quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

ECONOMIA - Guerra ao Brasil.



dinheiro-sombraNão há como não dizer nesta hora, em nome do ex-ministro José Dirceu, que o nosso país está submetido a uma planejada e articulada campanha externa e interna que objetiva, mais do que mudar sua política econômica, impor a volta aos tempos da ortodoxia neoliberal apoiada no mercado e no interesse do capital financeiro rentista.
Essa operação visa retirar do governo – do poder político – a autonomia para tomar decisões em matéria de política monetária, fiscal e cambial. Autonomia já retirada, aliás, uma vez que o poder político – a presidência – tem seus limites: algumas instituições do Estado, como o Banco do Brasil, são autônomas e muitas de suas decisões são tomadas a partir de variáveis controladas pelo mercado financeiro e sob pressão – quase chantagem – da mídia/oposição.
Basta citar o exemplo do Boletim Focus, tomado como base para decisões do Banco Central e variáveis como as metas da inflação e do superávit. Isso sem falar na herança da indexação da poupança e da dívida interna à taxa Selic, as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs).
Agências de risco são comprometidas com Wall Street e a City
As agências de riscos, mesmo desacreditadas,  totalmente comprometidas com os interesses de Wall Street e da City, mas principalmente com os capitais especulativos que nesse momento atacam o real, são outro fator de pressão sobre o país. É preciso destacar o apoio unânime – ou quase – da mídia a esse movimento de captura da nossa política econômica e de especulação contra a nossa moeda.
Tratam  de impedir que o Brasil faça como fazem os Estado Unidos e a Europa:  use e abuse de estímulos monetários da dívida pública, da emissão da moeda, dos bancos públicos, do tesouro, da administração do câmbio para impedir a recessão ou superar a crise como a de 2008, salvando seus bancos e empresas.
O pretexto para essa pressão, que vai funcionando e atingiu de cheio os emergentes, é a menor liquidez internacional, fruto da desaceleração da China e Europa, e do fim dos estímulos monetários nos EUA, aliás, já precificado no nosso câmbio de R$ 2,4 por dólar.
Economia tem problemas reais enfrentados e não enfrentados
Mas o Brasil não está endividado no exterior e tem reservas 10 vezes maiores que sua dívida externa de curto prazo. Cresce pouco, mas cresce. Tem o menor desemprego de sua história, inflação sob controle, baixa inadimplência, dívida interna (mesmo a bruta) e o déficit nominal dentro do padrão. Até mesmo o déficit nas contas externas está sob controle, já que recebemos US$ 60 bilhões de Investimento Externo Direto (IED).
Assim, apesar dos problemas reais de nossa economia que estão sendo enfrentados, como infraestrutura, inovação e educação, e os que não estão, dentre os quais os juros altíssimos e  carga tributária regressiva, a única explicação para a pressão de fora  e de dentro do país contra a política econômica da presidenta Dilma Rousseff é a tentativa de impor uma derrota política ao nosso projeto nas eleições presidenciais.
Como subproduto- mas não menos importante -, tentam  impor desde fora, e de novo, a dependência aos capitais externos e à banca internacional. E dentro do país baratear nossos ativos, começando pela Petrobras e pela concessões públicas. Enquanto isso, nossos problemas reais – como o custo de 6% do PIB em média da nossa dívida interna, os juros de 90% e 120% ao ano para pessoa jurídica e física respectivamente, o câmbio ainda valorizado – continuam à espera de um governo, de uma aliança política, de um bloco social, de um programa que mobilize o país e rompa com a herança maldita do neoliberalismo.
A crise atual, por mais que tenhamos problemas internos e graves, vem de fora e os que a estimulam e se aproveitam dela visam regredir nosso país à dependência externa e aos interesses do capital financeiro.

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