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Ação histórica na porta de Obama
A Sierra Club, uma das mais antigas e influentes organizações ambientalistas dos EUA, reforçou os protestos contra o oleoduto Keystone XL, que aguarda aval da administração de Obama. O projeto é controverso pois permitirá a exploração das areias betuminosas canadenses, consideradas a fonte de petróleo mais suja do planeta. Por Amy Goodman
Amy Goodman*
Pela primeira vez em seus 120 anos de história, o Sierra Club, uma das mais antigas e influentes organizações ambientalistas dos EUA, se engajou na desobediência civil, um dia depois que o presidente Barack Obama pronunciou seu discurso do ''Estado da União''(State of Union). O grupo juntou forças com outros para protestar contra o oleoduto Keystone XL, que aguarda uma permissão da administração de Obama. O presidente fez em seu discurso promessas de tratar da crescente ameaça das mudanças climáticas. Mas serão necessárias mais do que palavras para salvar o planeta da perturbação climática induzida pelos humanos: será preciso um crescente movimento diversificado direcionado a Casa Branca com o intuito de demandar ações significativas.
O oleoduto Keystone XL é especialmente controverso pois permitirá a exploração das areias betuminosas canadenses, consideradas a fonte de petróleo mais suja do planeta. Uma das principais vozes que têm alertado sobre a mudança climática, James Hansen, diretor do Instituto de Estudos Espaciais Goddard da NASA, escreveu sobre as areias betuminosas no The New York Times ano passado, ''se o Canada prosseguir, e não fizermos nada, será o game over para o clima''. Uma nova pesquisa sem fins lucrativos realizada pelo Oil Change International indica que o impacto potencial das areias betuminosas será até mesmo pior do que acreditavam. Pelo fato do oleoduto atravessar a fronteira entre os EUA e o Canada, sua proprietária, a TranCanada Corp., precisa receber permissão do Departamento de Estado dos EUA.
Entre aqueles que foram presos do lado de fora da Casa Branca estava Julian Bond, ex-presidente da NAACP. Bond disse, “a ameaça ao clima do nosso planeta é grave e urgente. (…) Hoje me sinto orgulhoso de estar diante de meus companheiros e declarar, ‘estou disposto a ir para a prisão para interromper este equívoco.’ A crise ambiental que enfrentamos hoje demanda nada menos do que isso”
Duas semanas de protestos na Casa Branca no verão de 2011 levaram à prisão 1252 pessoas. Depois, em Novembro, milhares de pessoas cercaram o nº1600 da Avenida Pennsylvania para reivindicar a revogação da permissão para o Keystone XL. Alguns dias depois, o presidente Obama anunciou que adiaria a decisão para 2013, depois das eleições. Mais tarde, ele concedeu permissão para que fosse construída a perna sul do oleoduto, que vai do Oklahoma ao Texas. Esta decisão desencadeou protestos de proprietários de terra e ambientalistas, incluindo uma ação direta não-violenta na forma de um bloqueio, com pessoas acorrentadas aos equipamentos do oleoduto e ocupando as terras com acampamentos entre as árvores para deter a construção.
Mais cedo, durante o processo de permissão, aquela que seria a Secretária de Estado, Hillary Clinton, disse que estava propensa a aprovar o oleoduto, ainda que a revisão do mandatário do Departamento de Estado estivesse incompleta. A controvérsia eclodiu quando o The Washington Post relatou que o lobista que defendia o oleoduto em Washington, Paul Elliot, era um funcionário sênior na campanha presidencial de 2008 de Hillary Clinton. A Agência de Proteção Ambiental do EUA (EPA), comandada por uma nomeada de Obama, Lisa Jackson, foi uma crítica do oleoduto. Quando Jackson se demitiu inesperadamente dezembro passado, o New york Post relatou, baseado em um “informante anônimo”, “ela não será a comandante da EPA quando Obama apoiar a construção de Keystone.'' Jackson negou estas alegações.
Em seu discurso do Estado da União, Obama deu esperanças àqueles preocupados com o aquecimento global, “Pelo bem de nossos filhos e de nosso futuro, devemos fazer mais para combater as mudanças climáticas. (...) Nós podemos escolher acreditar que o furacão Sandy; e que a seca mais severa em décadas, e os piores incêndios florestais que alguns estados já presenciaram foram apenas uma terrível coincidência. Ou podemos acreditar no irresistível julgamento da ciência - e agir antes que seja tarde.”
O fim de semana do Dia do Presidente verá o que se espera ser o maior protesto contra as mudanças climáticas na história, chamado de ''Para Frente pelo Clima''. 135 organizações participarão, incluindo o Sierra Club, a Rede indígena do Meio Ambiente e a 350.org. O Sierra Club é uma das maiores e mais poderosas organizações ambientais do mundo. Sua decisão de participar na desobediência civil sinaliza uma grande escalada no movimento para conter a mudança climática, reavivando as palavras do primeiro presidente do Sierra Club, John Muit, que escreveu em 1892, ''espero que sejamos capazes de fazer algo pela vida selvagem e de fazer as montanhas felizes''
*Amy Goodman é âncora do ''Democracy Now!,'' um noticiário via TV e rádio internacional diário transmitido em mais de mil estações de rádio na América do Norte. Ela é co-autora do 'O Maioria Silenciada,'' um best-seller do New York Times.
Tradução por Roberto Brilhante
O oleoduto Keystone XL é especialmente controverso pois permitirá a exploração das areias betuminosas canadenses, consideradas a fonte de petróleo mais suja do planeta. Uma das principais vozes que têm alertado sobre a mudança climática, James Hansen, diretor do Instituto de Estudos Espaciais Goddard da NASA, escreveu sobre as areias betuminosas no The New York Times ano passado, ''se o Canada prosseguir, e não fizermos nada, será o game over para o clima''. Uma nova pesquisa sem fins lucrativos realizada pelo Oil Change International indica que o impacto potencial das areias betuminosas será até mesmo pior do que acreditavam. Pelo fato do oleoduto atravessar a fronteira entre os EUA e o Canada, sua proprietária, a TranCanada Corp., precisa receber permissão do Departamento de Estado dos EUA.
Entre aqueles que foram presos do lado de fora da Casa Branca estava Julian Bond, ex-presidente da NAACP. Bond disse, “a ameaça ao clima do nosso planeta é grave e urgente. (…) Hoje me sinto orgulhoso de estar diante de meus companheiros e declarar, ‘estou disposto a ir para a prisão para interromper este equívoco.’ A crise ambiental que enfrentamos hoje demanda nada menos do que isso”
Duas semanas de protestos na Casa Branca no verão de 2011 levaram à prisão 1252 pessoas. Depois, em Novembro, milhares de pessoas cercaram o nº1600 da Avenida Pennsylvania para reivindicar a revogação da permissão para o Keystone XL. Alguns dias depois, o presidente Obama anunciou que adiaria a decisão para 2013, depois das eleições. Mais tarde, ele concedeu permissão para que fosse construída a perna sul do oleoduto, que vai do Oklahoma ao Texas. Esta decisão desencadeou protestos de proprietários de terra e ambientalistas, incluindo uma ação direta não-violenta na forma de um bloqueio, com pessoas acorrentadas aos equipamentos do oleoduto e ocupando as terras com acampamentos entre as árvores para deter a construção.
Mais cedo, durante o processo de permissão, aquela que seria a Secretária de Estado, Hillary Clinton, disse que estava propensa a aprovar o oleoduto, ainda que a revisão do mandatário do Departamento de Estado estivesse incompleta. A controvérsia eclodiu quando o The Washington Post relatou que o lobista que defendia o oleoduto em Washington, Paul Elliot, era um funcionário sênior na campanha presidencial de 2008 de Hillary Clinton. A Agência de Proteção Ambiental do EUA (EPA), comandada por uma nomeada de Obama, Lisa Jackson, foi uma crítica do oleoduto. Quando Jackson se demitiu inesperadamente dezembro passado, o New york Post relatou, baseado em um “informante anônimo”, “ela não será a comandante da EPA quando Obama apoiar a construção de Keystone.'' Jackson negou estas alegações.
Em seu discurso do Estado da União, Obama deu esperanças àqueles preocupados com o aquecimento global, “Pelo bem de nossos filhos e de nosso futuro, devemos fazer mais para combater as mudanças climáticas. (...) Nós podemos escolher acreditar que o furacão Sandy; e que a seca mais severa em décadas, e os piores incêndios florestais que alguns estados já presenciaram foram apenas uma terrível coincidência. Ou podemos acreditar no irresistível julgamento da ciência - e agir antes que seja tarde.”
O fim de semana do Dia do Presidente verá o que se espera ser o maior protesto contra as mudanças climáticas na história, chamado de ''Para Frente pelo Clima''. 135 organizações participarão, incluindo o Sierra Club, a Rede indígena do Meio Ambiente e a 350.org. O Sierra Club é uma das maiores e mais poderosas organizações ambientais do mundo. Sua decisão de participar na desobediência civil sinaliza uma grande escalada no movimento para conter a mudança climática, reavivando as palavras do primeiro presidente do Sierra Club, John Muit, que escreveu em 1892, ''espero que sejamos capazes de fazer algo pela vida selvagem e de fazer as montanhas felizes''
*Amy Goodman é âncora do ''Democracy Now!,'' um noticiário via TV e rádio internacional diário transmitido em mais de mil estações de rádio na América do Norte. Ela é co-autora do 'O Maioria Silenciada,'' um best-seller do New York Times.
Tradução por Roberto Brilhante
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