Por Edmar de Almeida e Luciano Losekann (*)

Setor de Petróleo e Gás: Um ano difícil e com incertezas crescentes
O ano de 2014 foi marcado por alguns resultados operacionais bastante positivos para a Petrobras. A empresa conseguiu reverter a dúvida que pairava sobre sua capacidade de efetivamente entregar um aumento da produção de petróleo. Entre janeiro e outubro de 2014, a empresa conseguiu aumentar sua produção de petróleo em cerca de 10%. Além disso, o primeiro módulo da refinaria de Pernambuco (Rnest) entrou em operação. Entretanto, estes resultados foram totalmente ofuscados pela revelação dos esquemas de corrupção e desvio de recursos.
A Petrobras enfrenta atualmente o que talvez seja a pior crise institucional e de governança de sua história. A revelação das entranhas enfermas de sua governança coloca em xeque a credibilidade da empresa com seus parceiros, fornecedores e credores. Os escândalos de corrupção também empurraram a empresa para uma possível crise financeira. A não divulgação de um balanço auditado no terceiro trimestre de 2014 ameaça a sua capacidade de levantar recursos no mercado para financiar o maior programa de investimento corporativo do mundo, e de rolar uma dívida que já ultrapassa o patamar de 100 bilhões de dólares. Quanto maior for a demora para divulgar um novo balanço corrigido e auditado, mais complicada fica a situação financeira da empresa.
Mesmo antes do surgimento da crise institucional na empresa, já havia sinais muito claros de que a trajetória econômico-financeira da Petrobras era desafiadora. O endividamento da empresa seguiu uma trajetória ascendente em 2014. Em junho de 2014, a dívida da Petrobras atingiu 112 bilhões de dólares, valor 17% maior do que o de junho de 2013. Paralelamente ao elevado patamar de investimentos, houve a sangria dos cofres da Petrobras para segurar os preços dos derivados e evitar o aumento da inflação. Até agosto de 2014, as perdas com as importações de derivados atingiram cerca de R$ 3,7 bilhões.
A recente redução dos preços do petróleo a partir de outubro de 2014 contribuiu para aliviar as perdas com importações de derivados. Entretanto, preços mais baixos no mercado internacional implicam em queda das receitas com exportações e impõem uma nova realidade para a perspectiva de futuros reajustes de preços dos derivados no mercado doméstico. Para uma empresa que tem que levantar recursos próprios para investir mais de 200 bilhões de dólares nos próximos 4 anos, a queda dos preços do petróleo não é uma boa notícia.
A situação financeira desafiadora e a crise de governança da empresa afetaram fortemente a cotação das ações da empresa em 2014. Além de muita volatilidade em função das turbulências associadas à eleição e à gestão da empresa, o valor por ação preferencial caiu de um patamar em torno dos R$20,00 em janeiro de 2014 para cerca de R$12,00 em dezembro 2014. Ressalte-se ainda que a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o rating global em moeda estrangeira e local da Petrobras de Baa1 para Baa2 e manteve a perspectiva negativa.
A crise da Petrobras afetou o conjunto do segmento de óleo e gás no Brasil. O contexto desafiador levou a empresa a endurecer a negociação com os fornecedores e a priorizar os segmentos com maior impacto para o seu fluxo de caixa. Como resultado deste processo, observou-se uma redução do nível de atividade no segmento de exploração. O número de sondas em operação no país caiu em 2014. O mesmo aconteceu com o número de poços perfurados.
Esta redução da atividade exploratória foi mais flagrante no segmento onshore. Neste segmento, observa-se a redução de empenho da Petrobras, que vem concentrando seus esforços no Pré-sal, e as crescentes dificuldades que as empresas independentes enfrentam para promover seus investimentos.
Neste ano o segmento onshore foi marcado pela consolidação de um processo de judicialização que está colocando em xeque os contratos da décima segunda rodada de licitações realizada em 2013. Em junho, o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná suspendeu na Justiça Federal o efeito da licitação de 11 áreas da 12ª rodada. As atividades foram então suspensas até a realização de estudos técnicos que demonstrem a viabilidade, ou não, do uso da técnica do fraturamento hidráulico no Brasil, com prévia regulamentação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O mesmo ocorreu em novembro na Bahia onde os contratos da 12a rodada foram suspensos de forma liminar.
A crescente judicialização da exploração de gás em terra dificulta ainda mais o financiamento das campanhas de exploração por empresas independentes brasileiras que detêm a maior parte das áreas exploratórias concedidas. Após os problemas financeiros da OGX e da HRT, tornou-se extremamente desafiador levantar equity no mercado doméstico e internacional para investimento em exploração no País. Soma-se a isto, o fato de outros países da região como o México e a Argentina estarem promovendo reformas para atrair investidores internacionais para o segmento de exploração. Todos estes fatores contribuem para o enfraquecimento do nível de atividade exploratória no segmento terrestre no Brasil.
Apesar da produção de gás natural ter crescido cerca de 10% em 2014, a oferta doméstica para abastecer o mercado de gás natural no Brasil foi largamente insuficiente. Até setembro de 2014, as importações de gás natural superaram a oferta doméstica, refletindo o contínuo aumento da dependência externa de gás em função do crescente despacho termelétrico. É importante ressaltar que o crescimento do mercado de gás natural em 2014 ficou concentrado no segmento termelétrico. Até setembro de 2014, o segmento industrial e GNV cresceram apenas 3,4% enquanto o mercado termelétrico cresceu 8,5%.

Setor de Petróleo e Gás: Um ano difícil e com incertezas crescentes
O ano de 2014 foi marcado por alguns resultados operacionais bastante positivos para a Petrobras. A empresa conseguiu reverter a dúvida que pairava sobre sua capacidade de efetivamente entregar um aumento da produção de petróleo. Entre janeiro e outubro de 2014, a empresa conseguiu aumentar sua produção de petróleo em cerca de 10%. Além disso, o primeiro módulo da refinaria de Pernambuco (Rnest) entrou em operação. Entretanto, estes resultados foram totalmente ofuscados pela revelação dos esquemas de corrupção e desvio de recursos.
A Petrobras enfrenta atualmente o que talvez seja a pior crise institucional e de governança de sua história. A revelação das entranhas enfermas de sua governança coloca em xeque a credibilidade da empresa com seus parceiros, fornecedores e credores. Os escândalos de corrupção também empurraram a empresa para uma possível crise financeira. A não divulgação de um balanço auditado no terceiro trimestre de 2014 ameaça a sua capacidade de levantar recursos no mercado para financiar o maior programa de investimento corporativo do mundo, e de rolar uma dívida que já ultrapassa o patamar de 100 bilhões de dólares. Quanto maior for a demora para divulgar um novo balanço corrigido e auditado, mais complicada fica a situação financeira da empresa.
Mesmo antes do surgimento da crise institucional na empresa, já havia sinais muito claros de que a trajetória econômico-financeira da Petrobras era desafiadora. O endividamento da empresa seguiu uma trajetória ascendente em 2014. Em junho de 2014, a dívida da Petrobras atingiu 112 bilhões de dólares, valor 17% maior do que o de junho de 2013. Paralelamente ao elevado patamar de investimentos, houve a sangria dos cofres da Petrobras para segurar os preços dos derivados e evitar o aumento da inflação. Até agosto de 2014, as perdas com as importações de derivados atingiram cerca de R$ 3,7 bilhões.
A recente redução dos preços do petróleo a partir de outubro de 2014 contribuiu para aliviar as perdas com importações de derivados. Entretanto, preços mais baixos no mercado internacional implicam em queda das receitas com exportações e impõem uma nova realidade para a perspectiva de futuros reajustes de preços dos derivados no mercado doméstico. Para uma empresa que tem que levantar recursos próprios para investir mais de 200 bilhões de dólares nos próximos 4 anos, a queda dos preços do petróleo não é uma boa notícia.
A situação financeira desafiadora e a crise de governança da empresa afetaram fortemente a cotação das ações da empresa em 2014. Além de muita volatilidade em função das turbulências associadas à eleição e à gestão da empresa, o valor por ação preferencial caiu de um patamar em torno dos R$20,00 em janeiro de 2014 para cerca de R$12,00 em dezembro 2014. Ressalte-se ainda que a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o rating global em moeda estrangeira e local da Petrobras de Baa1 para Baa2 e manteve a perspectiva negativa.
A crise da Petrobras afetou o conjunto do segmento de óleo e gás no Brasil. O contexto desafiador levou a empresa a endurecer a negociação com os fornecedores e a priorizar os segmentos com maior impacto para o seu fluxo de caixa. Como resultado deste processo, observou-se uma redução do nível de atividade no segmento de exploração. O número de sondas em operação no país caiu em 2014. O mesmo aconteceu com o número de poços perfurados.
Esta redução da atividade exploratória foi mais flagrante no segmento onshore. Neste segmento, observa-se a redução de empenho da Petrobras, que vem concentrando seus esforços no Pré-sal, e as crescentes dificuldades que as empresas independentes enfrentam para promover seus investimentos.
Neste ano o segmento onshore foi marcado pela consolidação de um processo de judicialização que está colocando em xeque os contratos da décima segunda rodada de licitações realizada em 2013. Em junho, o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná suspendeu na Justiça Federal o efeito da licitação de 11 áreas da 12ª rodada. As atividades foram então suspensas até a realização de estudos técnicos que demonstrem a viabilidade, ou não, do uso da técnica do fraturamento hidráulico no Brasil, com prévia regulamentação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O mesmo ocorreu em novembro na Bahia onde os contratos da 12a rodada foram suspensos de forma liminar.
A crescente judicialização da exploração de gás em terra dificulta ainda mais o financiamento das campanhas de exploração por empresas independentes brasileiras que detêm a maior parte das áreas exploratórias concedidas. Após os problemas financeiros da OGX e da HRT, tornou-se extremamente desafiador levantar equity no mercado doméstico e internacional para investimento em exploração no País. Soma-se a isto, o fato de outros países da região como o México e a Argentina estarem promovendo reformas para atrair investidores internacionais para o segmento de exploração. Todos estes fatores contribuem para o enfraquecimento do nível de atividade exploratória no segmento terrestre no Brasil.
Apesar da produção de gás natural ter crescido cerca de 10% em 2014, a oferta doméstica para abastecer o mercado de gás natural no Brasil foi largamente insuficiente. Até setembro de 2014, as importações de gás natural superaram a oferta doméstica, refletindo o contínuo aumento da dependência externa de gás em função do crescente despacho termelétrico. É importante ressaltar que o crescimento do mercado de gás natural em 2014 ficou concentrado no segmento termelétrico. Até setembro de 2014, o segmento industrial e GNV cresceram apenas 3,4% enquanto o mercado termelétrico cresceu 8,5%.
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