Sobre as relações comerciais da Venezuela


Por Diogo Costa

Comentário ao post "O período de transição política na Venezuela"

Não há crise alguma na Venezuela. Há, isto sim, um país que cresceu 5,5% no ano passado, que está com um patamar de quase pleno emprego, com uma taxa de inflação de 20% (em 1998, antes de Chávez assumir, a inflação era de 30%), um país que tem mais de 50 BILHÕES de dólares em investimentos produtivos nas áreas de siderurgia, infras-estruturas diversas, habitação popular, ciência e tecnologia, etc, oriundos de Brasil e China. Se for para somar os investimentos de outros países, a cifra de investimentos é ainda mais espetacular.
A Venezuela, que em 1998 mantinha 70% de seu comércio exterior com os EUA, hoje tem relações comerciais com uma ampla gama de países. Os EUA foram o principal parceiro comercial da Venezuela durante mais de 100 anos. E continuam sendo o maior parceiro comercial. A diferença é que antes de Chávez a Venezuela era o "México" da América do Sul, mantendo 70% de suas trocas comerciais com os EUA, e hoje este índice caiu para 25%. Melhor do que isso é a posição brasileira, no que tange ao comércio, com a Venezuela. Nos últimos 10 anos, o Brasil e a Venezuela aumentaram em incríveis 585% o valor de suas trocas comerciais.
O Brasil saiu de uma posição insignificante para assumir em 10 anos a terceira posição de maior parceiro comercial da Venezuela. Hoje temos, respectivamente, EUA, China e Brasil como os maiores parceiros comerciais daquele país. Mantido o ritmo dos últimos 10 anos, teremos ao final do mandato do Presidente Maduro uma situação inimaginável até bem pouco tempo atrás. Qual seja, veremos os EUA perderem o posto de maior parceiro comercial da Venezuela, posto que mantiveram por mais de um século! A China tornar-se-á o maior parceiro comercial da Venezuela e o Brasil assumirá a segunda posição, logo a frente dos EUA.
Esta questão comercial, da diversificação e fim da histórica simbiose comercial EUA/Venezuela, é o pano de fundo da profunda ira dos EUA contra Hugo Chávez. A perda de espaço comercial dos EUA com a Venezuela é algo que Washington não perdoa e nunca perdoará e é por isso que tentam frenéticamente desestabilizar o país caribenho. Piorando ainda um pouco mais o cenário para os EUA, a entrada oficial da Venezuela no Mercosul (12 de agosto de 2012) representa uma derrota muito grande para os interesses estratégicos do país norte-americano na Venezuela e na região. A tendência é de aumento ainda maior e de consolidação das relações comerciais entre Brasil e Venezuela. Isto é uma ótima notícia para o Brasil, não poderia ser melhor.
O que soa incompreensível é a tacanhez analítica de uns e outros que odeiam o processo político atual da Venezuela... Será que não compreendem que ao fim e ao cabo a chegada de Chávez ao poder foi uma verdadeira benção para o Brasil? O que pretendem os críticos da Venezuela, pretendem que as relações comerciais deste país voltem ao patamar de 1998 (antes de Chávez)? Se é isso que pretendem, me desculpem, mas isso é uma visão triste e deplorável. Uma visão que defende única e exclusivamente o interesse comercial dos EUA, em detrimento do mais alto interesse comercial da República Federativa do Brasil.
Por fim, a única "crise" existente na Venezuela hoje parte de setores fascistas inconformados com a derrota. O país vai muito bem obrigado, ao contrário do que insiste em defender o senso comum teleguiado por informações viciadas oriundas de veículos afiliados à SIP (Sociedade Interamericana de PiGs).