quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

ECONOMIA - A pressão pelo aumento dos juros.

Mídia adota outra linguagem e tenta enganar que não defende aumento de juros



Está chegando a hora da 2ª reunião de 2014 do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC), geralmente de dois dias, a se iniciar no próximo dia 26.  Ainda faltam duas semanas, mas há pelo menos 15  dias, ou mais, os jornalões, maiores porta-vozes do mercado, dos rentistas e dos especuladores – sempre ávidos por mais aumentos dos juros – mudaram radicalmente a cobertura, ou campanha, que fazem em defesa da elevação da taxa Selic.
E vejam vocês que incrível, nos títulos e na linha editorial das matérias passaram a transmitir a ideia de que defendem o oposto do que realmente querem. Desde a semana passada vêm assim, um dia um jornalão, no outro dia o outro, sempre com “reportagens” nessa toada editorial.
Na semana passada era a Folha de S.Paulo. Hoje é o Valor Econômico (por sinal, do mesmo conglomerado de comunicação que edita a Folha e o Globo) com essa manchete “Mercado vira e descarta risco de choque nos juros”. O texto diz que, em um movimento surpreendente, “a perspectiva de choque de juros saiu do radar”. Choque de juros, percebam, é o que eles defendam há duas semanas, dando a entender que não haveria novas altas, mas quando você lê as matérias percebem que estão noticiando o contrário, que haverá e que querem a elevação.
Preços “praticados” a outra grande criação do noticiário econômico
“A expectativa predominante continua sendo a de um ajuste de 0,5 ponto na próxima reunião do Copom, dia 26, mas ganhou força a aposta de que a alta poderá ser de apenas 0,25 ponto”, diz essa matéria do Valor. Ou seja, suavizam, dizem que pode não vir 0,5 ponto percentual, mas torcem para que venha pelo menos 0,25 e disso não abrem mão.
O noticiário econômico adota eufemismos, mas não deixa de dizer o que quer, ele e aqueles a cujos interesses representa:  1º dizem que a perspectiva de “choque de juros” (???), o aumento da saiu do radar; 2º dizem que o mercado continua achando que vem 0,5 de novo – aposta nisso – mas que ganha força a aposta de que pode vir é 0,25 “só”; 3º o que não descartam mesmo é que não pode haver uma reunião do COPOM sem aumento de juros; 4º essa linguagem é a mesma adotada por todos -  querem e defendem o aumento de juros, mas publicam a notícia como ele se viesse, embora essa mídia defenda o contrário.
É mais ou menos o que o noticiário econômico adota há anos em relação a preços. Em português, preços sempre são cobrados. Em qualquer lugar do mundo. Menos no Brasil onde há muitos anos a mídia arrumou outro eufemismo e só diz que preços são “praticados”.

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