sexta-feira, 2 de abril de 2021

Um sincero arrependimento.

 

*_Isso sim, é uma demonstração de arrependimento digna de se considerar..._*
Em artigo na Folha de S.Paulo, a advogada e dramaturga Becky S. Korich faz um mea culpa por ter votado em Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2018:
"Aconteceu em outubro de 2018. 'Vai ver que mudando, as coisas melhoram', pensei. Constrangimento. Vontade de mudar de assunto. Todavia, me apoio na minha dignidade para ter a coragem de prosseguir com a assunção do meu erro, talvez assim eu durma melhor esta noite", escreve.
A autora reconstitui o que chama de "a cena do crime": "Olhei para os dois lados, dei um dane-se e apertei, primeiro o 1, depois o 7, formando o terrível 17 na tela da urna. Em seguida, cara a cara com o monstro, dei o tiro derradeiro apertando a tecla verde de *confirma*. Pronto, estava consumado o ato político mais estúpido que eu poderia ter cometido na vida. Saí da sala de votação a passos rápidos, olhando para baixo para não esbarrar com nenhum conhecido. Nem desconhecido eu tinha coragem de encarar".
"Enquanto formalizo a presente confissão, meus batimentos cardíacos se apressam. É uma vergonha com raiva e arrependimento, com sentimento de culpa. Raiva de mim, muita raiva dele".
"Raiva dele, muita raiva de mim. Respiro fundo para conseguir continuar. Peço-lhes apenas que não me julguem. Leio jornais, sou mulher direita, mãe de família e não estava sob efeito de drogas no fatídico outubro de 2018. E é justamente isso que agrava a minha culpa".
"Sou hoje coautora de crimes dolosos, por ter sido autora de um crime culposo em 2018. Carrego essa mácula. Perdoem-me, porque eu ainda não consegui me perdoar!".

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