segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

LIVRO SOBRE LÍDER SINDICAL AMIGO DE LULA TEM SUA VENDA PROIBIDA


Justiça proíbe venda de livro sobre líder sindical amigo de Lula

José Carlos Werneck
O lançamento do livro “Companheiros – A Hora e a Vez dos Metalúrgicos de Sorocaba”, com apresentação escrita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve sua distribuição proibida pela Justiça e está suspenso, há mais de um mês.
  Bolinha e Lula
A obra, do jornalista Carlos Araújo, seria lançada no final de janeiro, foi suspensa após o juiz fixar multa de R$ 1 mil por exemplar vendido ou doado, e de R$ 10 mil em caso de noite de autógrafos, divulgação ou ato semelhante.

O livro destaca a trajetória do sindicalista Wilson Fernando da Silva, o “Bolinha”, falecido em 2008, que foi colega de trabalho do ex-presidente e ajudou Lula a interiorizar a CUT . O juiz da 3ª Vara Cível de Sorocaba, Mário Gaiara Neto, concedeu liminar em ação de indenização movida por uma filha de “Bolinha” que alegou não ter autorizado a publicação, nem o uso de fotos do acervo pessoal do sindicalista e que que a obra viola a intimidade e desrespeita a memória do pai.
Além do jornalista, são réus do processo o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, que patrocinou o livro, e a editora Loja de Idéias. A publicação descreve os últimos 40 anos da luta sindical em Sorocaba e destaca a participação do ex-presidente na trajetória que levou seu ex-colega da Indústria Villares, em São Bernardo do Campo, à presidência do sindicato de Sorocaba.
Em sua apresentação, Lula enfatiza o “grau de companheirismo” de “Bolinha” e os 40 anos de amizade entre os dois. O sindicalista participou com o ex-presidente, em 1983, da fundação da Central Única dos Trabalhadores, ano em que venceu as eleições sindicais em Sorocaba e filiou o sindicato à nova central.
Entre as 32 imagens que ilustram a publicação, estão fotos do velório de “Bolinha” em 8 de dezembro de 2008, quando Lula já presidente da República viajou de Brasília à Sorocaba, causando atraso de uma hora e meia no sepultamento.
Ronaldo Stange, advogado da editora e de Carlos Araújo, classificou a decisão da Justiça como censura. “Além do direito de informar e da liberdade de expressão, o que está em jogo é o direito da coletividade de ser informada sobre fatos históricos. Não se pode ocultar a história”.
Segundo Stange, as fotos usadas no livro são do acervo do sindicato. A viúva de “Bolinha”, Lucília Rocha da Silva, e dois dos filhos do casal, Francis e Camila, assinaram declarações autorizando a publicação e defendendo o conteúdo do livro.
A outra filha, Daniela Silva Fernandes, autora da ação, alega que alguns fatos narrados, como a prisão de “Bolinha” por liderar greves, são vexatórios à família. Seu defensor, Reinaldo José Fernandes, sustenta que os herdeiros têm direitos sobre a imagem do pai, que está sendo explorada comercialmente sem a autorização de todos.
“O livro estava à venda e geraria lucro”. Ele pede indenização de R$ 31 mil por danos morais em favor de Daniela. Os advogados do sindicato entraram com recurso de agravo contra a liminar, que será apreciado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

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