Parecia que esse momento nunca ia chegar, mas começou a campanha de 2022, e daqui a 45 dias vamos escolher quem vai substituir Bolsonaro no poder. Vamos acompanhar tudo isso bem de perto por aqui, mas antes tem muita coisa pra falar.
Essas eleições são tão importantes que a gente quase esquece que, além do presidente, vamos eleger governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais.
Com as candidaturas devidamente registradas, conseguimos olhar para elas e identificar qual é a cara dos candidatos e (bem menos) candidatas que vão aparecer nas urnas no dia 2 de outubro.
E o que o repórter Igor Carvalho identificou é que o candidato médio das eleições de 2022 é um homem empresário rico com mais de 40 anos. Pela primeira vez, temos mais candidaturas negras – soma de pretas (13,94%) e pardas (35,73%) – do que brancas (48,76%).
- 67% são homens
- 49,67% são negros
- 47,87% têm entre 40 e 54 anos
- 12,77% são empresários
À exceção de UP, PCdoB, PSTU, PSOL, PV, PT e PCB, os partidos lançaram menos de 35% de candidaturas femininas – 30% é o limite mínimo imposto pela lei. O UP é o único partido com maioria de mulheres entre suas candidaturas.
Além de termos ainda poucas mulheres na disputa (como temos poucas mulheres nos governos e no Congresso), também são poucos os candidatos pretos e indígenas. A falta de diversidade nos espaços de poder é representativa da gigantesca desigualdade social, racial e de gênero no Brasil, e ajuda a alimentar essa desigualdade.
Mas também é importante notar que não basta eleger um Congresso e governos mais diversos. É preciso eleger pessoas de fato comprometidas com a transformação social.
Destacamos aqui alguns dados que nos chamaram bastante a atenção nesse levantamento:
Mulheres e negros são maioria na população, mas não passam de 40% nas candidaturas a governos estaduais
O número de candidatos a governador dos 27 estados chegou a 223. Mas só 38, ou 17%, são mulheres, embora elas sejam 52,6% do eleitorado.
Em oito estados não haverá mulheres concorrendo ao governo local: Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Rondônia e Santa Catarina.
E apenas 25 candidatos (11%) são pretos e 59 (26%) pardos. A soma dos dois, 37% não se aproxima dos 54,7% de negros (categoria que reúne pretos e pardos) da população brasileira. Veja aqui quais partidos têm mais mulheres e negros em quais estados.
SC e SP só terão brancos disputando os governos estaduais
Somados, São Paulo (10) e Santa Catarina (10) terão 20 candidatos, todos brancos. A situação é um pouco melhor, mas não tanto, em outros estados. Leia aqui.
O Novo é o partido dos homens brancos
De “novo” ele só o tem o nome, porque repete padrões da política mais tradicional no Brasil: é o partido com pior desempenho em termos de diversidade racial entre todas as 32 siglas habilitadas a participarem das eleições de 2022. Só 19% das candidaturas apresentadas pelo partido Novo são de pessoas negras. É também o terceiro pior em relação à participação feminina: 31,24%. Leia aqui.
E ricos
O candidato à Presidência mais rico é, mais uma vez, do Novo. Felipe D’Avila declarou um patrimônio de R$ 24,6 milhões. Clique aqui.
Apenas dois indígenas disputarão os governos estaduais
Das 223 candidaturas para os 27 governos estaduais, apenas Jerônimo Rodrigues, do PT da Bahia, e Israel Tuyuka, do PSOL do Amazonas, são indígenas. Leia aqui.
Empresários e madeireiro de partidos de direita são os candidatos mais ricos a governos estaduais
Pela ordem:
1. Paulo Octávio, do PSD do DF, dono de uma rede de shopping centers e hotéis e investidor no ramo imobiliário, com patrimônio de R$ 618,8 milhões.
2. Roberto Argenta, do PSC do RS, dono da empresa Calçados Beira Rio, com patrimônio de R$ 373 milhões.
3. Ivo Cassol, do PP de RO, pecuarista, madeireiro e empresário, que viu sua fortuna crescer 350% em 12 anos (oito como senador), com patrimônio de R$ 134,3 milhões.
Em quarto vem Romeu Zema, atual governador de Minas Gerais, do Partido Novo. Leia aqui.
Entre os 70 candidatos a governador mais ricos, há apenas uma mulher
Dos 70 candidatos mais ricos, há apenas uma mulher, Nair Blair (Agir), que disputa o governo do Amazonas, e que aparece na 30º posição, com um patrimônio de R$ 5,3 milhões. Leia aqui.
Entre a 71ª e a 100ª, aparecem mais duas mulheres.
Coincidentemente (ou não), as três mulheres que aparecem entre os 100 candidatos mais ricos são as únicas que lideram as pesquisas para os governos estaduais. São elas: Marílias Arraes (SD), que aparece em 78º e concorre em Pernambuco, Fátima Bezerra (PT), a 87ª colocada, que tenta a reeleição no Rio Grande do Norte, e Teresa Surita (MDB), a 90ª, que pode ser a próxima governadora de Roraima.
Candidatos da bala cresceram 27%
Os partidos de direita concentram 94,9% das candidaturas dos policiais. O primeiro da lista é o PL, partido de Bolsonaro, com 232, seguido por PTB (141) e Republicanos (137). Leia aqui.
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