sábado, 22 de novembro de 2014

MÍDIA - Acessemos outras mídias, sejamos mídia.

17.11.2014
Imprensa pedagógica: as últimas notícias sobre o próximo governo


Marcel Franco Araújo Farah


Adital
Temos muito o que aprender com o comportamento do oligopólio da mídia que hegemoniza as comunicações no Brasil.
Estes dias após eleição e anteriores à nomeação do novo ministério do segundo governo Dilma estão sendo riquíssimos em exemplos de como se comportam as grandes empresas da comunicação.
A presidenta já afirmou e reafirmou que a política econômica deve controlar a inflação sem gerar desemprego ou desvalorização do salário mínimo, e insistiu "Ponha isso na cabeça”, à reportagem do jornal Valor de 07 de novembro (imagem). Mesmo assim a maioria das manchetes de outros jornalões como a Folha, o Globoe o portal R7 da Record, falam genericamente em corte de gastos, "dever de casa”, omitindo esta questão do emprego que é o central do programa vencedor das eleições.
Quem defende o arrocho fiscal, sugerido pelo termo "corte de gastos” (quando este assume a centralidade na pauta jornalistica) é o projeto derrotado nas eleições.
Sobre a reforma ministerial o oligopólio já nomeou quase toda explanada, mas a presidenta, que é quem escala o time, cansou de dizer que ainda não há decisão sobre o novo ministério.
Isso não foi o suficiente para impedir que em matéria do dia 14 de novembro a folha trouxesse até mesmo a porcentagem de renovação dos titulares da explanada, dizendo quem sai e quem entra.
Uma fagulha de lucidez foi a coluna de 13 de novembro de Jânio de Freitas que termina citando o Ministro Gilberto Carvalho que disse em entrevista que "Qualquer ministro que falar qualquer coisa [sobre o novo ministério] estará falando bobagem.” ao que Freitas acrescenta "Imagina os jornalistas”.
A especulação jornalística não tem limites. Dia 13 de novembro também uma nota do jornalista Leandro Mazzini reproduz uma invenção, fruto da criatividade de uma fonte anônima que dizia que Dilma havia brigado e demitido Carvalho dia 10 de novembro. Informação desmentida no mesmo dia pela assessoria de comunicação da Secretaria Geral da Presidência.
Toda esta movimentação não é ao acaso. O oligopólio, age com movimentos pensados buscando alguns objetivos: fazer prevalecer a pauta e o projeto derrotados nas eleições presidenciais, dividir o PT e seus aliados para enfraquecê-los, separar a presidenta do seu partido e da figura de Lula, reforçar a pauta de criminalização dos movimentos sociais e deslegitimação da participação social, entre outros. Daí a afirmação de que vivemos o 3º turno das eleições.
Trata-se de um comportamento bastante didático. As manchetes dos jornais, como as margens de um rio conduzem a água, buscam conduzir os rumos de nossa sociedade pelo caminho do conservadorismo.
No jogo da política revela-se um jogador que se nega como político, por traz da plasticidade de seus apresentadores, repórteres e colunistas, esconde-se o partido da imprensa.
Tanto é assim que quase nenhum destaque recebeu o ato de 13 de novembro, com cerca de 20 mil pessoas em São Paulo, em defesa da Reforma Política e "contra a direita”. Além de pedir a reforma política, os movimentos que apoiaram a reeleição de Dilma pedem também democratização e pluralidade aos meios de comunicação, o que afasta ainda mais o ato das manchetes.
Este, me parece, será o jogo do próximo período. Por isso, não nos deixemos enganar pelo clima criado pelo oligopólio. Acessemos outras mídias sejamos a mídia.

Marcel Franco Araújo Farah

Coordenador-Geral de Processos Formativos. Departamento de Educação Popular e Mobilização Cidadã. Secretaria Nacional de Articulação Social. Secretaria Geral da Presidência da República

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