Jornal GGN - Segundo dados da ONU, a economia
criativa é um setor estratégico responsável por 10% do PIB mundial.
Resumidamente é um setor que não se produz com matérias-primas
perecíveis, mas sim com valores intangíveis como criatividade e
conhecimento. No Brasil, o segmento começou a se destacar em 2004 graças
à visão do diplomata Rubens Ricupero, um defensor da economia criativa
como estratégia de desenvolvimento.
O conceito “Economia Criativa” parte da diversidade cultural e ao
mesmo tempo pensa na sustentabilidade ambiental e social. Os serviços
que compõem o setor são: moda, design, TV, vídeo, rádio, cinema,
fotografia, arquitetura, artes visuais, gastronomia, teatro, editoração,
propaganda, artesanato, música e dança. Todo esse conjunto compõe uma
grande economia.
O tema acabou sendo excluído das discussões do governo federal,
porém em 2010 voltou com força após a criação da Secretaria da Economia
Criativa, que faz parte do Ministério da Cultura. “A Secretaria tem por
missão conduzir a formulação, a implementação e o monitoramento de
políticas públicas para o desenvolvimento local e regional, priorizando o
apoio e fomento aos profissionais e aos micro e pequenos
empreendimentos criativos brasileiros”, afirma a ex-secretária de
economia criativa do MinC, Claúdia Leitão. “Desde o início, nossa
preocupação sempre foi a de formular e implementar políticas públicas
para essa dinâmica econômica que vai da criação até o consumo.”
Segundo Cláudia, não se deve tratar os setores da Economia Criativa
da mesma forma. Alguns setores possuem grande possibilidade de obter
sustentabilidade econômica. No caso deles, a profissionalização, o
aprimoramento da logística de distribuição e a criação de marcos
regulatórios podem transformar o Brasil num exportador de bens
culturais.
Para a economista e especialista internacional em economia
criativa, Ana Carla Fonseca Reis, a criação da secretária teve um papel
importante para o setor. "A meu ver a maior missão dessa secretária é
desenhar uma política consistente e integrada de economia criativa, de
modo articulado com as demais pastas e instituições públicas e privadas.
Vejo com otimismo e bons olhos o trabalho que a Secretaria vem
desenvolvendo nos últimos meses, em especial por meio de convênios
firmados com o SEBRAE e o Ministério de Ciência e Tecnologia”.
Segundo Ana Carla, o brasileiro é criativo, mas essa criatividade
não necessariamente se converte em ativo econômico. Para transformar uma
boa ideia em produto, serviço e valor agregado, existem desafios das
mais diversas ordens que o Brasil não tem sido ágil ou capaz de
enfrentar com a devida ênfase. Dentre eles, a educação. "Não basta ser
criativo se você não tem a capacidade de decodificar e elaborar
informações, não desenvolver raciocínio crítico e questionamentos. Logo
obviamente você terá dificuldade em transformar essa boa ideia em uma
proposta de negócio viável", alerta Ana.
A Escola São Paulo é a primeira instituição de ensino na América
Latina totalmente dedicada à educação continuada para adultos. A
diretora, Isabella Prata, diz
que a instituição oferece opções de cursos para aqueles que atuam
nos setores tradicionais. A formação é oferecida não só para quem quer
se profissionalizar, mas também para quem quer empreender.
"Percebemos que o Brasil é um grande celeiro nos setores criativos
mas muitos empresários e profissionais não recebem das escolas
tradicionais um preparo específico para gestão nas áreas de
administração, finanças e recursos humanos.” afirma a diretora.
Os números e levantamentos disponíveis sobre os setores criativos
conseguem mensurar resultados produzidos por empresas cujo core business
se enquadra nas áreas criativas. O que mais impressiona, nos últimos
anos, no entanto, é a influência da indústria criativa na chamada
economia tradicional. O mercado financeiro, a indústria automobilística,
o mercado imobiliário, a indústria têxtil, o mercado digital têm
colocado profissionais dos setores criativos de braços dados com
engenheiros, economistas e técnicos, para diferenciar seus produtos e
serviços, agregando valor ao que vendem.
Por fim, Isabella diz que para transformar uma boa ideia em produto
a palavra central para essa resposta é gestão. “Há uma infinidade de
grandes ideias que terminam em nada porque os profissionais dos setores
criativos não conseguem materializar e perenizar aquilo que concebem
dentro de um ambiente empresarial sustentável. Esse é o principal ponto.
Mas há também um caminho para essa ideia transformar-se em produto ou
serviço. Esse caminho passa por um plano de negócios, pela busca de
financiamento, por associações e parcerias, enfim, pelos caminhos
empreendedores mais diversos”.
...
No dia 27 de agosto, em São Paulo, o Brasilians.org realizará seu
49º Fórum de Debates, desta vez discutindo os desafios da economia
criativa. Para participar acesse e faça sua inscrição aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário