quinta-feira, 10 de julho de 2014

ANOS DE CHUMBO - Assassinos de bispo argentino são condenados.

Medida do Papa Francisco ajuda a condenar assassinos de bispo argentino da época da junta militar

Um tribunal argentino condenou na sexta-feira dois ex-membros do regime militar do país (1976-1983), Luciano Benjamín Menéndez e Luis Fernando Estrella, pelo assassinato do bispo Enrique Angelelli de La Rioja, ocorrido em 4 de agosto de 1976.
A reportagem é de Francis McDonagh, publicada por The Tablet, 08-07-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Os juízes do caso descreveram o assassinato como parte de uma campanha de "terrorismo de Estado". Angelelli foi morto quando seu carro foi jogado para fora da estrada e capotou, e sua morte foi oficialmente declarada como sendo o resultado de um acidente. Essa versão foi amplamente aceita pelos bispos argentinos - um arcebispo disse que Angelelli morreu porque ele era um mau motorista.
Um dos fatores do veredicto foi a liberação do Papa Francisco da correspondência enviada pelo bispo Angelelli ao núncio na Argentina alguns dias antes de sua morte, em que o bispo descrevia as ameaças que estava recebendo por parte dos militares e fazendeiros locais. No momento da sua morte, ele estava voltando do funeral de dois de seus padres, Carlos Murias e Gabriel Longueville, que haviam sido assassinados pelos militares, e também isso tinha sido informado ao Vaticano na correspondência liberada pelo papa.
O bispo Angelelli, um visitante frequente de comunidades carentes, era bem conhecido por seu apoio a sindicatos e cooperativas, e declarava que trabalhava "com um olho no Evangelho e outro nas pessoas". O veredicto e o papel do papa são mais um passo na reabilitação da Igreja argentina, cujos líderes na época geralmente se mantinham em silêncio sobre as atrocidades do regime militar e em alguns casos eram cúmplices delas.
O próprio papa fez parte desse processo de reabilitação, quando, em 2005, como arcebispo de Buenos Aires, celebrou uma missa em memória ao bispo Angelelli e descreveu-o como um mártir. Angelelli também é amplamente descrito como o "Romero da Argentina".

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