sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

RÚSSIA - Queda dos preços do gás natural.

 

Gás natural, outra dor de cabeça para Putin


Analistas preveem queda de 13% do custo médio na Europa, menor patamar desde 2010
Após as quedas vertiginosas dos preços do petróleo e do rublo, no ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, agora tem outra coisa com que se preocupar: o preço do gás natural.

Apesar de o gás ter se saído melhor que o petróleo no ano passado, com apenas metade da queda aproximadamente, o custo médio no maior mercado aberto da Europa cairá 13% neste ano, atingindo o nível mais baixo desde 2010, segundo a média de estimativas de 13 operadores, corretores e analistas compiladas pela Bloomberg. Parte do motivo do declínio é que a capacidade global de produção de gás natural liquefeito (GNL) dará o maior salto em quatro anos, aumentando a concorrência do combustível que flui pelos oleodutos russos e abastecem quase um terço da demanda da Europa.

A cotação do petróleo do tipo Brent, usado para ajudar a precificar as vendas de gás da estatal OAO Gazprom para a Europa, caiu 48% no ano passado devido ao excesso de oferta internacional e queda da demanda. Dois terços das receitas da Rússia com exportações têm origem no setor de petróleo e gás e Putin alertou o país em relação à chegada de uma recessão, porque o maior exportador de energia do mundo está lidando também com um declínio de 34% de sua moeda em relação ao euro.

— Há todos esses fatores pela frente que realmente não são positivos para a Rússia em termos de sua posição como fornecedor de gás natural para a Europa — disse Daragh McDowell, analista sênior da Verisk Maplecroft, empresa com sede em Bath, Inglaterra, que estuda a Rússia há cerca de dez anos. — A situação da Rússia, que já era delicada, está ficando ainda mais delicada.


PREÇOS DE REFERÊNCIA


Os preços de gás no Reino Unido, uma referência europeia, ficarão em uma média de 44,5 pence por therm (US$ 6,69 por um milhão de BTU) neste ano, segundo a pesquisa. O valor contrasta com o de 51 pence por therm em contratos a terminar em 2014 e 67,1 pence em 2013. O contrato estava em 46,64 pence hoje na bolsa ICE Futures Europe, em Londres.

Os preços mais baixos do petróleo começarão a alimentar em sua plenitude os contratos de gás a longo prazo da Rússia já no início de abril, disse o Citigroup em um relatório de 15 de dezembro. Quase metade de todos os contratos de gás da Europa está ligada ao petróleo, sendo que o impacto se apresenta com uma defasagem de seis a nove meses.

A produção da Global LNG se expandirá em 5% neste ano, o equivalente a 14 milhões de toneladas, segundo o Bank of America. É o ritmo mais rápido desde 2011 em um momento de início de novos projetos, dos Estados Unidos à Austrália.


IMPORTAÇÕES EUROPEIAS


Devido à queda dos preços e da demanda na Ásia, as importações de GNL pela Europa subirão 18% em 2015, para 41,7 milhões de toneladas, segundo a Energy Aspects, uma consultoria do setor.

A Rússia obtém 14% de sua receita a partir da exportação de gás. A receita da estatal Gazprom cairá 7,6%, para 6,13 trilhões de rublos (US$ 97,5 bilhões), no ano-fiscal 2015, primeiro declínio desde 2009, segundo a estimativa média de 18 analistas consultados pela Bloomberg. Sergei Kupriyanov, porta-voz da Gazprom em Moscou, não respondeu ao pedido de comentário sobre o mercado de gás durante feriados na Rússia. 12


A Rússia também enfrenta uma demanda mais baixa da União Europeia (UE), seu maior mercado de gás. O consumo do bloco de 28 países caiu 9% no ano passado, a quarta queda anual, segundo uma projeção da Eurogas, uma associação do setor, com sede em Bruxelas.

A Rússia, que gastou mais de US$ 80 bilhões no ano passado para conter a queda do rublo, provavelmente tentará manter sua participação no mercado europeu de gás oferecendo descontos nos preços, segundo a Eurasia Group. A economia do país poderá encolher 4,5% neste ano com o petróleo a US$ 60 por barril, disse o Banco Central russo no dia 15 de dezembro.

— Em termos de receita, o gás representa uma proporção menor do que o petróleo — disse Leslie Palti-Guzman, analista da Eurasia Group em Nova York, no dia 17 de dezembro. — Mas no fim das contas, quando você tem uma situação fiscal ruim, tudo se torna importante.

Fonte: Bloomberg News

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