Eliakim Araujo
Certamente ninguém esperava que Barack Obama tivesse uma varinha de condão e com um toque mágico consertasse os erros da administração anterior, sobretudo a grave crise em que está mergulhada a economia americana. Mas muita gente esperava que a simples entrada dele na Casa Branca seria capaz de criar um efeito psicológico estimulador de negócios nos mercados financeiros e de injetar algum fôlego nas grandes corporações à beira do colapso.
Mas isso não aconteceu. Pelo contrário, passada a euforia dos primeiros dias de governo, quando Obama tomou decisões corajosas, desfazendo o entulho autoritário e beligerante da administração Bush, os norte-americanos estão convivendo com a tragédia do desemprego. Diariamente, a mídia divulga o doloroso placar das demissões e as previsões negativas para 2009. Vale lembrar que só chegam ao conhecimento da mídia os números divulgados pelas grandes empresas, multinacionais inclusive. Na última semana, 65 mil pessoas perderam seus empregos na Ford, Toshiba, Kodak, Time Warner, Caterpillar, AOL, Pfizer, Sprint-Nextel, Boeing e Starbucks.
Não há, todavia, estatística do que acontece com milhares de pequenos negócios que estão fechando as portas e os postos de trabalho nas cidades do interior do país.
A população está assustada. Nesses doze dias do governo Obama, pelo menos três casos de "murder-suicide" foram registrados, com pais de família desesperados, sem emprego e sem dinheiro para pagar a prestação da casa, que optaram pela solução radical: exterminar mulher e filhos e matar-se, em seguida.
No meio dessa crise, descobriu-se que dirigentes de bancos e de empresas de investimento, que receberam bilhões de dólares daqueles 700 bi aprovados no final do governo Bush, distribuíram bonus para si mesmos, ou seja se apropriaram, de 18.4 bilhões de dólares. Executivos com salário anual de 600 mil dólares, embolsaram 50 milhões de bônus em 2008. Um verdadeiro escárnio.
Bonus, qualquer neófito sabe, é uma gratificação que as empresas conferem a seus empregados e executivos sobre os lucros, ou pelo cumprimento de determinada meta. O que é não absolutamente o caso dos bancos, financeiras, seguradoras, companhias hipotecárias, etc, que receberam dinheiro do contribuinte para taparem os buracos de sua desonestidade e/ou incompetência, e não o colocaram no mercado para gerar negócios.
Mas seus dirigentes souberam usá-lo em benefício próprio. Como no caso do Citigroup, que só não comprou um novo jatinho para seus dirigentes, por 45 milhões de dólares, porque o Secretário do Tesouro, Tim Geithner interveio e conseguiu abortar o negócio. Ou do ex-chefão da Merril Lynch que gastou um milhão e duzentos mil dólares na reforma de seu gabinete. Bem, esse pelo menos foi demitido e está sendo intimado pelo advogado-geral do estado de Nova Iorque, Andrew Cuomo, para explicar porque a Merril distribuiu 4 bilhões de dólares a seus empregados antes de se declarar insolvente e ser adquirida pelo Bank of America.
São centenas de casos como os acima narrados. E eles não podem ficar apenas nas declarações do presidente Obama que chamou esses executivos de “irresponsáveis” e os bonus de uma ”vergonha”. Se o presidente pretende restaurar o império do respeito, da honra e da credibilidade, deve exigir, como sócio que injetou capital, que essa gente devolva o dinheiro que embolsou desonestamente.
Afinal, foram esss banqueiros e executivos que destruíram a economia e aniquilaram a vida de milhões de pessoas. Irresponsáveis e sem-vergonhas é pouco, muito pouco para eles. Eles são os verdadeiros "serial killers" da economia norte-americana e devem ser punidos por seus crimes.
Fonte:Direto da Redação.
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