domingo, 2 de março de 2008

Por que e para que a independência de Kosovo?

A independência de Kosovo é mais uma armadilha contra o nacionalismo, que está novamente se fortalecendo, principalmente na A. Latina, depois que esta elegeu governantes com bandeiras contra o néo-liberalismo. Os USA e a União Européia, que tiveram suas empresas petrolíferas nacionalizadas, principalmente na Bolívia e na Venezuela, estão por trás do movimento separatista existente na Bolívia. Os estados mais ricos bolivianos, onde se situam as reservas de petróleo, querem a secessão. Isto, vc nunca vai ouvir no JN e afins. Êle jamais vai mostrar que existe um exército de mercenários, fala-se em 10.000 homens, financiados, armados e treinados pela CIA. Só sairá na grande imprensa notícias contra o Evo Morales. O reconhecimento dos USA e da UE, abre um precedente que fortalece o movimento separatista boliviano. Não é surpresa que a Espanha não tenha concordado com a Independência de Kosovo, pois ela tem esse problema com os Bascos. O mesmo acontece com a Rússia, que não quer confusão, com a Geórgia, por exemplo, que fazia parte da antiga URSS. Dória

SECESSÃO DE KOSOVOBrinde perigoso
POR ELSON CONCEPCIÓN PÉREZ — do jornal Granma
AS imagens televisionadas pela CNN foram suficientes: milhares de albaneses de Kosovo festejavam a declaração de independência dessa província sérvia, e além das bandeiras da nação, eram levantadas as dos Estados Unidos e as da União Européia, e inclusive, algumas com o rosto do instigador da secessão: George W. Bush.
Fogos de artifício em Pristina, capital de Kosovo, e algumas garrafas de champanha desarrolhadas em capitais européias, demonstram que se aproximam perigosamente de uma Caixa de Pandora ali destampada, onde há feridas sem curar.
A Albânia, de sua parte, vive a lembrança da visita de Bush a Tirana no ano passado e a acolhida dada. Sem dúvida, desde então já o presidente norte-americano tinha o compromisso de apoiar o reclamo das autoridades anfitriãs de um Kosovo aliado ou fazendo parte daquilo que sempre foi o desejo da Albânia.
O presidente dos EUA, numa visita fugaz à África, congratulou a separação da província sérvia, e países do Velho Continente, como a França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália e outros já arrolam seu reconhecimento oficial.
O cúmulo, a União Européia se congratulou pela posição comum e insistiu que é um caso único sem precedentes, e agora cada país-membro será quem vai decidir se a reconhece.
MUITAS PERGUNTAS
Levando em conta que Kosovo declarou sua independência e o Conselho de Segurança da ONU — mais uma vez — nada fará para impedi-lo, ainda quando a Rússia, um dos países-membros, se opõe, seria bom perguntar por que e para que a secessão.
A história dos Bálcãs, as Constituições e outras normas, os convênios internacionais, reconhecem, assim que foi fundada a Sérvia e depois, a República da Iugoslávia, que Kosovo é uma província desse país.
A Resolução 1244, adotada pelo Conselho de Segurança depois do fim bombardeios contra a Sérvia em 1999, concedeu à província "autonomia substancial" sob soberania sérvia, e na presença de uma missão da ONU. Nunca foi escrito um parágrafo sobre a independência.
Para nada é uma república, como eram a Croácia, Bósnia, Eslovênia, Macedônia, Montenegro e a própria Sérvia, que faziam parte da outrora República Socialista Federativa da Iugoslávia, e se foram separando quando dos anos agitados que abalaram a região e o mundo, com a desintegração do chamado bloco socialista e da União Soviética.
Kosovo sempre foi uma província que, por a maioria de seus habitantes ser de origem albanesa, teve direito a certa autonomia, quase sempre usado pelos líderes de Kosovo para incentivarem o processo de secessão agora terminado.
Nessa mesma ordem, a comunidade internacional não teria elementos para pretextar a mutilação de um país — Sérvia —, membro pleno da ONU, do Movimento dos Países Não-Alinhados e de outros organismos internacionais.
Então, por que usam Kosovo como moeda de câmbio para favorecer o ingresso da Sérvia na OTAN e na União Européia?
As autoridades de Belgrado qualificaram essa atitude de negativa e de falta de ética política, visto que tentam despojar essa República de 15% de seu território.
GEOPOLÍTICA E ALGO MAIS
No âmbito internacional, qualquer justificativa que dêem a esta ação, deverá ser acompanhada do precedente que possivelmente vai gerar.
Kosovo está situada num território de importância geopolítica, entre a Europa e a África do Norte, e também ponto de ataque de potências militares, como os EUA, contra a Rússia e outras repúblicas da ex-União Soviética.
Não em vão o Pentágono e a OTAN bombardearam durante 78 dias a Sérvia em 1999, pretextando para isso uma suposta limpeza étnica, ponto de partida para que os sérvios abandonassem Kosovo e os albano-kosovares se apropriassem dessa província, que agora ele resolveram converter em Estado.
Hoje, Kosovo é uma região ocupada e militarizada por mais de 17 mil soldados da OTAN, estacionados em grandes bases norte-americanas, e com uma conta social muito desfavorável, pois durante os nove anos de ocupação cresceram os índices de entorpecentes, o comércio ilícito, a prostituição e o terrorismo.
Se muitos países da Euroa apoiarem a secessão, isto levará outras nações a exigirem a mesma coisa da Rússia, Geórgia, Moldóvia, Sudã, Iraque, Turquia, Espanha e outras.
Por exemplo, que poderia responder Bush — o artífice desta secessão — aos curdos que habitam entre o Iraque e a Turquia, e que representam mais 10 vezes o total de kosovares e sempre se questionaram um Curdistão independente?
E nos Bálcãs, agora um Kosovo separado poderia criar uma nova expectativa de separação para os albaneses, que constituem a maioria no oeste da Macedônia, os sérvios, que são maioria em diversas regiões de Kosovo, e os próprios sérvios e os croatas, na Bósnia.
Estas e outras perguntas bastariam para qualificar o que acontece hoje com a independência de Kosovo como um brinde perigoso e de conseqüências imprevisíveis.

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