por Fabiano da Costa
Em uma entrevista em 1972, George Harrison contou que detestava lembrar do seu tempo nos Beatles. Segundo ele, foram os piores anos da sua vida.
O "Beatle quieto", soturno, nasceu em uma Liverpool que sofria bombardeios dos aviões nazistas em 1943. Quinze anos depois, por volta de 1958, ele conheceria Paul McCartney no último banco de um ônibus que, por sua vez, fazia seu último horário tarde da noite, indo vazio para a periferia de Liverpool. Os dois, filhos de família operárias, queriam ser como Elvis, mas nem sonhavam que um dia seriam mais ricos e conhecidos do que ele.
Harrison dizia que a melhor banda da História do Rock havia sido os Byrds, encabeçados por David Crosby, e não os Beatles. Harrison gostava tanto dos Byrds, que em 68 chegou a viajar de Londres a São Francisco só para ve-los. Foi neste show que parou de tomar ácido, segundo ele.
Em 29 de novembro, completará 21 anos da morte do mais jovem dos Beatles. Hindu, declarou nos anos que precederam sua morte, que por toda a sua vida, procurou estar perto de Deus. Enquanto esteve vivo fez shows beneficientes, financiou o Monty Python e emitiu opiniões políticas sólidas - todas elas comprometidas com a Democracia e com as liberdades individuais.
Harrison partiu desta etapa para , finalmente, conhecer o Pai de todos nós em novembro de 2001. Há 58 anos ele esperava por esta oportunidade de voltar para casa.
Ele se foi e nós ficamos aqui, em um novo século, para assistir ao crescimento da Nova Direita e o retorno da Extrema Direita, e o avanço de uma Cultura tecnocrata e neoliberal, que visa privatizar da água aos céus, e microchipar as pessoas como mercadorias.
De onde estiver, nos vendo, que Harrison fale com Deus e interceda por nós. Atualmente, nem os sonhos parecem nos pertencer mais.
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