POLÍTICA - Marina ou o caos ou o mercado é irracional?
Marina ou caos ou o mercado é irracional?
"Reta final da eleição é
inaugurada com o pior pregão da Bovespa em três anos; depressão inversamente
proporcional às chances de presidente Dilma Rousseff liquidar eleição em
primeiro turno; Petrobras cai 11%, Eletrobras perde 7% e até o Itaú, que faz
parte do índice Marina Silva, também recua sete pontos; dólar sobe para R$ 2,47,
máxima desde 2008; para se fortalecer, Dilma prometeu mudar política econômica,
mas mercado prefere operar
no caos e apostar na caixa preta de Marina; irracionalidade
progressiva
Marco Damiani, Brasil
247
A gangorra estabelecida entre o crescimento da
presidente Dilma Rousseff nas pesquisas de opinião e a depressão do mercado financeiro chegou ao seu
ponto mais extremo nesta segunda-feira 29. O índice Bovespa atingiu seu ponto
mais baixo em três anos, aos 54.625 pontos, em queda de 4,52%. Na outra ponta,
Dilma nunca se mostrou tão em alta, ao marcar 40,3% em pesquisa CNT/MDA, 15
pontos à frente de Marina Silva, do PSB, no primeiro turno, e com nove pontos de
vantagem na segunda volta.
O dólar deu mais peso
para a derrubada da Bovespa, com aumento de 1,6% e fechamento em R$ 2,47, a
maior taxa desde 2008. Um cenário econômico caótico a partir de um fato político que já era pedra
cantada. Dilma vem abrindo diferença para Marina desde que começou a apontar-lhe
paradoxos em seus posicionamentos públicos e contradições entre seu programa de
governo e sua prática política.A fobia a
Dilma chegou ao ponto da irracionalidade. Enquanto a presidente anunciou que
pretende mudar a equipe econômica e fazer ajustes em pontos considerados
fundamentais pelo mercado, como um aumento nos preços dos combustíveis, sua
adversária Marina Silva foi flagrada em diferentes contradições entre como agiu
no passado e o que promete para o futuro. No entanto, ainda assim a Bovespa
continuou a operar na lógica de que Marina é pró-mercado, e Dilma,
contra.
Os agentes do mercado sabem, no entanto, que é Marina
quem mostrou potencial para desnortear investidores, inverter regras e trocar prioridades por outras
que ainda não estão claras.
Dilma, por seu lado,
anunciou com todas as letras que irá mudar a equipe econômica caso conquiste a
reeleição. Sofreu, no entanto, pelo dito e o não dito. A presidente foi acusada
simultaneamente de esvaziar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e não atender
aos clamores por mais motivação para investimentos.
Assim
como ter catapultado, de maneira artificial, a Bovespa para acima dos 60 mil
pontos, logo após a entrada de Marina na sucessão, em agosto, agora os mesmos
investidores e especuladores derrubam o índice para menos de 55 mil. Na cascata
de quedas que foi liderada na segunda 29 pela Petrobras, com recuo de 11%, até
mesmo ações que compõem o chamado índice Marina, de companhias que lhe são
amigas, como o banco Itaú, sofreram. No
caso, a instituição financeira perdeu 7%, mesmo índice do prejuízo da
Eletrobras.
Para a chamada tigrada do mercado, o caos com
pretexto nas pesquisas só se aquece na reta final de uma eleição. É
típico. A desorganização é o melhor ambiente para a irracionalidade. Já está
claro que, para os moldes pretendidos, seria mais fácil realizar pactos com
Dilma do que apostar na caixa preta de Marina, mas é exatamente o contrário o
que mais interessa para quem está na gangorra."
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