sexta-feira, 6 de junho de 2014

POLÍTICA - Lula julga "canalhice" dizer que Brasil está sem credibilidade externa.

Lula julga “canalhice” dizer que Brasil está sem credibilidade externa


O ex-presidente Lula mais uma vez, e como sempre, foi direto ao ponto, no diagnóstico preciso que fez sobre a situação econômica do país, a campanha movida contra o Brasil, os índices da inflação e a questão da credibilidade internacional do país. Em palestra proferida em seminário em Porto Alegre, promovido pela revista “Voto” – especializada em política, com maior ênfase na da região Sul do país – o ex-presidente comparou a situação da inflação no Brasil com uma “febre de 38″ graus.
Mais forte mesmo foi seu diagnóstico sobre a questão da credibilidade externa do país. O ex-presidente classificou como uma “canalhice” afirmar que existe falta confiança no Brasil no exterior. Ele reafirmou o compromisso que vem sendo cumprido pela presidenta Dilma Rousseff,  de manter a inflação sob controle e considerou que o mais afetado nos períodos de alta acaba sendo o trabalhador.
“Também não estou gostando da inflação de 6%. Eu queria 4,5%, quem sabe 3,5%. A inflação está, pela primeira vez na história do Brasil, por 10 anos, dentro da meta. Está um pouquinho alta. É como se a gente tivesse não com 37º de febre, tivesse com 38º e tivesse que tomar remédio já para não deixar chegar a 39º ou a 40º. Senão, tem que dar um choque mais pesado”, comparou, sem deixar de lembrar que os grandes críticos do governo nessa questão hoje são os mesmos que na década de 90 deixaram a inflação chegar a 80% ao mês.
Brasil continua entre os que mais recebem investimento externo
O ex-presidente atacou, também, os analistas e políticos que veem o Brasil com menos credibilidade nos mercados. “(Dizem:) Não está vindo investimento para o Brasil. O Brasil perdeu a confiança no mercado. Com que base alguém fala uma canalhice dessas contra o Brasil, se há três anos consecutivos estamos entre o 4º e o 5º (lugares) entre os países que mais recebem investimento direto?”, perguntou.
Na palestra, o ex-presidente Lula reconheceu haver um “mau humor” generalizado no País. “Nós temos o hábito de falar mal”, disse. Para combatê-lo, informou já ter aconselhado afirmou a presidenta Dilma e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a procurarem empresários e investidores estrangeiros para falar sobre as coisas boas do Brasil.  “Eu já falei para a presidente Dilma, já falei para o Guido, vamos na City (centro financeiro da capital inglesa), lá em Londres, falar bem do Brasil”, contou ele.
O ex-presidente confessou-se satisfeito com as taxas de crescimento da economia brasileira e atribuiu os baixos índices à crise econômica mundial e à comparações feitas entre o governo da presidenta Dilma e ao seu segundo governo. “Pouca gente vai ter condição neste país de repetir o sucesso do meu segundo mandato”, reconheceu.
País na “concorrente” mundial reduz as desigualdades
O Brasil está na “contracorrente” mundial ao prosseguir na implementação vigorosa de suas políticas de inclusão social e diminuir as diferenças entre os mais ricos e os mais pobres e conquistar um estágio de renda menos concentrada nas mãos de poucos. A avaliação é da presidenta Dilma Rousseff e foi feita ontem, quando ela falou sobre o best-seller do momento, “O Capital no Século 21″, do  economista francês Thomas Piketty  (que terá tradução e começa a ser vendido dentro de poucos dias também no Brasil).
O livro mostra que houve uma “absurda concentração” de renda no mundo a partir da década de 1970 e a presidenta acentuou que o Brasil não se enquadra “nesse caso”. O Brasil não foi estudado por Piketty nem é incluído em seu livro – o autor alega dificuldades de acesso a informações sobre o país.
Thomas Piketty defende em sua obra a tese de que as desigualdades socioeconômicas têm aumentado no mundo neste cenário pós-crise – daí o fato de a presidenta destacar que o Brasil está na contracorrente desse curso. Piketty afirma que a grande contradição do capitalismo se verifica quando a taxa de retorno do capital excede a  de crescimento da economia, favorecendo a concentração no longo prazo e para contornar o problema ele propõe taxar mais os mais ricos.
A questão do acesso aos bens de consumo e aos serviços
“Somos um país que reduziu a desigualdade. Temos essa vantagem, na contracorrente do mundo”, discursou a presidente durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) -  o Conselhão. Ela apontou, ainda, que no Brasil, a redução da desigualdade se dá de forma “progressiva”.
“Todo mundo aumentou a renda – concluiu -, só que, como os mais pobres aumentaram muito mais, a escada da ascensão social deu uma congestionada. O sr. Piketty diz que esse é outro fator convergente (o acesso ao consumo e aos serviços), fora ficar taxando todo mundo. (Outro grande fato de convergência) dele é a educação. Eu prefiro educação.”

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