terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

OS SEGREDOS DE ANGOLA (I)

SRZD Especial

Antônio Augusto Valente.

O SRZD chegou a Luanda, capital de Angola, num domingo. Como no horário só chegava o vôo vindo do Rio de Janeiro, o Aeroporto Internacional da cidade, que normalmente é uma bagunça, estava relativamente tranquilo.

Às quintas-feiras, por exemplo, desembarcam espanhóis, que vêm de Madrid pela companhia aérea Iberia; portugueses, oriundos de Lisboa pela TAP; e os brasileiros, que vêm de TAAG, as linhas aéreas angolanas. O dia é um caos. As filas dão voltas e a confusão na hora de pegar as bagagens, em esteiras que não suportam a quantidade de pessoas chegando, é a regra. A infra-estrutura do aeroporto não dá conta do número cada vez maior de passageiros que desembarcam em Luanda.

Na serenidade dominical de nossa chegada, no entanto, a fila para os estrangeiros - ao contrário da dos cidadãos angolanos, que tinha, no máximo, 10 pessoas - era apenas bastante extensa. Nas esteiras para pegar as malas, pouca gente, espaço suficiente e nem cinco minutos de espera.

No saguão do desembarque, chamavam a atenção os vários angolanos que seguravam placas com nomes de construtoras, como as brasileiras Odebrecht, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão e a portuguesa Soares da Costa. A imagem é retrato fiel do que é Angola, um país que está em pleno processo de (re)construção, crescendo a passos largos com a ajuda de investimentos estrangeiros. Chineses, brasileiros e portugueses, principalmente, estão em peso no país.

Na volta ao Brasil, o clima no aeroporto era diferente. Às 10h da manhã, o lugar estava lotado. As filas eram enormes, os poucos vôos estavam atrasados e os muitos chineses, irritados. Um deles queria de qualquer forma embarcar, tentava falar em inglês com o segurança, se desesperava e ouvia apenas algumas palavras de ordem em português com forte acento lusitano. A certa altura, o funcionário do aeroporto, já sem paciência, pegou a mala do passageiro e colocou-a onde queria que ele ficasse, cerca de dez metros para trás.

A situação, bem longe da "serenidade" da chegada, lembrava os piores dias da crise da aviação no Brasil. O aeroporto é minúsculo para a quantidade de passageiros e os funcionários não têm experiência, treinamento e paciência. Os angolanos, em geral, parecem não gostar muito de prestar serviços aos brancos e estrangeiros - os "pulas", na gíria local.

"Ruim? Você precisa ver isso aqui em 23 de dezembro, rapaz, com todo mundo querendo voltar para Brasil e para seus países. Tem gente chorando e gritando por todos os cantos", contou ao SRZD um pernambucano que trabalha para a Queiroz Galvão, em Angola, há cinco anos.

Esse, no entanto, é só um - e, provavelmente, o menor - dos prolemas de Angola.
Fonte:SRZD

Nenhum comentário: