MÍDIA - Os truques manjados da "Veja".
Por Leandro
Fortes
Dei-me ao trabalho de macular minha manhã de domingo e ler a
matéria da Veja sobre a tal delação premiada de Paulo Roberto da Costa,
ex-diretor da Petrobras.
Como era de se esperar, o texto não tem nem uma
mísera prova e está jogado naquele apagão de fontes que, desde 2003, caracteriza
o jornalismo denunciativo de boa parte da mídia nacional.
A matéria elenca números e nomes sem que nenhum documento seja
apresentado ao leitor, de forma a dar ao infeliz assinante uma mínima chance de
acreditar naquilo que está escrito. Nada. Nem uma fotocópia do cabeçalho do
inquérito da Polícia Federal.
O autor do texto, então, deve ter lançado
mão de duas opções, ambas temerárias no ofício do jornalismo:
1) Teve a
orelha emprenhada por uma fonte da PF – agente ou delegado – e decidiu publicar
a matéria mesmo sem ter nenhuma prova de nada. Dada as circunstâncias da Veja e
a maneira como seus repórteres ascendem dentro da revista, esse tipo de
irresponsabilidade tanto é admirado quanto estimulado;
2) Inventou tudo,
baseado em deduções, informações fragmentadas, desejos, ilusões e ordens do
patrão.
No texto, uma longa e entediante sucessão de clichês morais,
descobre-se lá pelas tantas que os depoimentos estão sendo gravados em vídeo e
criptografados, para, assim, se evitar vazamentos.
Logo, é bem capaz que
Veja, outra vez, faça esse tipo de denúncia sem que precise – nem se sinta
pressionada a – jamais provar o que publicou. Exatamente como o grampo sem áudio
entre o ministro Gilmar Mendes e o ex-mosqueteiro da ética Demóstenes
Torres.
Novamente, o Frankstein jornalístico montado pela Veja visa,
única e exclusivamente, atingir o PT às vésperas das eleições, a tal “bala de
prata” que, desde as eleições de 2002, acaba sempre saindo pela culatra da velha
e rabugenta mídia brasileira.
O esqueminha de repercussão, aliás,
continua o mesmo: sai na Veja, escorre para o Jornal Nacional e segue pela rede
de esgoto dos jornalões diretamente para as penas alugadas de uma triste tropa
de colunistas.
Embrulhado o pacote, os suspeitos de sempre da oposição se
revezam em manifestações indignadas e em pedidos de CPI.
Uma ópera bufa
que se repete como um disco arranhado.
Mas é o que restou à combalida
Editora Abril, depois que a candidatura de Aécio Neves morreu junto com Eduardo
Campos naquele trágico desastre de avião.
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