sábado, 7 de fevereiro de 2009

TRABALHO ESCRAVO - São Paulo movida a trabalho escravo e desmatamento.

Por Leandro Uchoas, de Belém.

Qualquer paulistano presente no debate "Conexões sustentáveis: quem se beneficia com a destruição da Amazônia?", no auditório do Salão Verde da UFRA, certamente se surpreenderia com a dimensão da rede de produtos legalmente consumidos na capital paulista que têm origem direta em atividades ilegais amazônicas.

Marques Casara, da Papel Social, e Leonardo Sakamoto, da Repórter Brasil, apresentaram os resultados de uma pesquisa que revela que o progresso da capital econômica do país está diretamente relacionado à devastação da Amazônia – dos móveis caros feitos com madeira de desmatamento à carne de animais alimentados com soja trangênica.

O estudo é uma iniciativa do Fórum Amazônia Sustentável e do Movimento Nossa São Paulo. Os jornalistas e pesquisadores percorreram a floresta durante meses levantando, essencialmente, como a pecuária bovina, as extrações madeireiras e o plantio de soja tornam-se, em território paulistano, produtos legalizados, independente da origem ilegal de sua matéria-prima."Lá, vende-se o ilegal para alguém legalmente estabelecido. Lava-se o produto", explica o empresário Oded Grajew.

Boa parte do que chega a São Paulo da região Norte do país, das redes varejistas à construção civil, foi produzida por empresas que desmatam ou utilizam trabalho escravo. Os pesquisadores denunciaram a omissão da indústria paulista, que estaria ignorando as duas listas disponibilizadas na internet pelo Ibama – a dos acusados de desmatamento e trabalho escravo. Acusam ainda de omissão a imprensa local. "Vocês querem que isso seja publicado na Folha de S. Paulo?", ironiza Marques Casara.

Segundo os estudos, a exploração predatória que sustenta parte da maior cidade do país está exterminando populações indígenas inteiras. A pecuária já estaria ocupando mais de 70% das áreas desmatadas – utilizando-se, muitas vezes, de trabalho escravo. "As questões amazônicas são mais do que ambientais. São sociais", resumiu Caio Magri, do Fórum Amazônia Sustentável.

Oded Grajew defendeu a adoção no Brasil de um padrão de jurisprudência em que as empresas sejam julgadas por toda a sua cadeia produtiva. Dessa forma, temendo ser responsabilizadas pelos crimes cometidos por seus fornecedores, causariam por conseqüencia a asfixia financeira de empresários e fazendeiros criminosos.

Os estudos foram concentrados na região da Bacia do Xingu – entre os Estados do Mato Grosso e do Pará – por representar uma amostra quase completa dos problemas da floresta Amazônica. A bacia tem 51 milhões de hectares – mais da metade protegidos por áreas de conservação e terras indígenas. É o segudno maior corredor de biodiversidade do país, cujas nascentes estão em área de desmatamento e assoreamento.

Detalhes da pesquisa podem ser encontrados em:

www.reporterbrasil.org.br/documentos/conexoes_sustentaveis.pdf

Fonte:Blog Fazendo Média

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