domingo, 31 de agosto de 2014

POLÍTICA - Foi por retrocesso que lutaram em junho de 2013?


Foi por retrocesso que lutaram em junho de 2013?, por Gilson Caroni Filho


Acabo de ler o programa econômico de Marina da Silva que, como todos sabem, foi escolhida pela "providência divina". Alguns pontos devem ser esclarecidos para os eleitores mais jovens.
1) Marina pretende dar autonomia para o BC. O que significa isso? Entregar o banco para o mercado financeiro. Não por acaso conta com o apoio de banqueiros em sua campanha.
2) No documento consta que políticas fiscais e monetárias serão instrumentos de controle de inflação de curto prazo. Como podemos ler este ponto? Arrocho salarial e aumento nas taxas de desemprego.
3) O programa ainda menciona a diminuição de normas para o setor produtivo. Os mais açodados podem pensar em menos carga tributária e burocracia para as empresas. Não, trata-se de reduzir encargos trabalhistas com a supressão de direitos que facilitem as demissões. Há muito que a burguesia patrimonialista pede o fim da multa rescisória de 40% a ser paga a todo trabalhador demitido sem justa causa. O capital agradece.
4) Redução das prioridades de investimento da Petrobrás no pré-sal. O que significa? Abrir mão de uma decisão estratégica de obter investimentos para aplicar na Saúde e na Educação. Isso, meus amigos mais jovens, é música para hospitais privados, planos de saúde e conglomerados estrangeiros que atuam na educação. O que o grupo Galileo fez com a Gama Filho e Univercidade , aqui no Rio, é fichinha perto do que está por vir. Era com uma coisa desse tipo que vocês sonhavam quando foram às ruas em junho do ano passado?
5) Em vez do fortalecimento do Mercosul, o programa da candidata, que " quer fazer a nova política," prega o fortalecimento das relações bilaterais com os Estados Unidos e União Européia.Vamos retroceder vinte anos e assistir a um aumento da desnacionalização da economia latino-americana. É isso que vocês querem?
6)Meus amiguinhos, não sei se foi a providência divina quem derrubou o avião em que viajava Eduardo Campos. Mas o que a vice dele, uma candidata que está à direita de Aécio Neves, lhes oferece é o pão que o diabo amassou. Gosto da vida, gosto da juventude,mas, agora, cabe a vocês escolher o que desejam enfiar goela adentro. Não há mais ninguém inocente. Um bom fim de semana a todos.

POLÍTICA - Marina e a tragédia de Collor que se repete como farsa.


Marina e a tragédia de Collor que se repete como farsa, por J. Carlos de Assis


Aqueles de minha geração que viram “Muito além do jardim”, com o inigualável Peter Sellers, não terão se surpreendido com o fenômeno Marina Silva das últimas semanas. A média da opinião pública está sempre preparada para ouvir e aplaudir o que ela própria pensa. Um fenômeno político capaz de dizer que “vai governar com os melhores”, e não com os partidos, é capaz de declarar solenemente que primeiro vem a primavera, depois o verão, depois o outono e, finalmente, o inverno. Do que resultam longos, longos aplausos!
Esse fenômeno burlesco não teria existido caso uma classe dominante essencialmente estúpida não se mobilizasse junto com a grande mídia para tentar liquidar o governo do PT, mesmo diante do fato óbvio de que Dilma é a última das petistas dos governos PT. É que a classe dominante, ela mesma influenciada pela mídia, não consegue explicar a si mesma a raiva que tem de Dilma. Foi largamente beneficiada por investimentos, desonerações fiscais, PPPs, terceirizações, tripés macroeconômicos, tudo ao gosto tucano e sob a cartilha neoliberal.
Por que a elite dominante ficou contra Dilma? Sim, isso só se explica pela influência raivosa do partido midiático, verbalizada por ventríloquos como Jabor. Aparentemente as verbas publicitárias para o sistema Globo, embora ainda continuem gordas, minguaram nos governos de Lula e de Dilma. Além disso, vigia à distância, embora infelizmente repudiada no curto prazo, a ameaça de um certo estatuto regulatório para a mídia, na tentativa de controlar os monopólios no setor, inclusive na feitura gráfica de material educacional. Isso levanta a indignação do sistema Globo e da Abril, e o medo do segundo mandato de Dilma, que poderia ficar mais solta em relação à rede de dominação do poder econômico.
Os mais especulativos entre os nossos cidadãos podem coçar a barba e se lembrar da advertência de Platão. Quando falava nos riscos da democracia, o velho pensador sabia do que estava falando. O risco da democracia é a anarquia. A monarquia absoluta e aquilo que conhecemos hoje como ditaduras correm o risco da corrupção e da degeneração. Daí, o governo dos sábios. É o que Marina tenta encarnar com seu governo dos “melhores”. Se ganhar, veremos sua experimentação. Platão, que tentou o governo dos sábios em Siracusa, saiu de lá escorchado a pontapés. Veremos o que acontecerá com Marina!
Em “Muito além do jardim” um jardineiro idiota, apropriado pela força midiática, prepara-se para concorrer à Presidência da República embalado involuntariamente pelos poderosos que sabiam poder manipulá-lo por trás da cena. Não se sabe o fim da história, porque as deliberações “políticas” acabam no momento do enterro do presidente. No nosso caso, parece que o jogo que começou num enterro ainda está em curso. As elites dominantes que tiraram o gênio da garrafa se assustaram com o resultado. O objetivo era bombar Aécio, não uma militante ambientalista que acredita que o problema do Brasil é ter acelerado a exploração do pré-sal, estar integrado no Mercosul e que quer uma revisão e uma moratória no licenciamento ambiental.
É rigorosamente impossível saber como terminará esse processo que oscila entre a tragédia e a pantomima. Temos a experiência de Collor, uma promessa “política” traduzida na forma de um discurso de lugar comum e banalidades prosaicas, com frases de efeito, sem conteúdo, que ganhou o gosto do povo. Conhecemos o resultado, mas temos visto também que isso não basta para evitar um novo experimento extravagante. Marx escreveu que a história muitas vezes acontece como tragédia, e se repete como farsa. Tivemos, com Collor, uma tragédia. Veremos o que acontecerá em frente, se a ameaça Marina se concretizar.
J. Carlos de Assis - Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB, autor de mais de 20 livros sobre Economia Política Brasileira.  

PETROBRAS - Otimismo na indústria.


                                    

Novos dados da Petrobras refletem otimismo na indústria


Plataforma para Exploração do Petróleo em Águas Profundas


Jornal GGN - "Os campos do pré-sal estão produzindo mais de 500.000 barris de petróleo por dia, cerca de três vezes mais que em 2012, e já representam perto de 25% da produção total da empresa, de dois milhões de barris por dia", são as informações da Petrobras. O otimismo chega à indústria, com os novos dados da produção da estatal.
 
Enviado por Pedro Penido dos Anjos 
 
The Wall Street Journal se rende à Realidade do Petróleo no Brasil
 
Por Fernando Nogueira da Costa

Luciana Magalhães (WSJ, 08/08/14) lembra que, quando a Petrobras revelou a maior descoberta de reservas de petróleo da sua história, em 2007, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva brincou que a descoberta havia provado que Deus é brasileiro.
Novos dados de produção estão levando muitos na indústria a compartilhar esse otimismo. Segundo a Petrobras, os campos do pré-sal estão produzindo mais de 500.000 barris de petróleo por dia, cerca de três vezes mais que em 2012, e já representam perto de 25% da produção total da empresa, de dois milhões de barris por dia.
É um crescimento rápido para a Petrobras em uma das regiões petrolíferas mais desafiadoras do mundo. Os depósitos se encontram a cerca de 320 quilômetros longe da costa sudeste do Brasil, enterrados no solo oceânico sob uma grossa camada de sal, o que dá nome aos campos.
“Em termos de produtividade e da velocidade com que a Petrobras saiu de uma produção zero para 500.000 barris por dia é [algo] meio sem precedentes“, diz Ruaraidh Montgomery, analista da firma de pesquisa Wood Mackenzie.
Os ganhos de produção nos campos do pré-sal são extremamente necessários para compensar a queda de desempenho dos campos mais antigos da Petrobras. A produção total da empresa caiu de 1,98 milhão de barris equivalentes de petróleo por dia em 2012 para 1,93 milhão no ano passado. Em 2014, com o pré-sal, a produção total aumentou. Em junho, foi de 2,008 milhões de barris diários.
Com o pré-sal, o Brasil pretende ser um dos cinco principais produtores de petróleo do mundo até 2020, quando a produção deve chegar a quatro milhões de barris por dia. Mas, para atingir essa meta ambiciosa, a Petrobras terá que superar desafios financeiros, técnicos e políticos.
A lucratividade da empresa foi esmagada pelo governo brasileiro, que forçou a Petrobras a vender gasolina importada a um preço abaixo do custo para combater a inflação.
Ela também fez muitos empréstimos para financiar a exploração e o desenvolvimento dessas reservas, transformando-se na petrolífera mais endividada do mundo. A Petrobras estima gastar US$ 102 bilhões na região do pré-sal até 2018. E outras dezenas de bilhões de dólares serão necessários para sua exploração total.
O desafio é maior porque a Petrobras está praticamente sozinha nessa empreitada.
As duras regras de partilha de produção do governo brasileiro exigem que a Petrobras seja o único operador de todos os projetos do pré-sal, com uma participação mínima de 30%. Esses termos afastaram a maioria das grandes petrolíferas globais [privadas norte-americanas; as francesas e chinesas se associaram à Petrobras]. No primeiro — e até agora único — leilão de campos do pré-sal, houve apenas uma oferta, de um consórcio liderado pela própria Petrobras.
Os ganhos com o petróleo do pré-sal brasileiro estão indo de certa forma no caminho oposto ao dos gerados pelo boom do petróleo de xisto dos Estados Unidos. Nos EUA, a porta está aberta para todos. [?!] Os proprietários de terras aceitam receber royalties baixos, mas o resultado tem sido um aumento massivo na produção e na segurança energética americana.
Ainda assim, não há dúvida que a descoberta do pré-sal remodelou a indústria de petróleo do Brasil. Agora, mais plataformas de exploração em águas profundas, navios de abastecimento e unidades de armazenamento flutuantes estão operando no país que em qualquer outro lugar no mundo, de acordo com a firma IHS.
As duas principais bacias têm cerca de 50 bilhões de barris de petróleo recuperável. O maior campo atualmente em produção, o Lula, possui estimados oito bilhões de barris de petróleo — quase oito vezes mais que o maior campo do Golfo do México.
Para chegar ao petróleo, a Petrobras investiu bilhões de dólares em pesquisa, novas tecnologias de imagem em 3-D, uma frota marítima potente e helicópteros maiores para levar funcionários e equipamentos até os campos. Novas técnicas de perfuração foram necessárias para atingir as reservas, que podem estar a até 6.000 metros abaixo da superfície do oceano. Só a camada de sal, que muda constantemente, pode ter 2.000 metros de espessura.
Os buracos perfurados na camada de sal podem se fechar sozinhos, então um tipo especial de lama tem que ser usado para conservá-los abertos. O gás nos campos do pré-sal é muito corrosivo, o que torna necessário o uso de canos de aço especiais. “Ninguém no mundo produziu nessas condições”, diz Edmundo Marques, um ex-executivo da Petrobras que hoje é chefe de exploração da petrolífera Ouro Preto Oléo e Gás.
O próximo desafio da Petrobras está em seus antigos poços de petróleo, onde a produção está caindo rapidamente. No campo de Roncador, o maior produtor do país, a produção passou de 395.000 barris diários em 2010 para atuais 256.200 barris. Isso tem gerado mais pressão para a Petrobras continuar suas atividades nos campos do pré-sal para que a empresa atinja suas metas de produção.
“É uma corrida, já que os antigos gigantes estão em declínio”, diz Bob Fryklund, diretor de estratégias de exploração e produção de petróleo da IHS.
“A Petrobras trabalha constantemente para compensar o declínio natural na produção de seus campos antigos“, disse uma porta-voz da Petrobras em uma nota. “A companhia está investindo muito em novos projetos e iniciando a operação de um grande número de sistemas de produção nas [áreas] do pré-sal e do pós-sal.”

POLÍTICA - Marina e o comitê de Aécio.

O fenômeno Marina visto do comitê de Aécio



Assim como no PT, no comitê nacional de Aécio Neves há o mesmo aturdimento em relação ao fenômeno Marina Silva. Todos querendo entender e, principalmente, tentando avaliar até onde irá o fenômeno Marina.
Na disputa PT x PSDB, Minas Gerais cumpre um papel central.
Se o PSDB perde a disputa nacional e em Minas, no máximo restará São Paulo e Paraná para o partido. E o governador Geraldo Alckmin não é nem de longe o caudatário dos princípios do partido. Praticamente, desaparece o PSDB.
Por outro lado, se o PT perder a presidência e o governo de Minas, praticamente será alijado da política nacional, porque as pesquisas indicam escassas possibilidades de vitória em todos os demais estados.
É uma situação única, desde a eleição de Fernando Collor em 1989.
Na avaliação dos aecistas, Marina passou a cavalgar a onda anti-petista nacional.
Até a morte de Eduardo Campos, esse antipetismo estava concentrado em Aécio, mas ainda sem perspectivas de garantir o segundo turno. No comitê de Aécio torcia-se pelo crescimento de Campos, para garantir o segundo turno.
Quando estava começando a caminhada para o segundo turno, a morte de Eduardo Campos virou o cenário político de pernas para o ar. Marina passou a encarnar o sentimento anti-PT em todo o país, com componentes novos comprometendo todas as estratégias de todos os partidos.
As pesquisas qualitativas do PSDB, por exemplo, têm notado um componente inédito: a ideia de que Marina não entrou no avião acidentado graças à providência divina. É uma sensação que surge não apenas entre evangélicos e pessoas de menor renda, mas entre católicos e pessoas de maior renda.
Primeiro grande baque é digressão do voto útil contra PT. Começa-se a falar em vitória de Marina no primeiro turno. No comitê de Aécio acredita-se que Dilma esteja montada em um percentual histórico de votos do PT que tornará o segundo turno inevitável. Mesmo assim, o simples fato de surgir a dúvida mostra o ponto a que se chegou a ameaça Marina.
Outro ponto que tem incomodado os aecistas é o que consideram tratamento benevolente da mídia às derrapadas de campanha: o avião de Campos e os cachês para palestras de Marina. Entre eles há a sensação de fim do pacto com os grupos de mídia. Um porta-voz de Aécio indagava se haveria a mesma consideração da mídia se os suspeitos fossem do PSDB ou do PT.
Consideram um grande desafio a desconstrução de Marina. Sua constituição frágil, seu próprio estilo de se autovitimizar constituem-se um risco para campanhas mais agressivas. E seus defeitos maiores - a facilidade com que muda de opinião, por exemplo - são mais difíceis de transmitir através do horário gratuito.

O caso de Minas

A entrada de Marina desmontou todos os raciocínios da campanha, inclusive em Minas.
Agindo na frente nacional, Aécio descuidou-se de Minas. O tempo que passou afastado do estado, no Senado e na campanha, acabaram afetando a posição do PSDB.
Além disso, entrou uma equipe nova na campanha e Pimenta da Veiga, com nova abordagem diferente da abordagem original de Aécio. Durante doze meses, segundo a equipe nacional, havia homogeneidade nas propostas e na forma de comunicação. A equipe de Pimenta da Veiga mudou o discurso.
Mesmo assim, tudo caminhava nos conformes até a queda do avião de Campos
Além disso houve um curto-circuito na cabeça dos eleitores, que torna a campanha totalmente atípica, segundo o comitê.
O candidato do PT, Fernando Pimentel, faz uma campanha totalmente dissociada da imagem do partido. Utiliza a cor azul, menciona mais sua condição de ex-prefeito do que a de ex-Ministro. E quando menciona a de ex-Ministro, não informa que foi do governo Dilma.
Segundo o comitê de Aécio, a coincidência de sobrenomes – o candidato do PSDB é Pimenta da Veiga – contribui para a confusão dos eleitores.
O resultado final é que o voto anti-PT do estado foi para Marina, enquanto seu candidato ao governo não tem mais que 2% das intenções de voto.
Pelas pesquisas do PSDB, Aécio está com poucos pontos à frente de Dilma, muito menos do que esperava.

POLITICA - A candidata dos quatro tuítes.


A candidata dos quatro tuítes, por Paulo Moreira Leite

 
 
Jornal GGN - Para o jornalista Paulo Moreira Leite, a imensa fragilidade política da candidata a presidência, Marina Silva (PSB), para defender pontos de vista e enfrentar contradições mostra-se no recuo de publicações do Twitter, quando falava de preconceito contra homossexuais.
 
"Proprietária de uma retórica de palavras fortes, Marina é fraca de conteúdo — situação típica de discursos estruturados mas vazios", disse.
 
Enviado por Henrique, O Outro
 
 
Conflitos banais da campanha confirmam a fragilidade política de Marina para falar de gays, juros, Chico Mendes, salário mínimo...
 
Por Paulo Moreira Leite
 
Denunciado por Jean Willys, o recuo dos quatro tuites na definição do preconceito contra homossexuais no plano do racismo foi a mais recente demonstração de um traço político marcante de Marina Silva: a imensa fragilidade política para defender seus pontos de vista e enfrentar contradições e conflitos. Quando isso acontece, ela prefere fingir que tudo não passou de um mal entendido.
 
Não vamos nos enganar: a defesa resoluta dos direitos dos homossexuais pode implicar na retirada do apoio do tristemente famoso deputado e pastor Feliciano, dono de uma retórica escandalosa que em 2013 provocou repúdio de vários setores da juventude e da consciência democrática do país – mas foi confortado por Marina, que na época enxergou “preconceito” nas críticas ao parlamentar.
 
Não foi o primeiro caso e é parte da personagem “Marina Silva” que se apresenta na campanha. A aura de predestinada pressupõe uma concorrente acima dos homens e das mulheres, das classes e dos interesses. A dificuldade é que essa postura tem pouco a ver com a realidade do país e com a história de resistência dos brasileiros.
 
Apresentando-se como destino final da história, Marina Silva incluiu a herdeira do Itau, Neca Setubal, e Chico Mendes no mesmo universo da “elite brasileira.” Ao praticar uma sociologia eleitoreira, que ajuda a passar uma borracha em diferenças e contradições fundamentais em proveito de uma mistificação, recebeu o repúdio dos dirigentes do Sindicato de Xapuri, no Acre, que Chico Mendes fundou.
 
É uma reação compreensível, já que a cooptação póstuma de Chico Mendes para o mundo dos banqueiros e grã-finos é particularmente grotesca.
 
Ao contrário do que acontece com a campanha de Marina, de aberta ambição privatizante, a luta dos seringueiros do Acre tinha uma vocação oposta. Nasceu da resistência dos trabalhadores aos programas de privatização das florestas, promovidas pelos governos estaduais, que leiloavam lotes de terra a fazendeiros e investidores. Mobilizados para defender seus campos de trabalho, os seringueiros enfrentavam tropas de jagunços e operações militares. Protegendo um sistema de propriedade comunitária, seu movimento nada tinha de privatizante, mas era tecnicamente anti-capitalista. Que diferença, não?
 
Até hoje os colegas de governo Lula não conseguem conter o riso quando recordam o depoimento de Marina Silva no Jornal Nacional. Questionada pela nomeação de um candidato a vice presidente que fez campanha aberta pela liberação dos transgênicos, Marina reescreveu a própria história. Disse que nunca foi contra os transgênicos. Apenas gostaria de um sistema que permitisse o convívio da soja transgênica com a soja natural.
 
“Ela simplesmente ameaçou pedir demissão do cargo,” recorda um ministro que seguiu o debate de perto. Um alto funcionário do ministério do Meio Ambiente recorda que aliados de Marina chegaram a homenagear a ministra com flores — uma forma de marcar publicamente seu descontentamento.
 
A Medida Provisória que liberava os transgênicos não proibia a soja natural — apenas autorizava o plantio e comercialização da versão modificada genéticamente. Marina simplesmente queria liberar os trangênicos numa parte do país e manter a proibição em outras.
 
Com a declaração ao JN, a candidata perdeu uma excelente oportunidade para reconhecer perante os brasileiros a quem pede seu voto que errou ao combater os transgênicos – ou que foi incoerente ao aceitar um vice que nunca escondeu que fazia campanha por eles e até recebeu apoio financeiro do setor interessado. Preferiu investir em seu personagem Mas não foi só. A mesma MP, que tratava de biossegurança de forma geral, foi alvo de Marina por outra razão: autorizava pesquisas com células-tronco, que ela condenava. A ironia, no caso, é que as pesquisas tinham apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia, cujo titular era Eduardo Campos, titular da chapa presidencial do PSB até a tragédia do Cessna.
 
O Valor Econômico de hoje registra que o mercado financeiro está abandonando Aécio Neves para apoiar Marina e explica: “o sonho de dez entre dez integrantes do mercado financeiro é ver a derrota da candidata do PT.”
 
Num esforço para não decepcionar nenhum dos dez entre dez, o programa de Marina Silva não faz menção a uma das grandes conquistas dos trabalhadores no governo Lula-Dilma — a legislação que garante reajustes automáticos do salário mínimo, sem necessidade de se promover conchavos anuais no Congresso em nas semanas anteriores ao 1. de maio. 
 
Outro ponto do programa vem dos bancos privados mas este já foi atendida e, a julgar pela desenvoltura da coordenadora do programa de governo Neca Setubal, herdeira do Itaú, não deve cair nem com um milhão de tuites.
 
O programa de governo defende a ampliação da participação dos bancos privados no mercado de crédito, diminuindo a participação dos estatais. É coerente com a ideologia privatizante de Marina. Também é prejudicial do ponto de vista do consumidor.
 
Os bancos privados perderam terreno no mercado de crédito, depois da crise de 2008, porque se recusaram a competir pelos clientes. Mantiveram seus juros nas alturas, mesmo depois que o Banco Central trouxe a taxa Selic para índices compatíveis com aquele momento econômico. O Banco do Brasil e a Caixa só cresceram, a partir de então, porque resgataram clientes que o setor privado decidira abandonar, ameaçando quebrar empresas pela falta de capital de giro e empréstimos que costumavam ser renovados automaticamente.
 
Atendendo a determinação de Lula — uma imperdoável intervenção aparelhista do Estado petista, certo? — os bancos privados se afastaram da política de mercado para atender ao interesse público.
 
Essa é a questão.Quando fala em ampliar o espaço dos privados, o programa de governo esconde principal. O mercado de crédito funciona — ou deveria funcionar — sob regime de livre concorrência, onde cada um explora a fatia do mercado que conquistou. Nessa situação, a única forma de mudar a posição de uns e outros é obrigar os bancos que cobram menos a elevar seus juros, permitindo que as instituições que tem taxas maiores ganhem novos clientes.
 
Em qualquer caso, é uma medida que, elevando o custo do dinheiro, contribui para esfriar ainda a economia, estimulando uma recessão de verdade. Para beneficiar bancos privados, prejudica-se o consumidor e o empresário.
 
Alguma surpresa? Nenhuma.
 
Proprietária de uma retórica de palavras fortes, Marina é fraca de conteúdo — situação típica de discursos estruturados mas vazios.

POLÍTICA -Marina trará recessão e desemprego.

Marina trará recessão e desemprego

Por Umberto Martins, no site Vermelho:

O programa de governo da presidenciável Marina Silva, lançado sexta-feira, 29, soou como música aos ouvidos da oligarquia financeira que comanda a economia brasileira e anda meio ansiosa para derrotar a presidenta Dilma, mas desiludida com o desempenho do tucano Aécio.
A ex-senadora, que concorre pelo PSB (partido com o qual até agora não tinha nenhuma identidade), promete rigor na aplicação do tripé neoliberal que orienta a política econômica, configurada no superávit fiscal, câmbio flutuante e juros altos a pretexto de manter a inflação na meta.

Ajuste fiscal

A plataforma vem sendo comparada à famosa Carta aos Brasileiros de junho de 2002, na qual o ex-presidente Lula, em nome da governabilidade, se comprometeu a respeitar os contratos e manter os fundamentos da política conservadora adotada pelo tucano FHC por orientação do FMI. As condições hoje são outras e as consequências da radicalização do tripé certamente serão mais dramáticas.

Marina, a exemplo do candidato do PSDB, Aécio Neves, está acenando ao poderoso e venerável "mercado" com um ajuste fiscal. Isto não vai resolver os problemas da economia e encaminhar o Brasil para a rota do crescimento sustentável. Embora esta seja a promessa, a experiência aqui e lá fora mostra que os resultados concretos são bem outros.

O exemplo mais recente e presente que temos de ajuste fiscal vem da Europa, traduzido principalmente, embora não só, nas receitas ditadas pelo FMI (em parceria com o Banco Central Europeu e a cúpula da União Europeia - a troika) aos países assolados pela crise da dívida externa, como é o caso da Grécia, Portugal, Irlanda e Chipre.

Recessão e desemprego em massa

Invariavelmente esses ajustes significam recessão econômica, desemprego em massa, cortes dramáticos dos gastos públicos, com demissões de funcionários, e degradação dos serviços públicos, destacadamente em saúde e educação, redução de direitos sociais, retrocesso e sofrimento para os povos.

Também na Europa os governos neoliberais garantiram que esta era a receita para sair da crise, mas o que se seguiu de fato foi o aprofundamento da recessão, uma situação que o economista Bradford DeLong, que foi vice-secretário assistente do Tesouro dos EUA, caracterizou como
Grande Depressão.

No Brasil, que já vivenciou coisa parecida na sequência da crise da dívida externa, os efeitos de um novo ajuste fiscal não seriam diferentes. É preciso compreender que se tais ajustes não servem aos interesses da maioria da sociedade e, além disto, obstruem o desenvolvimento nacional, por outro lado eles favorecem os rentistas, parasitas da dívida pública, assegurando-lhes a valorização do capital. Por isto, e só por isto, são defendidos com tanta ênfase pelos economistas e pela mídia a soldo do sistema.

Estado mínimo

Mas não é só com o ajuste fiscal que Marina procura agradar sua nova santidade, o mercado financeiro (que agora parece estar curtindo um relacionamento sério com os evangélicos. O pastor Everaldo, que não tem a mínima chance de se eleger, quer entregar tudo aos grandes capitalistas, inclusive as últimas joias da coroa: Petrobras, BB e CEF).

A candidata do PSB promete independência para o Banco Central, medida de caráter neoliberal que sempre foi condenada pelas forças de esquerda no Brasil e que deixa a autoridade monetária totalmente nas mãos do mercado financeiro. Promete também reduzir o papel e a participação do Estado e dos bancos públicos na economia, ampliando consequentemente o espaço da iniciativa privada.

Contradições e demagogia

Marina lança uma vela a Deus e outra ao demônio ao levantar algumas bandeiras progressistas dos movimentos sociais - como o fim do fator previdenciário e a vinculação de 10% da Receita Corrente Bruta da União ao financiamento da saúde.

Mas aqui adentramos o terreno das contradições e da demagogia. Sabe-se que propostas como o fim do fim do fator previdenciário, 10% da receita da União para a saúde, mais verbas para os municípios, entre outras, não combinam com o ajuste fiscal prometido ao sistema financeiro.

A conta simplesmente não fecha,
conforme observou o jornalista José Paulo Kupfer. "Fica a impressão de que, se papel aceita tudo, papel com programas eleitorais aceitam ainda mais. Diante da austeridade fiscal proposta, nem mesmo um crescimento em escala chinesa desde o início de seu governo permitiria fechar a conta".

Economistas de esquerda e lideranças dos movimentos sociais entendem que para contemplar as demandas da classe trabalhadora e do povo será preciso mudar a atual política econômica baseada no tripé neoliberal (câmbio flutuante, superávit fiscal e juros altos) e não aprofundá-la como promete Marina para deleite do sistema financeiro.

A mudança da política econômica defendida pelos movimentos sociais (fim do superávit fiscal primário, controle do câmbio, redução da taxa de juros e taxação das remessas de lucros) impõe limites, senão prejuízos, a banqueiros, rentistas e multinacionais, ou seja, contraria interesses de classe e justamente os poderosos interesses que Marina promete satisfazer. 

O programa da presidenciável pelo PSB vai em sentido diametralmente oposto aos interesses do povo brasileiro. É música para os ouvidos da oligarquia financeira nacional e internacional. Perguntar não ofende: será que o presidente do Partido Socialista Brasileiro, Roberto Amaral, concorda com a política econômica neoliberal proposta por Marina?

ECONOMIA - A agenda conservadora na economia.

A agenda conservadora na economia

Por Paulo Kliass, no jornal Brasil de Fato:

O avanço do calendário eleitoral tem obrigado as candidaturas a se posicionarem acerca de temas variados da realidade nacional. Apesar do pouco espaço e interesse da grande imprensa em realizar um verdadeiro debate sobre assuntos importantes, os setores mais conservadores de nossa sociedade têm conseguido êxito na estratégia de pautar as campanhas com enfoques que podem significar grave retrocesso.
Em sua tentativa incessante de martelar o governo por uma suposta irresponsabilidade na condução da economia, os meios de comunicação acabam oferecendo bastante espaço para o discurso que recomenda um reforço na inflexibilidade do chamado “tripé da política econômica”. Assim, por exemplo, os assessores de Marina e de Aécio acusam o governo de ter relaxado esforços na obtenção de superávit primário e de estar promovendo uma equivocada intervenção no mercado cambial.

Assim, de acordo com tal visão, o que falta é maior rigor na política fiscal, onde o governo deveria reduzir ainda mais seus gastos na área social e nos investimentos, assegurando recursos para as despesas com juros e serviços da dívida pública. Por outro lado, em razão de alertas catastrofistas sobre um retorno da inflação elevada, os representantes do financismo clamam por uma nova onda de elevação da taxa oficial de juros – a Selic. Para fechar o quadro da receita recessiva, recomendam que a taxa de câmbio fique subordinada às flutuações das forças de oferta e demanda no mercado de divisas. Assim, a sociedade deveria aceitar o quadro atual de sobrevalorização do real frente ao dólar e demais moedas estrangeiras.

Outro aspecto que ganha destaque é a tentativa de mudar as regras do salário mínimo. A lei atual tem validade até 2015 e prevê que seu valor seja reajustado pelo índice da inflação do ano anterior e mais o crescimento do PIB de um ano antes. Nada mais correto para manter o poder de compra dos trabalhadores e oferecer um ganho real correspondente ao crescimento da economia. No entanto, o argumento dos que propõem a redução de direitos se refere aos impactos desse reajuste sobre as contas públicas, uma vez que mais de 2/3 dos benefícios da previdência social são de um salário mínimo.

Raciocínio de todo equivocado. Ao invés de questionar os elevados gastos parasitas que o governo realiza com pagamento de juros e serviços da dívida, os representantes do financismo pretendem diminuir a remuneração daqueles que estão na base da pirâmide e que foram os maiores beneficiados pela política de melhoria da distribuição de renda, que tem na lei do salário mínimo um de seus pilares mais importantes.

Outro tema que ameaça avançar é o estabelecimento da independência do Banco Central em lei, com mandatos definidos para os seus diretores. Esse é um dos pontos de maior importância para os interesses do sistema financeiro privado. O argumento mais utilizado é o da interferência política do governo sobre a definição dos rumos da política monetária. Assim, em nome de uma suposta independência de seus dirigentes, o Banco Central teria uma ação mais eficiente na definição da taxa oficial de juros e nas suas tarefas de regulação e fiscalização do sistema financeiro.

Ocorre que não existe a tal “independência”. A direção do BC sempre vai obedecer a pressões de grupos de interesse, uma vez que não existe neutralidade na definição das opções de política econômica. O mais legítimo é que o governo eleito escolha os dirigentes e a estratégia a ser seguida por uma área tão sensível como essa. O absurdo seria oferecer a uma tecnocracia, que não foi eleita para tal, uma liberdade total para operar um segmento de tal relevância para o país.

Finalmente, o conservadorismo fecha o cerco por meio dos acenos aos interesses do agronegócio, que vê seus representantes em quase todas as campanhas com mais recursos. O sistema espoliador e de reforço ao modelo neocolonial primário exportador se mantém intacto. Isso significa a manutenção da lógica de estimular a exportação de bens de baixo valor e a importação de produtos manufaturados, de maior valor agregado. Em suma, a perpetuação da injustiça e da desigualdade.

* Paulo Kliass é doutor em economia pela Universidade de Paris 10 (Nanterre) e integrante da carreira de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental, do governo federal.

POLÍTICA - Marina sob ataque.


Marina sob ataque: ela resiste?

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

Errei na avaliação. Imaginava que, diante da subida abrupta de Marina Silva nas pesquisas, a velha mídia ligada aos tucanos não entraria numa aventura: tentar desconstruir Marina, para permitir que Aécio recupere o segundo lugar nas pesquisas.

A mídia entrou pesado, sim. Aécio deu sinais de resistência, com um bom desempenho no debate da Band. Não jogou a toalha. Blogueiros da “Veja” atacam Marina. Blogueiros do UOL também.
Veja aqui a análise de Josias de Souza, que afirma: a história do jatinho de Eduardo, pago com dinheiro de laranjas e fantasmas, pode transformar Marina numa sub-Marina.
Aécio deu a senha. Disse que nada está garantido, nada é suficientemente sólido antes da segunda semana de setembro. Ele parece ter razão. O tucano fez ataques leves à candidata durante o debate da Band. Tentou mostrar que ela não tem nada de “nova política”. Isso faz efeito junto à classe média. Mas a juventude marineira, aquela que vai com ela porque é “nova” e “limpa”, essa só vai abandonar a candidata se houver uma onda midiática com denúncias contra Marina.

Bonner no JN fez parte do serviço. Nas redes sociais, nesta quinta-feira, avançam as citações negativas a Marina. A dúvida é: o eleitorado dela é sensível a isso? Ou o cansaço com PT e PSDB é maior do que qualquer denúncia?

Minha impressão? Marina, pra se consolidar, precisará ceder ainda mais, precisará sentar e conversar com quem manda nas Comunicações. A maneira como ela respondeu às indagações (leves, muito mais leves do que as que foram feitas a Dilma) de Bonner e Patricia no JN mostra que Marina tem dificuldades para ser aceita como confiável pelas grandes elites. Marina foi sarcástica, mostrou as garras.

A revista Época, no perfil sobre Marina desta semana, manda dois recados claros da família Marinho para a candidata: “Marina precisará domar suas convicções para não se tornar vítima delas” e “Candidatos de verdade precisam ser agregadores e ter propostas realistas. Marina está preparada para ser uma candidata de verdade”?

O bombardeio a que Marina será submetida nas próximas duas semanas tem um duplo objetivo: favorecer Aécio e/ou levar a candidata do PSB ainda mais para a direita. Se Marina resistir com 25% ou 27% dos votos, ela será a candidata conservadora: mas aí uma candidata confiável, terá topado o jogo. Se Marina tropeçar e se enredar no escândalo do avião (e em outros que virão nos próximos dias), aí a bola pode voltar para Aécio.

A primeira hipótese parece a mais provável. Mas o jogo ainda está sendo jogado. E a turma de Aécio não desistiu. Longe disso.

O PT torce para que a mídia tucana faça o serviço, tornando Marina – no mínimo – mais fraca num eventual segundo turno em que ela entraria hoje como favorita. Mas o jogo é pesado. Está ainda no primeiro tempo.

PETROBRAS - Marina se iguala ao Aécio.

Janio de Freitas: Marina se iguala a Aécio para dar um tiro do coração da Petrobras

  Autor: Fernando Brito
selogetulio
O tiro que, há 60 anos, Getúlio Vargas deu no próprio coração para salvar as riquezas nacionais parece pronto a ser disparado, agora contra elas.
Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma, disse Vargas, ao explicar as razões de seu gesto.
O ódio à ideia de que o Brasil venha a ser independente ressurge, agora que mal começa a jorrar o tesouro de petróleo da camada do pré-sal.
Pelas mãos dos inimigos de sempre da soberania e do progresso nacional mas, também, mal disfarçado numa  capa primária de “ecologia” hipócrita, que encapuza os verdadeiros motivos: hoje como sempre ter o apoio político de um sistema de comunicação antinacional.
Janio de Freitas, em artigo primoroso na Folha de S. Paulo, neste e em outros temas, expõe como são siamesas as de Aécio Neves as propostas de Marina Silva no seu “programa de Governo” – neste momento em revisão pelo senhor Silas Malafaia.

Um em dois

Janio de Freitas
O catatau dado como programa de governo de Marina Silva e do PSB, mas que contraria tudo o que PSB defendeu até hoje, leva a uma originalidade mais do que eleitoral: na disputa pela Presidência, ou há duas Marinas Silvas ou há dois Aécios Neves. As propostas definidoras dos respectivos governos não têm diferença, dando aos dois uma só identidade. O que exigiu dos dois candidatos iguais movimentos: contra as posições refletidas nas críticas anteriores de Marina e contra a representação do avô Tancredo Neves invocada por Aécio.
Ao justificar sua proposta para a Petrobras, assunto da moda, diz Marina: “Temos que sair da Idade do Petróleo. Não é por faltar petróleo, é porque já estamos encontrando outras fontes de energia”. Por isso, o programa de Marina informa que, se eleita, ela fará reduzir a exploração de petróleo do pré-sal.
Reduzir o pré-sal e atingir a Petrobras no coração são a mesma coisa. Sustar o retorno do investimento astronômico feito no pré-sal já seria destrutivo. Há mais, porém. Concessões e contratos impedem a interferência na produção das empresas estrangeiras no pré-sal. Logo, a tal redução recairia toda na Petrobras, com efeito devastador sobre ela e em benefício para as estrangeiras.
Marina Silva demonstra ignorar o que é a Idade do Petróleo, que lhe parece restringir-se à energia. Hoje o petróleo está, e estará cada vez mais, por muito tempo, na liderança das matérias-primas mais usadas no mundo. Os seus derivados estão na indústria dos plásticos que nos inundam a vida, na produção química que vai das tintas aos alimentos (pelos fertilizantes), na indústria farmacêutica e na de cosméticos, na pavimentação, nos tecidos, enfim, parte do homem atual é de petróleo. Apesar de Marina da Silva. Cuja proposta para o petróleo significaria, em última instância, a carência e importação do que o Brasil possui.
A Petrobras é o tema predileto de Aécio Neves nos últimos meses. Não em ataque a possíveis atos e autores de corrupção na empresa, mas à empresa, sem diferenciação. Que seja por distraída simplificação, vá lá. Mas, além do que está implícito na candidatura pelo PSDB, Aécio Neves tem como ideólogo, já anunciado para principal figura do eventual ministerial, Armínio Fraga — consagrado como especialista em aplicações financeiras, privatista absoluto e presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique, ou seja, quando da pretensão de privatizar a Petrobras.
A propósito, no debate pela TV Bandeirantes, Dilma Rousseff citou a tentativa de mudança do nome Petrobras para Petrobrax, no governo Fernando Henrique, e atribuiu-a à conveniência de pronúncia no exterior. Assim foi, de fato, a ridícula explicação dada por Philipe Reichstuhl, então presidente da empresa. Mas quem pronuncia o S até no nome do país, com States, não teme o S de Petrobras. A mudança era uma providência preparatória. Destinava-se a retirar antes de tudo, por seu potencial gerador de reações à desnacionalização, a carga sentimental ou cívica assinalada no sufixo “bras”.
Ainda a propósito de Petrobras, e oportuno também pelo agosto de Getúlio, no vol. “Agosto – 1954″ da trilogia “A Era Vargas”, em edição agora enriquecida pelo jornalista José Augusto Ribeiro, está um episódio tão singelo quanto sugestivo. Incomodado com o uso feroz da TV Tupi por Carlos Lacerda, o general Mozart Dornelles, da Casa Civil da Presidência, foi conversar a respeito com Assis Chateaubriand, dono da emissora. Resposta ouvida pelo general (pai do hoje senador e candidato a vice no Rio, Francisco Dornelles): se Getúlio desistisse da Petrobras, em criação na época, o uso das tevês passaria de Lacerda para quem o presidente indicasse. De lá para cá, os diálogos em torno da Petrobras mudaram; sua finalidade, nem tanto.
De volta aos projetos de governo, Marina e Aécio desejam uma posição brasileira que, por si só, expressa toda uma política exterior. Pretendem o esvaziamento do empenho na consolidação do Mercosul, passando à prática de acordos bilaterais. Como os Estados Unidos há anos pressionam para que seja a política geral da América do Sul e, em especial, a do Brasil.
Em política interna, tudo se define, igualmente para ambos, em dois segmentos que condicionam toda a administração federal e seus efeitos na sociedade. Um, é o Banco Central dito independente; outro, é a prioridade absoluta à inflação mínima (com essa intenção, mas sem o êxito desejado, Armínio Fraga chegou a elevar os juros a 45% em 1999) e contenção de gastos para obter o chamado superavit primário elevado. É prioridade já conhecida no Brasil.
Pelo visto, Marina e Aécio disputam para ver quem dos dois, se eleito, fará o que o derrotado deseja.

POLÍTICA - Marina e o pastor Malafaia.


Marina vai se ajoelhar para Malafaia?

Por Altamiro Borges

A tentativa de Marina Silva de pairar acima das divergências e de agradar a todos, como reza a sua cartilha da “nova política”, promete dar muita dor de cabeça à presidenciável e ao seu partido-carona, o PSB. Nesta sexta-feira (29), a sigla divulgou a sua plataforma eleitoral – redigida por Neca Setubal, uma das herdeiras do Banco Itaú. O programa tem inúmeras lacunas e retrocessos, mas um tema gerou imediata reação. No item sobre os direitos dos homossexuais, ele se comprometia com sensíveis avanços. Mas diante da gritaria histérica do pastor Silas Malafaia, que havia sinalizado dar apoio a também evangélica Marina Silva, a candidata logo vacilou nas propostas e prometeu rever o programa.
“Irado, possuído e desvairado”, como registrou o blogueiro Paulo Nogueira, o pastor homofóbico afirmou em sua conta no Twitter que se sentia traído e que iria rever seu apoio na disputa presidencial. Para ele, são inadmissíveis as ideias, contidas no programa do PSB, de reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo, do direito à adoção de crianças por casais gays e da criminalização da homofobia. O alvo principal do ódio fundamentalista foi o projeto de lei número 122, que criminaliza a homofobia. “A coisa mais vergonhosa é querer trazer de volta o PLC-122. Levamos setes anos para derrotar esse lixo moral. Absurdo!”, esbravejou Silas Malafaia.

Em nota oficial, Marina Silva logo fez questão de se justificar – e de se ajoelhar – diante do temido “pastor”, temendo os impactos negativos entre os milhões de eleitores evangélicos. Afirmou que o programa ainda está em processo de elaboração. Mesmo assim, ela reafirmou alguns pontos essenciais do programa. Nova bronca de Silas Malafaia: “Marina pensa que o povo de Deus é idiota. Corrigiu palavras, mas a essência é a mesma. Pior, cheia de subjetividades”. E ele ainda ameaçou: “Se Marina não se posicionar até segunda, na terça será a mais dura e contundente fala que já dei até hoje sobre um candidato a presidente”. Como se comportará a candidata da “nova política” e dos sonháticos?

Para o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), a principal referência do movimento LGBT no Congresso Nacional, a postura acovardada de Marina Silva confirma que ela não tem a menor condição de ser presidente do Brasil. Num texto incisivo postado em sua conta no Facebook, ele tirou a máscara da candidata-carona. “Marina, você não merece a confiança do povo brasileiro! Você mentiu a todos nós e brincou com a esperança de milhões de pessoas”. Vale conferir a íntegra do seu artigo:

POLÍTICA - Marina e o PNE.

Marina e o Plano Nacional de Educação

Por Theófilo Rodrigues, no blog Conexão Cultura e Política:

O anúncio de que o programa da candidata Marina Silva pretende reduzir os investimentos no pré-sal foi um verdadeiro balde de gelo – para usar uma expressão da moda – nos defensores da educação pública e do Plano Nacional de Educação.

O Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado neste ano é o principal documento norteador das políticas públicas de educação do país. Entre suas 20 metas para os próximos 10 anos consta que o investimento público em educação deverá alcançar 7% do PIB em 2019 e 10% do PIB em 2024. Hoje o investimento público em educação está em aproximadamente 6% do PIB.
Como podemos observar, a maior dificuldade do PNE não será sair dos 6% de 2014 para 7% em 2019. O maior problema será passar dos 7% de 2019 para 10% em 2024. E é aí que mora o perigo da proposta de Marina Silva de redução dos investimentos do pré-sal.

Como sabemos, o pré-sal é a principal fonte de financiamento para os 10% do PIB em educação. Após muita pressão da sociedade civil e dos movimentos sociais o Congresso Nacional aprovou em 2013 que 75% dos royalties e 50% do fundo social do pré-sal serão destinados à educação.

Marina Silva já anunciou que se for eleita não disputará a reeleição. Ou seja, sairá do governo em 2018. Se eleita, Marina não terá dificuldade em alcançar a meta de 7% do PIB em 2019. O problema estará no legado que deixará para seu sucessor. Sem o pré-sal nenhum presidente que a suceder conseguirá alcançar a meta de investir 10% do PIB em 2024. Marina não criará um problema para seu próprio governo, mas sim para o futuro do Brasil.

Tive a curiosidade de ler as mais de 240 páginas que constituem o programa de governo de Marina para saber o que ela realmente propõe para a área. De fato, o documento afirma na página 114 que seu governo irá “acelerar a implementação do Plano Nacional da Educação (PNE), que prevê a destinação de 10% do PIB à educação” e que para isso irá “aplicar os repasses à educação de parcela dos royalties do petróleo das áreas já concedidas e das do pré-sal”.

O problema, portanto, não está no seu programa, mas sim na sua declaração contraditória que vem sendo repetida à exaustão de que irá reduzir consideravelmente os investimentos da Petrobras no pré-sal para investir mais no etanol como fonte energética. Ademais, a candidata propõe que o orçamento do Ministério da Saúde suba para 10% do PIB, que o orçamento do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação alcance 2% do PIB e que também seja ampliado o orçamento do Ministério da Cultura.

Resta saber como Marina fará tudo isso sem o pré-sal e com uma política econômica de redução de gastos públicos, de manutenção de um elevado superávit primário e de autonomia do Banco Central. Para o bom debate público é bom que a candidata se explique.

* Theófilo Rodrigues é cientista político.

POLÍTICA - As mil faces de Marina.

As mil faces de Marina Silva

Por Guilherme Santos Mello, no site Brasil Debate:

Em política, uma imagem vale mais que mil palavras. A construção da imagem política é um processo lento, que exige a repetição contínua de alguns mantras e a obstinação de seus seguidores.

Uma vez construída, a desestruturação da imagem de um partido ou candidato pode se provar difícil de se consumar, mesmo com bons argumentos para isso.
No caso do PT, por exemplo, ao longo de sua história constituíram-se duas fortes imagens vinculadas ao partido: a de guardião da ética na política e a de defensor dos mais pobres e trabalhadores.

A primeira imagem, formada enquanto o PT se encontrava na oposição, foi fortemente abalada por alguns escândalos de corrupção ocorridos nas gestões petistas.

Mesmo assim, até hoje o PT não representa, no imaginário da maior parte da população (excluindo-se aí parcelas tipicamente anti-petistas), um partido corrupto, apesar do bombardeio midiático incessante contra a agremiação partidária.

Por outro lado, a imagem de partido defensor dos interesses dos pobres e trabalhadores apenas se reforçou com os quase 12 anos de governo petista à frente da Presidência da República.

Projeto próprio

No caso de Marina Silva, a construção de sua imagem é mais recente. Após cumprir mandato no Senado pelo PT e ser ministra do Meio Ambiente de Lula, Marina abandonou o partido em busca da construção de um projeto político próprio.

Sua histórica ligação com as causas ambientais iniciaram a construção da imagem de uma militante verde, que apenas se reforçou com seu ingresso e candidatura federal pelo Partido Verde.

No entanto, a causa ambiental, apesar de possuir forte apelo em parcelas da juventude, é insuficiente para construir uma imagem política forte para gabaritar alguém a assumir o cargo máximo da república.

Novidade política?

Sendo assim, outro fator teve que ser agregado à imagem de Marina ao longo dos últimos anos: a de novidade política que propõe uma ruptura com o sistema político atual.

Com essas duas imagens construídas, Marina Silva parece conquistar parte significava da juventude de classe média alta das grandes cidades, que se preocupam com a questão ambiental e gostariam de ver uma nova ordem política no País.

Neste momento em que Marina mais uma vez se lança à Presidência da República, nos cabe perguntar: qual o conteúdo por trás de sua imagem?

De galho em galho

Pois vejamos: do ponto de vista político, Marina é uma ex-petista que, após sua saída do PT, passou pelo PV, do qual fez uso como plataforma para organizar sua campanha.

Após desavenças no PV, tentou fundar um novo partido a tempo de servir como plataforma eleitoral para seu renovado projeto eleitoral. Não tendo êxito nesta empreitada, aceitou aderir ao PSB para ser capaz de manter seu projeto de poder vivo.

O projeto político de Marina Silva parece ser a ascensão ao poder de Marina Silva, independente de por qual partido isso ocorra.

Nada mais tradicional no jogo de poder da política brasileira do que políticos com projetos pessoais de poder, independentemente de partidos e base social, como o caso aqui descrito.

Além disso, Marina é incapaz de explicar como irá governar sem o apoio dos principais partidos políticos constituídos, se valendo de frases de efeito como “governar com os melhores”, que não possuem aderência à realidade do modelo político brasileiro.

Discurso frágil

O fato de sua campanha ser liderada pela família Bornhausen em Santa Catarina e por Heráclito Fortes no Piauí, ambos conservadores políticos tradicionais ex-integrandes do DEM, demonstra a fragilidade do discurso marinista.

Do ponto de vista econômico, Marina Silva não representa nenhuma novidade no debate público. Suas posições sobre o tema, até o momento, são repetições do discurso liberal de Eduardo Giannetti, seu assessor econômico ligado historicamente ao PSDB.

Em
recentes declarações, Gianetti tem repetido para quem quiser ouvir que o projeto econômico de Marina é basicamente o mesmo que o projeto de Aécio Neves, o que ao contrário de representar uma novidade, parece apontar para um retorno ao modelo econômico do governo FHC.

A defesa da redução do papel do Estado, do corte de gastos (inclusive de gastos sociais) e do controle radical da inflação, mesmo que as custas de maior desemprego e de uma recessão, foram plenamente incorporadas no discurso de Marina.

Dúbia e conservadora

Por fim, do ponto de vista dos valores, Marina representa o completo oposto da renovação, possuindo opiniões bastante conservadoras sob qualquer prisma que se analise.

Sua postura sobre aborto, combate às drogas, criminalização da homofobia dentre outros tópicos polêmicos a tornam a candidata mais conservadora do pleito atual no que diz respeito ao debate sobre costumes.

Sua formação evangélica, que lhe serve como base de sustentação política, permite que mantenha em público um discurso dúbio sobre temas polêmicos (como sua proposta de realizar um plebiscito para discutir a questão do aborto), mantendo assim seu eleitorado evangélico ao mesmo tempo em que sinaliza alguma esperança aos eleitores mais progressistas.

Imagem e semelhança

Ao final, o que sobra de novidade em Marina? Apesar de incorporar ao seu discurso a temática ambiental, em todas as outras áreas Marina se parece muito com um político tradicional.

Politicamente, muda de partido com o objetivo de viabilizar seu projeto pessoal de poder. Economicamente, se alinha ao discurso liberal do PSDB, se valendo de ex-tucanos como seus principais assessores.

No quesito dos valores, adota posturas conservadoras e as minimiza posteriormente para agradar algumas parcelas da juventude mais progressista.

Em caso de vitória eleitoral, um possível governo Marina Silva se veria diante do seguinte dilema: garantir governabilidade se apoiando em setores políticos tradicionais dentro e fora do Congresso, o que equivaleria a uma traição aos eleitores que apostaram na ideia de que é possível fazer política de uma forma “nova”; ou honrar seus compromissos com o eleitorado e não ter força política para governar, caindo no risco de paralisia governamental ou mesmo instabilidade institucional.

Caso resolva construir uma aliança com os setores tradicionais,suas recentes declarações e seus apoiadores atuais nos fazem crer que seu governo se aliará aos interesses dos bancos, do mercado financeiro e de parcelas do empresariado, enquanto no Congresso Nacional se verá obrigada a amarrar uma aliança que conte ao menos com o PSDB e o PMDB para lhe garantir governabilidade. O que há de “novo” nessas alianças de poder?

Não seria esse arco de sustentação o retorno à velha coalizão liberal de FHC? Talvez isso explique o recente abandono do ex-presidente ao candidato de seu partido e suas declarações de apoio velado à Marina Silva.

Apesar de seu discurso e suas ações não corresponderem à sua imagem, será difícil a seus adversários desconstruir o mito Marina Silva.

Além de haver pouco tempo de campanha eleitoral, a candidata dificilmente irá assumir posturas muito claras na maior parte do debate, mantendo-se como um “espectro” inatacável. Caso se mantenha bem posicionada nas pesquisas, dificilmente tal espectro irá se materializar em verdadeiros compromissos políticos, seja com os eleitores, seja com outros partidos políticos.

Caso, no entanto, a população passe a duvidar da imagem de Marina, ela terá que se materializar, sair do campo das ideias dúbias e assumir algumas posições concretas. Se isto ocorrer, o “mito” Marina Silva estará seriamente ameaçado, pois suas contradições podem vir à tona e torná-la apenas mais uma dessas boas ideais que se desmancham no ar.

POLÍTICA - Que programa mais reacionário!

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O pacote reacionário de Marina, por Ricardo Amaral


Nada é mais antigo e reacionário nessa campanha eleitoral do que as propostas de Marina Silva, do PSB, para “uma nova política”. São seis pontos apresentados no primeiro capítulo do programa de governo divulgado sexta-feira. Cinco deles formam um conjunto de retrocessos democráticos e casuísmos. A agenda da direita está toda lá, do voto distrital ao financiamento privado de campanhas. O sexto ponto, em contradição, copia propostas do PT.
Marina “inova” a agenda da direita com a proposta de só realizar eleições a cada cinco anos, para todos os cargos de uma vez. Nem a ditadura militar calou a voz das urnas por períodos tão longos.  É uma ideia típica de quem tem um conceito “gerencial” do Estado e do processo democrático. É como dizer: “Não perturbem o país com eleições de dois em dois anos; isso atrapalha o governo dos bons e dos eficientes”.
As propostas reacionárias da “nova politica” vêm embrulhadas num texto de chavões “modernos”: “Estado e Democracia de Alta Intensidade”. Democracia não combina com adjetivos. Houve um tempo em que o Brasil era uma “democracia relativa”, e não passava de uma ditadura. Democracia é algo substantivo; ou se pratica ou não se pratica. No Brasil, custou vidas, lágrimas e luta. Não é pra brincar.
Assim como o título, o texto é vazado em embromation castiço. Aqui vão as seis propostas da candidata, traduzidas para o mundo real:
Proposta 1: “Unificação do calendário geral das eleições, o fim da reeleição e a adoção dos mandatos de 5 anos”.
Tradução: Fazer menos eleições (e não perturbar o governo dos bons)
Durante 5 anos o eleitorado simplesmente não se pronuncia sobre nada. E de uma só vez troca o executivo em todos os níveis (pois não há reeleição), ao mesmo tempo em que elege vereador, deputado estadual, deputado federal e senador.  Nem na ditadura o Brasil passou cinco anos seguidos sem ter eleições em algum nível; sem ouvir a voz das urnas.
A fórmula Marina implica necessariamente em alguma prorrogação de mandatos (dos atuais prefeitos e vereadores, ou dos parlamentares governadores e presidente eleitos este ano). Só a ditadura fez isso, ao prorrogar por dois anos os mandatos de prefeitos e vereadores, quando adiou as eleições municipais de 1980.
O fim da reeleição é hoje uma bandeira do PSDB, que a implantou corrompendo o Congresso em 1997. O argumento para extingui-la é que o governante cuidaria apenas da administração, sem desvirtuá-la com o propósito de buscar a reeleição. E o que o impediria de “desvirtuá-la” para eleger o sucessor?  Marketagem reversa de tucano. Demagogia de sonhático.
Proposta 2: “Fortalecimento dos mecanismos de transparência nas doações para campanhas eleitorais”.
Tradução: Financiamento privado de campanhas (inclusive por empresas)
O documento original da campanha (as “Diretrizes” do PSB) dizia que tais mecanismos seriam necessários para “baratear as campanhas”. A expressão grosseira saiu do texto, mas o caráter da proposta não mudou: Marina é contra o financiamento público de campanhas, uma proposta do PT, e a favor das doações de empresas.
O financiamento público de campanha é a proposta mais radical e eficaz para reduzir a influência do poder econômico no processo eleitoral. Marina rejeita doações da indústria bélica e de bebidas, mas não vê problema em ser financiada por um grande banco e por uma indústria de cosméticos com interesses diretos na administração federal.
Em abril deste ano, seis ministros do STF (a maioria) votaram favoravelmente à proibição de doações de empresas. Mesmo com o placar definido, o julgamento foi suspenso por um pedido de vistas de Gilmar Mendes, ministro indicado pelo PSDB, partido que é contra a proibição e contra o financiamento público. O vice de Marina, Beto Albuquerque, também se manifestou em abril contra a proibição.
Ao longo da última década, o TSE vem apertando os mecanismos de controle das campanhas, com as prestações de contas antecipadas e registro on-line de doações. São esses mecanismos que ameaçam o registro da candidatura do PSB, por não ter declarado à Justiça Eleitoral o uso (Por empréstimo? Doação irregular? Aluguel no fiado?) do avião que caiu em Santos. Antes de propor “mais transparência” seria melhor esclarecer esse caso.
Proposta 3: “Novos critérios na ordem dos eleitos para cargos proporcionais, buscando aproximação da “Verdade Eleitoral”, conceito segundo o qual os candidatos mais votados são os eleitos”.
TraduçãoAdotar o Voto Distrital Puro (e despolitizar o Legislativo)
“Verdade Eleitoral” é o nome falso para voto distrital puro, que o programa de Marina não tem coragem de mencionar.
O voto distrital é o único sistema que permite a eleição do candidato mais votado, sem levar em conta a votação de seu partido ou coligação. É o modelo do “ganhador leva tudo”, típico da cultura política dos EUA e matriz de seu Congresso paroquial e reacionário, com representantes altamente vulneráveis ao poder econômico.
É uma proposta francamente despolitizadora, defendida no Brasil pelo PSDB e pela direita.  Um retrocesso que rebaixa a disputa politica geral ao nível das questões locais.
O programa da candidata sequer  apresenta o argumento (legítimo) dos que defendem o voto distrital:  este modelo  supostamente aproxima representantes de representados, o que não ocorreria com o voto proporcional, adotado no Brasil..
Proposta 4: “Inscrição de candidaturas avulsas aos cargos proporcionais, mediante requisitos a definir”.
Tradução: Enfraquecer os partidos (e fortalecer candidatos antipolíticos).
Na versão original do programa, as “Diretrizes” do PSB, não estava limitada às eleições proporcionais. Houve um recuo aí. O argumento a favor da candidatura avulsa é “quebrar o monopólio dos partidos na representação política”.
Idealmente, permite a eleição  de candidatos apoiados por movimentos e setores sociais. Na prática, favorece candidatos com alta exposição pública, grande poder econômico, ou  representantes de “causas”, que hoje se elegem dentro da estrutura partidária. A diferença é que seus votos não contribuiriam mais para a formação do quociente eleitoral dos partidos, não somariam para eleger candidatos menos votados. 
A candidatura avulsa existe na maioria dos países, normalmente limitada ao Legislativo. Não é uma ideia antidemocrática em si, mas é uma resposta enganosa e despolitizada à questão da representatividade do Legislativo.
Proposta 5: “Redefinir o tempo de propaganda eleitoral com base em novos critérios, visando a melhorar a representatividade da sociedade brasileira nos parlamentos”.
Tradução: Tratar igualmente os desiguais (e valorizar o mercado de TV).
O critério hoje é: parte do tempo de propaganda eleitoral é distribuída igualmente entre os partidos com funcionamento na Câmara. Ao tempo mínimo de cada um acrescenta-se um tempo proporcional ao tamanho das bancadas e coligações.
Pode-se rediscutir a proporção entre o tempo mínimo e o tempo  proporcional ao tamanho das bancadas, mas não há critério mais democrático do que o vigente.
Mudar o critério só pode levar a dois caminhos:
1)    Distribuir todo o tempo de acordo com o tamanho das bancadas.
2)    Distribuir o tempo em fatias iguais, desde o PPL até o PMDB.
Ambos são menos democráticos que o critério atual, e nenhum deles nos levaria a “melhorar a representatividade da sociedade brasileira nos parlamentos”.
É  lícito supor que Marina se incline pelo segundo caminho.  Nesse caso, estaria igualando os desiguais, desrespeitando a representatividade conquistada por cada partido nas urnas.  O PT, que é o alvo implícito da proposta, já foi um partido pequeno, com pouco tempo de TV, da mesma forma que DEM e PSDB foram grandes um dia. Quem definiu o tamanho das bancadas atuais foi o eleitor.
Na prática, a proposta beneficiaria as pequenas legendas, tanto as ideológicas quanto as legendas de aluguel, que teriam seu capital muito valorizado.
Em Português dos tempos da luta contra a ditadura:  é um casuísmo.
Proposta 6: “Permitir a convocação de plebiscitos e referendos pelo povo e facilitar a iniciativa popular de leis, mediante a redução de assinaturas necessárias e da possibilidade de registro das assinaturas eletrônicas.”
Tradução: Enfeitar o pacote conservador (com propostas copiadas do PT)
Plebiscitos e referendos são instrumentos históricos da democracia, previstos na Constituição, porém raramente praticados no Brasil. Hoje, quem tem poder convocá-los é o Congresso. A ideia de convocá-los por iniciativa popular consta do programa do PT desde os tempos em que Marina era filiada ao partido. O PT também propõe incentivar a proposição de leis por iniciativa popular.
Na campanha de 2010, Marina Silva recorreu ao plebiscito para se livrar de questões embaraçosas, como a descriminalização do aborto. Cuidado: plebiscito não é Doril, que se toma pra qualquer dor-de-cabeça. É para decidir sobre grandes questões nacionais, e não para lavar as mãos do governante que não tem coragem de assumir suas posições.

sábado, 30 de agosto de 2014

PETRÓLEO - Acho que a Marina deu "um tiro no pé".


Marina já é manipulada pelo capital estrangeiro para entregar o pré-sal.


Dilma tem visão estratégica para enfrentar os interesses mundiais do mercado do petróleo, e garantir a riqueza finita para a educação e saúde. Marina já está sendo manipulada para entregar o pré-sal aos interesses do capital estrangeiro. O Brasil perderia o bonde do ciclo econômico do pré-sal, se Marina vencesse.

Agora vou falar mais como cidadão, porque agora Marina Silva (PSB) pisou no meu calo, aliás pisou no pescoço, cabeça de todo cidadão brasileiro, quando colocou em seu programa de governo que o pré-sal não é prioridade.

Agora virou questão de segurança nacional, de crime de lesa-pátria.

Já chega aquela proposta indecente de colocar o Banco Central para ser filial do Banco Itaú, sob disfarce de ser "independente".

O petróleo do pré-sal significa trilhões para educação nos próximos anos e décadas. Não é esperança, não é sonho, como a Marina Silva gosta de dizer. É garantia por lei, aprovada por Dilma, de que este dinheiro vai entrar no orçamento da educação (e ainda tem os 25% que vai para a saúde).

Quanto mais o pré-sal produzir, mais a educação e a saúde vão ter dinheiro, e teremos um outro país, transformado, desenvolvido, com o povo rico e altamente educado, sem pobreza.

Se o jovem brasileiro de 2014 já estudou bem mais do que o de 2002, com o monte de oportunidades e vagas que já foram abertas, imagine a criança de hoje que será jovem em 2020, 2025? Terá uma formação muito melhor, com uma escola melhor, com professores mais bem pagos, bem motivados, bem preparados. E isso é realidade, não é sonho, porque o pré-sal já produz 540 mil barris ao dia, e a produção não para de crescer. E não parará de crescer em ritmo acelerado até a próxima década, pelo menos se Dilma for reeleita.

E não é só o petróleo que tem valor. Ele impulsiona a indústria naval, de sondas, de máquinas, de instrumentos eletrônicos e mecânicos, de centenas de setores da economia, tudo isso na indústria nacional, gerando empregos aqui para engenheiros, técnicos, operários, prestados de serviços de todo tipo.

A engenharia brasileira é outra quando se faz tecnologia aqui. Em vez do engenheiro trabalhar em burocracia, vendas ou fora de sua área, com em bancos, ele mete a mão na massa na tecnologia. Aprende, desenvolve, pesquisa, descobre, tira patentes. Move a economia do conhecimento na alta tecnologia.

Toda essa tecnologia desenvolvida em mãos de brasileiros não serve apenas para a indústria petrolífera, porque o conhecimento acaba aplicado a outros setores. Pesquisas robóticas em águas profundas desenvolve conhecimento para tecnologia aeroespacial, por exemplo. Braços mecânicos no fundo do mar tem o mesmo princípio dos usados em estações espaciais, e são tecnologias usadas em linhas de montagem robotizadas de carros.

Mas os prejuízos que o Brasil terá se o pré-sal não for prioridade não param por aí. O petróleo é cobiçado no mundo todo, mas as grandes petroleiras estrangeiras tem uma política própria delas de impor o ritmo de extração para ganhar mais dinheiro, mantendo o preço do barril caro. Para elas seria interessante atrasar a extração do pré-sal brasileiro, mantendo-o como reserva para elas explorarem mais à frente quando os países produtores de petróleo invadidos como Iraque, Líbia e outros já tiverem dado o que tinham que dar.

O melhor dos mundos para as petroleiras estrangeiras seria ficar sentada em cima do pré-sal brasileiro. Ter as reservas para elas, sem a Petrobras explorar fazendo concorrência.

Se a Petrobras também produz, outras petroleiras acabam contendo sua produção no Iraque, na Líbia, etc. para não abarrotar o mercado mundial e derrubar o preço do barril, fazendo diminuir seus lucros. A desastrosa proposta de governo de Marina Silva vai de encontro ao interesse destas petroleiras e contra os interesses do povo brasileiro.

Mas o amigo pode perguntar? E a emissão de poluentes do petróleo? Vale a pena ganhar dinheiro do pré-sal e detonar o planeta? A resposta é que nem de longe é isso que está em jogo, mas é com este discurso rastaquera que querem manipular Marina Silva para nos fazer de bobos.

Quem salva o planeta é a redução do consumo de petróleo, e a fatia do leão deste consumo está nos países ricos e na China. O Brasil está fazendo sua parte na redução de emissões de carbono. Tornou-se um dos países que mais tem reduzido, exemplo para o mundo.

As necessidades de consumo de petróleo mundial serão reduzidas ao longo das próximas décadas, mas terão que ser supridas de uma forma ou de outra, com pré-sal ou sem pré-sal, com a Petrobras ou sem ela. É um combustível ainda indispensável pelas próximas décadas.

Não faz o menor sentido a Petrobras ser a única a fechar as portas, enquanto outras empresas estrangeiras ocupariam o lugar dela e ficariam com o dinheiro que deixaria de entrar para o povo brasileiro.

Além disso, a Petrobras tem a curto prazo o pré-sal como prioridade. Mas a empresa já tem em seu plano de longo prazo não ser apenas uma petroleira. Com o tempo será uma empresa de energia em geral, cada vez produzindo mais energia limpa e de fontes diferentes. Para isso ela precisa investir muito em pesquisa científica e tecnológica. É o dinheiro do pré-sal no presente que garante as verbas para pesquisa e que garantirão o futuro.