terça-feira, 4 de agosto de 2015

ECONOMIA - A política de uma nota só.

Ainda sobre a austeridade



Ainda a austeridade. A cada dia se consolida mais um diagnóstico sobre a Grécia: a dívida precisa ser perdoada ou adiada por 30 anos, nem sua reestruturação vai salvar o país. E em relação à Europa, primeiros ministros como Enrico Letta, o português Jose Barroso, presidente da Comissão Europeia, e o próprio presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, reconhecem que a austeridade fracassou na União Europeia (UE).
A dívida pública na UE é de 92% do PIB, com todas as suas conseqüências, um desemprego recorde de 19 milhões nos 17 países da Zona do Euro, perda de direitos sociais e trabalhistas, redução dos gastos e salários. Para nada, a austeridade se esgota em si mesma.
No Brasil, a dívida pública equivale a 62%, com quase US$ 400 bilhões de reservas. Aqui, como lá, está comprovado que não existe meia austeridade. A política de austeridade é recessiva e inócua. No nosso caso, é agravada pela política monetária absurda do Banco Central, caminhamos para 14% de juros, com um custo que anula a busca do superávit e da estabilização da relação dívida/PIB por causa da queda da arrecadação e custo do serviço da divida interna, 7% do PIB. A cada 1% de aumento na taxa Selic, R$ 15 bilhões de reais a mais na despesa com juros da dívida pública.
O absurdo dessa política monetária é que, além de deprimir ainda mais a econômica, aumentar o desemprego e reduzir a renda média, atingindo o mercado interno, não traz a inflação para o centro da meta. Os juros não afetam as principais causas da inflação de alimentos, preços monitorados e serviços. Fora o fato de que nossa economia não está aquecida, não há excesso de demanda nem crise na balança de pagamentos.
Mesmo assim um diretor do COPOM se dá o direito de anunciar publicamente que votará pelo aumento da taxa de juros até… a inflação apontar para o centro da meta. Que ele, rompendo toda tradição e legalidade das reuniões do COPOM, defenda publicamente o aumento da Selic é problema dele. Mas a diretoria do BC não pode ficar silente e o Senado da República precisa urgentemente debater e discutir a política monetária do BC, além  do comportamento do diretor em causa.

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