sábado, 11 de outubro de 2008

INTERNET - Sem controle é uma ameaça às crianças.

Luciana Abade
Jornal do Brasil

Pais têm medo, mas não fiscalizam o que os filhos vêem

Quase 90% das crianças e adolescentes do Brasil de cinco a 18 anos não possuem restrição dos pais no uso da internet. Como conseqüência, 53% já tiveram contato com conteúdo agressivo e impróprio para sua idade. O percentual de jovens que declararam não ter limite para a internet contrasta com a quantidade de pais que afirmaram ter medo de que seus filhos sejam vítimas de um adulto mal intencionado – 84%. Os números são resultado de pesquisa inédita sobre segurança na internet divulgada ontem em São Paulo pela organização não-governamental SaferNet.

– Os pais, infelizmente, ainda não se deram conta de que a internet é um espaço público que merece atenção – lamenta Rodrigo Nejm, diretor de Prevenção da SaferNet. – Não deixam os filhos irem a qualquer lugar com qualquer pessoa, mas esquecem que, na internet, eles podem entrar em contato com pessoas de má índole, sem sair de casa.

Segundo Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, a quantidade de jovens que declararam usar a internet no próprio quarto, 64%, é um fator preocupante:

– O ideal é que o computador fique em um espaço comum da residência para que as crianças não fiquem isoladas. Essa atitude ajuda, inclusive, na relação de confiança delas com os pais.

Relacionamento

A maioria dos jovens internautas prefere sites de relacionamento, 72%. E, quando se cadastram, 66,71% o fazem sozinhos em casa, sem supervisão de um responsável, mesmo que os sites sejam proibidos para as crianças e adolescentes.

A pesquisa mostra que esses jovens internautas não zelam pela privacidade tornando-se presas fáceis para criminosos e pedófilos: 72% compartilham fotos pela internet, enquanto 61% compartilham a data de aniversário, 51% o sobrenome e 21% o nome da escola e clube que freqüentam.

– Essas crianças tornam-se alvos fáceis para pedófilos porque conhecendo o gosto delas, eles ganham a confiança para seduzi-las e, muitas vezes, chantageá-las - explica Rodrigo.

Cerca de 80% das crianças e adolescentes entrevistados afirmaram ser mais habilidosos que os pais para navegar na internet. Para Rodrigo, a falta de familiaridade dos adultos com as novas tecnologias não deve ser um entrave para que os pais acompanhem os hábitos dos filhos na internet, nem a resistência desses em permitir o acompanhamento, já que 48% das crianças e adolescentes afirmaram que se aborrecem quando os pais monitoram a navegação.

Liberdade e segurança

Para os diretores da ONG, o Estado falha ao não desenvolver políticas públicas que permitam uma internet livre e segura. Em poucos Estados existe uma regulamentação ética das lan-houses. E, mesmo com programas de distribuição de computadores nas escolas, os professores não são treinados para usar adequadamente a novas tecnologias, ficando distantes da realidade cibernética dos alunos.

De acordo com Rodrigo, os pais não devem proibir os filhos de acessarem a internet, nem devem instalar programas de monitoramento porque a censura não é o melhor caminho e proibir não educa, nem previne.
Fonte:FNDC

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