sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

ANGOLA II - Cidade e as candongas.

Antônio Augusto Valente

A Samba, uma estrada recém-contruída, homônima ao maior bairro da cidade, conecta Luanda Sul à região da Baixa, o centro. A pavimentação, a ausência de buracos e a presença de sinalização, além de alguns policiais ao longo da via, evidenciam a novidade, grande exceção no trânsito desregrado de Luanda.

Entre as pistas, outdoors do governo mostram o local "antes e depois". A evolução é nítida e notável. À esquerda e à direita, porém, mais musseques. Vielas não-pavimentadas, barracos, lixo entulhado e vendedores ambulantes. O trajeto, sem trânsito, dura cerca de meia hora. Na hora do rush, no entanto, o percurso pode demorar mais de 1 hora e meia.

Juntamente com os carros importados, trafegam nas ruas alguns poucos carros mais velhos e uma infinidade de candongas. Vans de pintadas de azul e branco, nem sempre em boas condições e nem sempre legalizadas, as candongas são o transporte público de Angola. Os motoristas, chamados de candongueiros, geralmente alugam o veículo e pagam aos proprietários (que são poucos) pelo uso, diária ou semanalmente.

A passagem, independente do destino e fora dos horários de pico, custa 50 kwanzas (menos de US$1). O preço é o mesmo na hora do rush, mas a viagem encurta devido aos engarrafamentos, então o custo para ir e voltar ao trabalho pode chegar a até 200 kwanzas. Caso haja demanda, os candongueiros também fazem viagens para as províncias do interior, por um preço maior. Não há itinerário fixo.

Chegando no centro, a primeira coisa que impressiona é a beleza da orla. Com a ilha do Mussulo ao fundo, a região é plasticamente muito bonita, ainda que mal conservada. Há pessoas fazendo cooper e praticando exercícios ao lado do porto, que é cheio, mas pouco movimentado - em virtude do processo burocrático lento, os navios chegam a ficar semanas ancorados.

Num ambiente que tem sua melhor definição na palavra "contrastante", edifícios modernos dividem o mesmo metro quadrado com outros literalmente caindo aos pedaços. A vista dos hotéis cinco estrelas é, quase que inevitavelmente, os prédios-cortiço inacabados, herança do socialismo.

Neles, famílias se amontoam e sobem diariamente dezenas de andares de escada, muitas vezes com baldes d´água na cabeça. A parte externa desses edifícios é suja e grita por uma reforma - alguns, inclusive, estão só no tijolo. No entanto, como os moradores não são proprietários nem inquilinos (e podem ser desalojados a qualquer instante), dentro dos apartamentos pode haver aparelhos de ar condicionado, televisão e eletrodomésticos.

Entre os edifícios modernos, destaca-se o da Sonangol, a empresa estatal de petróleo. Angola entrou para a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) em 2007. É o país-membro mais recente e, atualmente, devido ao sistema rotativo, exerce a presidência da organização.
Fonte:SRZD

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