terça-feira, 30 de janeiro de 2018

POLÍTICA - Pós - Lula é fato consumado?

PÓS-LULA É FATO CONSUMADO? O QUE ACONTECE SE ELE SUBIR OU CAIR NAS PESQUISAS?

PÓS-LULA É FATO CONSUMADO? O QUE ACONTECE SE ELE SUBIR OU CAIR NAS PESQUISAS?

Assim que saíram as três sentenças siamesas da condenação de Lula em segunda instância, no ritual previamente montado no TRF-4, a grande mídia já passou a tratar do pós-Lula, dando o fato por consumado.
Para nove entre dez analistas, juristas, comentaristas, colunistas e especialistas em geral, Lula está fora das eleições presidenciais deste ano e pode ser preso a qualquer momento.
Resolvida a questão jurídica dentro dos conformes do establishment, sem qualquer surpresa, as especulações giram a partir de agora em torno das próximas pesquisas.
O que pode acontecer se Lula continuar subindo ou começar a cair nos levantamentos anunciados para os próximos dias?
É a única forma de saber o que as suas excelências, os 146 milhões de eleitores brasileiros, acharam da condenação do ex-presidente.
O fato político mais importante da semana está previsto para quarta-feira, dia 31, quando será divulgada a primeira pesquisa, a do Datafolha, que foi a campo nesta segunda-feira
Ao contrário dos 3 a 0 de Porto Alegre, que já eram cantados em prosa e verso antes dos três desembargadores declamarem suas sentenças, os números agora são imprevisíveis e podem determinar os rumos não só da campanha eleitoral, mas das próximas decisões da Justiça.
O retrospecto favorece Lula. Desde que foi “conduzido coercitivamente” pela Polícia Federal, em 2016, e depois condenado pelo juiz Sergio Moro no ano seguinte, Lula não parou mais de subir nas pesquisas, ao contrário do que seus adversários imaginavam.
Chegou a 37% das intenções de voto no último Datafolha, divulgado em dezembro, enquanto a rejeição ao petista caia para 31%, a mais baixa dos levantamentos feitos até agora para a eleição de outubro.
Se esta tendência se mantiver, o ex-presidente ganha força para o seu discurso de que foi vítima de uma perseguição judicial, sendo duas vezes condenado, enquanto as denúncias e delações contra os políticos conservadores protegidos pelo foro privilegiado morgam nas gavetas dos tribunais e da Procuradoria Geral da República.
Até hoje, segundo revelou a Folha nesta segunda-feira, apenas um governista _ o senador Romero Jucá (MDB-RR) _ foi o único denunciado no STF, mas os ministros ainda não julgaram sequer o seu recebimento.
Caso contrário, se o primeiro Datafolha após a condenação em segunda instância a 12 anos de prisão em regime fechado, apontar pela primeira vez uma queda das intenções de voto de Lula e o aumento da rejeição, o mercado, o Judiciário e a mídia ganharão mais reforços para desfechar a ofensiva final contra o ex-presidente.
Será a prova definitiva de que a Lava Jato, quatro anos após o início da operação, deu certo. Nem precisará continuar, como desconfio que vá acontecer.
Estão em jogo 53 milhões de votos, segundo cálculo divulgado neste domingo pelo jornal O Globo, caso Lula seja afastado de vez da disputa eleitoral.
Os demais pré-candidatos, à direita e à esquerda, se lançarão imediatamente à caça destes votos, enquanto o PT, até agora sem nenhuma sigla aliada, terá que pensar em novas estratégias caso as próximas pesquisas confirmem uma possível queda de Lula.
Esta pesquisa servirá também para avaliar as possibilidades dos candidatos de “centro-direita” dos partidos aliados a Michel Temer e qual será o fôlego de Jair Bolsonaro para chegar ao segundo turno.
No caso de Lula continuar subindo nas pesquisas, poderá crescer a pressão popular sobre o Judiciário, que terá maiores dificuldades para enterrar a sua candidatura.
Entre os tribunais, as pesquisas e, quem sabe, as ruas, serão definidos os candidatos que estarão nas urnas eletrônicas no dia 7 de outubro.
Ao contrário do que garantem os apologistas do fato consumado, o jogo ainda está aberto.
Teremos nove meses de fortes emoções pela frente.
Vida que segue.

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