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Cannabrava | Reinado tucano: 26 anos de conchavos, contratos milionários e impunidade
Metade do tempo do PSBD à frente do estado de São Paulo foi sob Geraldo Alckmin – sem dúvida um dos mais habilidosos em permanência no poder
Lembro-me que quando FHC chegou ao poder em 1998; a intenção, para endireitar o Brasil, eram necessários pelo menos 30 anos. Foi com esse objetivo que introduziram a Emenda da Reeleição, literalmente comprada. Há muitos testemunhos sobre essa compra.
A Folha de São Paulo de 13 de maio de 1997 traz a confissão do deputado Ronivon Santana (PFL-AC) de que vendeu o voto por 200 mil reais. Assim como ele, foram vários. Nunca foi aberta uma CPI e ninguém até hoje foi punido.
O sonho de permanência no poder foi frustrado com a ascensão de Lula do PT com a ajuda de Brizola do PDT (que não é o PDT do Ciro). Derrotados, nunca perdoaram isso e tampouco esconderam a mágoa, transformada em ressentimento a gerar ódio, demonização do adversário. Aécio Neves até tentou impugnar a eleição de Dilma, para citar um só exemplo.
Os tucanos perderam a presidência, mas não perderam de vista o projeto neoliberal nem a estratégia de torná-lo hegemônico no país. Está explícito nos governos estaduais e no comportamento dos parlamentares
Lula reconhece que ganhou a eleição com ajuda do PDT de Brizola, que lhe transferiu 100% dos votos, caso único na história. Fez campanha com um discurso que apontava para uma certa direção e exerceu o mandato noutra, com a gestão econômica neoliberal. Progressista, mas neoliberal. Ganhou a eleição, mas não conquistou o poder.
Onde os tucanos se fizeram mais fortes foi em São Paulo. Assumiram o poder no estado com Mário Covas em 1995 e permanecem até hoje. 26 anos de reinado tucano, dos quais quase a metade exercida por Geraldo Alckmin, sem dúvida um dos mais habilidosos em permanência no poder.
A trajetória de um proto-tucano
Começou como vereador (1973-77) em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, São Paulo, ainda muito jovem, e logo prefeito do município (1987-82). Nem havia terminado o curso de medicina na Unitau, universidade no vizinho município e polo industrial Taubaté. Sua mocidade e energia encantava principalmente o eleitorado feminino. Ainda no MDB, foi eleito deputado estadual (1983-87) e deputado federal constituinte (1987-95). Não se pode negar habilidade para uma carreira tão rápida.


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