28.03.13 - Brasil
Representantes a Argentina e do Brasil se reúnem em evento que trata sobre a ditadura militar
Tatiana Félix
Jornalista da Adital
Adital
É para resgatar a memória dos fatos ocorridos durante a ditadura militar no Ceará que o Coletivo de arte-ativismo Aparecidos Políticos e o Grupo de Arte Callejero da Argentina, um dos precursores de escrachos contra torturadores da Ditadura, se encontrarão a partir da próxima segunda-feira (1º) em Fortaleza, para uma semana de atividades, debates e trocas de experiências.De acordo com Alexandre Mourão, integrante do Coletivo Aparecidos Políticos, a atividade faz parte de um edital ao qual foram contemplados em 2011 e aproveitará a semana em que se relembram os 49 anos do Golpe Militar, para, através da arte, trazer para o debate "as dores e o peso” da Ditadura Civil-Militar brasileira (1964-1985). "O projeto é para que eles [Grupo de Arte Callejero] venham passar nove dias aqui fazer essas atividades e depois, daqui uns dois ou três meses, o Coletivo também vai para a Argentina”, explica.
Durante essa semana de intercâmbio, diversas atividades gratuitas e abertas ao público, com enfoque em temas políticos por meio da arte urbana, graffiti, lambe-lambe, e outras expressões artísticas e populares, ocorrerão em Fortaleza. A primeira delas, no dia 1º, será o lançamento do Dossiê Ditaduras na América Latina e Mesa sobre as Comissões Universitárias da Verdade na Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade Estadual do Ceará (UECE), no auditório da Faculdade de Direito da UFC.
Na terça-feira (2) o destaque vai para a mesa "As experiências da ditadura militar na Argentina e no Brasil", debate que acontecerá no campus da UECE no bairro Itaperi. No mesmo local haverá a Mesa "A Comissão Nacional da Verdade: limites e perspectivas" no dia 3, seguida por um cine-debate. Já na quinta-feira (6) será realizado um cineclube na Universidade de Fortaleza e uma Oficina de escracho e Intervenção Urbana na UECE-Itaperi. Também haverá uma intervenção ao Mausoléu Castelo Branco com colocação simbólica de barcos de velas com as imagens dos desaparecidos políticos, em protesto ao local que homenageia o primeiro presidente da ditadura militar brasileira.
Para Alexandre, a luta e o debate sobre a ditadura no Ceará precisam ser investigados, pois "temos desaparecidos políticos aqui no estado”. No entanto, ele alerta que "é muito forte a ‘cultura do esquecimento’, a ideia de que [a ditadura] já passou, é ‘página virada’ aqui”. Segundo ele, essa cultura está retratada na juventude, que acredita que remexer na história da ditadura significa ‘revanchismo’ e ‘vingança’. Mas, aos poucos, diz ele, os/as jovens cearenses, estudantes e historiadores vão se apropriando desse debate, a exemplo das ações de escracho protagonizadas por jovens do Levante Popular da Juventude que aconteceram no ano passado em Fortaleza.
Ele comenta ainda que o ato da tortura, um dos resquícios da ditadura, ainda é muito presente no Estado e que a criminalização de movimentos sociais refletem as ‘heranças’ deste período. "Temos espaços públicos na cidade que fazem memória aos ditadores, são nomes de ruas, creches, escolas. Como isso pode influenciar na nossa educação?”, questiona. "Existem setores conservadores da sociedade que homenageiam ditadores. Achamos complicado e extremamente grave as pessoas se reunirem para comemorar golpe militar”, continua.
Para questionar sobre essa realidade e resgatar o debate sobre torturas, crimes e desaparecimentos forçados cometidos durante a ditadura militar é que estes grupos de arte-ativismo político acreditam que podem chamar a atenção e mudar a situação através da arte, conforme ressalta Alexandre.
A programação é realizada em parceria com a Terceira Jornada para não Esquecer Jamais, organizada por estudantes, e com o Comitê pela Verdade, Memória e Justiça do Ceará.
Para mais informações: www.aparecidospoliticos.com.br ouaparecidospoliticos@gmail.com e http://grupodeartecallejero.blogspot.com.br/
Durante essa semana de intercâmbio, diversas atividades gratuitas e abertas ao público, com enfoque em temas políticos por meio da arte urbana, graffiti, lambe-lambe, e outras expressões artísticas e populares, ocorrerão em Fortaleza. A primeira delas, no dia 1º, será o lançamento do Dossiê Ditaduras na América Latina e Mesa sobre as Comissões Universitárias da Verdade na Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade Estadual do Ceará (UECE), no auditório da Faculdade de Direito da UFC.
Na terça-feira (2) o destaque vai para a mesa "As experiências da ditadura militar na Argentina e no Brasil", debate que acontecerá no campus da UECE no bairro Itaperi. No mesmo local haverá a Mesa "A Comissão Nacional da Verdade: limites e perspectivas" no dia 3, seguida por um cine-debate. Já na quinta-feira (6) será realizado um cineclube na Universidade de Fortaleza e uma Oficina de escracho e Intervenção Urbana na UECE-Itaperi. Também haverá uma intervenção ao Mausoléu Castelo Branco com colocação simbólica de barcos de velas com as imagens dos desaparecidos políticos, em protesto ao local que homenageia o primeiro presidente da ditadura militar brasileira.
Para Alexandre, a luta e o debate sobre a ditadura no Ceará precisam ser investigados, pois "temos desaparecidos políticos aqui no estado”. No entanto, ele alerta que "é muito forte a ‘cultura do esquecimento’, a ideia de que [a ditadura] já passou, é ‘página virada’ aqui”. Segundo ele, essa cultura está retratada na juventude, que acredita que remexer na história da ditadura significa ‘revanchismo’ e ‘vingança’. Mas, aos poucos, diz ele, os/as jovens cearenses, estudantes e historiadores vão se apropriando desse debate, a exemplo das ações de escracho protagonizadas por jovens do Levante Popular da Juventude que aconteceram no ano passado em Fortaleza.
Ele comenta ainda que o ato da tortura, um dos resquícios da ditadura, ainda é muito presente no Estado e que a criminalização de movimentos sociais refletem as ‘heranças’ deste período. "Temos espaços públicos na cidade que fazem memória aos ditadores, são nomes de ruas, creches, escolas. Como isso pode influenciar na nossa educação?”, questiona. "Existem setores conservadores da sociedade que homenageiam ditadores. Achamos complicado e extremamente grave as pessoas se reunirem para comemorar golpe militar”, continua.
Para questionar sobre essa realidade e resgatar o debate sobre torturas, crimes e desaparecimentos forçados cometidos durante a ditadura militar é que estes grupos de arte-ativismo político acreditam que podem chamar a atenção e mudar a situação através da arte, conforme ressalta Alexandre.
A programação é realizada em parceria com a Terceira Jornada para não Esquecer Jamais, organizada por estudantes, e com o Comitê pela Verdade, Memória e Justiça do Ceará.
Para mais informações: www.aparecidospoliticos.com.br ouaparecidospoliticos@gmail.com e http://grupodeartecallejero.blogspot.com.br/
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