Paulo Henrique Amorim
O Presidente Bush vai realizar em novembro, em Washington, uma reunião de cúpula para tratar da crise financeira internacional, gerada no ventre do neoliberalismo, anti-regulação do governo dele, Bush. Se for depois da eleição do dia 4 de novembro, à reunião poderá, até, comparecer o presidente eleito (“presidente eleito”, aqui, no caso, não é José Serra, eleito em 2010).
E, ontem, terça-feira, George Bush convidou o presidente Lula para participar da reunião, com o Grupo dos 8 (EUA, Japão, Alemanha, França, Itália, Inglaterra, Canadá + Rússia). É provável que, além do Brasil, participem Índia e China (o que completa o Grupo dos BRICs), mais o México e a África do Sul.
O presidente Bush acaba de cometer um erro histórico. Um erro que irá macular sua biografia, de forma indelével.
Bush deveria ter convidado, isso sim, os embaixadores aposentados Rubens Ricúpero, Rubens Barbosa e Luiz Felipe Lampreia, que ocupam as páginas do PiG (Partido da Imprensa Golpista) para desancar a política externa do Governo Lula (que dispensou seus serviços) e demonstrar que o Brasil, sem eles, não passa de uma republiqueta.
O Presidente Bush deveria ter convidado o colunista Elio Gaspari, que demonstra, invariavelmente, que a política externa do Governo Lula é um desastre; e pretender um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU é como se a Daniela Cicarelli quisesse protagonizar o próximo filme do Brad Pitt.
O Presidente Bush deveria ter convidado os editores do caderno de Economia do Estadão, que, mais do que ninguém, sabem o que se passa em Genebra, sobre a Rodada de Doha. O presidente Bush perguntou ao Presidente Lula, que acabou de chegar da Índia, se a Índia, finalmente, estaria disposta a reabrir Doha. Erro! Grave erro! Um dos muitos erros do Presidente Bush.
Ele deveria ter perguntado isso ao pessoal do Estadão. Só o Estadão sabe o que acontece em Doha e conhece todas as lambanças que o Brasil fez nas negociações do acordo de comércio. Logo, Bush tratar de Doha com Lula e, não, com o pessoal do Estadão, que tem uma política externa alternativa, é um erro grave!
O erro mais grave de Bush, porém, o erro capital, desses que encaminham as almas aos quintos do Inferno, foi não ter convidado a Miriam Leitão para a reunião do G-8 ampliado. Se o amigo leitor acompanhar a análise que a Miriam fez da exposição de Guido Mantega e Henrique Meirelles, ontem, no Congresso verá que a Miriam não é uma simples jornalista.
Primeiro, ela é um banco de dados. Ela tem mais dados que a combinação do FED com o Mossad.
Segundo, a Miriam não cobre os acontecimentos; ela SOBRE-COBRE, ela ENCOBRE, ela supera, está acima dos fatos. Ela não trata mais da política econômica brasileira. Ela tem uma política econômica, dela, própria. Ela é um misto de Martin Wolf com Paul Krugman. E candidata ao Premio Nobel de Economia.
Ela é como Ricupero, Barbosa e Lampreia, os nossos Henry Kissinger — eles também têm uma política externa (no exílio). A Miriam é daquelas jornalistas que tem idéias próprias (no exílio, desde que FHC saiu do Governo). Ela sabe tudo. Ela é que deveria estar no lugar do Mantega e do Meirelles.
Ela é que deveria se sentar ao lado do Bush na reunião do G-8 ampliado. Não convidar a Miriam em lugar do Lula é o erro mais grave do Bush.
Fonte:Blog Conversa Afiada.
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