Na Internet, o jornalão envia repórteres para identificar falhas em todos os estádios. A manchete principal foi mais ou menos assim: “Estádio de Fortaleza tem vigas à mostra”. Foi a única coisa que teve para dizer. A construção do estádio, a arquitetura, a valorização do entorno, tudo foi varrido para baixo do tapete do negativismo.
Na página de cobertura da Copa desse mesmo portal, as últimas notícias são assim: “Governo reconhece que metade dos estádios na Copa terá internet lenta”, “CNN faz alerta para prostituição infantil em Fortaleza”, “Governo paga viagem e gringos sofrem tentativa de assalto no Rio”.
Os “Brasinhas” – tira que se popularizou nas redes sociais – não resistiu ao prato saboroso. O amiguinho de azul encontra outro amiguinho com bandeira dos EUA e comemora: “Ser chique, hoje, é torcer contra o Brasil”. O amiguinho pondera: “Mas... e se ele ganhar”. Ganha um catiripapo na orelha: “Deixa de pensar negativo”.
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Ontem, quando o ex-atleta e comentarista esportivo da ESPN norte-americana, Alexis Lalas, desembarcou no Galeão, foi cercado por repórteres ávidos por más notícias. Para decepção geral, ele se declarou encantado com a estrutura encontrada.
Em sua página no Twitter elogiou a rapidez e a sinalização do aeroporto e declarou que em nenhum aeroporto dos EUA o desembaraço da bagagem foi tão rápido. Ironizou o fato de ter desembarcado no Rio e não ter nenhum “órgão” roubado. E, depois de um passeio em Copacabana, elogiou a “gente bonita, o clima bom e a segurança visível”.
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Há dois anos, a cobertura sistemática da Copa não reservou um espaço sequer para o feito nacional, com seus inúmeros atores, para preparar o país para a maior Copa da história. Divulgaram apenas a exceção, os problemas usuais em preparativos dessa ordem, e transformaram em regra.
Não conseguiram apenas comprometer o maior momento de marketing da história do país, espalhar a má imagem do país por todo o mundo: desprezaram um imenso esforço conjunto juntando governo federal, governos estaduais de todos os partidos, prefeitos de capitais, Polícia Federal, Ministério Público, secretários de transporte, de segurança, técnicos em mobilidade urbana, especialistas em turismo, bancos públicos, empresas de engenharia, fundos de investimento.
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Em São Paulo, os esforços juntaram governo federal, estadual e municipal. Esse mesmo trabalho foi feito em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Fortaleza.
Ao jogar para baixo o moral nacional, com a única intenção de atuar politicamente, os grupos de mídia demonstraram que seus interesses particulares estão acima do próprio interesse nacional e até de seus anunciantes.
Em nenhum momento participaram de nenhuma etapa de construção desse evento. Mas se tornaram os maiores beneficiários, recebendo um volume recorde de verbas de patrocínio.
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Julgaram que estavam cravando a bala de prata na testa de Dilma, atribuindo a ela todos os problemas, independentemente de serem da alçada do governo federal, estadual ou municipal, de clubes esportivos. Mas acertaram a bala no centro da autoestima nacional.
Mas ontem, enquanto Neymar encantava o mundo com seus passes, São Paulo parecia viver um feriado: ruas desertas para que os paulistanos esquecessem as manchetes e celebrassem o país e a Seleção. Como se dissessem, “vocês não vão matar a alegria”.
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