domingo, 2 de março de 2008

os jovens nas eleições americanas

Parece que os jovens estão voltando aos tempos da guerra do Vietnam, quando a oposição destes a essa guerra, teve um grande pêso na retirada dos americanos do conflito. A alienação da juventude, não é boa em nenhum país. Dória

DEBATE ABERTO---Fonte: Agência Carta Maior

Estados Unidos: a caça ao voto jovem
Se a tendência de aumento da participação de jovens se repetir nas eleições presidenciais de 4 de novembro próximo, a juventude dos Estados Unidos poderia se atribuir o privilégio de ter escolhido o sucessor de George W. Bush.
Mark Weisenmiller
Os historiadores do futuro bem poderiam se referir a 2008 como “o ano do voto jovem”nos Estados Unidos: o poder dos que têm menos de 30 anos não para de crescer nas urnas. “Os jovens se envolvem cada vez mais no processo político. Essa geração tem muito mais energia do que as anteriores”, disse a IPS Kat Barr, subdiretora do grupo independente Rock the Vote [literalmente, Acalante o Voto – N. do T.]. “Além disso, as organizações não partidárias dedicadas ao registro de eleitores jovens se esforçaram mais, e com melhores resultados”, acrescentou Barr.A participação de jovens nas eleições e assembléias das primárias aumentou em relação às anteriores em quase todos os 21 estados onde elas ocorreram na “super-terça”, o dia 5 de fevereiro, segundo o Centro de Informação e Pesquisa sobre a Aprendizagem Cívica, da Universidade de Maryland.Se essa tendência se repetir nas eleições presidenciais de 4 de novembro próximo, a juventude dos Estados Unidos poderia se atribuir o privilégio de ter escolhido o sucessor de George W. Bush.O Centro da Universidade de Maryland destacou esse fenômeno em relação aos estados do sul do país. No estado da Geórgia, o comparecimento de jovens às primárias triplicou em relação a 2000, passando de 92.000 a 280.000. No Tennessee ela quadruplicou, passando de 35.000 a 140.000.“Desde 2003 registramos 600.000 jovens nas juntas eleitorais”, disse Sujatha Jahagirdar, diretora do projeto Novos Votantes, do Grupo Estudantil de Pesquisa sobre o Interesse Público.Esse fenômeno vem tendo uma influencia decisiva no Partido Democrata, que está na oposição. “Nos estados em que o senador Barack Obama venceu [as primárias], isso aconteceu com uma maioria esmagadora dos votos dos jovens. Quando ganhou a senadora Hillary Clinton, houve uma divisão desse voto”, assinalou Jahagirdar a IPS.No estado do Alabama, o senador por Illinois, que venceu, obteve 64% dos votos dos jovens, e a senadora por Nova Iorque ficou com 32%. Na Califórnia, onde Hillary venceu, ela ficou com 51% da votação dos jovens, e Obama teve 47%.Nas primárias do Partido Republicano, o senador John McCain, de 71 anos, ganhou amplos setores do eleitorado jovem. Teve 34% desses votos na Califórnia, 36% em Massachussets, 46% em Nova Jersey e impressionantes 51% em Connecticut.Antes daquela “super-terça”, alguns meios de comunicação tinham retratado McCain como um militarista do século XIX catapultado para o século XXI. McCain recolheu esses votos apesar de sua página na web não possuir uma seção especial para eleitores jovens.Entre os candidatos que ainda estão na disputa, Obama é quem leva uma clara vantagem entre os jovens, por causa de sua “mensagem de mudança”, disse Eric Weil, sócio-gerente da organização Student Monitor, com sede em Ridgewood, Nova Jersey. Seu discurso é vinculado por este setor “à faina de encontrar emprego depois da universidade, e ele foi o candidato que teve o melhor desempenho quanto a se referir a ela”, acrescentou.Em qualquer ponto do território dos Estados Unidos, Obama, de 44 anos, termina acompanhado por gente jovem, assinalou Weil, cuja equipe faz pesquisas de mercado voltadas para o setor de estudantes universitários, desde 1987. Ela também mantém contato através da internet com redes sociais como a MySpace.com e a Facebook.com.Depois de seus triunfos nas primárias dos estados de Maryland, da Virginia e na cidade de Washington D.C., Obama passou a ter mais delegados do que Hillary para a Convenção Nacional que indicará o candidato do Partido Democrata.Os seguidores de Obama incluem também muitos jovens com menos de 18 anos. Joshua Ramirez, de 14 anos, é co-fundador da “Juventude com Obama”, embora não tenha idade para votar. Costuma fazer chamadas telefônicas para divulgar informação sobre o candidato, disse a IPS.Por sua vez Emily Hawkins, diretora da campanha de Hillary para captar votos entre os jovens, permanece otimista, apesar das recentes derrotas nas primárias de seu partido. “Nosso planos não mudaram. Continuamos falando com eleitores jovens para que se engajem”, disse ela. “Estamos nos esforçando para mostrar aos jovens, através da internet, a posição da senadora quanto a tópicos de sua preocupação, como o aquecimento global”.A filha dos Clinton, Chelsea, faz um ciclo de conferências chamado “Nossa voz, nosso futuro”, em jantares e universidades, o que inclui os restaurantes universitários, disse Hawkins.A corrida atrás dos votos dos jovens começou na Flórida, disse à IPS Susan Mac Manus, professora do Departamento de Governo e Relações Internacionais da Universidade do Sul da Flórida. “Em 2000 os estudantes e outros jovens viram como podiam ser importantes algumas poucas centenas de votos”, explicou.Nunca se saberá ao certo quantos votos Bush obteve nas eleições daquele anos, que foram espacialmente confusas na Flórida, e permanecem postas em dúvida. A Corte Suprema reconheceu, depois das eleições, uma quantidade de votos dados a esse candidato, que então concorria contra o vice-presidente Al Gore.Foram esses os votos decisivos para o triunfo de Bush [no estado, garantindo-lhe os seus delegados no Colégio Eleitoral que elege o presidente, e assim assegurando-lhe a vitória em escala nacional – N. do T.]“Os jovens querem votar. Querem mudanças. Querem ação. E quando se encontra um candidato que foge ao padrão usual, como é o caso de Obama, que poderia vir a ser o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, ou como Hillary, candidata a ser sua primeira presidente mulher, as pessoas se enchem de energia, e isso sempre atrai o voto dos jovens”, afirma MacManus.Não é certo que o ímpeto dos jovens se manterá depois do 4 de novembro [data da eleição presidencial]. “Ganhando um candidato apoiado pelos jovens, a resposta é sim. Senão, poderá haver uma pequena deserção. Mas esta não será grande, porque esta geração está realmente dedicada a temas cívicos e políticos”, finalizou MacManus.
Mark Weisenmiller é jornalista da agência IPS

Nenhum comentário: