2015 vai ficar na história da Petrobrás
Autor: Paulo de Carvalho
O ano de 2015 ficará lembrado como um
ano marcante para nossa Empresa, a cada novidade nas investigações
envolvendo favorecimento em contratações com empreiteiras, como por
exemplo, o repatriamento de parte do dinheiro desviado, novos cálculos
de balanços trimestrais, recordes de produção diária e divulgação de um
Plano de Negócios que desestimula o investimento (por conta de alta
alavancagem), descoberta de megas jazidas (confirmando o alto potencial
energético e estratégico do país).
Mas antes de discutirmos se o copo está
meio cheio ou vazio, podemos analisar com atenção o movimento das
gigantes do petróleo e dos grandes investidores do mercado financeiro ,
em relação aos passos que a Petrobras está seguindo, o que não é uma
novidade para nós.
Desde que os primeiros brasileiros
descobriram e discutiram a ideia de explorar petróleo em nosso país, no
final da primeira metade do século passado, a cobiça estrangeira já
influenciava na tentativa de desestimular a produção, por meios que não
fossem os das empresas internacionais, que já alçavam voos em outros
horizontes pelo mundo. A batalha a favor de uma solução caseira para
exploração ganhou força na figura do Presidente Getúlio Vargas
culminando na criação da Petrobras. Porém estávamos longe de ficar
livres da ambição das petrolíferas internacionais.
A propaganda negativa ultrapassa a marca
de meio século e o Monopólio Nacional foi quebrado sem trazer o legado,
que foi tão difundido como solução para o avanço da indústria
petrolífera no país. O que ficou como exemplo foi a falta de
investimentos em infraestrutura no setor, uma quase nula participação
nas descobertas de novos campos por parte das empresas estrangeiras, e o
maior vazamento de óleo da história do Brasil ocorrido no Campo de
Frade na Bacia de Campos, ocasionado pela gigante Chevron. O acidente,
que caso cometido pela Petrobrás, seria amplamente divulgado e cobrado,
exigindo-se as devidas punições pelos que teriam escandalizado a
Empresa, o que, oportunamente, esngrossaria o coro da privatização. Mas
para a Chevron: holofotes retirados e absolvição de qualquer
responsabilidade, pela Justiça brasileira.
Hoje, diante dos escândalos que envolvem
a Companhia, estamos novamente no foco, colocando-se em cheque a
competência e o potencial da Empresa. Oportunamente estão tentando
aproximar todo o resultado de décadas de trabalho para perto dos
interesses do mercado internacional, abrindo mão das estratégias
econômicas e de soberania nacional. O que seria da Arábia Saudita sem a
Saudi Aramco, fiel da balança que impulsiona as decisões geopolíticas da
região do Oriente Médio e reguladora dos preços do barril de óleo, num
simples “abrir e fechar de torneiras”. Provavelmente, os árabes não
perguntaram ao mercado o que achariam das decisões de interesses daquele
país. Assim como a Statoil, presente no crescimento de um dos países
mais desenvolvidos do mundo, a Noruega. A empresa não foi entregue para o
mercado internacional e fez com que uma economia que dependia da
produção e exportação de peixes até o início da década de 1970 a
tornasse a nação com IDH mais alto do mundo.
Os dois exemplos de estatais não serão
divulgados de forma massiva, nem detalhados pelos meios de comunicação,
pois não existe o interesse em trazer qualquer tipo de conteúdo para
acrescentar um debate sobre hegemonia nacional.
O ano chegando ao fim e com ele um
momento decisivo para nós e o futuro da Companhia, onde a pergunta que
ronda nossas mentes será: de que lado iremos ficar neste “cabo de
guerra”? Em uma ponta da corda o mercado financeiro, as gigantes do
petróleo e a máquina de moer nações. Na outra, o futuro de um País que
está engatinhando numa democracia e na autoafirmação de identidade como
Nação independente e autossustentável.
Nosso papel como petroleiro passa a
pesar cada vez mais nesta decisão: se hoje queremos um país melhor
devemos fazer a nossa parte, pois o momento e a história mostram que a
ponta de lança para avançar ou afundar o nosso País é e sempre será a
Petrobras. Isso faz com que cada brasileiro espere de nós uma direção;
se não partir de nós uma defesa da Companhia e da sua importância no
desenvolvimento e soberania do Brasil, o outro lado da corda penderá
para longe de nosso povo e por mais forte que eles sejam, não são os
80.000 que somos, e muito menos os mais de duzentos milhões de
brasileiros que precisam destas riquezas e deste poder energético.
O que transformou a Petrobras neste ano
na maior empresa de capital aberto do mundo em produção diária de óleo
foi o seu corpo técnico e sua força de trabalho. A maior descoberta de
uma jazida de petróleo do mundo deste século foi graças aos
pesquisadores e aposta dos consultores da Petrobrás: não podemos abrir
mão do patrimônio intelectual destes brasileiros.
O que cabe a nós estamos fazendo,
colecionamos recordes: de produção e exploração em águas cada vez mais
profundas. Somos excelência no que fazemos.
Tudo que vem sendo escandalizado
ultimamente é fruto de ações de poucos que, por benefícios próprios ou
para alimentar uma cadeia viciosa, estão desvirtuando o caminho
promissor de uma Gigante.
Esses poucos que por ocuparem cargos
importantes na Companhia, sempre deram voz de comando para orientar e
convencer muitos, como estão tentando nos convencer agora de que não é o
momento de lutarmos.
Devemos lembrar que muitos deles que
hoje estão com nomes estampados nas manchetes de jornais são os que
estavam ontem no outro lado da mesa de negociação contra os
trabalhadores.
Fato este que deve ser levado em consideração para cada um de nós, ocupando cargos de comando ou não.
Propagar e alinhar-se ao discurso desses
poucos que sujaram a história da Petrobras é passar para o outro lado
da corda é dar mais força aos que sempre foram fortes. Devemos fazer uma
reflexão antes de falar com os colegas e subordinados. Temos massa
crítica para impulsionar a maior Empresa do País, isso nos coloca na
condição de pessoas com discernimento político para não seguir qualquer
“toada” que venha da alta diretoria.
O que está sendo decidido é o resultado do nosso trabalho.
O que está sendo decidido é o futuro de nosso filhos e netos.
O que está sendo decidido é a nossa Petrobrás.
O que está sendo decidido é o nosso Brasil.
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