sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

MOVIMENTO ESTUDANTIL - o que pensa um ex-militante da década de 60 sobre a atualidade do ME.

Copiado do Blog Idéia Certa, do André Guimarães.

Em entrevista concedida ao Ideia Certa, o Ex Ministro José Dirceu falou sobre a atualidade do movimento estudantil confira:

André Guimrães: O movimento estudantil se desarticulou após a vitoria das forças populares no Brasil, um pouco pelo fato de suas principais bandeiras ter sido absorvida pelo governo Lula. No seu entendimento qual o papel do movimento estudantil (secundarista e universitário) nesses dias?

José Dirceu: As bandeiras estão todas aí. Cada momento histórico apresenta seus desafios. Acredito que a vitória das forças populares precisa ser compreendida pelos jovens como um instrumento para fortalecer as lutas históricas dos movimentos - de todos, estudantil ou não - para que suas reivindicações sejam sejam realmente conquistadas.

Há uma impressão errônea sobre o movimento estudantil sempre que comparado ao passado. Ele continua atuante - basta entrar no site da UNE e ver suas atividades recentes, como a Caravana que a entidade organizou, levando aos quatro cantos do país, discussões importantes sobre saúde e educação. A luta é grande, principalmente, se pensarmos na Educação do país, que avançou muito e precisa avançar ainda mais. É evidente que o governo precisa do apoio e da voz dos estudantes para levar a cabo as transformações. Elas só ocorrerão de maneira satisfatória com a intervenção, o controle e a atuação dos jovens. Eles são os principais interessados.

Não podemos mais falar sobre “a juventude brasileira”, mas sobre as várias juventudes que compõem esse segmento em nosso país. Veja a força da juventude Hip Hop que tão bem expressa a realidade e anseios dos jovens moradores na periferia nas grandes cidades. Temos a juventude do campo, a juventude do movimento negro, a juventude partidária, a juventude sindical, a juventude dos povos tradicionais, a luta dos jovens portadores de necessidades especiais, a juventude do movimento GLBT, também a juventude estudantil e tantas outras com suas reivindicações legítimas, a consciência crítica, que em seu conjunto revela tão bem os desafios do país.

A juventude não está apática. Ela tem voz e luta. O próprio Encontro Nacional deu provas do que estou falando. Ali, pudemos ouvir a voz desses vários segmentos. Acredito que a vitória do governo Lula, não desarticulou o movimento estudantil, e nem o dos jovens em geral. Pelo contrário, veja o grande esforço da Secretaria Nacional da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE) que atuaram muito bem nesse sentido, no processo de organização das forças jovens dispersas, procurando fortalecer e instaurar políticas públicas de Estado que os contemple. Acredito e torço para que esse esforço não se dissipe com trocas de governo ou embates partidários. O que foi realizado na área é inédito na história do país e merece destaque. Inclusive, nas eleições municipais, houve um acordo suprapartidário em prol da efetiva instauração das políticas para a juventude brasileira. Os jovens deram uma lição de democracia a todos nós.
Fonte: Blog Idéia Certa.

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