Apartidários e Apolíticos: a manipulação ideológica!
Aquele que se diz militante até quem se diz revolucionário e apoia movimentos apartidários está totalmente equivocado, não sabe o que é ser militante e muito menos revolucionário.
Os movimentos apartidários têm um caráter pequeno burguês e uma capacidade de se extinguir rapidamente pela dispersão dos propósitos e inconsistência política, como forma de não alterar as relações de poder e, somente, se mobiliza para reforçar interesses individuais, particularizados e de grupos, geralmente é oriundo da classe média, que por ventura é atingida em determinado momento por algum episódio pontual que a desagrade. Estes movimentos fazem de tudo para que os “fatos motivadores” não se politizem, e não ultrapassem os limites da ideologia dominante. Tem como característica o reforço da alienação do senso comum e o descompromisso com os contextos políticos fundamentais. São movimentos sem unidade política, filosófica e sociológica. Se constituem em dinâmicas neoliberais, vulneráveis a mais diversas dos interesses privados e “mercadológicos”. É comum que as lideranças sejam pessoas que buscam aparecer publicamente e adquirir destaque pessoal, atuam de forma “moderada e/ou deslumbrada” conciliando áreas de interesses contraditórios e influenciadas de diversos matizes elitizantes, sempre em consonância com a ordem. Desde o empresariado até o poder público, e ao buscarem acesso as instâncias Estatais se ligam as siglas partidárias por puro oportunismo.
Para estas lideranças os partidos políticos servem como trampolim de acesso aos governos municipais, estaduais e federal, ou como forma de conseguir barganhar, tirar proveito - favores e privilégios. Mas a luta “contra os partidos” nunca foi uma bandeira do próprio movimento, e sim da direita. Por trás destes movimentos estão os tubarões dos partidos de direita, as autoridades influentes, empresários ligados a entidades como Lions Club, Rotary, "artistas" que dependem do dinheiro público para manter suas ONG's, entidades culturais, OSCIP's, que colaboram com o poder público e da iniciativa privada no apaziguamento das massas e não se arriscam a terem posição política explicita, para não contrariar a “gregos e troianos” quando se revezam nas instâncias do parlamento e de governos.
No Brasil, foi a ditadura militar quem mais utilizou o discurso “apartidário” para combater o movimento estudantil. Os militares acusavam os ativistas de “partidarizar os DAs” e exigiam medidas concretas dos reitores contra a atuação dos partidos nas universidades. Na tentativa de desarticular o movimento, a ditadura perseguia os estudantes filiados a partidos. Somente esse fato bastaria para se entender o enorme desserviço prestado ao movimento pelos defensores do “apartidarismo”, cujo discurso é igual àqueles pronunciados por generais e reitores durante os piores anos de nossa História.
Os apartidários ou apolíticos querem passar a ideia de neutralidade, uma falsa imagem para a população em geral. Esta postura tem a intenção de recalcar no povo a negação das classes sociais e principalmente da luta de classes, de que não há classes sociais mas uma sociedade plural, e que todos devem respeito as diferenças. Esta é uma forma da ideologia dominante, a da burguesia, preservar sua hegemonia de classe sobre as demais classes da sociedade capitalista. Isto chama-se ditadura burguesa, isto é: significa a supremacia dos interesses da classe burguesa, que está no poder, sobre as outras classes, principalmente sobre a classe trabalhadora.
Em 1905, Lenin, no decurso das movimentações de classe que culminaram na Revolução de 1917, escrevia: “como já mostramos, o apartidarismo é um produto ou, se quiserem, uma expressão do caráter burguês da nossa revolução. A burguesia não pode deixar de tender para o apartidarismo, pois a ausência de partidos entre os combatentes pela liberdade da sociedade burguesa significa a ausência de uma nova luta contra esta própria sociedade burguesa. Quem trava uma luta «sem partido» pela liberdade ou não tem consciência do caráter burguês da liberdade, ou santifica este regime burguês, ou adia a luta contra ele, o seu «aperfeiçoamento», para as calendas gregas. E, inversamente, quem consciente ou inconscientemente está ao lado da ordem burguesa não pode deixar de sentir atração pela ideia do apartidarismo”. Assumindo um papel destacado à frente desta ramificação do apartidarismo encontramos lado a lado anarquistas e extrema-direita alardeando nas manifestações a máxima “o povo unido não precisa de partido”, uma deturpação velhaca da famosa frase que proclama “o povo unido jamais será vencido”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário