O / INTERNACIONAL / LAGARDE ASSUME RECESSÃO NO INVERNO E ANUNCIA NOVA SUBIDA DAS TAXAS DE JURO
Lagarde assume recessão no inverno e anuncia nova subida das taxas de juro
Esta quarta-feira, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), anunciou novas rondas de subida das taxas de juro de referência, a começar já em outubro. Está em causa duas subidas de 75 pontos base até ao final do ano, colocando a taxa diretora nos 2%. A meta do BCE é conter a inflação nos 2%, mas estima-se que em setembro atinja um novo máximo em torno dos 9,7%.
Esta política monetária mais agressiva vem no seguimento de uma primeira subida em julho, o primeiro momento de viragem, e novamente a 14 de setembro com uma subida histórica dos juros.
Recessão no inverno terá impactos diferentes entre os Estados-Membros
Torna-se cada vez mais óbvio o impacto recessivo desta escolha. Esta segunda-feira, Lagarde esteve no Parlamento Europeu numa audição com a Comissão de Assuntos Económicos e Monetários, e avançou que espera uma contração do crescimento económico da Zona Euro já no último quadrimestre deste ano, bem como no primeiro do próximo. Dois quadrimestres consecutivos definem-se como uma recessão técnica.
De notar que este aumento tem consequências diferentes entre os vários Estados-Membros, sendo particularmente mais grave para economias com maior endividamento público e com grande parte do crédito à habitação com taxa variável.
O Conselho do BCE, o órgão que decide a política monetária, é composto pelos 19 governadores da área do euro e pelos seis membros da comissão executiva liderada por Christine Lagarde. As decisões são tomadas por votos, no entanto, todos os meses há governadores que não têm direito de voto atribuído, por se aplicar uma regra de rotatividade que favorece as economias de maior dimensão.
Na reunião de setembro em que se votou a subida de 75 pontos base Portugal não participou na votação, nem participará na próxima agendada para setembro em que se efetivará o próximo aumento.
Lagarde pede aos governos contenção nas medidas anti-inflação
Também na reunião parlamentar de segunda-feira, Lagarde defendeu que as medidas fiscais dos governos nacionais devem ser localizadas e temporárias. Refere-se a estímulos ficais, tanto na forma de subsídios como de cortes fiscais, que têm sido avançados para proteger o rendimento das famílias e apoiar as empresas face à escalada dos preços. Estas medidas representam desde final de agosto 1% do PIB da Zona Euro.
Mário Centeno, apesar de não ter representação na próxima votação, está alinhado com as escolhas de Lagarde. Apelou também que as medidas de apoio às famílias e empresas não tenham “uma atuação pro-cíclica” e “não anulem” as medidas de política monetária do banco central.
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