Igreja”, disse a associação de católicos dos Estados Unidos, Catholics United. A petição do grupo, que pede que o cardeal “fique em casa”, teve alcance internacional.
Outro estadunidense, o cardeal Justin Francis Rigali, ex-chefe da diocese de Filadélfia, é acusado de não ter esclarecido casos de pedofilia supostamente cometidos por 37 sacerdotes. Acusação semelhante é feita ao cardeal belga Godfried Danneels, que há três anos teve o seu computador pessoal apreendido por conta de acobertamento de casos de abuso de menores. Já o nome do cardeal irlandês Seán Baptist Brady foi envolvido com uma centena de casos de abusos cometidos em orfanatos, escolas e paróquias.
Acusações de mesmo tipo são feitas contra o arcebispo de Sydney, o australiano George Pell; o arcebispo de Cracóvia, o polonês Stanislaw Dziwisz; o prefeito emérito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, o esloveno Franc Rodé; o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, o argentino Leonardo Sandri; e o arcebispo da Cidade do México, Norberto Rivera Carrera, acusado de proteger o pedófilo e fundador da corrente direitista Legionários de Cristo, Marcial Maciel.
A suspeita ou comprovação da participação em atos como assédio sexual e pedofilia não é suficiente para impedir um cardeal de participar do conclave. A decisão de afastamento, entretanto, pode ser tomada individualmente pelo religioso (Com agências internacionais).

POLÍTICA - O "fanfarrão" acha que o Lula está perdidão.



Lula está 'perdidão' descobrindo que não é Deus, diz Ciro

Nelson Barros Neto (Folha)
O ex-governador do Ceará Ciro Gomes afirmou na terça-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – de quem foi ministro – está “perdidão da vida”: “Ele pensa que é Deus e está descobrindo que não. Tentará buscar de novo essa deidade, mas não achará nunca mais”.
Em nova análise sobre a política nacional, Ciro aumentou o mal-estar no PSB ao dizer que o presidente de seu partido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tem chances “ínfimas” na disputa pela Presidência em 2014.
O ex-ministro questionou ainda a “decência” do PSB caso o partido deixe para romper com o governo só perto das eleições em vez de entregar todos os cargos que tem no governo Dilma Rousseff (PT). “As pessoas podem até desqualificar o portador das ideias, das opiniões… Tudo bem, eu aceito. Ainda mais agora que estou cada vez mais velho, menos interessado em participar dessa bobajada toda. Mas há um recado”, disse
“O Eduardo[Campos, do PSB], o Aécio [Neves, do PSDB] e a Marina [Silva, da Rede] têm todos os dotes e qualificações pessoais para ser presidente. OK, mas e daí? A mensagem é esta: cadê as propostas?”, afirmou. Ciro, que disse querer saber o que Aécio fará com a Petrobras, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, um dia após o tucano elogiar a “política de privatizações” do governo FHC.
Questionou ainda sobre se Marina manterá a ideia que tinha como ministra do Meio Ambiente do governo Lula de assinar tratados internacionais que “colocariam na marginalidade” a política energética do país.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ECONOMIA - "Aumentar os juros, um equívoco"

Benjamin Steinbruch: “Aumentar os juros, um equívoco!”

Empresário diz não ver razão para fazer “terrorismo” com inflação...
  ImageEm meio à campanha presente na grande mídia para aumentar os juros, é bom saber que ainda há quem pense de modo diferente nos jornalões. É o caso do empresário Benjamin Steinbruch, que publica artigo hoje na Folha de S.Paulo com o título “Aumentar os juros, um equívoco!”.

Ele considera equivocada a análise de que o aumento dos juros conteria a inflação de demanda interna: “Mais eficiente é atuar para estimular a oferta desses bens e serviços e com isso incentivar o crescimento econômico”.

Steinbruch cita justamente a aceleração das concessões para obras de infraestrutura e as desonerações, a fim de elevar a oferta de bens e serviços. Para ele, no entanto, o crédito está exageradamente concentrado no BNDES.

“Estimular a oferta é, sem nenhuma dúvida, o melhor caminho para combater a inflação, porque as demais opções são de alta periculosidade para a atividade econômica”, diz o artigo, lembrando que o aumento dos juros esfriaria o consumo num momento em que o PIB cresce pouco.

Steinbruch também descarta a valorização do real, que prejudicaria a indústria. E acerta novamente ao dizer que não há “razão prática” para fazer “terrorismo” com a inflação: “Aparentemente, o problema é mais de percepção e expectativa de perigo do que de perigo real”.


Aumentar os juros, um equívoco!

São cada vez mais frequentes as opiniões de analistas sobre a iminência da elevação dos juros básicos pelo Banco Central.
Para uma parcela significativa do mercado financeiro, essa elevação, depois de um longo período de baixa e estabilidade, se dará em abril. Uma minoria, mais radical, já prevê o aumento em março.
A persistente inflação brasileira, embora em nível baixo para quem viveu os anos tenebrosamente inflacionários das décadas de 1990 e 2000, explicaria essas previsões.
A elevação dos juros teria como objetivo trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5% ao ano --nos últimos 12 meses, a taxa atingiu 6,15%.
A inflação se dá quando há desequilíbrio entre oferta e demanda de bens e serviços na economia. A elevação dos juros, tal como proposta pelo mercado financeiro, atuaria para conter a demanda interna.
A meu ver, essa postura é equivocada. Mais eficiente é atuar para estimular a oferta desses bens e serviços e com isso incentivar o crescimento econômico.
Felizmente, parece que o foco principal do comando da economia no governo Dilma está exatamente voltado para isso: elevar a oferta de bens e serviços por meio da aceleração dos processos de concessão para obras de infraestrutura e por desonerações que tenham efeito positivo na competitividade do setor privado.
Além disso, o governo deve anunciar medidas para incentivar o oferecimento de crédito de longo prazo para investimentos por parte dos bancos privados. Essa tarefa está exageradamente concentrada nos bancos públicos, principalmente no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Estimular a oferta é, sem nenhuma dúvida, o melhor caminho para combater a inflação, porque as demais opções são de alta periculosidade para a atividade econômica.
O aumento dos juros esfriaria ainda mais o consumo geral, algo obviamente não recomendável num momento em que a expansão do PIB corre a uma taxa anual de apenas 1% e a geração de emprego está claramente em queda --em janeiro, foram criadas apenas 28,9 mil vagas, o menor nível mensal desde janeiro de 2009.
Outra opção, a valorização do real frente ao dólar, usada como âncora anti-inflacionária nos últimos anos, já deixou sequelas muito significativas na indústria. Se for adotada novamente, vai concorrer para ampliar a desindustrialização.
Também é preciso considerar que não há razão prática para achar que a inflação atual vá disparar. Aparentemente, o problema é mais de percepção e expectativa de perigo do que de perigo real. A redução das tarifas de energia terá um efeito positivo importante para conter a taxa média de inflação.
A boa safra agrícola que vem por aí e a provável estabilização dos preços das commodities no mercado internacional também vão colaborar para segurar preços. O reajuste menor do salário mínimo, indexado ao PIB, é outro fator favorável, que atua principalmente para aliviar a pressão sobre os serviços.
Não existe, portanto, razão objetiva para fazer terrorismo com a ameaça inflacionária, embora a experiência do passado recente, dos anos 1980 e 1990, indique que não se deve descuidar da vigilância nessa área. Talvez haja um problema na comunicação oficial, que não consegue passar percepções positivas ao mercado.
Problemas de comunicação também já se deram recentemente no caso do superavit fiscal. O Brasil terminou o ano com um dos resultados fiscais mais positivos no grupo das 20 maiores economias do mundo --superavit primário em torno de 2%. Mas a percepção que se espalhou foi a de que o governo fez uma pirotecnia fiscal. O superavit foi inferior à meta de 3,1% basicamente porque ocorreram desonerações fiscais da ordem de R$ 45 bilhões.
Essas desonerações concorrem para uma saudável redução de custos das empresas e de toda a economia. Mas, infelizmente, não houve, em tempo hábil, explicações sobre a operação.
Os efeitos da política de estímulo à oferta de bens e serviços não são geralmente sentidos no curto prazo. É preciso ter paciência, disposição para diálogo e controle da ansiedade até que essas medidas tenham impacto na contenção e redução de preços. Mas esse é o caminho mais recomendável.
Benjamin Steinbruch Benjamin Steinbruch é empresário, diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração e 1º vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Escreve às terças, a cada duas semanas, no caderno 'Mercado'.

EUA - Era Obama e o fascismo liberal.


Norman Pollack (Counterpunch)

Será inadequado falar de “fascismo liberal”? Provavelmente, a antiga pergunta de Sinclair Lewis é mais básica: o fascismo pode acontecer nos EUA?
Uma outra imagem de Obama

Obama começou do ponto em que saía de cena um longo processo de construção de uma consciência social de desperdício, de dissipação. Chegou com a palavra “mudança” – mas usada no sentido de ‘perfeita concordância’, aquiescência absoluta, submissão perfeita à autoridade, aceitação sem protestos (da guerra, de assassinatos, de resgates de bancos, de orçamentos militares obscenos, de falsas escolhas – uma ou outra, ou o desastre – entre políticas sociais que não são, sequer, alternativas. Chegou para fazer o que fosse necessário para manter a tona e operante, não algum Estado, mas o capitalismo monopolista. O que haveria nisso, de liberal?
Não é liberal. Mas é dito liberal, porque a retórica inventa e implanta realidades, e a conexão emocional ao grande líder e à liderança foi elevada a um plano de vácuo moral que afeta cada um e todos os que ainda analisem e pensem criticamente.
Mais que isso, o próprio liberalismo já está em plena bancarrota, quando, por exemplo, a maioria do povo americano declara apoiar o programa dos drones armados. Assassinato a preço de liquidação: é bom negócio, se se trata de proteger “a América” contra o nefando Outro, o Diferente maléfico.
Sequer se vê a gigantesca hostilidade que se criou contra os EUA, hoje, já, em todo o planeta; é impensável. Mas, por via das dúvidas, melhor matar mais alguns milhares de seres humanos. Harmonia universal é harmonia de uma classe só, depois de a outra ter sido varrida do mundo.

‘OPORTUNIDADES”
Festejem “a América” como Terra de Oportunidades, enquanto avança a destruição, enquanto avançam o desemprego, os despejos, as ‘entregas especiais’ de prisioneiros para serem torturados por torturadores parceiros dos EUA, enquanto a infraestrutura continua a ruir, enquanto a “desregulação” avança, enquanto avançam os assassinatos de crianças dentro das escolas.

 O presidente? Discursa contra concentração de riqueza, contra crimes de guerra (só na Síria, não na Palestina) e contra a destruição do meio ambiente. Contra o oleoduto-monstro Keystone XL? Não, nenhuma palavra.

Seja como for, Obama merece registro histórico por ter exposto o liberalismo, nessa sua jornada de transvaloração do New Deal até hoje, pelo que o liberalismo realmente é: posição político-ideológica do centro-direita, que já não merecia o nome quando foi batizado durante o New Deal. O liberalismo, que foi de centro, até de centro esquerda, jamais conviveria – sequer tentaria conviver – com a histeria anticomunista que começou com o mcCarthyismo logo depois da 2ª Guerra Mundial. Aquela histeria foi-se convertendo, com grupos como “Americans for Democratic Action” e “National Security Democrats”, no universo político-ideológico do discurso cultural cada dia mais pantanoso e traiçoeiro, que se traduz nessa acentuada deriva à direita na política que culminou com os dois partidos a disputar, apenas, qual seria o mais ‘patriótico’.

Sob o estandarte liberal, os EUA aventuraram-se a entrar na arena da Guerra Fria. O anticomunismo liberal tornou-se amplo guarda-chuva para o sacrifício de qualquer dissidência, no altar da respeitabilidade. Assim, já à altura dos anos 1960s, no máximo, o liberalismo já deveria ter sido identificado (mas não foi) como muito mais antirradical que progressista (no final, o liberalismo converteu o chamado progressismo em cego antirradicalismo).

NÃO MUDA NADA

Obama poderia ter surgido em cena há vinte anos, sem mudar coisa alguma do ponto de vista político (até mesmo racial), com sua sanha conservadora que, agora, já é também racista, com negros firmemente instalados em posições de destaque como uma espécie de Guarda Pretoriana dos Interesses Corporativos.
Nem Paul Robeson nem Martin Luther King seriam admissíveis ou encontrariam lugar na cultura política dos EUA hoje (além do plano da pura conversa fiada dos discursos de aniversário do Dr. King, mas nunca por ele ter defendido os pobres e feito oposição à guerra).

O liberalismo foi um dos principais fatores que contaminaram a teoria da democracia e a prática democrática, gêmeo xifópago de um partido Democrata servo solícito de Wall Street e de toda a coleção de interesses que definem o capitalismo predatório, dos planos privados de seguro-saúde às empresas privadas que fornecem armas e mercenários para o Departamento de Defesa.

E esse monstrengo bicéfalo adiante se grudou, como a um terceiro xifópago, a uma Casa Branca que não consegue fazer coisa melhor que nomear John Brennan para dirigir a CIA. Com Brennan, a muralha de sigilos e segredos e os crimes de guerra que os EUA cometem em todo o planeta, em ritmo diário, continuarão, por mais algum tempo, firmemente enterrados e guardados.
(Transcrito do site Pátria Latina, de Valter Xéu)

POLÍTICA - Eduardo Campos X Ciro/Cid Gomes.

Esquenta a briga entre Eduardo Campos e Ciro/Cid Gomes

Carlos Newton

A sucessão presidencial está cada vez mais concorrida, embora ainda estejamos a 19 meses das eleições. No fim de semana, o ex-ministro Ciro Gomes deu entrevista atacando o governador pernambucano Eduardo Campos, que é presidente de seu partido, o PSB. Gomes fustigou também outros pré-candidatos, como Marina Silva (sem partido) e Aécio Neves (PSDB).
Rompimento inevitável

Ciro disse que nenhum dos três concorrentes tem condição de disputar as eleições de 2014, porque não têm proposta nem visão para o Brasil. Ele afirmou, ainda, que os três não têm estrada, em entrevista concedida à rádio Verdes Mares, do Ceará. Mas destacou que, se os três saírem mesmo candidatos à sucessão presidencial, a eleição pode ser decidida em um eventual segundo turno.

Eduardo Campos, após participar de um encontro promovido pela revista Carta Capital, em Recife, resolveu responder: “Discordo da opinião dele, essa não é a opinião do partido. Essa é a opinião de Ciro, não a do partido. Respeito o direito dele ter a sua opinião, mas discordo do que ele disse e não vou polemizar com ele. O partido é democrático. Todas as pessoas têm direito ao debate. Mas sobre o que o partido deve fazer e deixar de fazer, deve ser travado no tempo certo e na instância certa, que é quem decide”.

“NOTA OFICIAL”
Previamente combinado com Campos, o vice-Presidente do PSB, Roberto Amaral, que é quem efetivamente cuida do partido, logo divulgou uma nota em que afirma que Campos “sintetiza o pensamento acumulado pelo PSB, desde 1985″.

Enquanto isso, em Belo Horizonte, o PSDB iniciava uma série de debates para alavancar a campanha tucana para o Palácio do Planalto. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sem medo do ridículo, negou que estivesse lançando a candidatura do senador mineiro Aécio Neves à Presidência. Em seu discurso, ao lado de Aécio, fez críticas pesadas à presidente Dilma Rousseff, que afirmou não ter herdado “nada” da gestão tucana. “O que é que a gente pode fazer quando a pessoa é ingrata? Nada. Cospe no prato que comeu. Meu Deus”, disse FHC.

Traduzindo tudo isso: a sucessão começa a ficar muito interessante. E os irmãos Ciro e Cid Gomes terão de procurar outro partido para abrigá-los…

Fonte: Tribuna on line

OS CARAS GOSTAM DE CHORAR DE BARRIGA CHEIA.

Presidente do Itaú diz a jornal inglês que governo Dilma não está funcionando

Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
O Banco Itaú lucrou 6,8 bilhões de reais no ano passado. Mesmo assim, seu presidente, Roberto Setúbal, filho e herdeiro do falecido patriarca Olavo, não está satisfeito com as coisas no Brasil.
Queremos lucrar mais…
Numa entrevista ao jornal inglês Financial Times, Setúbal, 57 anos, diz que a estratégia do governo “claramente não está funcionando”. As famílias controladoras do Itaú – Setúbal, Villela e Moreira Salles – ocupam nove posições entre os 40 brasileiros bilionários listados pela revista Forbes
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NOTA DE REDAÇÃO DO BLOGHá alguma errada nessa declaração. O presidente do Itaú, na verdade, não reclama de as coisas irem mal no Brasil, ele está pouco se incomodando com isso. Roberto Setúbal está reclamando é do aperto que a presidente Dilma está dando nos bancos.

OS ECONOMISTAS


"As recomendações e análises dos economistas (inclusive as minhas), mesmo quando prestadas em boa fé, estão eivadas de valorações e pressupostos não revelados, para não falar de ostentações de rigor e cientificidade incompatíveis com a natureza do objeto investigado", escreve Luiz Gonzaga Belluzzo, economista e professor, em artigo publicado na Carta Capital, 22-02-2013.
Eis o artigo.

Resolvi juntar algumas linhas que escrevi a respeito dos economistas, suas teorias, convicções e previsões. No estouro da crise financeira, as maledicências sobre economistas, suas teorias, crenças e previsões corriam soltas, à velocidade da peste nos centros financeiros do mundo. Mas, passado o susto, os que fracassaram em suas antecipações já sobem o tom de suas arrogâncias e voltam a trovejar sua cambaleante sabedoria.

A reputação dos economistas e o prestígio de sua arte de antecipar tendências variam na mesma direção dos ciclos do velho, resistente, mas talvez nem tão surpreendente capitalismo. Quando os negócios vão bem, as previsões mais otimistas são ultrapassadas por resultados formidáveis. É a festança dos consultores: o noticiário da mídia não consegue oferecer espaço suficiente para os profetas e oráculos da prosperidade eterna. Na era da informação a coisa é ainda pior: em tempo real, os meios eletrônicos regurgitam uma fauna variada de palpiteiros e adivinhões. Todos ou ao menos a maioria tratam de insuflar a bolha de otimismo.

Quando desabou a tormenta, as certezas dos analistas mais certeiros entraram em colapso. Em pleno estado de oclusão mental diante da derrocada dos preços dos ativos e da violenta contração do crédito, um gênio da finança global proclamava na televisão: “Os investidores são racionais, mas estão em pânico”. Imaginei que antes da emboscada do subprime e de outros créditos alavancados, os investidores racionais estivessem apenas no exercício de sua peculiar racionalidade.

O pânico dos mercados induziu à pane na razão. O ineditismo dos acontecimentos abalroou seus modelos e fez naufragar suas previsões. Desconcertados, os sábios de ontem embarcam em hipóteses exóticas e peregrinas, como as que atribuem responsabilidade aos devedores Ninja (No income, no job, no asset), gente irresponsável que não deveria aceitar os empréstimos gentilmente oferecidos por bancos generosos. Ainda na quarta-feira 13, o republicano da Flórida, Marco Rubio, descarregou a culpa da crise no governo e nos políticos que estimularam os créditos predatórios.

Em sua crueldade, as maledicências maltratam a labuta persistente dos economistas acadêmicos, sempre dedicados à construção de teorias e modelos sofisticados (lembro que sofisticado vem de sophoi, cognato de sofista) que em vez de explicar como funcionam as engrenagens do capitalismo, cuidam zelosamente de falsificar seu modo de funcionamento.

O economista Willem Buiter desancou a revolução novo-clássica das expectativas racionais, associada aos nomes de Robert Lucas e Thomas Sargent, entre outros. A teoria econômica, diz ele, “tornou-se autorreferencial… impulsionada por uma lógica interna e por quebra-cabeças estéticos, em vez de motivada pelo desejo de compreender como a economia funciona… Assim, os economistas profissionais estavam despreparados quando a crise eclodiu”.

Nos idos de 2009 relatei aos leitores de Carta Capital uma proeza de Robert Lucas que  exibe em suas prateleiras acadêmicas o Prêmio Nobel. Em setembro de 2007, Lucas publicou no Wall Street Journal o artigo “Hipotecas e Política Monetária” (“Mortgage and Monetary Policy”). Àquela altura do campeonato, o preço das residências despencava com grande estrondo. Até mesmo os mais fanáticos crentes na  eficiência dos mercados estariam incomodados com o barulho, para não falar da pulga que percorria insistemente a parte posterior de suas respeitáveis orelhas. Suspeito que Lucas tenha baixa sensibilidade nesta região do corpo humano. Mas ele não é apenas um crente, é um sacerdote.

Escreveu no Journal: “Sou cético a respeito do argumento que sustenta haver risco de contaminação de todo o mercado de hipotecas pelos problemas surgidos na faixa subprime. Tampouco acredito que a construção residencial possa ser paralisada e que a economia vá deslizar para uma recessão. Cada passo nessa cadeia de argumentação é questionável e nada foi quantificado. Se aprendemos alguma coisa da experiência dos últimos 20 anos é que há muita estabilidade embutida na economia real”.

As recomendações e análises dos economistas (inclusive as minhas), mesmo quando prestadas em boa fé, estão eivadas de valorações e pressupostos não revelados, para não falar de ostentações de rigor e cientificidade incompatíveis com a natureza do objeto investigado. Esse incidente, o desacordo entre o método de investigação e a natureza do objeto investigado, é quase sempre ignorado pelos praticantes da Ciência Triste. Isso não lança necessariamente dúvida sobre a honestidade intelectual dos economistas, mas os obriga a explicitar as “visões” (como dizia Schumpeter) que antecedem e fundamentam suas análises. Essas cautelas tornam-se ainda mais imperiosas quando as sabedorias dos interesses subjugam os interesses pelo conhecimento.
Fonte:IHU

POLÍTICA - Chaves está presente em Havana.


Hugo Chávez deixou a capital, mas seu espírito parece que continua rondando entre Miramar e Havana Velha, entre o Malecón e Marianao. Os cubanos continuam atentos à sua saúde. Nota-se isso nas ruas e na televisão, em certos atos da concorrida Feira do Livro e no fato de que o petróleo não parece ser um problema grave. O transporte é bastante mais adequado e frequente que em pleno período especial. Há carros e camionetas modernos que usam gasolina refinada, assim como também “almendrones” (os Buicks ou Chevrolet do final dos anos 1950) abastecidos com um combustível de qualidade inferior. Observa-se ônibus de linha bem cuidados que há tempo substituíram os curiosos camelos (um híbrido entre caminhão e ônibus).

A reportagem é de Gustavo Veiga e está publicada no jornal argentino Página/12, 25-02-2013. A tradução é do Cepat.

Os jornalistas venezuelanos que participaram de um Congresso de Redes Sociais no Palácio das Convenções comprovaram in situ porque o seu presidente e o seu país interessam tanto: o líder bolivariano é um aliado estratégico da Revolução, mas, além disso, um amigo próximo de Fidel e Raúl Castro. O genro de Chávez, o ministro de Ciências e Tecnologia, Jorge Arreaza, havia se dado o gosto de mostrar os primeiros indícios de sua recuperação quando divulgou aquelas três fotografias que percorreram o mundo: em uma, seu sogro sorria deitado, ladeado por duas de suas filhas (está casado com Rosa Virginia); e nas restantes lia o jornal Granma, onde se via um artigo sobre José Martí.

Os blogueiros chavistas têm pontos de contato com os defensores da Revolução Cubana, que existem e fizeram um encontro em Matanzas em 2012, embora estejam invisibilizados – são ao menos 500 – ou eclipsados por Yoani Sánchez, que parece a única voz plausível para os adversários do governo cubano. Um deles, Iroel Sánchez, acaba de apresentar seu livro “Suspeitas e dissidências”, com grande audiência na Feira do Livro.

Na construção de sentido, do fato noticioso, disputa-se quadra por quadra do espaço virtual. Em torno das fotos de Chávez (inclusive a apócrifa publicada pelo jornal El País) livrou-se o último combate entre a imprensa estatal, que defende o venezuelano, e seus detratores da Globovisión. Era de se ver como os partidários do presidente aguardavam notícias sobre sua doença. Arreaza denunciava a “necrofilia jornalística” e defendia que seu líder “está tomando decisões em nível familiar e governamental”. Quando se derreteu em elogios à equipe médica do presidente, não perdeu a oportunidade para agradecer a Fidel Castro, a seu irmão Raúl e ao povo cubano tanta hospitalidade expressada em grafites e cartazes seu apoio ao venezuelano.

Percebe-se isso nas ruas desta capital. No Paseo Prado, em frente ao Hotel Inglaterra de Havana Velha, um ex-combatente de Praia Girón, com 85 anos, o corpo encurvado e a tosse seca de fumante, está sentado na praça com várias mensagens escritas a mão em cartolina branca: “Deus disse que Fidel e Chávez são grandes humanistas”, escreveu em um. E acrescenta que daria a vida pelos comandantes.

Arreaza, contam seus compatriotas aqui, costumava viajar quase todas as semanas para acompanhar sua esposa durante a longa convalescença do chefe bolivariano. Esse não foi o único sinal de presença venezuelana na ilha maior das Antilhas durante este verão. No Congresso sobre Redes Sociais, organizado pela área de imprensa da Chancelaria cubana, houve mais uma: a “Apresentação especial sobre as campanhas midiáticas contra a Venezuela”.

Na Venezuela trava-se uma batalha na mídia cujas faíscas continuam chegando em Cuba. A Telesur a ilustra em detalhe. Não é para menos. Chávez permaneceu na ilha desde a sua cirurgia, em 11 de dezembro até o dia 18 deste mês. Nicolás Maduro, o vice-presidente que o substitui no cargo, fustiga a oposição porque só “tem desprezo e ódio”. O ex-candidato a presidente Henrique Capriles Radonski queixou-se dos “dirigentes do governo que não foram eleitos e que todos os dias aparecem na televisão com uma versão diferente” sobre a saúde do líder.

Em um dia chuvoso e fresco Chávez reapareceu em Havana, onde sempre se sentiu contido. Agora descansa em Caracas, longe dos bicitaxis e das buzinas que soam com estrépito na Cidade Velha. Seu rosto sorridente colocou em situação incômoda os seus adversários, mesmo quando era visto ainda repousando em sua cama. Em Cuba, está claro, acompanham minuciosamente a evolução de sua saúde. Embora tenha partido, é como se ainda estivesse aqui. Na Feira do Livro, que terminou no domingo na Fortaleza San Carlos de la Cabaña, houve atos sobre Venezuela e Chávez, embora este ano o país convidado tenha sido outro velho aliado, a Angola. No sábado, realizou-se um Conversatório (assim chamam as conversas aqui) denominado “Conquistas culturais da Revolução Bolivariana”.
Fonte:IHU

MEIO AMBIENTE - Ação histórica na porta de Obama.


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Ação histórica na porta de Obama

A Sierra Club, uma das mais antigas e influentes organizações ambientalistas dos EUA, reforçou os protestos contra o oleoduto Keystone XL, que aguarda aval da administração de Obama. O projeto é controverso pois permitirá a exploração das areias betuminosas canadenses, consideradas a fonte de petróleo mais suja do planeta. Por Amy Goodman

Pela primeira vez em seus 120 anos de história, o Sierra Club, uma das mais antigas e influentes organizações ambientalistas dos EUA, se engajou na desobediência civil, um dia depois que o presidente Barack Obama pronunciou seu discurso do ''Estado da União''(State of Union). O grupo juntou forças com outros para protestar contra o oleoduto Keystone XL, que aguarda uma permissão da administração de Obama. O presidente fez em seu discurso promessas de tratar da crescente ameaça das mudanças climáticas. Mas serão necessárias mais do que palavras para salvar o planeta da perturbação climática induzida pelos humanos: será preciso um crescente movimento diversificado direcionado a Casa Branca com o intuito de demandar ações significativas.

O oleoduto Keystone XL é especialmente controverso pois permitirá a exploração das areias betuminosas canadenses, consideradas a fonte de petróleo mais suja do planeta. Uma das principais vozes que têm alertado sobre a mudança climática, James Hansen, diretor do Instituto de Estudos Espaciais Goddard da NASA, escreveu sobre as areias betuminosas no The New York Times ano passado, ''se o Canada prosseguir, e não fizermos nada, será o game over para o clima''. Uma nova pesquisa sem fins lucrativos realizada pelo Oil Change International indica que o impacto potencial das areias betuminosas será até mesmo pior do que acreditavam. Pelo fato do oleoduto atravessar a fronteira entre os EUA e o Canada, sua proprietária, a TranCanada Corp., precisa receber permissão do Departamento de Estado dos EUA.

Entre aqueles que foram presos do lado de fora da Casa Branca estava Julian Bond, ex-presidente da NAACP. Bond disse, “a ameaça ao clima do nosso planeta é grave e urgente. (…) Hoje me sinto orgulhoso de estar diante de meus companheiros e declarar, ‘estou disposto a ir para a prisão para interromper este equívoco.’ A crise ambiental que enfrentamos hoje demanda nada menos do que isso”

Duas semanas de protestos na Casa Branca no verão de 2011 levaram à prisão 1252 pessoas. Depois, em Novembro, milhares de pessoas cercaram o nº1600 da Avenida Pennsylvania para reivindicar a revogação da permissão para o Keystone XL. Alguns dias depois, o presidente Obama anunciou que adiaria a decisão para 2013, depois das eleições. Mais tarde, ele concedeu permissão para que fosse construída a perna sul do oleoduto, que vai do Oklahoma ao Texas. Esta decisão desencadeou protestos de proprietários de terra e ambientalistas, incluindo uma ação direta não-violenta na forma de um bloqueio, com pessoas acorrentadas aos equipamentos do oleoduto e ocupando as terras com acampamentos entre as árvores para deter a construção.

Mais cedo, durante o processo de permissão, aquela que seria a Secretária de Estado, Hillary Clinton, disse que estava propensa a aprovar o oleoduto, ainda que a revisão do mandatário do Departamento de Estado estivesse incompleta. A controvérsia eclodiu quando o The Washington Post relatou que o lobista que defendia o oleoduto em Washington, Paul Elliot, era um funcionário sênior na campanha presidencial de 2008 de Hillary Clinton. A Agência de Proteção Ambiental do EUA (EPA), comandada por uma nomeada de Obama, Lisa Jackson, foi uma crítica do oleoduto. Quando Jackson se demitiu inesperadamente dezembro passado, o New york Post relatou, baseado em um “informante anônimo”, “ela não será a comandante da EPA quando Obama apoiar a construção de Keystone.'' Jackson negou estas alegações.

Em seu discurso do Estado da União, Obama deu esperanças àqueles preocupados com o aquecimento global, “Pelo bem de nossos filhos e de nosso futuro, devemos fazer mais para combater as mudanças climáticas. (...) Nós podemos escolher acreditar que o furacão Sandy; e que a seca mais severa em décadas, e os piores incêndios florestais que alguns estados já presenciaram foram apenas uma terrível coincidência. Ou podemos acreditar no irresistível julgamento da ciência - e agir antes que seja tarde.”

O fim de semana do Dia do Presidente verá o que se espera ser o maior protesto contra as mudanças climáticas na história, chamado de ''Para Frente pelo Clima''. 135 organizações participarão, incluindo o Sierra Club, a Rede indígena do Meio Ambiente e a 350.org. O Sierra Club é uma das maiores e mais poderosas organizações ambientais do mundo. Sua decisão de participar na desobediência civil sinaliza uma grande escalada no movimento para conter a mudança climática, reavivando as palavras do primeiro presidente do Sierra Club, John Muit, que escreveu em 1892, ''espero que sejamos capazes de fazer algo pela vida selvagem e de fazer as montanhas felizes''

*Amy Goodman é âncora do ''Democracy Now!,'' um noticiário via TV e rádio internacional diário transmitido em mais de mil estações de rádio na América do Norte. Ela é co-autora do 'O Maioria Silenciada,'' um best-seller do New York Times.

Tradução por Roberto Brilhante

POLÍTICA - Os avanços da gestão pública brasileira.



Avanços e fragilidades na gestão de Dilma



“Os avanços da gestão pública brasileira puderam ser observados no sexto balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), divulgado nesta sexta-feira.
Desde o lançamento do PAC foi montado um sistema de acompanhamento e avaliação, das obras físicas e do cronograma financeiro, completo, meticuloso, quando Dilma Rousseff era Ministra-Chefe da Casa Civil.

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Para cada setor – Transportes, Energia, Saneamento – é possível saber a quantidade de obras executadas, em execução, as que estão dentro do cronograma, as que estão um pouco ou muito atrasadas.

A partir dessa prestação de contas, cada analista  pode tirar suas conclusões. Os críticos enfatizarão os atrasos e concentrarão a análise no desembolso orçamentário. Os defensores centrarão a análise no cronograma físico e explicarão que o pagamento só é liberado depois da obra concluída.
Mais que isso, com a Câmara de Gestão criou-se um fórum que está ajudando a tornar eficientes os principais processos internos do Executivo.

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Onde a roda pega? Na excessiva centralização imposta por Dilma Rousseff à ação de seus Ministros.

Meticulosa, perfeccionista, ela conseguia afinar todos os detalhes quando focada no PAC. Quando se entra na enorme complexidade do governo como um todo, o jogo é outro. Não é mais um trabalho exclusivo de acompanhamento físico de projetos.

É impossível a uma pessoa só, por mais capaz que seja, administrar todas as áreas, decidir sobre todos os temas, definir todos os conceitos.
No ano passado houve uma enxurrada de medidas em todas as áreas, o lançamento de programas em todos os ministérios. Mas só eram liberados depois da palavra final da presidente, da correção de cada palavra do projeto. O resultado eram atrasos permanentes. Mais que isso, falta de comprometimento dos Ministros.

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Racional como é, uma hora a Presidente perceberá que é quimera a ânsia de manter todos os projetos sob controle. E certamente aprimorará a forma de gerir o Estado.

O primeiro passo será reforçar a assessoria interna – através de técnicos alocados na Casa Civil (como era quando Dilma estava lá). Esses assessores serão olhos e ouvidos da Presidente.

Depois, formar um exército de generais – de Ministros de primeiro time, não de meros gerentes. Se arranjos políticos impuserem ministros de menor fôlego, fortaleça-se a Secretaria Executiva com gestores de confiança. Mas dê-lhes autonomia.

Em cada programa, o papel da Presidente deveria ser comandar as reuniões iniciais de elaboração do projeto, definir os pontos centrais, questionar os participantes sobre as maneiras de alcançar os objetivos. Depois, deixar por conta de cada Ministro, com seus assessores acompanhando a implementação e reportando os dados a ela. E pau na moleira de quem não andar na linha ou não atender às expectativas.

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Hoje em dia o papel dos Ministros é tão secundário que Dilma pode se dar ao luxo de manter peças que não funcionam. Como todos os projetos atuais são da Presidente, nenhum Ministro se julga com responsabilidade de prestar contas à sociedade, de defender o projeto e sequer de responder por seus resultados.

Não se vence uma guerra com um exército de sargentos. Quanto mais cedo se acordar para essa verdade,  mais rápido será o deslanche das ações de governo.”

MÍDIA - Lobista acusa jornalista.


Lobista acusa jornalista do UOL de cobrar propina e fazer chantagem; repórter nega


Vinícius Segalla nega as denúncias do lobista

Portal IMPRENSA

"O ex-assessor do governo de Mato Grosso e lobista Rowles Magalhães Pereira Silva afirmou que pagou propina ao repórter Vinícius Segalla, do UOL, para que ele não publicasse notícias negativas sobre o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), informou o portal MidiaNews, nesta sexta-feira (22/2). O jornalista, também acusado de chantagem, negou as afirmações de Silva e disse estar "tranquilo".

Reportagem
O lobista foi convocado a depor após reportagem de Segalla, que motivou seu afastamento do cargo de assessor especial do governo do MT. No texto, publicado em 17 de agosto de 2012, o jornalista relata que o consórcio vencedor da licitação do VLT já era conhecido um mês antes da divulgação. E que Silva afirmou que integrantes do governo receberam propina de R$ 80 milhões, dos três consórcios primeiros colocados na concorrência, para viabilizar o negócio.

Suposto acordo
Silva resaltou que ele e Segalla tiveram o primeiro encontro em São Paulo, quando teriam trocado e-mails e falado sobre as vantagens do VLT. Em novo encontro e "depois de alguns questionamentos", o jornalista teria dito a "realidade dos fatos". "Que, na verdade, ele recebia mensalmente vantagens econômicas para manipular informações na imprensa no sentido de denegrir o projeto do VLT e apoiar o BRT”, afirmou.”