sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

POLÍTICA - Vaias para Alckmin.

Vaias para Alckmin e aplausos para Dilma

Por Altamiro Borges

A mídia tucana deu destaque para o “panelaço” contra Dilma Rousseff, que agitou somente alguns bairros nobres de algumas capitais durante a exibição da propaganda partidária do PT, na noite desta quarta-feira (3). Já as vaias ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), durante a entrega de moradias do programa “Minha Casa, Minha Vida” na cidade de Indaiatuba, no interior paulista, não mereceram tantos espaços na imprensa chapa-branca. Elas ocorreram na manhã da mesma quarta-feira e confirmaram que, apesar da blindagem da mídia, uma parte da sociedade já tomou conhecimento do escândalo das merendas escolares, que envolve vários “amigos” do “picolé de chuchu”.
Segundo relato da Rede Brasil Atual, “as vaias foram dirigidas ao tucano acompanhadas de gritos ‘merenda, merenda’. Políticos do PSDB são investigados pelo esquema de fraude na merenda escolar, em que se apuram desvios que podem chegar a R$ 11 milhões dos cofres do governo paulista. Para aprofundar as investigações do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil, deputados da oposição querem instalar uma CPI na Assembleia Legislativa. Segundo o MPE, a prática de desvios teria ocorrido em diversos órgãos, além das secretarias de Educação e Agricultura, e em mais 22 prefeituras. A apuração aponta para um esquema de abastecimento de campanhas de políticos ligados ao PSDB e a Alckmin”.

Já a Folha de S.Paulo preferiu desqualificar o protesto, dando mais espaço para a reação “indignada” dos tucanos. “A cerimônia de entrega de 7.840 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, feita simultaneamente nesta quarta (3) em nove municípios de cinco Estados brasileiros, virou ato de desagravo à presidente Dilma Rousseff... A presidente participou da entrega de 2.048 apartamentos em Indaiatuba (a 98 km de São Paulo). Presente no evento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi vaiado pela plateia de convidados, mais próxima ao palco, formada por políticos, assessores e militantes do PT, o que causou mal-estar”.

“O governador paulista não comentou as vaias. Apesar disso, no discurso, ressaltou a importância do programa para a geração de emprego e a oportunidade da moradia... No final da tarde, o deputado Pedro Tobias, presidente do Diretório Estadual do PSDB-SP, enviou nota sobre a manifestação. ‘As vaias contra o governador Geraldo Alckmin, além de orquestradas, foram fruto da indignação seletiva dos petistas devido às suas últimas declarações envolvendo o ex-presidente Lula e sua relação com empreiteiras. Uma pena que eles não mantenham o mesmo grau de indignação quando o assunto é a roubalheira institucionalizada nos governos Lula e Dilma, os desmandos na Petrobras ou o mensalão”.

Já o Jornal do Brasil, que tem adotado uma linha editorial mais independente, registrou o episódio de forma mais honesta: “Um dia após ter sido vaiada por parte dos parlamentares na reabertura dos trabalhos no Congresso Nacional, a presidente Dilma foi aplaudida durante a cerimônia de entrega de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, em Indaiatuba, no interior de São Paulo, nesta quarta-feira. Já o governador Geraldo Alckmin, que participou do evento, recebeu vaias da plateia. Quando foi chamado para entregar chaves aos beneficiários, o tucano pôde ouvir os gritos de ‘merenda’ vindos de cerca de seis mil pessoas. Durante sua fala, Alckmin ignorou o episódio e não comentou a reação do público”.

Antes da cerimônia da entrega de moradias, cerca de dez provocadores do Movimento Brasil Livre (MBL) – a seita fascista liderada pelo articulista da Folha Kim Kataguiri, o “Kimta Katiguria” – quase causaram um confronto mais grave no local. Vestindo camisetas com a frase “Fora Dilma”, eles chegaram ao local já ocupado por centenas de militantes dos movimentos sociais. Houve empurra-empurra, mas ninguém ficou ferido. O chefão do MBL em Indaiatuba, o empresário Charles Escodro, acusou os “criminosos da CUT” pelo incidente. Já o coordenador da subsede da central na região de Campinas, Carlos Eduardo Fábio, nem deu bola para os “escrotos”.

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