segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

ANOS DE CHUMBO - Atentado do Riocentro.

33 anos depois, nova tentativa de punir os responsáveis pelo atentado no Riocentro





Excelente reportagem, com chamada de capa, inclusive, publicada no fim de semana (no domingo) em O Globo: 33 anos depois do atentado do Riocentro, deflagra-se mais uma tentativa de punir os culpados. Após dois anos de nova investigação o Ministério Público Federal do Rio (MPF-RJ) denuncia três generais, mais um coronel e um major do Exército e ainda um delegado da polícia civil do Espírito Santo como envolvidos no atentado terrorista.
Eles são denunciados como responsáveis pela explosão de uma bomba no estacionamento do local em que 20 mil pessoas, a maioria jovens, participavam de um show comemorativo do 1º de maio de 1981. A acusação é formalizada depois de dois anos de trabalho em novas investigações sobre a ação dos responsáveis pelo atentado ocorrido na noite de 30 de abril de 1981, quando a bomba explodiu no estacionamento do centro de convenções em Jacarepaguá, no Rio.
A nova denúncia é apresentada com um dado extremamente importante: a confissão de um dos militares denunciados, o major reformado do Exército Divany Carvalho Barros, que revela, pela 1ª vez, ter comparecido ao local, por ordens de seus superiores, para apagar provas que incriminassem os militares envolvidos no atentado.
Bomba explodiu no carro dos dois militares que a conduziam
A bomba explodiu no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, do serviço de repressão política do 1.º Exército. Ele morreu na hora e o então capitão Wilson Machado – um dos agora denunciados – ficou gravemente ferido. A nova denúncia, um conjunto de 38 volumes de documentos, além de gravações de depoimentos, foi encaminhada à justiça pelos procuradores do MPF-RJ Antonio Cabral, Andrey Mendonça e Marlon Weichert.
Dois seis nomes agora denunciados, quatro não haviam aparecido na tentativa anterior de reabertura do caso, em 1999: os generais reformados Nilton Cerqueira, então comandante da PM do Rio, e Edson Sá Rocha, chefe de seção do DOI-CODI-Rio; o ex-delegado capixaba Cláudio Antônio Guerra, que trabalhava no DOPS; e o major Divany Barros.
Os militares são todos do Exército e hoje estão na reserva. Em tentativas anteriores de apuração do caso, já haviam sido denunciados o general Newton Cruz, chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI), e o coronel Wilson Machado, capitão na época e dono do carro onde a bomba explodiu.
Queimavam bancas de jornais e sedes de organizações da resistência
O atentado ocorreu no auge de uma série de atos praticados, acredita-se, por militares que resistiam à redemocratização do país e que tocavam fogo em bancas de jornais, redações e sedes de jornais alternativos de resistência à ditadura, e a locais que sediavam instituições que combatiam o regime militar, como a OAB nacional, dentre outras.
Após o atentado do Riocentro, por envolver militares, o Exército foi obrigado a instaurar um daqueles Inquéritos policiais Militares (IPMs), que pretendia que não desse em nada. Como o 1º general que conduziu as investigações desagradou e ameaçava não concluí-las nessa linha, o Exército o substituiu por outro que “concluiu” que o atentado do Riocentro, apesar das provas contundentes em sentido contrário, fora feito por organizações de esquerda.
Como sempre diz e escreve o ex-ministro José Dirceu, pode até tardar um pouco mais, apesar do tempo que se espera, mas um dia a verdade prevalecerá e o país conseguirá fazer justiça e punir estes e os outros criminosos, autores de tantas e tantas arbitrariedades e crimes registrados durante a ditadura.

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