terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

GRÃ-BRETANHA - Greves contra estrangeiros se alastram.

Cerca de 1200 trabalhadores das centrais nucleares de Sellafield y Heysham entraram na segunda-feira em greve para protestar contra a contratação de trabalhadores estrangeiros, como parte do movimento "Empregos britânicos para trabalhadores britânicos". Na opinião do Socialist Workers Party da Grã-Bretanha, não são os trabalhadores italianos ou portugueses os responsáveis pelos ataques aos direitos dos britânicos: "Quando os trabalhadores se dividem, quem ganha são os patrões".

O movimento começou na semana passada na refinaria de Lindsey da empresa Total. A administração da refinaria adjudicou a obra de ampliação das instalações à empresa italiana IREM, que anunciou que a maioria dos 500 trabalhadores que trabalhariam na obra seriam, na sua maioria, italianos e portugueses vindos expressamente dos seus países de origem.

Bill Eilbeck, sindicalista da central de Sellafield, declarou que a greve não é xenófoba, mas sim que exige igualdade de condições para todos os trabalhadores. "Não tentamos impedir a chegada de trabalhadores estrangeiros, tentamos impedir que venham ganhar menos e nos tirem trabalho. Pedimos igualdade de direitos", disse.

Para o Socialist Workers Party (Partido Socialista dos Trabalhadores) as greves baseiam-se em objectivos errados e têm como alvo as pessoas erradas.

Um comunicado distribuído pela organização afirma que é correcto lutar por empregos e contra a redução de salários, contra o sistema de subcontratação e para que todos tenham salários decentes. "Mas estas greves não fazem isso", diz o comunicado. "Não são os trabalhadores italianos, polacos ou portugueses os responsáveis pelos ataques aos direitos dos britânicos." O SWP recorda que os trabalhadores da construção sempre foram forçados a viajar para longe de casa para trabalhar, seja dentro do seu país ou entre países diferentes, recordando tantos britânicos que foram trabalhar para Dubai ou Dusseldorf. "Quando os trabalhadores se dividem, são os patrões que ganham", adverte o comunicado, lembrando os lucros da Total e da empreiteira que fez o subcontrato. "São estes que os trabalhadores devem atacar, não virarem-se uns contra os outros."

O comunicado adverte ainda que os que incentivam estas greves estão a brincar com o fogo. "Quando o argumento é usado, pode abrir a porta ao racismo contra indivíduos. Já em alguns armazéns de supermercados os racistas estão a convocar acções contra os trabalhadores estrangeiros." O SWP alerta que o British Nacional Party (extrema-direita) está a distribuir propaganda racista em apoio às greves.

Portugueses regressam

Entretanto, mais da metade dos portugueses contratados para a trabalhar na refinaria da Total já regressou a Portugal. No total, eram 38 os portugueses que se encontravam em Lincolnshire e que se viram no centro da polémica. Restam ainda 18.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, considerou inaceitável qualquer discriminação de trabalhadores, portugueses ou não, e sustentou que as dificuldades laborais têm de ser resolvidas no quadro legal. "Essa tentativa de discriminação é absolutamente inaceitável", disse.

Fonte: Esquerda.net

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