O que você precisa saber para não votar em quem destrói a Amazônia |
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Se você é leitor da Repórter Brasil, chegará à urna no próximo domingo (2) sabendo os nomes dos políticos que não se preocupam em preservar o meio ambiente e as comunidades tradicionais.
Em setembro, publicamos reportagens que investigam políticos, revelam financiamentos eleitorais e expõem os danos provocados à Amazônia nos últimos quatro anos.
Isso tudo pode ser conferido no Ruralômetro, uma ferramenta que avalia o desempenho dos deputados federais em questões socioambientais. A partir de cruzamentos de dados, mostramos as estreitas ligações entre o agronegócio e a bancada da bala, entre várias outras histórias. Dos 25 deputados mais mal pontuados no Ruralômetro, 23 são membros da bancada da bala. Entre eles está o candidato a deputado federal Éder Mauro (PL-PA).
Fomos até Belém para ver como o ex-delegado -- alvo de 101 denúncias em ouvidoria por sua atuação como policial e que assume ter executado várias pessoas -- exibe um verniz de justiceiro e moralista, mas camufla a faceta de ruralista que atua sistematicamente contra o meio ambiente e os povos do campo. |
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Em outra reportagem, contamos sobre o legado negativo que o partido Novo deixa para o meio ambiente. Estreante no Congresso com oito deputados federais eleitos em 2018, a legenda se aproxima do fim da legislatura com o título de pior partido para a causa socioambiental na Câmara, segundo o Ruralômetro.
Ser antiambiental, contudo, pode ser um "bom negócio", já que os deputados ruralistas enriquecem 7 vezes mais que os ambientalistas em quatro anos.
Os parlamentares com atuação considerada negativa para causas ambientais e de povos tradicionais tiveram crescimento patrimonial médio de R$ 532 mil entre 2018 e 2022, enquanto os políticos ambientalistas enriqueceram R$ 74 mil no mesmo período.
Não é apenas a destruição que rende dinheiro. Revelamos que o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), ex-líder do governo Jair Bolsonaro (PL), solicitou ao ministro do Trabalho, José Carlos Oliveira, “a possibilidade de análise e retirada” de uma fazenda pertencente a Emival Caiado da “lista suja”. O cadastro reúne empregadores responsabilizados por condições análogas às de escravo. Um mês depois, Emival doou R$ 600 mil às campanhas eleitorais de três filhos do senador: R$ 250 mil para Miguel Coelho, candidato a governador, R$ 200 mil a Fernando Filho, candidato a deputado federal, e R$ 150 mil a Antônio Coelho, candidato a deputado estadual. Todos os três são filiados ao União Brasil.
Em outra reportagem, dessa vez em vídeo (abaixo), partimos de Rondônia, cruzamos o Amazonas e o Pará e avançamos até o Mato Grosso para ver as regiões mais queimadas e devastadas durante o governo Bolsonaro, onde o agronegócio impulsiona três grandes obras de infraestrutura. |
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Passamos por 7 das 10 cidades mais queimadas e desmatadas da Amazônia Legal nos últimos cinco anos. Conversamos com indígenas de diferentes povos e ouvimos relatos de ameaças e ataques. Esse tipo de pressão se tornou recorrente no governo Bolsonaro, como mostramos em outras reportagens publicadas em setembro.
Com apoio do governo de Mato Grosso e da Funai, a prefeitura de Campinápolis (MT) desmatou ilegalmente área indígena para plantio de grãos. Sem aval do Ibama, o munícipio retirou área equivalente a 420 campos de futebol na TI Parabubure. Máquinas e combustível foram fornecidos pela gestão Mauro Mendes (União Brasil), governador favorito à reeleição.
O discurso pró-garimpo do presidente Jair Bolsonaro e os cortes orçamentários impostos à fiscalização ambiental geraram não apenas um aumento desta atividade ilegal no país, mas também um novo fenômeno nas eleições deste ano. É a presença de candidatos ligados ao garimpo e que, em alguns casos, carregam a legalização da atividade como bandeira eleitoral.
A Repórter Brasil levantou os sete principais candidatos a diferentes cargos ligados à atividade. Cinco são milionários. E todos são muito próximos, de alguma maneira, ao garimpo – seja defendendo a categoria, seja fazendo parte dela.
Em oposição a quem destrói a Amazônia, os indígenas se articularam para criar a "bancada do cocar". São 30 candidaturas em todo o Brasil apoiadas pela principal associação indígena, a Apib. Dessas, 16 disputam um cargo na Amazônia.
Durante a campanha, os candidatos indígenas enfrentam a falta de dinheiro, as viagens caras e a onipresença das igrejas evangélicas nas aldeias, como mostra a reportagem. |
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‘Vai ter guerra’: após morte suspeita de liderança, guardiões Ka’apor se unem contra garimpo ilegal |
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Ainda sobre garimpo ilegal, fomos até o Pará para contar a história sobre a morte misteriosa de liderança indígena Ka'apor, que completa quatro meses sem avanços na investigação. Na região, os guardiões em defesa da floresta se unem contra o garimpo legal e prometem: "Vai ter guerra". |
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Impossível também não mencionar a prisão do empresário Dirceu Sobrinho, que é dono de garimpos, mineradoras e empresas que negociam ouro.
Sobrinho é investigado por comprar o metal de garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami (RR), Munduruku e Kayapó (PA). Mas foi um outro esquema que levou Sobrinho para a prisão temporária. Trata-se de uma organização que opera balsas e dragas de ouro em rios do Amazonas, segundo investigação da Polícia Federal. A investigação corre em sigilo, mas a Repórter Brasil conseguiu acesso à parte do inquérito. |
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Outras denúncias da Repórter Brasil em setembro: |
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- Banidos na Europa, feitos na China e usados na soja: os agrotóxicos aprovados por Bolsonaro. Levantamento revela que 45% dos produtos liberados pela gestão atual são de agrotóxicos proibidos na União Europeia. Maioria é fabricada na China e é usada em plantações voltadas à exportação
- Inauguração de maior frigorífico do Nordeste intensifica conflitos por terra em Pernambuco. Nova fábrica da Masterboi impulsiona pecuária no estado, mas aumenta violência em regiões de antigas usinas de cana; 1.500 famílias vivem sob tensão, com ameaças de morte, invasões, risco de despejo e patrulha feita por homens armados e drones.
- JBS bloqueia fazendeiros que criam gado ilegalmente na Terra Indígena Apyterewa. Após Repórter Brasil revelar que o frigorífico havia comprado bois de invasores do território dos Parakanã, a empresa decidiu suspender negócios com os dois fazendeiros.
- Bancos ameaçam cortar empréstimo a frigoríficos ligados a desmatamento. Federação que representa instituições financeiras discute proposta que exige monitoramento de fornecedores diretos e indiretos para concessão de empréstimos, mas lacunas no texto e falta de cronograma para aprovação frustram especialistas.
- Corrupção, fraudes e hackers mascaram a origem ilegal da carne na Amazônia Novo relatório da Repórter Brasil mostra como são facilmente adulterados documentos usados pelos frigoríficos para bloquear compras de bois ligados ao desmatamento ou trabalho escravo, abrindo brecha para fraudes envolvendo até mesmo funcionários públicos.
- Em decisão inédita, empresa de sisal é multada em R$ 1 milhão por usar matéria-prima com trabalho escravo. Justiça determinou que Sisalândia, com sede no sertão da Bahia, se beneficiou indiretamente de violações aos direitos humanos em sua cadeia produtiva; operação resgatou 12 trabalhadores em situação análoga à escravidão.
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