"O Brasil não é o Paraguai", diz Dilma

    


 
Jornal GGN - A presidente Dilma Rousseff disse, nesta quinta (08), que está em curso no país um "golpe democrático à paraguaia", enfatizando o sentido de ironia, sinalizando aspas com as mãos. A declaração foi feita no fim da primeira reunião ministerial com sua nova equipe. 
 
A presidente demonstrou que não se abateu com as pressões da rejeição das contas de 2014 pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e a abertura pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de um pedido do PSDB de investigação sobre irregularidades na campanha presidencial, que poderia acarretar em impugnação da sua chapa.
 
O cerco de todos os lados que sofre a presidente Dilma para a sua saída do governo, visualizado mais intensamente nesta semana, caracterizado por ela como um "golpe à paraguaia", teve início em novembro de 2014, quando o GGN acompanhou os julgamentos das contas da presidente pelo TSE, e em coluna publicada aqui foi adiantado o mecanismo de golpe paraguaio que se chegar à conclusão, um ano depois, a presidente.
 
Na publicação "Armado por Toffoli e Gilmar, já está em curso o golpe sem impeachment", Luis Nassif publicou que - naquele momento mais distante a possibilidade de impeachment - a saída de Dilma da presidência poderia ser configurada pelo Judiciário, com a rejeição que impediria a diplomação. "Este é o golpe paraguaio", escreveu no dia 18 de novembro, sucedendo uma série de reportagens sobre os passos seguintes do TSE, cuja relatoria das contas dominava Gilmar Mendes.
 
 
Com o fracasso das tentativas de se impedir a diplomação de Dilma Rousseff, no fim de 2014, uma retomada do cenário ocorre após oito meses do segundo mandato da presidente. 
 
Dessa vez, o TSE recuperou na terça-feira (06) o pedido de impugnação da chapa Dilma e Temer, protocolado pelo PSDB no início de janeiro, e voltará a discutir se os gastos de campanha estavam ou não irregulares. A manobra foi possível, mais uma vez, sob a articulação de Gilmar, conforme revelou também o GGN: "PSDB e Gilmar cumpriram tarefa para impugnar Dilma".
 
A manobra se deu quando o processo já estava encerrado em decisão monocrática da então relatora no TSE, a ministra Maria Thereza de Assis Moura. Em recurso, foi Gilmar Mendes que se posicionou contrário á decisão e provocou uma virada. A ação foi levada à turma do TSE, por solicitação de Gilmar, e os demais membros da Corte seguiram o voto, derrubando as argumentações de Maria Thereza. Apenas a ministra Luciana Lóssio acompanhou a interpretação de que não havia provas suficientes para a instalação do processo.
 
Ao pronunciar seu voto, Lóssio alertou para as consequências reais de se prosseguir com a tentativa de impugnação. A ministra disse que o Poder Judiciário não poderia se tornar "um verdadeiro terceiro turno eleitoral". Vencida por Gilmar Mendes, seguido por João Otávio de Noronha, Luiz Fux, Henrique Neves e Dias Toffoli, o processo foi retomado.
 
Na declaração desta quinta à nova equipe de ministros, Dilma destacou que "o Brasil não é o Paraguai".