quarta-feira, 22 de abril de 2015

MÍDIA - A expulsão do dono do El Mercurio.


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A expulsão do dono do El Mercurio e a verdadeira velhinha de Taubaté


  

Nesta terça-feira (21) o tribunal de ética e disciplina da Associação dos Jornalistas do Chile (Colegio de Periodistas de Chile, em espanhol) aprovou a expulsão de Agustín Edwards Eastman (foto acima ao lado de Roberto Marinho), 87 anos, dono do grupo El Mercurio S.A.P., que controla os jornais El Mercurio, La Segunda, entre outros. Este grupo é parceiro do sistema Globo no GDA (Grupo de Diários da América), que reúne os barões da mídia na América Latina.


A decisão, qualificada como “histórica” pela presidenta da associação, Doris Jiménez, foi baseada no papel que o empresário desempenhou nos anos 70, tendo comprovadamente recebido dinheiro da CIA para desestabilizar o governo de Salvador Allende. Segundo os jornalistas chilenos, “as ações de Agustín Eastman ajudaram a implementar o golpe de estado em 11 de setembro de 1973 (...) não estamos dispostos a ter integrantes que tenham cometido atos com os quais se tornaram cúmplices de momentos tão obscuros para o Chile. De tortura, detenção e morte”. Enquanto isso vemos, no Brasil, uma concessão pública, o canal de TV aberta explorado pelo Grupo Globo, falsificar a história de forma tão grotesca que um dos principais porta-vozes da ditadura militar, o Jornal Nacional, é apresentado como “vítima” do regime que apoiou e incentivava. Fica a sugestão desta Notas Vermelhas para que os jornalistas brasileiros, representados pela Federação Nacional dos Jornalistas, pensem em algo semelhante ao que fizeram os colegas chilenos. Se Roberto Marinho alguma fez foi filiado à Fenaj, fundada em 1946, que ele seja expulso “post-mortem”. Se nunca foi, o que é mais provável, que a entidade aproveite o dia 26, quando a TV Globo completa 50 anos de fundação, para uma declaração onde o Roberto Marinho seja citado como exemplo de tudo o que o código de ética da profissão condena. É necessário, e mais do que isto, é justo.

Ruy Castro é a verdadeira velhinha de Taubaté

A velhinha de Taubaté é uma famosa criação de Luis Fernando Veríssimo. Ruy Castro a resgata nesta quarta-feira (22), no jornal Folha de S. Paulo. Ela surgiu em pleno governo Figueiredo. A capa do livro que a lançou mostra a velhinha sorrindo em frente a uma TV, sua principal fonte de informação e alienação. Vejam este trecho da crônica de apresentação:

“Porque a velhinha de Taubaté pode dar seus cochilos mas está atenta ao noticiário e fiscalizando tudo. Ela ficou muito contente em saber que todos os culpados pelo escândalo da mandioca serão punidos exemplarmente, que ninguém ficou sabendo da máxi antes do tempo para comparar seus dólares, que todos esses escândalos de que andam falando não passam de invenção da imprensa e que o caso de Delfin com o BNH foi totalmente esclarecido. A velhinha de Taubaté não tem a menor dúvida de que a Coca-Cola é mesmo, como sustenta a sua publicidade, isso aí”.

Ou seja, claramente a velinha de Taubaté “acreditava” na TV, que sempre mitigava e justificava os escândalos. Naquela época, através da Globo, a TV defendia o Governo Militar dia e noite, da mesma forma que hoje, também dia e noite, ataca os governos petistas.

A Velhinha de Taubaté foi pro Leblon

Só que Ruy Castro diz que a velhinha de Taubaté é uma amiga sua que acredita que “nunca na história deste país um governo mandou investigar tanto a corrupção quanto o de Dilma”. Isto revela que o escritor e cronista não entendeu nada sobre a crédula personagem. Hoje a TV diz que quem inventou a corrupção foi o PT e antes, se ninguém ia preso, é porque a corrupção não existia ou era muito menor. E o Ruy acredita. A TV também afirma que o aparelho judiciário e policial é absolutamente imparcial e conduz as investigações de forma isenta. Ruy fica entusiasmado. Até descolou um convite para ver o Moro recebendo uma medalha do grupo que controla a emissora de TV. Dizem inclusive que chorou na cerimônia. O escritor é uma daquelas figuras que foram se apequenando com o tempo, se bem que dele pode-se dizer que passa pela decadência sem nunca ter conhecido um verdadeiro apogeu. Como muitos da direita envergonhada, que adoram lembrar que um dia militaram na esquerda, tempos atrás Ruy Castro escreveu uma coluna no jornal O Globo, onde recordava do tempo em que gritava “fora FMI” e concluía que era um equívoco, pois o FMI é “apenas um banco que empresta dinheiro a países”. Não tem dúvida, a velhinha de Taubaté é mesmo o Ruy Castro. E já tem tempo que mora no Leblon.
Laerte acerta na veia




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