segunda-feira, 31 de março de 2008

Comunicação, o desafio da esquerda

Muito interessante este artigo do Bernardo Kucinski. Infelizmente estamos à mercê da imprensa conservadora, onde praticamente predomina o pensamento único, principalmente no que se refere a linha editorial econômica e política. Há poucas chances de que ocorra o contraditório, o que prejudica a democratização da informação. Não existem no Brasil e também na América Latina, jornais de esquerda com a importância, por exemplo, na França, do Le Monde. A mídia conservadora está tendo agora algum questionamento, devido a existência de 40 milhões de internautas no Brasil. É através da Internet que os movimentos sociais estão divulgando sua atuação. A grande imprensa, por exemplo, quando fala do MST, é só para criminalizar o movimento. E quantos movimentos importantes como o MST a mídia esconde nesse nosso país?


Comunicação, o desafio da esquerda
31/03/2008
Bernardo Kucinski Revista do Brasil nº19
Observatório do Direito à Comunicação
Por que jornais e revistas de esquerda penam para decolar no Brasil? Boicote dos anunciantes? Sabotagem dos distribuidores? Incompetência dos profissionais? Falta do que dizer ou não saber como dizer? E, se for um pouco de tudo isso, como superar? O volume deses jornais e revistas hoje é insuficiente – em circulação ou tiragem – para fazer frente à imprensa conservadora. É verdade que poucas atividades são tão arriscadas quanto o jornalismo. Ainda mais em tempos de revolução tecnológica. Anunciantes pesados desaparecem de um dia para o outro. Basta lembrar casos como Varig, Banco Santos, BRA. Os donos do dinheiro não investem no jornalismo impresso pela taxa de lucro, que é baixa; entram pelo prestígio, para fazer política, ou para mamar em verbas de publicidades governamentais.
Mesmo assim, três dos maiores jornais brasileiros quebraram na última década. O Estadão virou refém de bancos credores. Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil foram comprados por um empresário especializado em arrematar empresas na bacia das almas.
A maior central sindical brasileira, a CUT, com milhares de sindicatos filiados, em 24 anos de existência nunca conseguiu lançar um jornal ou revista de expressão nacional ou mesmo regional. O PT, um dos maiores partidos políticos do mundo, com 27 anos de vida e mais de 800 mil filiados, só mantém uma anêmica revista, Teoria & Debate, de 6 mil exemplares bimestrais.
No Chile, as dificuldades do mercado jornalístico devem ser ainda maiores, porque a população é muito menor, mas o Partido Comunista chileno, com menos de 5% dos votos, leva às bancas seu jornal, toda semana. Na Bolívia, na Venezuela, na Argentina, em países da Europa, circulam jornais de diversos matizes de esquerda, que contestam as políticas dominantes. No Brasil, há meia dúzia de revistas de baixa circulação e nenhum jornal diário. A esquerda brasileira parece não atinar para a importância estratégica da comunicação.
Uma das razões do fracasso de jornais e revistas declaradamente de esquerda é a dificuldade que bons projetos encontram para não sucumbir ao sectarismo ou a disputas internas. Essa característica enterrou quase toda a imprensa alternativa nos anos 70 e contribuiu para a crise do Jornal dos Trabalhadores e do Brasil Agora, duas tentativas de vida curta de fazer circular um órgão oficial de informação do PT.
Outro motivo dos fracassos é a linguagem, doutrinária, distante do cotidiano do povão. Muitos slogans, poucos fatos e pouca reportagem. É o que acontece, por exemplo, com o jornal do MST, o Brasil de Fato. A linguagem tem de ser contemporânea, aberta, e não refletir pensamentos que não se renovam. O novo Pasquim e a revista Bundas, por exemplo, que não eram de esquerda, mas de contestação, fracassaram porque seu humor envelheceu.
No mundo sindical, em que o lançamento de um jornal nacional poderia até mesmo economizar recursos, ao consolidar grande universo noticioso, ainda predominam a atomização, o atrelamento da comunicação aos interesses políticos do grupo dirigente ou, na melhor hipótese, às lutas locais da categoria. São centenas de veículos que influenciam a base social, mas não conseguem romper o monopólio dos grandes veículos oligárquicos de comunicação de massa.
Focos de resistência
Hoje, o barateamento dos custos levou a uma explosão de revistas de pequena circulação, inclusive revistas temáticas de alto padrão editorial, em todos os campos do conhecimento e da atividade humana. Nos últimos dez anos, de 1996 a 2006, o número de títulos de revistas aumentou em quase 80%, apesar da circulação total ter caído 12%. A tecnologia tornou viáveis revistas de menor circulação. É a fragmentação do mercado. Mesmo assim é ínfimo o número de revistas novas de esquerda, centro-esquerda.
Algumas formas desse tipo de jornalismo, embora de circulação pequena, conseguem incomodar a grande imprensa. São empreendimentos diferentes, mas liderados por personalidades jornalísticas fortes, que não entregam os pontos facilmente. Esse era o traço comum dos condutores dos jornais alternativos dos anos 70. Três desses integrantes da “velha guarda” alternativa que permanecem ativos são Raimundo Pereira, fundador de Opinião e Movimento, que hoje dirige o projeto Retratos do Brasil; Elmar Bones, um dos fundadores do Coojornal e atualmente diretor do mensal Já e de seu associado Jornal do Bairro, em Porto Alegre ; e Sérgio de Souza, fundador do Bondinho, que há dez anos está à frente da revista mensal Caros Amigos.
Caros Amigos, mesmo com sua imagem consolidada e indiscutível prestígio, recebe pouquíssima publicidade e não sobreviveria se dependesse dela. A solução é diversificar. O site tem alguns anúncios e lojinha virtual. A editora, Casa Amarela, publica um fascículo paradidático e livros que “ajudam um pouco” a manter a empreitada, diz Sérgio de Souza. O site promove a revista, que por sua vez promove o site, ambos vendendo livros e assinaturas.
Outro ingrediente forte de Caros Amigos, sua linha editorial, evita o ranço doutrinário e trata das questões mais pela ótica da contracultura e dos valores. Também valoriza a reportagem. A edição de novembro, por exemplo, traz uma entrevista inédita com Harry Shibata, o médico que assinava atestados de óbitos fajutos das vítimas da ditadura. Nos últimos anos a revista assumiu mais claramente uma posição à esquerda, em sintonia com o que vem se passando no Brasil e na América Latina. Tira 40 mil exemplares e tem 10 mil assinaturas.
Quase no extremo oposto, Retrato do Brasil é assumidamente doutrinário, embora não panfletário. São fascículos temáticos de qualidade que já circularam em banca e hoje são vendidos agrupados, na forma de enciclopédia. Já foram vendidas 6 mil coleções para bibliotecas. Está na segunda edição, revista, de 5 mil exemplares. É uma mostra da má vontade do sistema em relação a uma imprensa de contestação. “Apesar de sua qualidade editorial ter sido reconhecida por dirigentes do MEC, nunca foi incluída nas compras do governo para distribuir a professores e alunos”, reclama Raimundo Pereira. A muito custo, vende coleções para algumas prefeituras, como as de São Paulo e Belo Horizonte, e governos estaduais, como Paraná e Pernambuco.
No final de novembro, Raimundo foi surpreendido pela decisão da revista Carta Capital – a mais independente e progressista das semanais – de romper um convênio patrocinado pela Petrobras para publicar dez encartes temáticos de Retratos do Brasil. Estavam no quarto encarte. Raimundo atribui essa decisão a uma divergência editorial – ter “pegado pesado” em Al Gore e na moda das grandes empresas de se apresentarem como socialmente responsáveis, em conluio com a grande imprensa. Resultado: começa a passar por novo teste nas bancas, lançando 20 mil exemplares.
Viabilidade comercial
Dois projetos totalmente diferentes, o de Elmar Bones, em Porto Alegre , e o coordenado pelo jornalista Celso Horta, no ABC paulista, têm em comum a identificação com comunidades bem definidas. No entanto, ambos acabam de ter surpresas desagradáveis, o que mostra os perigos que rondam a imprensa alternativa. Celso Horta valeu-se do apoio de prefeituras numa região com forte presença de esquerda lançando o ABCD Maior, jornal que começou mensal e logo se tornou o quinzenal de maior circulação na região, com 70 mil exemplares. Quando o jornal fazia planos para virar semanal, divergências políticas em torno das eleições municipais, em 2008, afetaram a publicidade. “Projetos não podem depender de apoio político”, reclama Celso Horta. “Ou se montam os projetos com base comercial, ou não sobrevivem.” A mesma advertência é feita por Elmar Bones, do jornal Já, de Porto Alegre: “O que menos vale é contar com apoio do governo”, alerta. “A Caixa, por exemplo, de um contrato de publicidade de 100 mil reais, até hoje só pagou 20 mil.”
Além do alternativo mensal Já, com 21 anos de existência e vencedor de vários prêmios jornalísticos, ele tem outra publicação perto também dos 20 anos. O Jornal do Bairro tirava quatro edições distintas, mas o Zero Hora, do grupo monopolista RBS, passou a publicar cadernos de bairro, solapando seu mercado. Hoje tira só uma edição de 10 mil exemplares, distribuídos gratuitamente em dez bairros centrais de Porto Alegre, em que vivem 250 mil pessoas. Sobrevive de pequenos anúncios.
Com a recente aquisição do controle acionário da petroquímica Copesul (60%) pela Braskem, foi suspensa toda a publicidade das duas empresas no Já. O Já vinha tirando 5 mil exemplares, dos quais vendia 2.500. Elmar também publica livros, com 30 títulos já lançados, e se vale da Lei Rouanet, de incentivo à cultura. Para sobreviver aos últimos golpes lançou o Já na forma de revista temática, com tiragem de 6 mil exemplares em banca e mais 6 mil por mailing – remessa para cadastro de interessados. O modelo facilita a captação de anúncios e de apoio institucional, alem de ser mais durável. A publicação sai em formato de jornal, mais barato, mas sem periodicidade definida, só quando surge algum assunto mais “quente”. Uma espécie de “guerrilha jornalística”.
Um caso interessante de revista que teve de negar parte da identidade para sobreviver é o da Raça Brasil, mensal, que vende quase 700 mil exemplares. É um sucesso, mas já passou pelo pior, quando anunciantes não queriam associar sua imagem à dos negros. A revista abandonou sua linha editorial de contestação, virando revista de moda e cosméticos para consumo de uma nova pequena burguesia negra. Lentamente, segundo seu fundador, Big Richard, anúncios começaram a chegar. Dez anos depois de lançada, repleta de anúncios dedicados à beleza, Raça Brasil só se distingue das revistas convencionais da Abril pela cor dos corpos que enaltece.
Furar o bloqueio
Um dos problemas da imprensa alternativa dos anos 70 era a distribuição. Para ter alcance nacional, como era o projeto político dos partidos que sustentavam alguns jornais, era preciso imprimir 20 mil exemplares. Se vendia menos, como acontecia com a maioria, era prejuízo certo. Em reação à internet, os grandes grupos editoriais tentam manter o domínio de mercado através do controle dos canais de comercializaçã o, como acaba de acontecer com a compra da segunda maior distribuidora brasileira, a Fernando Chinaglia, que tinha 30% do mercado, pela Dinap, do grupo Abril, então dona dos outros 70%. A Abril, que já concentra maioria esmagadora da publicidade em veículos impressos, criou agora um monopólio na distribuição aos pontos-de-venda e ganhou muito mais poder para complicar a vida dos concorrentes.
Para o jornalista Renato Rovai, fundador da revista Fórum, já complicou: a nova empresa, Tree Log, exige agora tiragem mínima de 30 mil exemplares para distribuição nacional. Fórum nasceu do Fórum Social Mundial. Produto de uma geração de jornalistas contestadores formada após a redemocratizaçã o do país, é assumidamente de esquerda e com muito custo e perseverança completou seis anos. Mas não tira ainda 30 mil exemplares. Os prejuízos são habituais. Quase sem publicidade, sobrevive graças à venda de cotas a entidades ligadas ao movimento e à receita obtida por outros produtos e serviços de sua editora, a Publisher Brasil.
Raimundo Pereira minimiza o problema da circulação, dizendo que algumas minidistribuidoras fazem o serviço miúdo de coleta e devolução do encalhe que as grandes rejeitam. Custa mais, mas é uma alternativa ao obstáculo. Elmar Bones também enfrentou problemas em banca. O papel do Já amarelava rapidamente e os jornaleiros tiravam da exposição. A tiragem de Caros Amigos está acima do mínimo, mas abaixo da escala em que ganharia mercado das revistas convencionais. Ajuda a boa base de assinantes.
Nilson Viana, do MST, está assustado com a formação do monopólio de distribuição. Em entrevista ao site Observatório do Direito à Comunicação, ele diz que há um mês a Fernando Chinaglia começou a impor uma série de exigências novas como parte da nova gestão, inclusive “metas de venda”. É um caso claro de ameaça potencial à livre circulação da informação. A fusão deveria ser impedida liminarmente pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), autarquia subordinada ao Ministério da Justiça. Mas quem confia no Cade? Renato Rovai considera que uma solução seria acionar os Correios. Para ele, o governo deveria instruir a estatal a criar um serviço próprio de distribuição de revistas, para combater o monopólio ou ao menos servir de parâmetro para as tarifas cobradas.
O problema é que o governo nem sequer tem uma política que estimule a produção alternativa de comunicação. Adormece em Brasília há quatro anos uma proposta de distribuição mais equilibrada das verbas de publicidade, de modo a garantir uma cota que minimamente assegure os veículos alternativos – em respeito ao seu enorme público potencial e à democratização do acesso à informação. Além de deter o monopólio da audiência e da distribuição, as grandes emissoras de rádio e TV e a mídia conservadora comercial ainda absorvem quase toda a receita publicitária dos órgãos públicos e das estatais. O monopólio na distribuição ameaça principalmente as revistas que almejam circulação ampla, capazes de competir em escala com revistas da própria Abril, como é o caso desta Revista do Brasil, que já tira 360 mil exemplares distribuídos pelas entidades sindicais que a criaram e está começando a chegar às bancas (leia mais sobre o projeto no editorial, à pagina 5).
A solução na internet
Se eu fosse hoje fazer um projeto de um jornal de influência nacional, optaria por um site na internet, de alto padrão jornalístico, capaz de gerar sua própria reportagem, com colunas analíticas e interpretativas e uma janela de TV Web, para debates. Uma espécie de UOL de esquerda.
O UOL anuncia que tem 1,7 milhão de assinantes e 9 milhões de visitantes. Quase tanto quanto a tiragem total de todos os diários brasileiros. A internet é comunicação de massa e é a grande chance do campo popular, pelo seu baixo custo de produção, modernidade, facilidade de circulação e acesso. E não precisa de concessão do governo. Há no Brasil 40 milhões de internautas e 866 mil domínios, ou seja, sites, jornais e blogs com o final “br”. No mundo são 110 milhões de blogs. É um universo de comunicação totalmente interativo, dotado de grande capacidade de articulação dos movimentos sociais.
Carta Maior, um dos mais importantes sites de debate político e ideológico no Brasil, é internet pura. Debates ao vivo pela sua TV Web atraem milhares de internautas numa única transmissão. Repórter Brasil é outro projeto internet pura. Quando foi lançado por Leonardo Sakamoto, dedicava-se à denúncia de trabalho escravo e degradante. Hoje conta com 30 jornalistas, uma grande diversidade de projetos e muitas fontes de patrocínio. Um sucesso.
O site do ABCD Maior já é tão importante quanto o jornal impresso e se tornou o carro-chefe do projeto local, que tem também um programa diário de rádio de 30 minutos, permitindo ao público intensa participação nos debates dos problemas da região. A esquerda já descobriu a internet, mas ainda falta entender seu potencial revolucionário.

Alerta importante da Jussara Seixas do Blog Por Um Novo Brasil

Estou repassando o alerta da nossa companheira Jussara, do Blog Por Um Novo Brasil.Todos nós sabemos do que é capaz essa direita alegre e raivosa, como bem disse certa vez o Chico Buarque. O Luiz Carlos Azenha também já nos alertou sobre o esquema midiático que vem por aí, comandado pelas Organizações Globo. Este suposto dossiê procurando envolver a Ministra Dilma, é o início da orquestração que vai procurar atingir todos aqueles que possam ameaçar a tentativa de volta ao poder, do PSDB/PFL.


Por Um Novo Brasil
Sem Medo de Continuar Sendo Muito Feliz !!!
31 Março 2008
ATENÇÃO AMIGOS E LEITORES
Estamos iniciando novamente uma ano eleitoral. Uma ano em que as oposições ao governo Lula e ao PT, estão furiosas. A aprovação do governo e do presidente Lula em alta recorde, tem mexido com a imaginação da oposição feroz e virulenta, capaz de tudo para voltar ao poder. Toda a nossa atenção, e cuidados, tem que ser redobrado neste ano. Está havendo infiltração de pessoas da oposição na blogosfera Lulista. O objetivo é semear o ódio, é tumultuar, é querer desviar a atenção dos blogueiros para fatos menores, sem importância, para nos afastar do nosso objetivo que é a defesa do governo Lula, o combate sistemático às mentiras e ilações da mídia nefasta. Cuidado com falsos e-mail, cuidado com intrigas, não dêem importância ao que não tem a mínima importância. Fiquem atentos amigos, e leitores o ataque será violento. São pessoas sem o mínimo escrúpulo, sem nenhum caráter, sem discernimento, dissimuladas, que estão usando a blogosfera Lulista para atingir seus objetivos espúrios. A melhor arma que temos é o delete, delete os e-mail, delete essas pessoas de seus grupos, delete essas pessoas de seus blogs. A blogosfera Lulista está cada dia unida, mais coesa, e como muita responsabilidade de manter nossos leitores informados das boas ações do governo Lula , do presidente Lula, e das manipulações da mídia e de políticos da oposição feroz e virulenta. Não vamos perder o nosso tempo que é precioso com gentinha dessa estirpe.Jussara Seixa

sexta-feira, 28 de março de 2008

Será que para o Banco Central o Brasil não pode crescer mais?

Será que para o Banco Central o Brasil não pode crescer mais?

Quanta falta de criatividade do BC. Ou seria incompetência e má fé? Será que para seus diretores a única maneira de combater a inflação é determinar o aumento da taxa básica de juros (SELIC)? Será que é justo beneficiar apenas os investidores nacionais e estrangeiros, e prejudicar os demais setores da sociedade, principalmente o produtivo? Será que o nosso país que necessita crescer no mínimo 5% aa, para termos um crescimento comparável ao dos países asiáticos, tem que ficar subordinado à “ditadura do PIB potencial”, que significa que qualquer taxa de aumento deste indicador, superior a 5% significa mais inflação? Isto num país que a cada novo ano, mais de 2 milhões de brasileiros ingressam no mercado de trabalho. Será que o BC não se contenta com os aumentos recentemente fixados do IOF, da CSLL e do compulsório sobre operações de “leasing”?
Na minha modesta opinião, o Banco Central não está atuando corretamente em focar os juros apenas nos índices de inflação. Teria que se preocupar com outros indicadores que estão num momento muito favorável.
O PIB cresceu 5,4%; os investimentos dobraram; o nível dos estoques da indústria está em 46,8%, o qual é bastante satisfatório; o consumo familiar subiu 5,9% mas ainda existe uma demanda reprimida, etc.
O que é preciso é incentivar os investimentos e o PAC está aí para isso, o que trará como consequência, a redução dos gargalos que dificultam o nosso crescimento. Enfim, adotar políticas que mantenham a economia, o emprego e a renda em elevação.
A recente divulgação da “Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação”, efetuado pelo IBRE/FGV, apresentou dados bem otimistas. Revela que as indústrias, em 2008, vão elevar a capacidade instalada em 11% em média, objetivando alcançar 22% em 2010. A meta é aumentar a taxa global de investimento que hoje é de 17% do PIB para 21%.
Os arautos do mercado já estão propondo, para enfrentar a crise financeira americana, o aumento da taxa de juros básica. Se o BC o fizer, o real vai continuar se valorizando, retraindo o crescimento do PIB, devido, entre outras coisas, à elevação do custo do dinheiro e, aumentando o valor da dívida interna, que hoje está em R$ 1,2 trilhão.
Além disso, com os juros reais negativos nos Estados Unidos, continuará a corrida dos investidores para fazer aplicações em nosso país. Também vão aumentar as operações de “carry-trade”, nas quais uma empresa pega um empréstimo no mercado americano e aplica no Brasil à taxas reais em torno de 6,7% aa.
Segundo relatório liberado pelo Banco Central, estamos caminhando para o primeiro déficit no balanço de transações correntes dos últimos 5 anos, influenciado pela redução do saldo da balança comercial que nos últimos 8 anos foi positivo, e pela remessa de lucros e dividendos.

Como é bom ser banqueiro no Brasil

Como é bom ser banqueiro no Brasil

Ontem, em Pernambuco, ocorreu a inauguração do Banco Azteca, que trabalha bàsicamente, com empréstimos para a população mais pobre.
Certamente, veio se instalar no nosso país, de olho nos 20 milhóes de brasileiros, que nos dois últimos anos ingressaram na classe C de consumidores.
Agora vejam só o que declarou o Sr. Luis Niño Rivera, vice-presidente do Conselho de Administração do Azteca: “ O banco não vai ganhar dinheiro com tarifas.O lucro virá de cobrança de juros, isso porque o foco das operações será a concessão de crédito, tanto por meio de empréstimos pessoais quanto por financiamento em compras feitas na Elektra, que negocia eletrodomésticos, que pretende concorrer com as Casas Bahia”.
Para abertura de contas, o Azteca não exigirá comprovação de renda nem cobrará tarifas. Bastará ter no mínimo R$ 10 reais para depósito inicial.
Enquanto isso, o lucro em 2007 dos 101 bancos que operam em nosso país foi de R$ 45 bilhões.
Cobraram juros e tarifas escorchantes, praticaram um “spread” imoral sob a alegação de que a inadimplência é muito elevada e o Banco Central fica assistindo tudo isso passivamente.
Por isso, acredito na necessidade dos bancos serem mais taxados, instituindo-se um imposto sobre lucros extraordinários, já que não conseguem, pelo menos, reduzir o “spread” de quase 37%.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Como reconhecer um direitista enrustido?

No blog" Tudo em Cima", temos abaixo não só um guia como também "recuerdos" dos tempos de FHC.

Guia: Como reconhecer um direitista enrustido?
.- por André Lux, jornalista e crítico-spam (de esquerda)Inspirado pelo texto do jornalista Leandro Fortes (clique aqui para ler), resolvi fazer uma listinha básica com dicas para quem quer aprender a identificar um direitista enrustido. Porque, como bem sabemos, ninguém tem coragem de admitir que é de direita no Brasil, mas prestando atenção aos discursos e atitudes das pessoas fica fácil identifica-los.Vamos lá:1) Como bem apontou Fortes, o direitista enrustido costuma bradar que odeia política e políticos em geral e que “não existe esse negócio de direita e esquerda”. Mas, na prática, é diferente. O cara vota no Maluf, em alguém do PFL, do PSDB ou em qualquer um que for o anti-petista ou anti-esquerdista da vez. Se Adolf Hitler em pessoa ressuscitar e chegar ao segundo turno contra Marta Suplicy, por exemplo, adivinhem só em quem ele vai votar?2) Eles adoram xingar os abusos da Telefônica, da CPFL e os pedágios caríssimos das estradas. Enquanto você concorda, são só sorrisos. Porém, na hora que você lembra que a culpa de tudo isso recai sobre as privatizações lesa-pátria ocorridas nos oito anos de governo FHC, ele fecha a cara e começa a defendê-las, alegando que “antes a gente tinha que esperar anos pra conseguir um telefone” e que a culpa é das “agências reguladoras” (que também foram criadas pelo FHC). Aí você explica que não é contra parcerias público-privadas, desde que elas sejam feitas em favor da população e não de um grupelho de “amigos do rei”. E então faz aquela fatídica constatação: “Realmente, hoje você consegue uma linha rapidinho, só que paga as tarifas mais caras do mundo, recebe em troca um serviço horrível e não tem ninguém para reclamar”. Se depois disso a pessoa se enfurecer e começar a falar mal do Lula, do PT ou de Cuba, pode ter certeza que você está diante de um direitista.3) Toda pessoa de direita acredita piamente que as pessoas são pobres porque querem. “O problema do Brasil é que pobre não gosta de trabalhar”, costumam repetir. De tanto ler a Veja e ver o Jornal Nacional, eles passam a crer que o sujeito mora numa favela e só consegue trabalhar de lixeiro porque “não quis estudar” ou “não se esforçou o suficiente para subir na vida”. Quando você lembra que essas pessoas não têm condições nem para comer, são obrigadas a trabalhar desde cedo largando os estudos e, devido a tudo isso, só conseguem arrumar subempregos, o direitista novamente vai fechar a cara e começar a resmungar coisas sem nexo do tipo: “Pode ser, mas se um vagabundo desses entrar na minha casa eu meto tiro!”.4) Ainda em relação aos excluídos, o direitista vive dizendo que a solução para os problemas sociais do país é “investir em educação”. Claro que, como bom esquerdista, você vai concordar com ele. Mas você será obrigado a explicar que a direita, que governou o país desde que o Cabral invadiu essas terras, nunca investiu em cultura e em educação. Pelo contrário. E foi durante a ditadura militar de direita que o sistema público de ensino sofreu seu golpe mais duro, ficando totalmente sucateado. Então vai lembrar ao direitista que se todo mundo tivesse estudo e condições iguais para “subir na vida”, ele (ou ela) seria obrigado(a) a fazer faxina na própria casa ou a recolher o lixo da rua, já que ninguém mais precisaria se sujeitar a trabalhar nesses subempregos, exceto de forma voluntária para ajudar a comunidade - igual acontece em Cuba – ou no mínimo ganharia um salário igual ao de um médico. Pronto. Depois dessa é melhor você correr para um abrigo!5) Pessoas de direita tendem a ser extremamente incoerentes. Via de regra, elas falam mal de tudo (política e políticos, programas na TV, filmes, jornalistas, sexualidade, música) e repetem que “o mundo está perdido”, “nada mais presta” ou “na minha época não tinha nada disso”. E geralmente terminam suas reclamações dizendo que a única solução para tudo isso é “jogar uma bomba atômica e começar tudo de novo”. Aí, logo depois, eles afirmar que são “conservadores”...6) Conheço uma dúzia de caras, por exemplo, que adoram o Pink Floyd (até tocam suas músicas em bandas cover) enquanto repetem jargões que deixariam até um nazista envergonhado. “Vai dizer que o Roger Waters é petista agora??” costumam vociferar quando você aponta essa incongruência a eles. Obviamente, os direitistas confundem ser “de esquerda” com “ser petista” ou “ser comunista”. Quando eles cantam “Imagine”, do Lennon, com certeza não se tocam que aquela é uma música que contesta o sistema vigente que eles defendem, ou seja, é de esquerda. E aí, voltamos à lógica esquizofrênica exposta acima: o direitista enrustido é contra tudo, acha que o mundo está perdido, que o ser humano não presta e que político é tudo FDP, mas na hora das eleições, dá seu voto aos sujeitos mais conservadores, reacionários e corruptos que existem. Justamente aqueles que, além de não mudar nada, vão deixar tudo ainda pior. Aqueles que, como diz Mino Carta, “querem deixar as coisas como estão para ver como é que ficam”.7) Uma forma fácil de identificar um(a) direitista enrustido(a) é começar a falar sobre Cuba. Disfarçado no discurso “a favor da democracia e da liberdade”, você vai poder identificar todos os clichês mais obtusos que a mídia de direita usa para doutrinar os incautos. Não adianta você dizer que antes do Fidel, Cuba era uma ditadura de direita na qual a maioria esmagadora da população passava fome e não tinha direitos. Nem que, depois do Fidel, ninguém mais passa fome e todos têm acesso gratuito à educação, à saúde, à alimentação e ao transporte. Também é inútil explicar que, em Cuba, não existem crianças na rua pedindo esmola e que a maioria da população tem curso superior adquirido gratuitamente. Pois o direitista vai jogar na sua cara que em Cuba não existem carros zero km, nem telefone celular, nem shopping centers, nem DVD, nem liberdade de imprensa. Sim, trata-se da mesma pessoa que acabou de vociferar que “o mundo está perdido”, “na televisão só tem porcaria”, “jornalista é tudo safado e a imprensa é uma merda”, “hoje em dia essa molecada só quer gastar dinheiro com lixo” e “o problema do Brasil é a falta de educação e cultura”. Eu disse que coerência não é o forte deles, não disse?8) Direitista enrustido que se preze é a favor do neoliberalismo. Não, ele não tem idéia do que é isso nem quem inventou esse negócio, mas como ouviu o Arnaldo Jabor e o Django Mainardi dizendo que era a solução para os problemas do mundo, ele acreditou. E passou a repetir tudo como um bom papagaio: são contra o Estado e as Estatais (mas não reclamam quando dinheiro público é usado para salvar bancos privados da falência), a favor das privatizações (sim, as mesmas que o fazem espumar de ódio contra a Telefônica) e pregam a “redução dos impostos” (ao mesmo tempo em que choram de raiva por terem que pagar fortunas para ter plano de saúde privado). Como são manipulados pela mídia de direita, adoram meter o pau no governo Lula, não reconhecem nenhum mérito nele e acreditam (mesmo!) que tudo de bom que acontece hoje no país é resultado do governo FHC (embora eles odeiem política e todos os políticos, inclusive os do PSDB, lembram?).9) Outra característica marcante da turma da direita é a certeza absoluta que são donos da verdade. Quando eles falam sobre qualquer assunto, não estão emitindo uma opinião, mas sim uma verdade única e incontestável. A melhor forma de fazer um tipinho desses sair do armário e mostrar sua verdadeira face é simplesmente contestá-lo com argumentos sólidos e muita calma. Eles até vão tentar rebater, mas quando perceberem que o que estão dizendo é APENAS uma opinião e que, por mais que tentem te ridicularizar ou denegrir, você não vai mudar a sua opinião, o direitista enrustido vai então partir para ataques chulos e de cunho pessoal, como que tentando convencer os outros que o que você diz não tem valor, afinal trata-se de uma pessoa má, feia, fedida, chata ou qualquer outra coisa. Em última instância, o direitista enrustido vai perder todas as estribeiras e acabará apelando para o último recurso usado na tentativa de calar o interlocutor: ameaçar processá-lo!E então? Você conhece um não conhece um monte de gente assim por aí? Vai ver você é uma delas. Mas não se desespere, pois sempre é hora para mudar.E, como diz John Lennon, eu espero que um dia você possa se juntar a nós para que o mundo possa ser um só...

E por falar em mídia alternativa

A irmandade midiática latino-americana não quer só desestabilizar o govêrno argentino. Também não é de seu agrado, como todos estão cansados de saber, a existência de governantes legitimamente eleitos, que o foram, carregando uma bandeira nacionalista e contra o consenso de Washington. Mais impressionante ainda é a subserviência da nossa grande imprensa, em repercutir notícias contrárias ao Hugo Chaves, ao Evo Morales, ao Correa do Equador e agora, com relação a Cristina Kirchnner, sendo dispensável à menção ao govêrno Lula.

O Miguel do Rosário, do blog Oléo do Diabo, correu atrás e descobriu coisas interessantes. Leiam abaixo.

Blogueiros desmascaram golpismo argentino
Achei muito estranho este novo panelaço em Buenos Aires. Quem acompanha a história recente do país, sabe que, por mais problemas que haja na gestão dos Kirchnner, eles literalmente "salvaram" a pátria, fazendo o país crescer a taxas chinesas e o desemprego retornar a patamares razoáveis. Além disso, a vitória de Cristina Kirchnner, há somente alguns meses, foi esmagadora. Como não aconteceu nada de muito grave desde então, porque cargas d'água os argentinos iriam fazer "cacerolazo"? Na época de Menen ou De La Rua, explicava-se: a economia estava descendo ladeira abaixo e o desemprego explodindo, mas agora? Tudo bem ser crítico ao governo Kirchnner, mas daí partir para a gritaria?Desconfiei e hoje fui a caça de blogs argentinos. Dito e feito. Os blogueiros políticos estão perplexos com o que houve. A mídia fazia convocação a cada 15 minutos e repetia que era "espontâneo". Tudo para desgastar Cristina, que sofre com uma oposição de direita raivosa sediada nas redações dos grandes jornais e canais de tv.Confira esse blogueiro argentino aqui. E esse aqui também.O impressionante é a pressa e quase ansiedade com que a mídia brasileira repercute o que diz a mídia argentina, mostrando que, na América Latina, formou-se uma verdadeira irmandade midiática reacionária, que opera no continente de norte a sul.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Encontro por mídia alternativa será em abril

Como o jornalista Luiz Carlos Azenha nos alertou, o PIG, tendo as Organizações Globo a frente, já começou a se articular para a cobertura deste ano eleitoral, com aquela "isenção" tão peculiar. Por isso, reveste-se de grande importância esta reação da mídia alternativa, que está começando a se articular em todo o país, como podemos lêr na matéria do blog Bahia de Fato e também no Carta Maior.


Em Salvador, encontro por mídia alternativa será dia 11 de abril
Dia 11 de abril próximo, na sede da ABI de Salvador ou na UFBA (a confirmar), jornalistas independentes, professores, estudantes de jornalismo, universitários em geral, blogueiros, muitos blogueiros, vão se reunir para dar continuidade à luta contra a hegemonia conservadora e reacionária na disseminação da informação. Trata-se do desdobramento da reunião realizada em São Paulo no último dia 8 de março, em busca da construção de imprensa e mídias alternativas. Reuniões estão sendo realizadas em todos os estados.O encontro de 8 de março em São Paulo (Hotel Maksoud Plaza) reuniu 42 jornalistas, professores e intelectuais em geral, todos envolvidos na luta pela democratização da mídia e no combate ao pensamento neoliberal consagrado no chamado Consenso de Washington. O debate está se aprofundando, há propostas de articulações práticas e muitas matérias estão postadas no site CARTA MAIOR. Como desdobramento da reunião de São Paulo já foi realizado um encontro em Porto Alegre (sede do DCE da UFRGS), no último dia 20 de março. Aos jornalistas, estudantes de jornalismo, universitários em geral, juntaram-se representantes dos movimentos sociais, políticos de esquerda, dirigentes sindicais, editores de jornais de bairro e, claro, blogueiros, muitos blogueiros. A coisa está esquentando. Antes do encontro marcado para 11 de abril, em Salvador, na sede da ABI (ainda a confirmar, repito) estão programadas reuniões em Aracaju (10 de abril); Recife (09 de abril); Fortaleza (08 de abril), Belém (07 de abril) e Rio de Janeiro (04 de abril).Este blog BAHIA DE FATO aderiu à articulação. A canalhice na grande mídia chegou ao limite do suportável. Todo apoio à democratização da mídia, à mídia alternativa, à mídia dos trabalhadores, à mídia dos sem-terra, à Conferência Nacional de Comunicação.LEIA MAIS EM CARTA MAIOR

Rio de Janeiro, capital que menos assiste Tv

O fato do Rio de Janeiro ser a capital do país que menos assiste TV, representa uma má notícia para o PIG, ainda mais se tal fato representar um aumento de acessos `a mídia alternativa, onde é possível o contraditório, onde as notícias são mais dificeis de serem manipuladas. A grande vantagem da Internet é que ela permite a interatividade entre quem produz conteúdos e quem os consome.


Coluna de Daniel Castro -Folha de SP20% dos cariocas abandonam TV em 3 anos A audiência da TV aberta no Rio de Janeiro despencou nos últimos anos. Quase 20% do total de televisores da Grande Rio foram desligados entre 2005 e 2008. Em 2005, o Rio registrava média diária de 44% de televisores ligados, dentro da média nacional. Em 2006, foram 42%. Em outubro de 2007, o percentual despencou para 37%. Em fevereiro, o índice atingiu 36%. A média nacional continua superior a 42%. Com a queda, o Rio ultrapassou Belo Horizonte no "ranking" das capitais que menos vêem TV. Na capital mineira, a média em fevereiro foi de 38% de televisores ligados. Brasília, outra cidade tradicionalmente de maior resistência à TV, teve 41% de ligados no mês passado. Fortaleza e Salvador têm alto índice de televisores ligados: 46% e 45%, respectivamente. São Paulo teve 44%.

terça-feira, 25 de março de 2008

Revolta da Chibata II, no Observatório da Imprensa

É incrível como as classes dominantes de todas as épocas, procuram minimizar a importância histórica de personagens oriundos da plebe, como bem diz o historiador, neto do jornalista Edmar Morel, que escreveu uma obra tida como definitiva, sobre o "Almirante Negro". O mesmo aconteceu com Antônio Conselheiro, da Revolta de Canudos, e também com outras figuras do povo, como Zumbi dos Palmares e, mais recentemente, com Chico Mendes . Com relação à este último, existe um livro escrito pelo jornalista Zuenir Ventura acerca da luta deste brasileiro em favor da preservação da floresta amazônica e contra os grilheiros daquela região, que deveria ser leitura obrigatória em todas as escolas brasileiras. Aliás , o Chico Mendes parece que é mais reconhecido internacionalmente, do que em seu próprio pais, já que as novas gerações não têm a menor idéia de quem ele foi, num momento em que tanto se fala em ecologia e preservação do meio ambiente. No livro do Zuenir, é possível se conhecer o triste papel desempenhado pelo Senador Romeu Tuma, no assassinato do Chico.


OI NA TV O resgate da Revolta da ChibataLilia Diniz19/3/2008

Quase um século após a Revolta da Chibata, ocorrida em 1910, a Marinha liberou os arquivos do principal articulador do movimento, o "Almirante Negro" João Cândido. A luta pelo fim dos castigos físicos e pela melhoria das condições de trabalho dos marujos teve como palco o encouraçado Minas Gerais, entre outros navios de guerra, ancorados na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, para os festejos da posse de Marechal Hermes na presidência da República. O Observatório da Imprensa na TV de terça-feira (18/03) discutiu a importância do resgate de fatos importantes da história do Brasil. O historiador e jornalista Marco Morel, neto do repórter Edmar Morel, autor do livro A Revolta da Chibata, a primeira obra publicada sobre o tema, em 1963, participou do programa pelo estúdio do Rio de Janeiro. Morel foi contratado pelo Projeto Memória, da Fundação Banco do Brasil, para pesquisar sobre o movimento e publicará um livro de fotografias sobre a revolta. Também no estúdio do Rio de Janeiro, participou a coordenadora de Pesquisa e Difusão de Acervo do Arquivo Nacional, Maria Elizabeth Brêa. No estúdio de Brasília, esteve o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques de Oliveira Pena. Fernando Granato, jornalista e escritor, autor de O Negro da Chibata, foi o convidado do estúdio da TV Cultura.A mídia em três temposAntes de entrar no tema do programa, Alberto Dines comentou três fatos relacionados com a mídia desta semana. O primeiro foi a contradição dos jornais de grande circulação de hoje terem sugerido uma grande crise financeira internacional e as bolsas de valores terem fechado o dia com saldos positivos. Para Dines, o fato revela que os especuladores não lêem jornal, preocupam-se com "o aqui e o agora", e que a mídia está exagerando na cobertura da crise. O lançamento da nova página fixa, a "Folha Corrida", na Folha de S.Paulo foi outro ponto levantado por Dines. A página, elaborada para ser lida em cinco minutos, seria uma estratégia para conter a queda de circulação. A imprensa estaria investindo no modelo da internet, mas ainda não teria encontrado o caminho entre a fragmentação da rede a densidade dos jornais impressos: "corrida, ela é descartável também", disse. O jornalista também comentou o requerimento apresentado pela deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) que pedia explicações sobre o motivo do Conselho de Comunicação Social do Senado – órgão criado em 2002 para estudar solicitações encaminhadas pelo Congresso Nacional sobre os meios de comunicação – ainda não ter os integrantes deste ano escolhidos e não ter realizado nenhuma reunião em 2007.A revolta dos marinheiros"Nesta edição, o Observatório vai retomar o assunto que já mereceu diversos livros, filmes e até canções, mas continua praticamente desconhecido do grande público. Não pretendemos reabrir feridas ou reacender ressentimentos quase um século depois. A função da imprensa é relatar fatos e a função do Observatório da Imprensa é provocar reflexões sobre estes fatos", analisou o jornalista. Na reportagem que precede o debate, o almirante Leôncio Martins, que é historiador e escreveu o livro A Revolta dos Marinheiros de 1910, avaliou que depois que o Congresso concedeu a anistia aos revoltosos, a imprensa teve um comportamento "quase ridículo", enaltecendo a revolta de João Cândido. O diretor do Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha, almirante Amando de Senna Bittencourt, acredita que tanto a marinha quanto os revoltosos cometeram erros: "Há erros de parte a parte. Sem dúvida é um episódio lamentável. Absolutamente não se pode exaltar alguém que pretendeu fazer justiça com as próprias mãos havendo um país com as instituições constituídas". O cineasta Marcos Marins, que dirigiu o curta A Revolta da Chibata acredita que o resgate do levante ajudará a promover o orgulho da raça negra através da figura de João Cândido como líder. As polêmicas memórias do Almirante NegroUm episódio curioso sobre a imprensa na época da revolta foi a publicação das memórias do Almirante Negro na Gazeta de Notícias, em 1912, logo após o marinheiro ter sido libertado. O jornalista João do Rio, que trabalhava na Gazeta, assim que soube que o líder da revolta estava em liberdade foi procurá-lo e pouco tempo depois as memórias começaram a ser publicadas. Acusado de ter sido o primeiro ghost writer brasileiro (escritor fantasma, em português), ao supostamente formatar o conteúdo como se fosse o marinheiro, o jornalista recebeu fortes críticas de outros órgãos de imprensa do período. O pesquisador João Carlos Rodrigues, autor de uma biografia sobre João do Rio, acredita que João Cândido tenha sido remunerado para permitir a publicação do material.No debate, Marco Morel comentou que o avô era uma figura muito marcante e carismática, parte de uma geração de grandes jornalistas, a exemplo de Joel Silveira. Um traço de Edmar Morel destacado por ele foi produção de reportagens baseadas em pesquisas históricas, como a do livro Revolta da Chibata. Apaixonado pela profissão, Edmar teria pago um alto preço pela publicação do livro, que teria contribuído para a cassação dos seus direitos políticos durante a ditadura militar. Além da formação afetiva, o avô contribuiu para a formação intelectual do historiador. Sobre a polêmica em torno da memórias publicadas na Gazeta de Notícias, o historiador acredita que foram escritas pelo próprio João Cândido, mas que João do Rio colocou o "molho". Fernando Granato contou que o levante dos marinheiros sempre o intrigou e que escreveu O Negro da Chibata para despertar o interesse das novas gerações. Granato classificou a obra de Edmar Morel como "definitiva" e disse que usou uma linguagem mais simples e acessível para os dias de hoje. A obra está disponível em cerca de 40 mil bibliotecas de escolas públicas no Brasil, o que para o jornalista é uma honra e representa o ápice da sua carreira. A pesquisa teve como ponto de partida o livro de Edmar Morel, mas Granato entrevistou familiares, consultou diversos documentos, fichas médicas. "Senti a poeira dos arquivos", disse.Problemas de ontem e hojeO presidente da Fundação Banco do Brasil explicou que o Projeto Memória, que é editado anualmente há cerca de uma década, escolhe uma personalidade para homenagear e, além do estudo da biografia, analisa a obra e o contexto histórico no qual esteve inserido. Um livro, um almanaque e exposições itinerantes estão planejados, entre outros produtos, para relembrar a Revolta da Chibata. Jacques Pena acredita que a escolha de João Cândido como homenageado é um marco no projeto, porque será a primeira vez que um negro ocupará a posição. Temas como escravidão, monocultura e latifúndio, ligados à sociedade da época e com profundos reflexos no Brasil de hoje, voltariam a ser discutidos por intermédio deste personagem.Para Maria Elizabeth Brêa, o movimento, embora pertença ao início do século XX, é fruto de um processo anterior de insatisfação e que reflete racismo, falta de participação social das camadas inferiores e passividade. Com a República ainda recente e o processo de consolidação das instituições em curso, valores período imperial como desigualdade social estavam presentes na sociedade. A Revolta da Chibata teria sido uma oportunidade de atores que não tinham espaço na história serem discutidos. Marco Morel acredita que a posição da Marinha em relação à revolta é retrógrada e precisa ser superada. A instituição deveria pedir perdão para se reconciliar com o passado e "virar a pagina". Morel contou que têm sido tomadas algumas iniciativas para reparar a família de João Cândido, como projetos de anistia póstuma. O historiador afirmou que em outros momentos a Marinha enfrentou movimentos de quebra de disciplina e hierarquia – como a Proclamação da República e o Tenentismo – e que a postura da instituição foi diferente, talvez pelo movimento dos marujos ser uma revolta da plebe.

Amorim no Roda Viva

A entrevista do ministro Celso Amorim foi mais um debate do que propriamente uma entrevista, dado o comportamento raivoso e mal-educado dos entrevistadores, lídimos representantes daquilo que o Chico Buarque chamou com muita propriedade de "direita alegre e raivosa". É pena que a Tv Cultura não convide entrevistadores com outra linha de pensamento, a fim de que seja possível o contraditório. O Eduardo Guimarães em seu blog, fez um comentário bem apropriado sobre a referida entrevista.

Escrito por Eduardo Guimarães , blog Cidadania

Amorim no Roda Viva

Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores


A edição desta semana (de 24/03) do programa Roda Viva, da TV Cultura, recebeu o chanceler Celso Amorim. Para entrevistá-lo, como se poderia esperar de uma tevê supostamente pública, mas que foi transformada em arma política pelos atual governador de São Paulo, foi montada uma bancada de entrevistadores composta pelos mais representativos membros do dito PIG.

A bancada de entrevistadores abrigou a atuação hidrófoba de gente como Eliane Cantanhêde (Folha), Demétrio Magnoli (uma versão "hard" de Ali Kamel) e Lourival Sant'anna (Estadão).

Essas pessoas foram responsáveis por um programa que foi tudo, menos jornalístico. Dedicaram-se a tentar "encurralar" Amorim e, diante da falta de colaboração do entrevistado em se deixar colocar em tal situação, tornaram-se agressivos e passaram a usar a velha tática de fazer acusações e de não deixar o acusado falar.

Por vezes seguidas Amorim pediu a Magnoli (que, de longe, foi o mais mal-educado) que o deixasse falar, porque não deixava. Fazia longas "perguntas" - que, na verdade, eram acusações à política externa do país -, no que era ouvido pacientemente pelo chanceler. Contudo, quando este tentava responder, era reiteradamente interrompido. Os três "jornalistas" supra mencionados usaram essa tática ao longo dos cerca de noventa minutos do programa.

Obviamente que se dedicaram a repetir a cantilena do presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, e de George Bush, acusando Hugo Chávez e Rafael Correa de serem culpados da invasão do território equatoriano, porque apoiariam as Farc. Magnoli chegou a citar declarações de Chávez feitas no calor do conflito entre Colômbia e Equador, nas quais criticou duramente Uribe, e queriam porque queriam que Amorim acedesse à premissa de que o venezuelano interveio em questão interna de outro país.

Faltou presença de espírito a Amorim para perguntar aos que já não eram mais entrevistadores, mas debatedores, se as armas americanas usadas pela Colômbia na invasão do Equador e a postura do governo americano de apoiar a violação da fronteira equatoriana também não seriam intervenções em assuntos de outro país...

É compreensível. O chanceler brasileiro mal conseguia pensar. Os três prepostos do PIG usaram uma espécie de tática de bombardeio, por meio da qual desadandavam a falar todos ao mesmo tempo, encobrindo a palavra do entrevistado do programa. Enquanto isso, o mediador não dizia uma palavra. Foi uma vergonha.

Apesar disso, no entanto, Amorim até que se saiu bem, dadas as condições de desigualdade em que foi colocado. O ministro das Relações Exteriores do Brasil não se intimidou e, dentro das possibilidades de que dispunha, enfrentou o massacre com galhardia.

O histórico do Roda Viva está cheio de casos semelhantes. Chega a ser ridículo que, quando o entrevistado é do governo Lula, não exija uma bancada de entrevistadores mais equilibrada e garantia de que seu direito à palavra será respeitado. Por conta disso, o telespectador passou a maior parte do programa ouvindo bate-bocas em vez de uma entrevista.

No caso em tela, Amorim, ao ver os nomes de seus entrevistadores, poderia ter exigido que um representante de uma Carta Capital, por exemplo, integrasse a bancada. E se não fosse atendido, ninguém o criticaria por se recusar a se expor a um bate-boca desigual de três contra um. Cantanhêde, Magnoli e Sant'anna agiram de forma coordenada. E era possível ver como se divertiam com a situação.

O reiterado uso político da TV Cultura pelo governo tucano de São Paulo, é uma afronta. Deve haver alguma lei que garanta que uma tevê pública será usada de acordo com o interesse público e não de acordo com o interesse do grupo político que a controla. Vislumbro aí, na questão da tevê pública paulista, um manancial a ser explorado pelo Movimento dos Sem Mídia.

A direita e o lulismo

Este artigo do Fernando Silva publicado na FSP é para deixar a gente com "uma pulga atrás da orelha". Nele, são admitidas todas as críticas feitas à grande imprensa assumidamente anti-lula. Quem primeiro chamou atenção para este tipo de jornalismo disseminado pelos falcões da oposição foi o Chico Buarque ,que cunhou a frase, "direita alegre e raivosa". Dessa forma, são surpreendentes, partindo de quem partiu, as colocações e críticas apresentadas no artigo.


”A DIREITA E O LULISMO””São Paulo - A chegada de Lula ao poder seguida da ruína moral do petismo serviu de trampolim para impulsionar uma nova direita no país. É um fenômeno de expressão midiática, mais do que propriamente político. Está disseminado em jornais, sites, blogs, nas revistas. E deve sua difusão aos falcões do colunismo que se orgulha de parecer assim, estupidamente reacionário.Mesmo que a autopropaganda seja enganosa e oculte que até ontem o conservador empedernido de hoje comia no prato da esquerda, que é só um "parvenu", um espertalhão adaptado aos tempos -ainda assim, temos aqui uma novidade.Essa direita emergente já formou patota. Citam uns aos outros, promovem entrevistas entre si, trocam elogios despudorados. Praticam o mais desabrido compadrio, mas proclamam a meritocracia e as virtudes da impessoalidade; são boçais, mas adoram arrotar cultura.É uma direita ruidosa e cínica, festiva e catastrofista. Serve para entreter e consolar uma elite que se diz "classe média" e vê o país como estorvo à realização de seu infinito potencial. Seus privilégios estão sempre sob ameaça e agora a clientela de Lula veio azedar de vez suas fantasias de exclusivismo social.Invertemos a fórmula de Umberto Eco: enquanto a direita anuncia o apocalipse, os integrados, sob as asas do lulismo, são testemunhas vivas do fiasco do pensamento de esquerda neste país. Não me lembro de ter visto antes a mídia estampar com tanta clareza os passos da regressão social de que participa.Do lado oficial, há um ambiente paragetulista de cooptação e intimidação difusas, se não avesso, certamente hostil às liberdades de expressão e de informação.Na outra ponta, um articulismo de oposição francamente antinordestino e preconceituoso, coalhado de racismo e misoginia, que faz do insulto seu método e tem na truculência verbal sua marca. Deve-se a ele o retorno da cultura da sarjeta e do lixo retórico, vício da imprensa nativa que remonta ao Império, mas que havia caído em desuso.”

domingo, 23 de março de 2008

Será que a Folha quer ser a Veja da grande imprensa?

Pela vontade deste jornal, o presidente Lula está impedido de viajar para lançar o PAC. Mesmo que tal programa beneficie indistintamente, não só cidades governadas pela base governista como também aquelas cujos prefeitos são seus adversários políticos.
Cabe destacar no entanto, que a cidade mais beneficiada será o Rio de Janeiro, do César Vaia, seguida de São Paulo. Para a Folha, a natureza das obras, saneamento e habitação popular, não tem nenhuma relevância para as populações mais pobres dessas cidades.

Veja abaixo, um trecho da matéria da Folha.
PAC privilegia 158 cidades no ano eleitoral
O governo Lula driblou o veto da lei eleitoral a repasses de recursos para obras novas nos três meses anteriores à eleição municipal e, sem alarde, listou por decreto quase 1.800 ações do PAC que terão gastos liberados na reta final, informa Marta Salomon. A lista de projetos tratados como prioritários, de transferência obrigatória, é liderada por saneamento, urbanização de favelas e construção de casas.

A Internet e os novos "formadores de opinião".

Muito interessante este artigo do Venicio Lima. Aborda um tema que tem sido muito caro a grande imprensa, que parece não ter percebido ainda a força da imprensa alternativa. É inegável a perda de credibilidade dos ditos "formadores de opinião", na medida em que a opinião publicada, decorrente do que dizem tais formadores, é cada vez mais divergente da opinião pública. Isto tem muito a haver com o crescimento da Internet, cujo acesso está cada vez mais facilitado, democratizado, pelas políticas de inclusão digital do governo federal, que trouxe como consequência imediata, o crescimento do acesso pelas classes C,D e E.
O artigo do Venicio Lima revela também, que no ano passado, pela primeira vez, a venda de computadores suplantou a de televisores.
O mais importante disso tudo, é que a "verdade absoluta ou pensamento único" que a grande imprensa tenta passar diàriamente para a população brasileira, principalmente através dos
noticiários do sistema globo de comunicação, cuja abrangência sobre o território nacional é imensa, está podendo ser confrontado com outras fontes de informação. Por isso não adianta a Globo trazer especialistas para comentar determinadas notícias, especialistas esses que comungam com as "verdades" desta emissora, e que vão dizer o que eles gostariam de ouvir, já que na Internet é possível ouvir outros especialistas, com outras opiniões, possibilitando dessa forma, que possamos fazer uma correta avaliação da informação.

A internet e os novos "formadores de opinião"

São muitas as explicações que tentam dar conta das mudanças importantes que estamos assistindo na capacidade de influência direta da grande mídia na percepção política e no comportamento eleitoral da população brasileira. Depois da primeira eleição presidencial após o período autoritário, realizada em 1989, pesquisas de opinião vêm registrando um lento – às vezes contraditório, mas sempre progressivo – descolamento da opinião dominante na grande mídia da opinião da maioria da população. Esse fato coloca em questão, por exemplo, o poder dos "formadores de opinião" tradicionais e tem obrigado analistas e ideólogos a verdadeiros malabarismos teórico-explicativos. Em tempos de tantas inovações tecnológicas, um dos fatores que certamente tem contribuído para essas mudanças é o crescimento avassalador do acesso de nossa população à internet, um meio de comunicação com características radicalmente distintas da velha comunicação de massa: interatividade versus unidirecionalidade. Registre-se que o aumento da renda e avanços importantes na escolaridade de camadas significativas da população são pressupostos para que cresça o acesso à internet. E esses pressupostos estão, de fato, ocorrendo (ver, neste Observatório, "TSE & Escolaridade do eleitor: Obra-prima do jornalismo apressado"). Há de se considerar também que a inclusão digital é uma área onde as políticas públicas têm sido efetivas e têm provocado resultados positivos. Exemplos conhecidos são o programa "Computador para Todos" e os telecentros dos "Pontos de Cultura". Em 2007, pela primeira vez, a venda de computadores (10,5 milhões de unidades) ultrapassou o total de aparelhos de televisão comercializados no país. Classe C plugada Os últimos dados conhecidos sobre o avanço da internet no conjunto da população brasileira são realmente impressionantes. Em dezembro de 2006, o Ibope/NetRatings divulgou informações referentes ao terceiro trimestre de 2007 que davam conta de que 39 milhões de brasileiros, acima de 15 anos, tinham acesso permanente à internet em diferentes ambientes – residência, trabalho, escola, cybercafé, bibliotecas, telecentros etc. Esse número significava um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2006. Há poucos dias, a Associação de Mídia Interativa (IAB Brasil) revelou que 40 milhões de brasileiros já tinham acesso à internet e que a estimativa para dezembro de 2008 é de que o número chegará a 45 milhões – o que representa um crescimento de 15% em relação ao ano de 2007. Segundo Paulo Castro, presidente do IAB Brasil, "esse crescimento (...) consolida a internet como a segunda maior mídia de massa do país". A primeira é a televisão. Há, no entanto, um dado ainda mais interessante: quem são os brasileiros que acessam a internet? De acordo com o IAB Brasil, 37% dos internautas no ano passado eram da classe C. Cinqüenta por cento eram das classes A e B e 13% das classes D e E. Em 2008, a expectativa é que o segmento da classe C alcance 40%. Multiplicação capilar Para muitos observadores e analistas de mídia, a penetração impressionante da internet na população brasileira é um dado da realidade que ainda não foi totalmente "digerido" e compreendido em todas as suas dimensões. Esse crescimento, por exemplo, ocorre simultaneamente a uma relativa estagnação da mídia impressa (à exceção de algumas revistas populares) e, sobretudo, dos principais jornalões da grande mídia. Isso significa que, do ponto de vista do poder de influência da grande mídia e, sobretudo, dos seus "formadores de opinião", os dados recentes indicam que algumas hipóteses já avançadas por ocasião da análise dos resultados das eleições de 2006 parecem se confirmar. Parcela importante de nossa população (inclusive da classe C), historicamente excluída do acesso à mídia impressa, estaria hoje em condições de multiplicar as mediações das mensagens recebidas diretamente da internet e por intermédio de suas lideranças (que se utilizam intensamente da internet). Na medida em que aumenta o acesso a fontes diferentes de informação e também o feixe de relações sociais ao qual o cidadão comum está interligado, diminui o poder de influência que a grande mídia tem de agir diretamente sobre a sua audiência (ouvintes, telespectadores e leitores) e se fortalece a mediação exercida pelas lideranças intermediárias. Os "formadores de opinião" tradicionais parecem estar sendo paulatinamente substituídos por "líderes de opinião" locais que se utilizam cada vez mais da internet onde, inegavelmente, existe mais diversidade e pluralidade na informação. O atual sucesso de alguns blogs em amplas camadas da população – e a capacidade incrível de multiplicação capilar de informações e análises – certamente é uma das conseqüências mais visíveis desse auspicioso processo. Que assim seja! *** P.S. – A radicalização política disfarçada de jornalismo repete soluções ilustrativas que não só insultam presidentes democraticamente eleitos em seus países mas, sobretudo, agridem e desrespeitam a inteligência de leitores e leitoras. Um exemplo: as capas das edições 1174 de 23/10/2002 e 2051 de 12/3/2008 da revista Veja. por Venicio A. de Lima

sábado, 22 de março de 2008

Meus Prediletos - exclusão involuntária

Prezados blogs amigos, involuntáriamente procedi a exclusão da lista. Ainda sou neófito em informática. Logo estarei providenciando a reinclusão dos nomes.

Abç Carlos Dória

A imprensa sem espelho

A revista Carta Capital juntamente com a Caros Amigos, procura exercer o verdadeiro jornalismo. Agora temos uma nova coluna na Carta Capital, do jornalista Mauricio Dias, que aborda com muita propriedade, o momento atual da nossa grande imprensa.


A imprensa sem espelho
Rosa-dos-Ventos é a nova coluna da revista Carta Capital (edição 486, de 12 de março), assinada pelo diretor-adjunto Mauricio Dias. O texto primoroso intitulado “A imprensa sem espelho” comenta a desgraça do atual jornalismo: “A imprensa brasileira vive, simultaneamente, uma situação trágica e cômica em relação a um princípio básico do jornalismo: o ato de dar notícias. Nos momentos em que se vê obrigada a publicar fatos favoráveis à administração Lula, a informação torna-se um suplício.(...)há um esforço cotidiano e desesperado contra o governo (...) a supressão e distorção de informações e a fabricação de escândalos têm a finalidade de fazer o presidente sangrar (...) a mídia finge que não vê o espelho (...) as pesquisas de opinião não refletem o que ela quer (...) o jornalismo submetido, assim, tão profundamente a objetivos político-eleitorais tangencia a esquizofrenia (...) a imprensa, ao contrário do que se supõe, não reflete a opinião pública.A Carta Capital está cada melhor.

Lista fechada para escolha de candidatos às eleições

Queria inicialmente falar sobre o Santayana. Ele faz parte de uma geração de jornalistas em processo de extinção da qual fizeram parte ou fazem parte, nomes como o Castello Branco, oVillasboa Corrêa, o Hélio Fernandes e outros, que mantiveram sua independência intelectual e que nunca se sujeitaram aos caprichos dos seus patrões.
Na minha opinião o Santayana é, nos dias de hoje, o que apresenta o melhor texto jornalístico em nosso país. E pensar que este jornalista só estudou até a segunda série do curso primário, tendo sido antes camelô, mascate e locutor de rádio. É dele uma declaração muito pertinente com o momento atual da nossa imprensa:"Na imprensa brasileira sempre existiram canalhas. E a gente os conhecia. O problema hoje é que não é fácil identificá-los".

Com relação a lista de candidatos, abordada no texto do Santayana, não é surpresa que tal idéia tenha partido do PSDB, possivelmente da cabeça do FHC, que se acha dono do partido.


Mauro Santayana
Algumas idéias continuam a flutuar na atmosfera política. Uma delas é a da democratização da escolha dos candidatos aos cargos majoritários, mediante consultas prévias às bases partidárias. Principal partido de oposição, o PSDB divide-se em duas correntes eleitorais. O Partido da Social Democracia Brasileira nada tem a ver com seu nome - o que ocorre também com quase todos os outros partidos. Ao escolher Minas a fim de acolher o primeiro congresso, talvez tenham buscado associar o nome do novo partido ao velho PSD, criado pela inteligência política de Benedito Valadares, com a ajuda de alguns homens públicos e intelectuais mineiros. Ao encomendar, ao professor Mário Casasanta, a tarefa de redigir o rascunho do programa e estatutos do partido, em 1945, Benedito recomendou-lhe, que pusesse no texto "alguma coisa de comunismo, porque está na moda".
Casasanta buscou a denominação no partido surgido do movimento socialista europeu do século 19. O PSDB foi criado por iniciativa de mineiros e paulistas, mas se os mineiros a ele aportaram alguma idéia tática - entre elas a do nome e do símbolo ornitológico - os paulistas, mercê de seu poder econômico e densidade eleitoral, sempre o controlaram.
No momento, tanto Aécio quanto Serra agem dentro dos ritos da elegância. Sob a necessária conveniência, a disputa não se expressa com clareza. Cresce a proposta de que o partido faça consultas prévias aos filiados. Se se fizerem como nos Estados Unidos, dificilmente um candidato de São Paulo será o escolhido. Como disse o ex-presidente Itamar Franco, o resto do Brasil não parece disposto a aceitar a continuação da hegemonia paulista por mais oito anos. Isso significaria um quarto de século de presença do estado no centro do poder da República.
Embora Serra e Aécio não estejam tão distantes um do outro, no pragmatismo do centro político, os interesses econômicos e as idéias fundamentais das duas sociedades os distinguem. Podemos começar pelo sentimento nacional, muito mais denso em Minas, desde os tempos da capitania, em que seu povo foi espoliado do ouro e dos diamantes. A economia do café levou São Paulo à Europa na segunda metade do século 19, e abriu o Estado à industrialização, mediante o fluxo de imigrantes. Quando Minas adotou, com mais decisão, a lavoura cafeeira, no fim do século, São Paulo já estava bem adiante. Os imigrantes e as relações econômicas com o Exterior tornaram os paulistas mais tolerantes com a presença cultural e econômica da Europa e dos Estados Unidos, enquanto em Minas a situação era diferente. Os mineiros, conforme a constatação de Arthur Bernardes, exportavam minérios - que não dão duas safras - para fazer a prosperidade e o poder dos outros. Seria improvável que um mineiro promovesse, como presidente ou ministro de Estado, a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, cuja criação fora reivindicação do povo e do Estado.
A Revolução de 30 surgiu, entre outros fatores, da rebelião contra a hegemonia econômica e política de São Paulo. Getúlio iniciou o processo de descentralização da economia, mediante a intervenção do Estado. Juscelino lhe deu continuidade, na Operação Nordeste. Lula, com dupla identidade - de nordestino e paulista - vem promovendo a ascensão social e econômica dos Estados pobres, mediante os programas conhecidos, ao mesmo tempo em que cultiva os banqueiros de São Paulo e é por eles cultivado. Entre os paulistas mais lúcidos - e eles são muito mais numerosos do que parece - existe a consciência de que chegou a hora de buscar, no resto do país, chefe de Estado que veja a nação como um todo. Essa postura eles a tiveram em 1984, quando somaram-se à candidatura de Tancredo Neves contra Maluf. Sabem que se não houver a descentralização de sua prosperidade, São Paulo continuará a atrair, para a inquietadora periferia de sua capital, a pobreza do resto do país - e, com a desigualdade, o desespero da violência.
Outra idéia é a da reforma política. Uma das recomendações do PSDB é a do voto em lista fechada. Nos países europeus que o adotam, a opinião pública se levanta contra o sistema, por sua natureza antidemocrática, porque confere ao arbítrio ditatorial das direções partidárias a escolha dos candidatos. Há dias, Juan Luis Cebrián - um dos fundadores de El País - publicava lúcida e concisa análise política, em que prega reforma constitucional para assegurar a democratização efetiva do sistema político espanhol. Entre outras de suas idéias, está a do fim da lista fechada e a adoção do voto aberto e uninominal, como ocorre entre nós. Os neoliberais brasileiros, com sua fobia ao povo, querem a lista fechada para consolidar o controle do poder econômico sobre os partidos e a República.

Olho na Globo, as eleições vêm aí.

Reproduzo abaixo o texto publicado no blog Democracia&Política, no qual é feito um comentário acerca do alerta que nos é dado pelo jornalista Luiz Carlos Azenha sobre as próximas eleições. Eu, que tenho 68 anos, tive oportunidade de acompanhar como a Globo, se não me engano, em 1982,através de um conluiu desta com uma empresa chamada Proconsult, tentou através de fraude na apuração dos votos, impedir a eleição do Leonel Brizola. A fraude foi descoberta, o Brizola chamou a imprensa internacional e desmascarou a Globo. Foi nessa ocasião que surgiu o famoso grito de protesto do brizolistas: " O povo não é bobo, abaixo a rêde Globo". Como se sabe, o retrospecto desta emissora, também em processos eleitorais, não é recomendável. Quem não se lembra da edição do debate entre Collor e Lula? Quem não se lembra da omissão, até o último instante, da campanha da Diretas Já? Portanto, temos que ficar de olho e aproveitar a existência da Internet, para fazermos as denúncias que por acaso se fizerem necessárias.


POG + PIG EM CAMPANHA ELEITORAL
No seu blog "Vi o mundo", o jornalista Luiz Carlos Azenha nos brinda hoje com a cristalina descrição do empenho da imprensa para as próximas campanhas eleitorais, as municipais para 2008 e a presidencial para 2010. Com a sua clarividência e a experiência de ex-jornalista da TV Globo, ele nos mostra como já atuam, e vão atuar cada vez mais, o Partido das Organizações Globo (POG) e o restante da grande mídia, o Partido da Imprensa Golpista (PIG). Leiamos o artigo do Azenha: A GLOBO JÁ ESTÁ EM CAMPANHA, EM ESFORÇO MELHOR ORGANIZADO QUE O DE 2006"São Paulo - Governo e oposição já estão em franca campanha para as eleições municipais de 2008. O governo faz o PAC e os Territórios da Cidadania, que são obras importantes de infraestrutura, mas podem, óbviamente, render dividendos eleitorais. A oposição está desarticulada no Congresso, mas tem aliados importantes no STF e na mídia.O partido mais forte de oposição é o Partido das Organizações Globo. Só não percebe que está em campanha eleitoral quem não presta atenção. A campanha vai do Jornal Nacional à rádio CBN, passando pelo jornal O Globo e o portal da Globo.com. Não existem reuniões de campanha. Não é preciso. Os senadores, deputados e vereadores deste partido pensam igual. Alguns são escalados para tentar agendar o noticiário do dia, através do Bom Dia Brasil. Outros trabalham junto à elite, em programas da Globonews. Há os que ataquem em novelas e no entretenimento. É uma bancada de famosos.Sinceramente, não sei qual é a eficácia desse martelar contínuo. O time é formado não só por aqueles que recebem salários diretamente, mas também pelos contratados para prestar serviço. São os especialistas, que recebem um espaço extraordinário em concessões públicas de rádio e de televisão para dar suas opiniões "neutras". Esse tempo não é contado no tempo oferecido a integrantes do governo ou da oposição. É tempo de comentários supostamente jornalísticos. É propaganda eleitoral disfarçada.Está no ar, nas Organizações Globo, uma reprise melhor organizada do que em 2006.De lá para cá a linha editorial foi consolidada. Correspondentes internacionais receberam o que pode ser definido como "material de propaganda", para que aprendam o que pensa a direção da empresa. Ainda que alguns correspondentes usem os livros para calçar a porta de casa, o importante é que repitam, no ar, o conteúdo.Há três objetivos: um, de curto prazo, meramente eleitoral. Nessa estratégia se encaixam participações como as do doutor Rosenfield. Ele é apresentado como doutor em ética e professor universitário. O ouvinte desavisado acha que é uma simples autoridade intelectual que é imparcial. Elas serão usadas crescentemente para não desgastar a credibilidade dos jornalistas da casa, munição importante para as vésperas da eleição.Os ataques vão se concentrar naquilo que os aliados do governo poderão usar na campanha, especialmente no PAC. As CPIs dos cartões corporativos e das ONG são mantidas em banho-maria. É delas que surgirão os escândalos para alimentar o noticiário dos próximos meses. Se 2006 serve de exemplo, esses e outros escândalos vão atingir o ápice em agosto ou setembro. Se começarem a surgir muito cedo, haverá tempo para refutá-los - especialmente através da internet.O segundo objetivo é mais longínqüo: as eleições de 2010. Os jornalistas assalariados e os comentaristas alugados vão mirar em qualquer candidato em potencial ligado ao governo - de Ciro Gomes e a Dilma Roussef. É um trabalho de longo prazo. Feito com paciência, diligência e organização.O terceiro objetivo é ideológico: travar iniciativas consideradas prejudiciais aos interesses políticos ou econômicos das Organizações Globo e da política externa dos Estados Unidos, que em alguns pontos se confundem: redução da jornada de trabalho, aumentos do salário mínimo acima da inflação, programas sociais, reforma agrária, reconhecimento de direitos dos quilombolas e dos indígenas que ameacem o agronegócio, estatuto da Igualdade Racial, expansão do Mercosul, qualquer iniciative que represente aproximação entre o Brasil, a Bolívia, o Equador e a Venezuela.Eu escolhi reproduzir o áudio da rádio CBN, que está na Rádio Viomundo, para dar um exemplo do que ouvem milhões de paulistanos em seus automóveis, presos no engarrafamento, que é sempre causado "por excesso de veículos", no jargão da emissora. Os congestionamentos-monstro de São Paulo nunca são causados por falta de planejamento ou pela inércia dos poderes públicos. Admitir isso seria, de alguma forma, prejudicar o projeto político aliado, que hoje controla a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual.Notem como o jornalista-locutor se sente à vontade para sugerir que, infelizmente, é impossível mudar de técnico - ou seja, é impossível derrubar um presidente da República eleito pela maioria.Sugiro a vocês que escrevam aí embaixo uma lista de senadores, deputados e vereadores da bancada das Organizações Globo. Vou criar uma seção neste site para que fiquem registradas as declarações da bancada da Globo nesta campanha eleitoral. Peço a contribuição de todos. Não pode haver erro: o objetivo é o de reproduzir literalmente o que escrevem e dizem no rádio e na TV os integrantes deste verdadeiro partido político, de alcance e penetração nacional.Gravem da TV, do rádio, recortem dos jornais. Vamos fazer a partir de agora um grande banco de dados com os comentários "apartidários" do Partido das Organizações Globo, para a diversão de futuras gerações."

Sistema Globo se prepara para eleger seus candidatos

Como já era de se esperar, o Sistema Globo de comunicações vai com tudo nestas próximas eleições. No último pleito, apesar de todas as armações, não conseguiu impedir a vitória do Lula. Agora, parece que já escolheu o Gabeira como seu candidato à prefeitura do Rio. O César Vaia, que está sendo atacado duramente pelo O Globo, não sem razão, já sentiu o golpe e, segundo rumores, mandou um recadinho pelo filhinho Rodrigo: "poderia deixar de apoiar a Solange Amaral e investir na candidatura do Crivella", ligado a tv Record.

A campanha da Globo com o objetivo de desqualificar o govêrno Lula continua de vento em popa. Até nas boas notícias procuram realçar alguma coisa nociva, de modo a manter sempre no ar, uma agenda negativa. Agora mesmo, a "formadora de opinião", Lúcia Hipólito, declarou que a Dilma Rouseff poderá vir a se tornar a "madrasta do PAC.É muita torcida contra. A Dilma que se prepare, pois isso é apenas o começo. Isto porque, se o PAC conseguir ser realmente implantado, como é desejo do govêrno, ela poderá ser lançada candidata da situação em 2010 com grandes chances de se eleger.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Lula, suas viagens e seus críticos

É risível as críticas que o nosso presidente vem recebendo da grande imprensa e da oposição, no que diz respeito as suas viagens.

Recentemente, o governador José Serra, candidatíssimo a presidente da república em 2010, realizou no período de seis dias, viagens aos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará e também a Capital Federal e, não vimos nenhuma crítica à essas viagens.

Agora, quando o Lula está percorrendo o nosso país para lançar o PAC, programa este que pela primeira vez, vai beneficiar milhões de brasileiros, é acusado de estar infligindo a legislação eleitoral. Cabe lembrar, que estão sendo visitadas todas as capitais, inclusive aquelas governadas pelos seus adversários políticos.

O nosso presidente tem mesmo que viajar, pois é obrigação de todo governante, prestar contas do seu mandato e tomar contato com as realidades locais de cada município, na medida do possível. Além do mais, como a grande imprensa tenta impor uma agenda negativa para o país, o Lula aproveita estas viagens, para responder aos seus detratores e dar nome aos mesmos.

Nesta semana, em Florianópolis, se não me engano, o nosso presidente fez uma declaração que assino embaixo: "A oposição trabalhava com a idéia de que não podia votar a favor da CPMF porque senão iria dar mais R$ 120 bilhões para o presidente Lula gastar até 2010 e aí, ele iria fazer seu sucessor". Por isso, é que ele disse de alto e bom som, que é cretinice verbal as críticas ao PAC.

Esta é a oposição que nós temos, que aliada a imprensa partidarizada e golpista, faz com que o Brasil seja talvez, o único país do mundo, onde economistas e jornalistas de oposição, ficam tristes quando o PIB cresce. Hoje mesmo está nos jornais, que a "formadora de opinião", Lúcia Hipólito, que dispensa apresentações, escreve que a Dilma Roussef, poderá vir a ser a "madrasta" do PAC. Como se vê, a torcida contra continua forte.

Discursos do Presidente Lula

Muito se tem comentado a respeito do discurso do nosso presidente, proferido em Araraquara, o qual mereceu inclusive um artigo do jornalista Élio Gaspari.
Porém, existe outro pronunciamento, dirigido desta vez a um grupo selecionado de pessoas, reunido pela renomada revista inglesa de economia, The Economist, que merece ser lido, já que foi escondido pela grande imprensa. Isto comprova mais uma vez a partidarização da grande imprensa, a qual só interessa divulgar notícias que possam prejudicar o Lula e seu govêrno. Também a visita do nosso presidente a um complexo de favelas do Rio de Janeiro, onde vivem quase 300.000 pessoas, só teve uma melhor cobertura, na imprensa internacional. O diário francês Le Monde, fêz questão de publicar que, "nunca um chefe de Estado brasileiro tinha passado tanto tempo nas favelas do Rio de Janeiro, visitando três delas, onde moram um quarto da população favelada carioca".

A matéria abaixo, saiu publicada no blog do Paulo Henrique Amorim.


. A Economist é a mais respeitada revista de economia do mundo.. O PIG não deu a menor bola ao discurso.. Vale a pena reter alguns trechos, para ver o que o PIG subtrai à opinião pública brasileira:Sobre favelas e o Complexo do Alemão:“Eu queria lembrar aos senhores que em 1970 São Paulo tinha apenas duas favelas. São Paulo tinha a Favela do Vergueiro, perto do aeroporto de Congonhas, na rua Vergueiro, que não existe mais. E tinha a favela da Vila Prudente, que ainda existe hoje, não em forma de favela como era na década de 70, bem menor do que era, mas já um pouco urbanizada. Hoje, São Paulo tem mais de dois milhões de brasileiros que moram em favelas. Eu fui, na sexta-feira e no sábado passado, ao Rio de Janeiro. Fui à Rocinha, fui ao Complexo do Alemão e fui a Manguinhos. E fiquei surpreso porque onde hoje é o Complexo do Alemão, um lugar que vocês, habitualmente, vêem na imprensa como um lugar violento, de muita troca de tiros e de muita quadrilha guerreando entre si, na década de 50 era uma fazenda e, na década de 80 foi a grande ocupação, que virou a favela que é hoje. Depois, eu fiquei sabendo que a Rocinha também era uma fazenda e que a partir da década de 80 se transformou naquele complexo de pessoas morando em péssimas condições, como é hoje. Eu estou dizendo isso para dizer para vocês que se as coisas tivessem sido feitas corretamente por sucessivos governos, se cada um tivesse feito um pouco, certamente nós não teríamos nem dois milhões de paulistas morando em favelas e muitos menos teríamos complexos como Manguinhos, como Rocinha ou como o Complexo do Alemão, com gente morando em péssimas condições, possibilitando e facilitando o surgimento do crime organizado, do narcotráfico e de tanta violência.E por que eu comecei falando do Complexo do Alemão? É porque parte da pobreza do nosso País se concentra muito fortemente a partir da década de 80. Possivelmente, alguns empresários de outros estados – o Gerdau está aqui no Rio Grande do Sul, quase tudo o que aconteceu de favelas foi exatamente a partir da década de 80 e veio se avolumando. E por que veio se avolumando? Porque é importante atentar que o Brasil passou praticamente 26 anos, quase uma geração e meia, com a economia crescendo aquém daquilo que era necessário crescer.”26 anos de estagnação econômica:“Quando eu vejo na televisão uma cena da polícia prendendo um jovem... Normalmente, os ladrões, no Brasil, são jovens de 15 a 24 anos, a 30 anos. Ou seja, são todos eles, Gerdau, oriundos de 26 anos de atrofiamento da economia brasileira.Eu, por exemplo, sou de uma categoria econômica que, na década de 80, tinha praticamente 2 milhões de trabalhadores no Brasil, e caiu mais de 1 milhão. Quem é da construção civil aqui, eu estou vendo muitos aqui, sabe que a construção civil brasileira, nos últimos 20 anos, só dispensou trabalhadores e contratou muito pouco, porque não havia nem investimentos na construção civil leve, e muito menos na construção civil pesada. A última grande obra de infra-estrutura de peso no Brasil foi Itaipu, em 1974. Certamente, hoje nós não faríamos Itaipu, porque a legislação ambiental e nem os ambientalistas permitiriam que nós fizéssemos do jeito que ela foi feita. Hoje ninguém permitiria que Sete Quedas tivesse desaparecido, que era uma das coisas mais extraordinárias do mundo e está hoje alagada pelo lago de Itaipu.Pois bem, se durante 26 anos nós não crescemos, e nós geramos esse padrão de pobreza, que transforma o Brasil num dos países mais desiguais do mundo, era preciso que nós, então, tomássemos uma atitude de estancar isso e começar um novo processo.”As mudanças na educação:“Nós tiramos 20 milhões de pessoas da extrema pobreza e vamos tirar mais. Os indicadores sociais, tanto os medidos pelos institutos brasileiros, como os medidos pelos institutos internacionais, que vai das instituições da ONU... Nós melhoramos gradativamente a posição social do Brasil. É um momento em que crescem os investimentos empresariais, cresce a entrada de dólar no Brasil, cresce a geração de empregos, cresce a renda das pessoas e ao mesmo tempo, cresce a inclusão social neste País. Agora, o que está faltando fazer? Educação, eu sei que vocês estão curiosos para discutir a educação. É uma pena que o meu ministro da Educação não tenha sido convidado para participar do seminário, já que é um tema extremamente importante e interessante. Mas, certamente, vocês receberão as informações, amanhã, do que está sendo feito na educação. Eu vou dar dois exemplos para vocês: primeiro, nós criamos o Fundeb. No governo passado aconteceu uma coisa importante. Foi constituída a possibilidade da universalização do ensino fundamental. Nós chegamos a 97% das crianças nas escolas. Só que as pessoas não perceberam que quando você universaliza o ensino fundamental, você precisa saber que aquela criança, quando termina o ensino fundamental, tem que fazer outro curso. E não se pensou no ensino médio. Nós criamos o Fundeb para atender às necessidades das escolas de ensino médio para nove estados do Nordeste, que são as mais pobres, um Fundo que vai gastar, do governo federal, ou melhor, que vai investir mais 10 bilhões de reais no ensino fundamental. Segunda coisa: aumentamos de 8 para 9 anos a quantidade de anos de escolaridade no ensino fundamental. A terceira coisa: nós resolvemos recuperar a escola técnica profissional que, no Brasil, nós tanto carecemos. Vou dar um dado para vocês. A primeira escola técnica brasileira foi fundada em 1909 pelo presidente Nilo Peçanha, na cidade de Campos de Goitacazes. Em 1909 foi feita a primeira escola técnica brasileira, na cidade de Campos. De 1909 até 2003 foram construídas no Brasil 140 escolas técnicas. Até 2010, nós teremos funcionando no Brasil, mais 214 escolas técnicas brasileiras. Em oito anos, nós estamos fazendo quase o dobro do que foi feito em 93 anos.A mesma coisa no ensino universitário. O Brasil, ao longo de toda a sua história, construiu 54 universidades federais. Nós vamos terminar o mandato construindo, em oito anos, dez novas universidades federais e 48 novas extensões universitárias, levando cursos universitários para o interior do País. A partir do mês que vem, no final de abril ou no começo de maio, eu dedicarei uma semana para inaugurar escolas neste País. Tinha sido aprovada uma lei, em 1998, que tirava do governo federal a responsabilidade de fazer investimentos em escolas técnicas e deixava por conta do mercado. O mercado não deu resposta e o Estado teve que voltar a assumir a responsabilidade de cuidar daquilo que o Brasil precisava. Mais importante ainda, nós tínhamos um problema sério de colocar jovens pobres na universidade. Vocês sabem que aqui no Brasil – não sei como é na Inglaterra e nos Estados Unidos – o pobre estuda na escola pública, no ensino fundamental, e o rico estuda em escola paga. Isso, no ensino fundamental. Quando chega na universidade, o rico vai para a escola pública e o pobre vai para a universidade privada. Como o pobre não pode pagar a mensalidade, ele fica fora. O que nós fizemos? Nós criamos um programa chamado ProUni, fizemos uma isenção de imposto para as universidades privadas e transformamos o equivalente do imposto em bolsas de estudo. Pasmem! Em três anos já colocamos 360 mil jovens na universidade, jovens pobres da periferia e da escola pública. De que eu era acusado? Qual era a acusação que me faziam? “O presidente Lula está nivelando o ensino por baixo, está rebaixando o nível do ensino no Brasil, na medida em que criou o ProUni.” Como eu sou católico e tenho sorte, três anos depois foi feita a primeira avaliação dos cursos universitários brasileiros. Em 14 áreas, incluindo Medicina e Engenharia, os melhores alunos avaliados foram, exatamente, os que iam nivelar por baixo a educação no Brasil: foram os alunos do ProUni, da periferia deste País.Agora estamos fazendo uma outra pequena revolução na educação. Estamos criando outro programa chamado Reuni. O que é o Reuni? Nós estamos passando uma verba a mais para as universidades federais brasileiras e, em contrapartida, as universidades brasileiras, as federais, vão aumentar, de uma média de 12 alunos por professor, para uma média de 18 alunos por professor. Sabem o que significa isso? Mais 400 mil jovens brasileiros na universidade até 2010.”O preconceito contra o Bolsa Família:“Uma pessoa de um meio de comunicação importante no Brasil, ficou indignada porque uma mulher do Bolsa Família comprou uma geladeira. Obviamente que ela não comprou com o dinheiro do Bolsa Família, mas o dinheiro do Bolsa Família pode ter ajudado a pagar a prestação. Isso porque não fizemos o nosso programa de renovação de geladeira que vamos fazer, se Deus quiser. A imprensa foi lá e entrevistou essa moça. Ela falou: ‘não só eu comprei a geladeira, como estou de sandália nova porque eu pude comprar, eu compro sandália para os meus filhos’. Antes do Bolsa Família, tinha mulher que comprava um lápis e partia ao meio para dar para dois filhos ou para dar para dois netos. Hoje, ela se dá o prazer de comprar uma caixa de lápis para cada um. Isso não é investimento? Isso não é distribuição de renda? Isso não é investimento sadio? Então, no Brasil nós ainda temos que mudar determinados conceitos que foram criados ao longo do tempo.”Sobre a inclusão digital:“Vamos levar para 55 mil escolas públicas urbanas, neste País, internet banda larga. Eu penso que será uma pequena revolução na educação, neste País. Em todas as escolas técnicas já temos laboratórios de informática. Criamos um programa chamado Computador para Todos, que eu acho que vocês conhecem, que diziam que era difícil, não ia dar cento. Hoje, o Brasil está vendendo computador como jamais pensou em vender na sua vida. E vender para as camadas mais pobres, porque nós estamos trabalhando com uma coisa que todo mundo deveria compreender: não é apenas olhar o preço final do produto, é saber se a quantidade de prestações que a pessoa vai pagar cabe dentro do seu salário.”Sobre a explosão da indústria automobilística:“Por que a indústria automobilística brasileira está explodindo? Eu convivo com a indústria automobilística brasileira desde 1969, fui dirigente sindical desde 1975, presidente do sindicato. Sempre vi a indústria automobilística em crise, fechando em vermelho, não vende, (inaudível) do governo... Qual é o milagre? Dois milagres fundamentais: primeiro, aumentar a renda das pessoas; segundo: aumentar a quantidade de prestações que a pessoa tem que pagar pelo carro, porque se vendia carro para pagar em 24 meses ou em 30 meses, tinha sempre o mesmo segmento da sociedade que podia comprar. Eu tenho na minha cabeça que o povo quer três coisas: casa, casar com uma mulher bonita, e a mulher quer casar com um homem bonito e ter um carro. Carro ainda é uma paixão, hoje repartida com o computador.O que fez a indústria automobilística? Aumentou a quantidade de prestações, saiu de 36 ou de 24 para 72, para 82. E o que aconteceu? Aconteceu que a indústria automobilística corre o risco de, já no próximo ano, atingir a totalidade da sua capacidade produtiva. Hoje, as pessoas estão esperando 6 meses para comprar um caminhão, se for um caminhão pesado, espera até 9 meses. As pessoas estão na fila par comprar carro. Até ontem, a empresa ia quebrar: ‘eu vou embora do Brasil, porque não está dando para vender’.”Governar para os Ricos é mais fácil:“Se eu quiser governar o Brasil para 35 milhões, eu não terei problemas, porque o Brasil tem espaço para 35 ou 40 milhões de brasileiros viverem em padrão de classe média alta européia. Se eu quiser governar só para esses, eu não preciso, realmente, fazer investimento do Estado. Agora, se eu quiser e o Brasil desejar incluir os milhões que estão deserdados, aí, realmente, nós vamos ter que gastar. Eu vou dar um exemplo. Seria importante vocês deixarem dois ou três jornalistas aqui, para andar um pouco no Brasil. Quando criei o programa chamado Luz para Todos, eu tinha uma informação do IBGE, de que no Brasil tinham 10 milhões de pessoas que não tinham energia elétrica. Criamos o programa Luz para Todos. Esse programa já utilizou 460 mil quilômetros de cabos – imaginem quantas vezes a gente poderia ter enrolado a Terra – já colocamos mais de 3 milhões e 600 mil postes, já colocamos mais de 500 mil transformadores e já gastamos mais de 8 bilhões de reais. Oitenta por cento financiado pelo governo federal e 20% pelos estados. Alguns estados não podem pagar e nós pagamos também.Alguém, analisando apenas com uma visão estritamente econômica, poderia dizer: ‘mas isso não é possível, tem que cobrar’. Se cobrar não tem energia, porque as pessoas não têm como pagar. Agora que nós já fizemos, e quase 8 milhões de pessoas já receberam, nós descobrimos que os dados do IBGE estavam errados. Apareceram mais 1 milhão e 564 mil pessoas sem luz, e vamos ter que levar, até 2010, para todo mundo. Custa para o Estado? Custa. Alguém que estivesse discutindo do ponto de vista econômico poderia dizer: ‘custa para o estado, é verdade presidente Lula, custa para o Estado’. E eu poderia perguntar: quanto custa para o Estado deixar essa pessoa vivendo no século XVIII quando nos poderíamos trazê-la para o século XIX com um cabo, um poste e um bico de luz? É preciso ter a sensação do que significa chegar a uma casa, encontrar uma família no escuro – uma lata de coca-cola com pavio, a lata cheia de querosene – e as crianças lendo em torno da lata, a fumaceira cobrindo a casa. Aí, você monta o Programa, chama a mulher e aperta uma tomada. Quando a luz acende dentro da casa dela, é como se você tivesse a tivesse transportado do século XVIII para o século XXI, e não há dinheiro que pague. Como custam R$ 4,5 bilhões, que estamos investindo para tentar trazer de volta para a cidadania 4 milhões e 100 mil jovens, de 15 a 24 anos. Ou nós colocamos esse dinheiro, dando uma ajuda para eles e formando-os profissionalmente, ou o narcotráfico e o crime organizado vão oferecer a eles o que o Estado não oferece. Essa guerra eu não quero perder. Eu quero ganhar.Por isso, quando a gente discutir os gastos do Estado, nós temos que olhar comparando a quê? Alguns países estão prontos há pelo menos 60, 70, 80 anos. Nós precisamos ficar prontos e só ficaremos prontos quando a totalidade dos brasileiros estiver participando desse processo de desenvolvimento do País. Caso contrário, não valeu à pena a gente governar o País se o resultado, no final do mandato, for a gente continuar com a mesma quantidade de gente na classe média, com a mesma quantidade de ricos e com a mesma quantidade de pobres. Eu quero aumentar o número de ricos, quero aumentar o número de gente na classe média e quero acabar com a pobreza neste País. Por isso, para nós é uma questão de honra não abrirmos mão de fazer as políticas sociais que estamos fazendo agora. E vou fazer mais.”CPMF: derrota não paralisa o Governo:“Vocês sabem que a oposição derrotou o imposto que nós tínhamos sobre transações financeiras. E não derrotou porque era contra o imposto, não, derrotou porque acharam que era demais garantir ao governo do Lula ter 120 bilhões de reais até 2010, e era preciso diminuir. Nós lamentamos. Chorar não choramos, mas lamentamos. Nós tínhamos aprovado um Programa de Saúde que era uma revolução na Saúde, e eu vou implementá-lo. O dinheiro vai aparecer, e podem ficar tranqüilos que eu não vou aumentar tributo e o dinheiro vai aparecer. Podem ficar certos de que nós vamos gastar melhor o que temos que gastar e economizar onde não é essencial, para a gente gastar onde é essencial. Eu tenho um sonho, que é levar médico, levar dentista, levar oftalmologista e levar otorrino dentro das escolas para fazer exame nas crianças, dentro da escola. Eu tinha isso na década de 60. Está certo que nós tínhamos pouca gente na escola, mas na década de 60 o Estado brasileiro oferecia dentista para cuidar dos dentes das crianças. Se vocês andarem pelo Nordeste brasileiro, apesar de tudo que nós já fizemos com o Brasil Sorridente, nós ainda temos muitas meninas e meninos de 18 ou 19 anos sem dentes. Quem vai cuidar disso? A iniciativa privada só vai cuidar disso se essa pessoa tiver renda para pagar. Se ela não tiver, é o Estado que tem que fazer. Na hora em que o Estado cumprir com as suas obrigações, podem ficar certos de que as próprias pessoas vão tratar de exigir que o Estado seja cada vez menos intrometido nas coisas que não precisa se intrometer. Mas sem o Estado não haverá inclusão social neste País, sem o Estado a gente não consegue recuperar um século de descaso com parte da população mais pobre deste País. E é por isso que nós estamos vivendo este momento.Quero dizer para vocês que vamos crescer mais em 2008, que vamos fazer mais políticas sociais em 2008, que queremos exportar mais em 2008, que queremos importar mais em 2008, que queremos consolidar o Brasil como a principal potência dos combustíveis renováveis, e queremos inserir o Brasil, cada vez mais forte e sólido, neste mundo globalizado. Sabemos que temos que trabalhar muito e sabemos que a única chance que nós temos de chegar lá é nos colocarmos diante do mundo com a seriedade que nós queremos das pessoas.”Reforma tributária:“Vivo um momento muito importante para o meu País. Eu tenho muita sorte, porque passei 30 anos fazendo oposição e os outros presidentes não tiveram condições de viver este momento. Eu espero, quando deixar o governo, não voltar a ser tão oposição mais, porque eu espero eleger o meu sucessor e espero que este País tenha seqüência. Nós precisamos de, no mínimo, 10 ou 15 anos de crescimento sustentável para que a gente possa recuperar todo o tempo que nós perdemos. É assim que nós vamos governar o Brasil, é assim que nós vamos aprovar a reforma tributária. Podem escrever nas suas matérias, nós vamos aprovar a reforma tributária este ano. A oposição passou oito anos falando em reforma tributária e agora está lá o projeto, é só votar. Podem fazer uma emenda aqui, outra emenda ali, mas vão votar. Uma reforma tributária justa, que diminua a quantidade de impostos que temos neste País, que facilite a vida de quem quer investir, que facilite a vida de quem construir um negócio, que facilite a vida do povo, que reduza a quantidade de tributos e, ao mesmo tempo, que a gente acabe com a guerra fiscal fratricida neste País. Eu acho que nós vamos aprovar, não sei por que eu estou otimista. Espero contar, sobretudo, com o apoio de vocês, empresários brasileiros, conversando com quem vocês conhecem, para a gente aprovar isso.”

quinta-feira, 20 de março de 2008

Mudou o Lula ou o Elio Gaspari?

O jornalista Elio Gaspari, como se sabe, normalmente só chama o presidente Lula, irônicamente, de O Nosso Guia. Pelo que êle escreveu recentemente, parece que está tendo mais paciência ou sendo menos preconceituoso com o nosso primeiro mandatário.
Possivelmente, o ilustre jornalista chegou a conclusão de que não adianta brigar com os fatos. O "espetáculo do crescimento", está visível para todas as pessoas de bom senso, seja pelo que mostram os indicadores econômicos, seja pelos sociais, e dessa forma, não adianta tentar esconder a realidade. Parece mentira, mas a "agenda positiva" do govêrno Lula, só tem sido apresentada, com isenção e equilíbrio, na imprensa internacional. Isto até virou motivo de piada. Isto porque o ex-primeiro ministro português, Mario Soares, declarou que lendo a nossa imprensa nativa, antes de chegar ao nosso país, pensava que a popularidade do presidente Lula era a pior possível e que o Brasil estava vivendo um momento muito difícil. Inclusive, na véspera da divulgação da pesquisa que apresentava o Lula com alto grau de aprovação, havia jantado com o FHC e cia, ocasião em lhe foi dito que o govêrno e Lula estavam indo ladeira abaixo, etc.
É por isso que a oposição está desesperada, tentando de todos os modos e maneiras, criar crises e factóides, com o único intuito de desestabilizar o govêrno Lula. Para isso, vem tendo a ajuda prestimosa das Vejas da vida e de juízes que gostam de aparecer, como o Sr. Collor de Mello.
No seu artigo, o Elio Gaspari chega ao ponto de indicar, à quem desejar lêr o discurso do nosso presidente, o "caminho das pedras", ou seja, pesquisar no Google, o discurso proferido em Araraquara. A seguir, a matéria publicada no O Globo


Lula é o mesmo, mas o cenário é outro
Élio Gaspar
O Globo
Bendita a cidade que ganha fama com uma palestra. Foi isso o que aconteceu com Araraquara depois que o filósofo francês Jean Paul Sartre terminou sua conferência no auditório da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras, em setembro de 1960. Daí em diante ela se tornou conhecida como "a Conferência de Araraquara". Era uma época em que as pessoas iam a esses eventos de terno e gravata.Sartre tratou de arcanas questões filosóficas e teve Jorge Amado na mesa, Fernando e Ruth Cardoso, mais Antônio Candido e Gilda de Mello e Souza na primeira fila.Há uma semana, discursando em Araraquara, na inauguração da escola que ganhou o nome da professora Gilda, morta em 2005, Nosso Guia fez um discurso que merece atenção. Foi um improviso, menor que a conferência de Sartre, mas ainda assim longo. Tem seis vezes o tamanho deste artigo e, à primeira vista, pode ser confundido com mais um Opus Lula.Nosso Guia trocou de cenário. Ele cavalga o desempenho da economia e os avanços sociais ocorridos durante seu reinado. Não formula idéias novas, apenas arruma velhos esplendores. Lula faz isso de uma forma que seus adversários devem pensar melhor antes de continuar com uma oposição de frases feitas e CPIs para alimentar noticiário. Alguns exemplos:- "Todo sacrifício que nós fizemos permitiu que a gente pudesse estar vivendo o momento que estamos vivendo hoje. (?) Hoje temos quase 200 bilhões de dólares de reservas, não devemos nada ao FMI, não devemos nada ao Clube de Paris e não devemos nada a ninguém."
- "Aqui no Brasil, pobre não tinha acesso a banco. Aliás, os bancos tinham desaprendido a atender pobre. (?) O que nós fizemos? Nós resolvemos fazer crédito para o povo pobre. (?) Criamos o crédito consignado. (?) Eu acho que a gente colocar dinheiro na mão do pobre é investimento neste país."- "Quando eu tomei posse, a indústria automobilística me procurou dizendo: "nós estamos quebrados". (?) E ontem eu recebi uma carta: eles saíram de 2,2 milhões de carros e estão prometendo produzir 4 milhões de carros em 2009. Qual foi o milagre? O milagre foi uma coisa que a gente vinha dizendo há 20 anos: Com 24 meses de prestação, só pode comprar carro o setor da classe média. Se vocês quiserem que o pobre compre um carro, aumentem o número de prestações."- "Noventa e seis por cento dos acordos feitos pelos sindicatos são acordos feitos acima da inflação, com aumento real de salário."- "Este ano, nós vamos ter a primeira turma formada pelo ProUni. São 60 mil jovens que tiraram o diploma pelo ProUni e 40% desses são negros e negras."Nosso Guia teve até o seu "momento Obama": "O grande desafio (?) é acreditar que a gente pode."Não há um novo Lula, o que há é uma nova conjuntura. Sua falação pode ser repetitiva, mas tem duas características. Primeiro, ele não está enrolando. Depois, leva para a rua uma agenda de progresso e otimismo, deixando para a oposição o penoso exercício do mau humor. Se uma mentira, repetida mil vezes, acaba virando verdade, o que dizer de uma verdade repetida mil vezes?O Brasil bem pensante, que até hoje procura entender a conferência de Sartre, precisa ler o discurso de Araraquara. Ele está na internet, basta passar no Google "discurso lula araraquara gilda". Em 1960, aos 15 anos, Nosso Guia corria atrás de seu único diploma. O do Senai.