quinta-feira, 2 de abril de 2015

PETROBRAS - Balanço contábil.


Para entender o balanço contábil da Petrobrás


           
Fonte: Jornal GGN

Autor: Luís Nassif


O 57o Fórum de Debates Brasilianas, sobre as perspectivas do pré-sal, permitiram elucidar um dos nós dos problemas da Petrobras com as agências de rating.
Há dois modelos de exploração de petróleo: a concessão e a partilha.
Na concessão, faz-se o leilão pelo maior lance. Quem vence dá um lance pelas reservas e, depois, paga royalties sobre a produção. Como “comprou” a concessão, a reserva medida entra como ativo da empresa. Na partilha, em geral, paga-se em petróleo pela exploração do campo. Mas a reserva não é considerada ativo. Ou seja, entra no fluxo de resultados da companhia, na medida em que seja retirado, mas não como ativo.
Trata-se de uma mera questão contábil.
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Imagine duas empresas do mesmo tamanho, aplicando a mesma quantidade de recursos na exploração de dois campos, um pelo regime de partilha, outro pelo regime de concessão.
O esforço exploratório é o mesmo, assim como o capital investido e a receita de exploração.
No entanto, contabilmente no sistema de concessão a alavancagem – relação endividamento / patrimônio líquido será mais favorável à empresa que explora pelo regime de concessão.
Ora, a análise de risco visa orientar o investidor sobre a maior ou menos solidez das companhias. Não pode se prender a filigranas contábeis.
No caso da concessão, o ativo é calculado multiplicando-se as reservas medidas pela cotação do petróleo. No caso da partilha, teria que se estimar o fluxo futuro de produção do campo a uma determinada taxa de desconto.
De qualquer modo, seria um caso típico de medir situações similares com métricas diferentes. Se os campos da Petrobras fossem contabilizados como ativo, o balanço passaria em qualquer teste de alavancagem com louvor.
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Houve outras discussões sobre os critérios utilizados na avaliação da empresa.
PhD da área de petróleo e gás, assessor legislativo, ex-engenheiro da Petrobras, Paulo César Ribeiro Lima questionou a metodologia de reavaliação dos ativos da empresa – o chamado teste de impairment – efetuado no final da gestão Graça Foster.
Esse teste consiste em analisar o fluxo estimado de resultados de uma empresa – quando existem mudanças fortes no cenário – e lançar os resultados no balanço. Ou seja, se os ativos físicos da empresa estão contabilizados por, digamos, 100 e o teste o impairment avalia o resultado do fluxo em 40, a diferença tem que ser abatida no patrimônio líquido registrado em balanço. Foi o que fez com que a Abreu de Lima significasse uma baixa enorme no balanço da Petrobras.
O que Ribeiro Lima questiona é que avaliou-se a refinaria isoladamente e não na forma integrada com outras áreas da empresa. Com a Petrobras, Abreu e Lima se beneficia da terminais, dutos, transporte marítimo e toda a estrutura integrada. Em mãos de terceiros, não terá a mesma sinergia.
Essa integração garante a produção de diesel a 60 centavos de dólar o litro, contra um preço internacional de 1,35.
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O pano de fundo do seminário, porém, foi a demora em se solucionar a questão da Sete Brasil – a empresa formada para adquirir sondas.
Se não houver solução rápida, poderá levar de roldão toda a cadeia naval e seus fornecedores.

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