quarta-feira, 3 de novembro de 2021

"Marighella".

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"Marighella causa hoje mais medo nessa galera do que quando estava vivo"
 
Quarta-feira, 03 de novembro de 2021
 
 
Marighella teve uma vida curta. Foi assassinado por militares em uma emboscada pouco antes de completar 58 anos, em 4 de novembro de 1969, não coincidentemente o mesmo dia de lançamento do filme que leva seu nome, dirigido por Wagner Moura, em 2021. Quer dizer, o filme já está pronto há tempos, mas enfrentou tanta resistência no Brasil que chega aos cinemas apenas dois anos depois do previsto.
Não que a resistência tenha acabado. Na última semana, o secretário Nacional de Cultura, Mario Frias, foi às redes sociais atacar o diretor, e uma militância digital insuflada pelas redes bolsonaristas está mobilizada contra o longa, mesmo sem tê-lo assistido.
Nós conversamos com Wagner Moura, que está dedicado à divulgação do filme e da figura que ele retrata: “O que eu puder fazer para aproximar o filme das pessoas pelas quais Marighella lutou, as pessoas veem na luta de Marighella a sua luta no Brasil de hoje... o que eu puder fazer, eu vou fazer”.
Em meia hora de entrevista, ele falou sobre os ataques que sofre do governo e do “calvário” por que passaram para conseguirem contar a história de Marighella. Foi nessa conversa que ele disse que “Marighella causa hoje mais medo nessa galera do que quando estava vivo”. Por que ele incomoda tanto, afinal?
Bom, trata-se de um revolucionário comunista que lutou contra a ditadura e “que sempre esteve ao lado dos mais pobres, dos mais fracos, dos oprimidos, dos trabalhadores, um lutador pelos direitos civis, um democrata”, como o define Wagner Moura. Mas quem explica melhor essa resistência é o próprio filme, já que conta sua história.
Além dos cinemas pelo Brasil todo, Marighella tem sessão especial neste sábado, em um assentamento do MST na cidade de Prado, na Bahia, um ato simbólico importante para “aproximar o filme das pessoas pelas quais Marighella lutou sempre”. O Brasil de Fato vai estar lá, e você pode acompanhar a cobertura nas nossas redes sociais e no nosso site.
A entrevista com Wagner Moura está disponível em vídeoem texto ou em áudio, nas principais plataformas de podcast.
Assentamento sob ataque
Lá onde acontece a exibição de Marighella no próximo sábado os moradores convivem com ataques atribuídos a grupos bolsonaristas da região. Esses vão muito além das redes sociais. Trabalhadores foram surpreendidos com um ataque a tiros no último domingo, foram perseguidos, tiveram armas apontadas contra suas cabeças e foram obrigados a caminhar entre uma plantação de eucalipto, vizinha ao assentamento. Ninguém ficou ferido, mas a população, evidentemente, está com medo. Aqui você pode ler mais e ver o momento do ataque ao assentamento Fabio Henrique em vídeo. E aqui tem a atualização do caso, que está sendo investigado.
Vergonha internacional
Enquanto o bolsonarismo ataca por aqui, o Bolsonaro em pessoa nos faz morrer de vergonha lá fora. Primeiro foi na reunião de cúpula do G20, em que ele colecionou atritos e evidenciou o isolamento em que colocou o Brasil. No Twitter, Guilherme Boulos chegou a dizer que Bolsonaro foi a Itália apenas para passear, já que não fez nada concreto pelo país.
Agora acontece a conferência do clima das Nações Unidas, a COP26, e o presidente brasileiro... não foi. Como o bolsonarismo trata o encontro? Deixamos para Ricardo Salles, o ex-ministro do Meio Ambiente que abriu a porteira para a boiada passar, responder: “Querem convencer que peido do boi é culpado do efeito estufa”.
Quem melhor representa o Brasil na COP é quem Bolsonaro ataca aqui dentro: os povos indígenas. A ativista Txai Suruí, coordenadora do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia, levou o Brasil que o governo insiste em esconder. Do povo Paiter Suruí, a jovem de 24 anos vive na Terra Indígena (TI) Uru-Eu-Wau-Wau, a maior do estado de Roraima, uma das três TIs mais ameaçadas entre fevereiro e abril de 2021. Txai convive com mortes, ameaças e invasões. Leia aqui como vive a indígena que discursou na COP26.
 
 

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