sábado, 13 de fevereiro de 2016

POLÍTICA - Jogo pesado no poder mundial.


Jogo pesado no poder mundial


                      
Autor: Adriano Benayon 
         

Há enorme descompasso entre o modo de operar das grandes potências, especialmente o das hegemônicas, e a capacidade de entende-lo, por parte dos cidadãos dessas potências e pelos das que estão à mercê delas.

2. Os centros de formação de opinião, inclusive universidades cuidam, em geral, de manter inquestionada a suposta boa-fé dos dirigentes das ditas potências, cumpridores das diretivas dos potentados da oligarquia financeira, em busca do poder absoluto.

3. Além disso, a ‘informação”, disponível na grande mídia, seleciona, ao gosto dos oligarcas, as notícias a ser divulgadas, e distorce as que não consegue ocultar por completo.

4. Não bastassem as adulterações da realidade, o sistema de poder trabalha, há mais de século, na adaptação dos públicos-alvos para recebe-las e incorporá-las  acriticamente. Para tanto, abusam da psicologia aplicada e dos recursos tecnológicos aplicados sobre os órgãos sensores.

5. Não se exclui que disso faça parte inculcar o hábito dos jogos e mensagens eletrônicos, incutido, pelo marketing,  em crianças acima de dois anos (e até menos), fator de condicionamento tendente a tornar o ser humano (?) capaz de reações mentais ultra rápidas, mas pouco afeito aos raciocínios lógico e analítico.

6. Ademais, o envolvimento do indivíduo pelo universo virtual o isola do contato direto com outros, e ele só se comunica através dos aplicativos dos meios eletrônicos.

7. Já nos anos 1960, intelectuais franceses e de outros países assinalavam a despolitização da sociedade, então já inundada de marketing e de alienação. Atualmente é possível que mais gente se interesse por política, mas resta saber em que nível de compreensão.

8. O fato é que a concentração financeira e econômica continua a caminhar na direção do absurdo, inclusive nos principais países desenvolvidos, com a possível exceção da China, sem que as instituições ditas democráticas ofereçam chances às grandes maiorias marginalizadas de sair dessa situação.

9. Joseph Stiglitz, Nobel e ex-presidente do Banco Mundial, escrevera, em 2011, que os Estados Unidos se tornavam um país “dos 1%, pelos  1% e para os 1%”. Então, esses já recebiam quase 25% da renda nacional e controlavam  40% da riqueza total do país.  Essa concentração prossegue aumentando.

10. Conforme recente relatório do banco Crédit Suisse, essa tendência é a mesma no âmbito mundial, os do 1% mais ricos controlando 50% da riqueza total, algo inédito há um século.

11. Para uma ideia das transformações estruturais desfavoráveis ao emprego e à distribuição minimamente equilibrada da renda, dos anos 1950 aos tempos atuais, os lucros da indústria manufatureira caíram de 60% dos lucros totais para 20%, enquanto os do setor financeiro se elevaram de 10% para 30%.

12. O emprego na manufatura desceu de 30% para menos de 10%, e a finança permanece com 5% desde sempre. Ou seja: cada vez menos empregos qualificados na economia. O grosso está nos serviços de baixo componente tecnológico, e, nesse país símbolo da riqueza e do poder ocidentais, um sexto dos residentes passa fome.

13. Há indústrias que não sofrem recessão: a dos equipamentos e armas de guerra e as ligadas ao terrorismo de Estado, espionagem e ingerência em outros países.

14. Os EUA prosseguem intervindo militarmente em todos os continentes e promovendo agressões através de mercenários e terroristas, como na Síria, ultimamente.

15. A Rússia tem sido o único país que - embora prudentemente e só recentemente -   se vem contrapondo com efetividade ao bullying mundial exercido pela potência hegemônica.

16. Por isso, a Rússia tem sido agredida diretamente e por satélites do império anglo-americano (União Europeia, a Ucrânia e a Turquia), por sanções econômicas e atos de guerra, como a derrubada, pela última, de avião militar sobre o espaço aéreo fronteiriço com a Síria.

17. Além das ações bélicas, decisivas para conter os terroristas do Estado Islâmica, apoiados, por debaixo do pano, pelos EUA, Turquia, Arábia Saudita e outros, a Rússia tem exposto provas desse envolvimento.

18. No cenário das hostilidades, a Rússia acena com a exposição de fotos de satélite captadas quando da implosão das Torres Gêmeas de Nova York, em 2001.

19. De há muito, a Associação dos Arquitetos e Engenheiros pela Verdade e outras, cidadãos e cientistas e norte-americanos – enfrentando fortes censura e pressões oficiais – demonstram ter-se tratado de ato de terrorismo de Estado cometido para intensificar o Estado policial e “justificar” as devastadoras intervenções praticadas no Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria.

20. Evidente e provado está que as estruturas de aços especiais daqueles prédios ruíram e pulverizaram-se, em poucos segundos, e isso só pode ocorrer com dezenas de toneladas de explosivos especiais introduzidos nessas estruturas.  Terroristas da Al Qaeda  (colaboradores dos serviços especiais anglo-americanos), supostamente sequestrando aviões, fizeram parte da encenação.

21. Dado, porém,  o acobertamento dos fatos, a iludir boa parte do público, a divulgação das fotos russas mostraria de forma contundente a real face do império e poderia ter consequências políticas no Ocidente.

22. Também no recente atentado em Paris, tudo aponta para mais uma operação de falsa bandeira, para “justificar” ataques aéreos franceses na Síria.

 * - Adriano Benayon é doutor em economia pela Universidade de Hamburgo e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.(abenayon.df@gmail.com)

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