O Raio X da crise: novos elementos


Vamos a um balanço do nosso último Raio-X da crise.
Alguns meses atrás indicávamos o seguinte:
O ponto central de batalha é a opinião pública. É a partir dela que o Congresso pode ser influenciado contra ou a favor.
A opinião pública depende de dois fatores a serem enfrentados. O primeiro, a escandalização.  O segundo, a economia.

Escandalização

Estratégia - A estratégia consistia em administrar os vazamentos da Lava Jato para reduzir seu impacto sobre a opinião pública. Para tanto, haveria que monitorar delações e fortalecer a Petrobras, colocando-a a salvo do tiroteio.
Realizado – os vazamentos continuaram eminentemente seletivos, formando a convicção na opinião pública de que a corrupção era exclusiva do PT com o conhecimento da presidente. Agora, com os inquéritos liberados, percebe-se o estrago que foi feito por não se ter dado atenção aos vazamentos. Adiou-se até o limite da irresponsabilidade a troca de comando na Petrobras. Depois da troca, a empresa despregou-se um pouco do noticiário, mas já estava indelevelmente marcada, fornecendo alimento para a campanha “delenda Petrobras”.
Nova estratégia - A contraofensiva foi o lançamento do pacote anticorrupção. E a promessa do fórum para acatar sugestões da chamada sociedade civil. A publicação do balanço da Petrobras ajudará a baixar um pouco a fervura. A nova etapa da Lava Jato, no STF (Supremo Tribunal Federal), deverá reduzir um pouco o grau de manipulação midiática da força tarefa. Mas Curitiba já providenciou desdobramentos para manter o fogo aceso.

Economia

Estratégia – destravar as concessões, preservar o pré-sal, mudar a forma de gestão dos ministérios, montar um ministério forte e reativando a interlocução com os empresários .
Realizado – o Ministério Público, em parceria com a mídia, promoveu um cerco implacável ao pré-sal. Não bastava mais a prisão dos executivos por prazo indeterminado, e a certeza da sua condenação. Trabalhou-se para inviabilizar o pré-sal, inclusive investindo contra a AGU (Advocacia Geral da União) quando esta tentou negociar com o TCU (Tribunal de Contas da União) a preservação das empresas, obras e empregos.
Em vez da interlocução com empresários e eleitores, recorreu-se a um pacote fiscal goela abaixo, montou-se um Ministério inexpressivo e não se descentralizaram as ações.
Nova estratégia – As concessões só começarão a serem destravadas no segundo semestre. Ponto central, agora, é recuperar de vez o pré-sal, permitindo a recomposição das obras, dos investimentos e do emprego. O governo ainda não definiu uma estratégia adequada de negociação com o PGR e os órgãos de fiscalização para dar uma solução definitiva par o pré-sal. Falta estadista no governo e no MPF, com o Procurador Geral preso a uma visão meramente punitiva, sem avaliar as consequências sobre o país como um todo. Há a necessidade de rearticular os fóruns de participação empresarial.

Política

Estratégia – a crise fiscal traria problemas com o Congresso, na medida em que restringiria o orçamento. Sugeria-se dispor de operadores políticos competentes para garantir a base de apoio.
Realizado – desastre absoluto, de enfrentar o PMDB sem ter se preparado par a guerra. Base de apoio estilhaçada e o PMDB comandando a rebelião.
Nova estratégia – parar de frescura e consolidar definitivamente o pacto político com o PMDB, fortalecer o conselho político e escudar-se no papel do vice-presidente Michel Temer. A indicação de Aloizio Mercadante para o Ministério da Educação resolveria três questões: colocaria um nome de peso no Ministério; abriria espaço para uma nova estratégia política, e daria mais liberdade de atuação para o Ministro do Planejamento Nelson Barbosa.
Ao mesmo tempo articular com o (novo) Ministério um plano de governo, até agora inexistente.

Judiciário

Estratégia – fortalecer o discurso legalista, aparar ps exageros da Lava Jato e estabelecer relações civilizadas com o Judiciário.
Realizado -  indisposição com o STF, por não ter até hoje indicado o substituto de Joaquim Barbosa. Indisposição com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por deixar dois cargos vagos. Indisposição com o presidente dop STF Ricardo Lewandowski pela absoluta desconsideração com que tem sido tratado.
Nova estratégia – colocar no Ministério da Justiça um Ministro que articule, que impeça exageros da Polícia Federal e do MPF, que batalhe contra vazamentos.