terça-feira, 2 de abril de 2013

ECONOMIA - O banco dos BRICs e a grande mídia.



Mídia fecha os olhos para o Banco dos BRICs e a nova correlação de forças no mundo

O anúncio da criação do Banco dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é uma das principais notícias da economia dos últimos tempos. Mas esse acontecimento internacional que expressa uma nova correlação de forças no mundo ganhou o solene desprezo da mídia nativa.

Como bem analisa Luis Nassif no artigo “O Banco dos BRICSs a e Nova Ordem” , publicado hoje, é a primeira iniciativa multilateral e interregional de ir além do acordo de Breton Woods – que em 1944 juntou as nações em torno de instituições como a ONU, o FMI e o Banco Mundial.

A criação de órgãos próprios dos BRICs paralelos ao FMI e ao Banco Mundial ocorre em um cenário no qual, por pressão e controle dos EUA, esses e outros organismos internacionais surgidos após a Segunda Guerra Mundial não se reformam. Não reconhecem a nova realidade do século XXI, com os BRICs e os emergentes, o mundo asiático, africano e latino-americano.

Já é hora de uma ampla reforma. Não apenas nas Nações Unidas e em seu Conselho de Segurança, mas em toda a arquitetura de governança mundial; da OMC (Organização Mundial do Comércio) ao FMI.

No entanto, o que vemos é a consolidação desses organismos na Europa, com o FMI integrando a troika (ao lado do Banco Central Europeu e a Comissão Europeia), amaldiçoada pelos povos do sul da Europa.

Mesmo com tudo isso, a nossa mídia teima em diminuir e reduzir o papel de liderança no Brasil hoje no mundo.

A nova ordem

Voltando ao artigo de Nassif, ele chama atenção para o tamanho dos BRICs: 43% da população mundial e US$ 4,4 trilhões em reservas de moedas estrangeiras. O comércio entre cinco países cresceu mais de dez vezes em dez anos e deve dobrar até 2015, batendo no meio trilhão de dólares. O Investimento Estrangeiro Direto (IED) no bloco representa 20% do fluxo mundial.

Nassif também ressalta que há diferenças políticas e econômicas muito relevantes entre os cinco países. E que o modelo de expansão chinesa tem provocado muitas resistências: “A exemplo de outras potências, como Holanda, Espanha, Inglaterra e, mais tarde, os Estados Unidos, a China tem tido um papel pouco estimulador para seus parceiros comerciais. Vão longe os tempos do colonialismo britânico, mas permanece a ótica de trocar matérias primas por manufaturas. Terá que aprender a colaborar”.

O artigo lembra que a China repete a estratégia inglesa de comprar matéria prima e vender manufaturas. “E mesmo parceiros comerciais mais adiantados, como o Brasil, não tem conseguido escapar da armadilha chinesa, composta de mão de obra barata, câmbio competitivo e custo ínfimo de capital. Por aqui, o discurso hegemônico da velha mídia continua sendo a de aumentar os juros e evitar qualquer política desenvolvimentista.”

Nassif acrescenta: “Essa é a diferença fundamental. Na China, há o envolvimento de todas as forças – PC, governo, empresas, províncias, funcionalismo público, trabalhadores – em torno de um projeto de desenvolvimento. No Brasil, a maior parte do discurso da mídia é em defesa da elevação de juros, da abertura total do mercado, contra toda forma de inclusão social ou de medidas em favor das atividades produtivas”.

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